Química, física
Dados gerais
Nacionalidade
britânico
Residência
Inglaterra
Nascimento
22 de setembro de 1791
Local
Newington Butts
Morte
25 de agosto de 1867 (75 anos)
Local
Hampton Court
Atividade
Campo(s)
Química, física
Instituições
Royal Institution
Conhecido(a) por
Indução eletromagnética
Prêmio(s)
Bakerian Lecture (1829 e 1832),Medalha Copley (1832 e 1838),Medalha Real (1835 e 1846),Medalha Rumford (1846),Bakerian Lecture (1849, 1851 e 1857) Assinatura
Michael Faraday (Newington,Surrey, 22 de setembro de 1791— Hampton Court, 25 de agostode 1867) foi um físico e químicoinglês. É considerado um doscientistas mais influentes de todos os tempos.[1] As suas contribuições mais importantes e os seus trabalhos mais conhecidos tratam dosfenômenos da eletricidade, daeletroquímica e do magnetismo. Mas Faraday fez também diversas outras contribuições muito importantes na física e na química.[2]
Faraday foi principalmente umexperimentalista, tendo sido descrito como o "melhor experimentalista na história da ciência",[3] mesmo não conhecendo matemáticaavançada, como cálculo infinitesimal. Suas grandes contribuições para a ciência tiveram grande impacto sobre o entendimento do mundo natural. As descobertas de Faraday cobrem áreas significativas das modernas física e química, e a tecnologia desenvolvida baseada no seu trabalho está ainda mais presente[4]. Suas descobertas emeletromagnetismo forneceram a base para os trabalhos deengenharia no fim do século XIXpara que Edison, Siemens, Tesla e Westinghouse tornassem possível a eletrificaçãodas sociedades industrializadas. Seus trabalhos em eletroquímica são amplamente usados em química industrial.
Na física, foi um dos primeiros a estudar as relações entre eletricidade emagnetismo. Em 1821, logo após Oersted descobrir que a eletricidade e o magnetismo eram associados entre si, Faraday publicou um trabalho que chamou de "rotação eletromagnética", elaborando os princípios de funcionamento do motor elétrico. Em 1831, Faraday descobriu a indução eletromagnética, o princípio por trás do gerador elétrico e do transformador elétrico. Suas ideias sobre os campos elétricos e os magnéticos, e a natureza dos campos em geral, inspiraram trabalhos posteriores fundamentais nessa área, como as equações de Maxwell. Seus estudos sobre campos eletromagnéticos são conceitos-chave da física atual.
Na química também teve grande importância. Descobriu o benzeno, produziu os primeiros cloretos de carbono conhecidos (C2Cl6 e C2Cl4)[5] e ajudou a expandir os fundamentos da metalurgia e da metalografia. As suas experiências garantiram o sucesso na liquefação de gases nunca antes liquefeitos (dióxido de carbono e cloroentre outros). Isso tornou possível novos métodos de refrigeração cujos princípios continuam a ser utilizados nos modernos refrigeradores domésticos.
Talvez a sua maior contribuição tenha sido virtualmente fundar a eletroquímica. Faraday criou termos como eletrólito, ânodo, catodo, eletrodo, e íon.[4]
Em 1853 Faraday publicou os resultados dos seus estudos sobre as mesas girantes. Ele verificou experimentalmente que as mesas se moviam devido ao efeito ideomotor.[6]
Índice
[esconder]Biografia[editar | editar código-fonte]
Michael Faraday nasceu emNewington Butts,[7] ao sul deLondres. Sua família era pobre. Seu pai, James Faraday, eraferreiro. Junto com mãe de Faraday, Margaret Hastwell, migrou no começo de 1791 do norte da Inglaterra para Newington Butts em busca de trabalho[4]. Eles já tinham dois filhos antes de se mudarem, um menino e uma menina. Faraday nasceu poucos meses depois dessa mudança. A família logo se mudou de novo, agora para Londres. Lá nasceu uma menina após Faraday e foi onde o jovem Michael Faraday recebeu os rudimentos de uma educação, aprendendo a ler, escrever, e aritmética.[2]
Faraday começou a trabalhar aos 13 anos de idade, como menino de recados de um encadernador e comerciante de livros, George Riebau, um imigrante francês que foi para Londres devido à Revolução Francesa. Em 1805, aos 14 anos, Faraday tornou-se aprendiz de Riebau e leu vários dos livros que encadernou durante seus sete anos de aprendizado.
Um livro que chamou sua atenção foi Palestras sobre química de Jane Marcet, escrito em 1805.[8] A obra A melhoria da mente, de Isaac Watts, fez com que ele meditasse a respeito.[9] Leu um exemplar que estava encadernando da Enciclopédia Britânica e interessou-se muito por um artigo sobre eletricidade.[10]
Como resultado de suas leituras realizou experiências químicas simples. Certa vez teve acesso a um livro chamado Experiências químicas. Com o pouco dinheiro que tinha comprou instrumentos simples para fazer as experiências que estavam no livro. Assim foi modelando sua inteligência e desenvolvendo sua técnica[2]. Conforme ele progredia, aumentava o seu interesse e a sua curiosidade. Lia todos os livros deciência que encontrava.
