CÂNCER DE RICO, CÂNCER DE POBRE

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08.02.2017, 13:06

CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA DETERMINA O ÍNDICE DE INCIDÊNCIA

Os cânceres do lábio, boca, faringe, estômago e do fígado são, em sua maioria, observados nas populações menos favorecidas. Ao contrário, os cânceres de próstata no homem ou dos ovários nas mulheres são mais frequentes nas zonas sociais mais favorecidas. É a conclusão do Boletim Epidemiológico, publicado a 7 de fevereiro pela Saúde Pública da França.



No total, apenas na França, cerca de 15 mil casos de câncer ligados às condições socioeconômicas desfavoráveis poderiam ser evitados a cada ano, afirmam os autores de estudo. Esse risco acrescido é mais importante para os homens do que para as mulheres, sobretudo no caso do câncer de pulmão.
Fatores de risco
Para os homens, a alta do risco de câncer atribuível ao meio social desfavorável é mais importante para os cânceres de laringe (30,1% de risco a mais de manifestar um do que para uma pessoa que vive em um meio social mais favorável), para os cânceres de lábios, boca e faringe (+26,6%) e de pulmão (+19,9%). Para as mulheres, isso concerne principalmente os cânceres de lábio, boca e faringe (+22,7%) e do colo de útero (+21,1%). "A determinação social de certos fatores de risco como o consumo de tabaco, as exposições profissionais ou a poluição atmosférica explica sem dúvida uma parte importante das diferenças observadas", explica a pesquisadora Josephine Bryère, do Inserm, e seus colegas.
O estudo mostra também - o que é novo - que outros cânceres (fígado, estômago, pâncreas e bexiga)podem igualmente ser mais frequentes nas populações menos  favorecidas, indica Guy Launoy, professor no Inserm e coautor do estudo. Mas, até o momento, não foi definida nenhuma causa dessa tendência.
Melanoma é mais frequente entre os mais ricos
Outro resultado do estudo: certos cânceres são, ao contrário, mais frequentes entre as pessoas que vivem em um ambiente social mais favorável. É o caso do melanoma para ambos os sexos, do câncer de próstata e dos testículos para os homens, e dos cânceres de mama e de  ovário para a mulher.
"A maior incidência relativa do câncer de próstata entre homens pertencentes a um meio social mais favorável, e numa medida um pouco menor para o câncer de mama, é sem dúvida bastante ligada às práticas de diagnóstico precoce que são mais frequentes nesses meios", explica o professor Launoy. Mas, até o momento, não se sabe quais são as causas da maior incidência de cânceres de ovário, testículos e de melanomas nesses mesmos meios sociais.
Quase 190 mil casos de câncer na amostragem
A pesquisa, a primeiro do gênero realizada na França, contou com uma amostragem de 189.144 pessoas, das quais 78.845 são mulheres, que tiveram um câncer entre 2006 e 2009 e que habitam um dos 16 departamentos franceses que possuem um serviço de registro de casos da moléstia. O cálculo do número de cânceres evitáveis (15 mil por ano) diz respeito à França inteira, e non apenas aos indivíduos da amostragem do estudo.
Graças a esse estudo, os pesquisadores analisaram os 15 tumores sólidos e as três hemopatias mais frequentes na França. O meio socioeconomico foi determinado pela zona geográfica dos indivíduos considerados.
Os pesquisadores esperam agora que "a preocupação de redução das desigualdades sociais com vistas à saúde seja permanente nas escolhas políticas". Uma luta que passa pelas políticas voltadas para a educação, a urbanização, os transportes e o emprego, lembram os autores.


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