Desde 1810 Faraday assistiu aulas de John Tatum (fundador de uma sociedade filosófica), sobre diversos assuntos.[4] Em 1810, com vinte anos de idade, Faraday foi convidado para assistir a quatro conferências de sir Humphry Davy, químico inglês e presidente da Royal Society entre 1820 e 1827. Faraday tomou notas destas conferências e, mais tarde, redigiu-as em formato mais completo.[2] Então, em 1812, escreveu para Humphry Davy (que admirava muito desde que assistiu as aulas de química), mandando cópias destas notas. Davy respondeu para Faraday quase imediatamente, e muito favoravelmente, além de marcar um encontro.[4]
Em março de 1813, foi nomeado ajudante de laboratório da Royal Institution, por recomendação de Humphry Davy.
Davy precisava fazer uma lâmpada de segurança para ser usada nas minas e Faraday pode mostrar seu potencial, dando-lhe sugestões, pois tinha grande capacidade analítica. Suas sugestões foram aceitas. Davy o reconheceu e lhe deu a oportunidade de participar ativamente de suas experiências.
Seis meses depois, Davy o convidou para acompanhá-lo como seu “assessor filosófico” em uma série de conferências. No dia 13 de outubro de 1813, partiram para a Europa. “Esta manhã marca uma época em minha vida”, escreveu em seu diário. Como o criado de Davy desistiu de viajar, Faraday assumiu este papel. A viagem foi cheia de surpresas para Faraday: conheceu o mar, as montanhas, oVesúvio; em Paris, viu Napoleão; conheceu Alessandro Volta, André-Marie Ampère,Joseph Gay-Lussac e outros cientistas.[2]
Em 1815, de volta à Inglaterra, Faraday passa a integrar o Royal Institution, sendo conferencista ocasional. Ele e Davy concluem a lâmpada de segurança, que começou a ser usada no ano seguinte. Faraday declara que a lâmpada não era perfeitamente segura, o que desagrada ao ego de Davy. Ingressou na Sociedade Filosófica, onde realizava conferências sobre química, utilizando-se do que ouvia de Davy.
Em 12 de junho de 1821, Faraday casou-se com Sarah Barnard (1800-1879), e não tiveram filhos.[11]
Em 1820, Hans Christian Ørsted provou os efeitos magnéticos da corrente elétrica: um fio metálico conduzindo corrente elétrica provoca o desvio de uma agulha metálica.
Em 1821, William Hyde Wollaston concluiu que ao aproximar um ímã de um fio onde está passando corrente elétrica o fio deveria girar em torno do ímã. No dia 3 de setembro deste ano, Faraday mostrou que uma barra de ímã girava em torno de um fio eletrizado e que um fio suspenso eletrizado girava em torno de um ímã fixo, comprovando a teoria de Wollaston. Em outubro, publicou no “Quarterly Journal”. No natal do mesmo ano, fez com que o fio se movesse pela influência do magnetismo terrestre.
Com uma sugestão de Davy, Faraday consegue obter cloro líquido. Escreveu, então, um comunicado para a Royal Society. Mas Davy o lê, antes de ser enviado, e redige uma nota sobre sua participação.
Foi eleito membro da Royal Society em 1824.
Recebeu a nomeação para diretor do laboratório em fevereiro de 1825. Neste mesmo ano, isolou o benzeno do óleo de baleia.
Trabalhou como perito em tribunais, tendo ganho, num só ano, cinco mil dólares.
Em 1827, foi convidado para trabalhar na Universidade de Londres, mas rejeitou o convite.
Trabalhou por quatro anos em vidros para óptica. Obteve várias qualidades de vidro, conseguindo aperfeiçoar o telescópio.
Em 17 de outubro de 1831 demonstrou que era possível converter energia mecânica em energia elétrica. Foi a primeira demonstração de um dínamo, que veio a ser o principal meio de fornecimento de corrente elétrica. No dia 29 desse mês, pegou um disco de cobre preso a um cabo e um ímã em formato de ferradura. Entre os polos do ímã fez girar o disco, que estava ligado a um galvanômetro, a agulha se moveu com o girar do disco.
Em 1832, fundou a eletroquímica e desenvolveu as leis da eletrólise. Neste mesmo ano, recebeu o Diploma Honorário da Universidade de Oxford, sendo homenageado com a medalha Copley da Royal Society, a maior honraria já concedida por ela.
Em 1833 tornou-se Professor Fulleriano de Química na Royal Institution.
Faraday teve importância na química como descobridor de dois cloretos de carbono, investigador de ligas de aço e produtor de vários tipos novos de vidros.[2] Um desses vidros tornou-se historicamente importante por ser a substância em que Faraday identificou a rotação do plano de polarização da luz quando era colocado numcampo magnético e também por ser a primeira substância a ser repelida pelos polos de um ímã. Particularmente, ele acreditava nas linhas de campo elétrico e magnético como entidades físicas reais e não abstrações matemáticas. Porém, suas descobertas no campo da electricidade ofuscaram quase que por completo sua carreira química.
A mais importante das contribuições de Faraday foi a descoberta da indução electromagnética, em 1831.
Em 1857, o físico John Tyndall lhe ofereceu a presidência da Royal Society, mas Michael recusou: “quero ser simplesmente Michael Faraday até o fim”. Ele queria continuar com suas experiências, se fosse presidente não teria tempo para isso.
Faraday morreu na sua casa em Hampton Court, aos 75 anos, e não foi enterrado na Abadia de Westminster, mas no Cemitério de Highgate.[12][13]
A história com a rainha[editar | editar código-fonte]
Há relatos de um evento supostamente ocorrido com Faraday que é usado para satirizar aqueles que não conseguem encontrar relevância em trabalhos de pesquisa básica como os desenvolvidos por ele. Certa vez Faraday recebeu uma visita da Rainha Vitória da Inglaterra em seu laboratório. Quando a rainha lá chegou, Faraday logo se pôs a mostrar-lhe todas as suas invenções e descobertas. Ao terminar a demonstração a rainha perguntou:
- Mas para que servem todas essas coisas?
Ao que o sábio físico respondeu:
- E para que serve um bebê?[14]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Simmons, John G. The Scientific 100: A Ranking of the Most Influential Scientists, Past and Present
- ↑ ab c d e f «Michael Faraday».Enciclopédia Mirador Internacional; Oxford Dictionary of Scientists. UOL - Educação. Consultado em 25 de agosto de 2012.
- ↑ "best experimentalist in the history of science." Quoting Dr Peter Ford, from the University of Bath’s Department of Physics. Accessed January 2007. (em inglês)
- ↑ ab c d e Líria Alves. «Michael Faraday». R7. Brasil Escola. Consultado em 25 de agosto de 2012.
- ↑ Faraday, Michael (1821). «On two new Compounds of Chlorine and Carbon, and on a new Compound of Iodine, Carbon, and Hydrogen».Philosophical Transactions [S.l.: s.n.]111: 47. doi:10.1098/rstl.1821.0007.
- ↑ Faraday, Michael. (1853). "Experimental Investigation of Table-Moving". Journal of the Franklin Institute 56 (5): 328-33.DOI:10.1016/S0016-0032(38)92173-8 (Finally, I beg to direct attention to the discourse delivered by Dr. Carpenter at the Royal Institution on the 12th of March, 1852, entitled 'On the influence of Suggestion in modifying and directing Muscular Movement, independently of Volition':-which, especially in the latter part, should be considered in reference to table moving by all who are interested in the subject.). Visitado em 06/08/2014.
- ↑ Frank A. J. L. James, ‘Faraday, Michael (1791–1867)’, Oxford Dictionary of National Biography,Oxford University Press, Sept 2004; online edn, Jan 2008 accessed 3 March 2009 (em inglês)
- ↑ "Jane Marcet's Books". John H. Lienhard. The Engines of Our Ingenuity. NPR. KUHF-FM Houston. 1992. Episódio número 744.
- ↑ Kalayya Krishnamurthy, Pioneers in scientific discoveries
- ↑ Michael J. A. Howe: Genius Explained. S. 92–94.
- ↑ J J O'Connor and E F Robertson, Biography of Michael Faraday
- ↑ Frank A. J. L. James, Michael Faraday: A Very Short Introduction
- ↑ Michael Faraday (em inglês) noFind a Grave
- ↑ PARENTE, Para que serve um recém-nascido?
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- THOMAS, Henry. Vidas de grandes cientistas. Rio de Janeiro: Globo, [19--?]
- WILSON, Grove. Os grandes homens da ciência: suas vidas e descobertas. São Paulo: Nacional, 1940
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
Precedido por George Biddell Airy | Medalha Copley 1832 com Siméon-Denis Poisson | Sucedido por Giovanni Plana |
Precedido por Charles Lyell e John William Lubbock | Medalha Real 1835 com William Rowan Hamilton | Sucedido por George Newport e John Herschel |
Precedido por Antoine César Becquerel e John Frederic Daniell | Medalha Copley 1838 com Carl Friedrich Gauss | Sucedido por Robert Brown |
Precedido por George Biddell Airy e Thomas Snow Beck | Medalha Real 1846 com Richard Owen | Sucedido por George Fownes e William Robert Grove |
Precedido por William Henry Fox Talbot | Medalha Rumford 1846 | Sucedido por Henri Victor Regnault |
Categorias:
- Nascidos em 1791
- Mortos em 1867
- Michael Faraday
- Medalha Copley
- Medalha Rumford
- Medalha Real
- Pour le Mérite (civil)
- Membros da Royal Society
- Membros da Academia de Ciências da França
- Membros da Academia Real das Ciências da Suécia
- Pessoas associadas à eletricidade
- Blue plaques
- Cristãos do Reino Unido
- Físicos da Inglaterra
- Químicos da Inglaterra
- Físicos do século XIX
- Químicos do século XIX
- Inventores da Inglaterra
- Sepultados no Cemitério de Highgate
https://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Faraday