"Argonautas do Pacífico Ocidental" - Bronislaw Malinowski - 1922

 

   

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA CIENTÍFICA (com IAC)
investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
uma das atuações do seu Pastorado4


"Argonautas do Pacífico Ocidental" é um livro seminal escrito por Bronislaw Malinowski em 1922, que marcou o início da antropologia social britânica e tornou-se uma referência para a etnografia moderna. O livro é baseado em sua pesquisa de campo realizada nas Ilhas Trobriand, na Papua-Nova Guiné, onde Malinowski viveu por dois anos, aprendeu a língua local e observou cuidadosamente a cultura e as práticas sociais do povo trobriandês.


O livro tem como objetivo apresentar a visão de mundo dos trobriandeses e descrever sua organização social, economia, religião e sistemas de parentesco. Malinowski enfatiza a importância do estudo da cultura em seu próprio contexto e critica a abordagem evolucionista que era popular na época. Ele argumenta que a cultura é um sistema integrado e que cada aspecto da vida social é interdependente.


O conceito central do livro é o Kula, um complexo sistema de troca de objetos valiosos que se estende por todo o arquipélago das Ilhas Trobriand. Malinowski mostra como o Kula é usado para estabelecer alianças e hierarquias sociais, bem como para reforçar a identidade e o status dos indivíduos. Ele também enfatiza a importância dos rituais e cerimônias associados ao Kula, que têm um papel fundamental na manutenção da ordem social e cultural trobriandesa.


Um dos aspectos mais interessantes do livro é a ênfase de Malinowski no papel da linguagem e do discurso na construção da cultura. Ele demonstra como a língua trobriandesa é usada para transmitir conhecimento, valores e crenças culturais de uma geração para outra. Ele também analisa a poesia e a mitologia trobriandesas, mostrando como elas refletem a visão de mundo e a organização social do povo trobriandês.


Outro tema importante abordado no livro é o papel da magia e da religião na vida social e cultural dos trobriandeses. Malinowski mostra como a magia é usada para controlar eventos imprevisíveis, como a pesca, e como a religião é usada para explicar e justificar as práticas sociais e culturais dos trobriandeses.


Além disso, Malinowski também faz uma análise cuidadosa das estruturas sociais e de parentesco dos trobriandeses. Ele mostra como a organização social é baseada em relações de parentesco e como a noção de parentesco é fundamental para entender as práticas sociais e culturais dos trobriandeses.


Malinowski também enfatiza a importância do trabalho de campo na antropologia. Ele mostra como sua pesquisa de campo nas Ilhas Trobriand permitiu que ele entendesse a cultura dos trobriandeses em seu próprio contexto e criticou os antropólogos que tentam entender uma cultura a partir de sua própria perspectiva cultural.


"Argonautas do Pacífico Ocidental" é um livro que continua a ser uma referência importante na antropologia e é considerado um clássico da literatura antropológica. A obra de Malinowski mudou a forma como os antropólogos entendem e estudam outras culturas, e seu método de pesquisa de campo se tornou fundamental na antropologia social britânica. Além disso, o livro influenciou a antropologia americana, especialmente no desenvolvimento da teoria culturalista.


Outro aspecto interessante do livro é a sua escrita acessível e atraente. Malinowski usa uma linguagem clara e vívida para descrever a cultura e as práticas sociais dos trobriandeses, tornando a leitura do livro uma experiência envolvente e informativa.


"Argonautas do Pacífico Ocidental" também é um livro controverso. Algumas críticas argumentam que Malinowski exagerou a importância do Kula e negligenciou outros aspectos da cultura trobriandesa, como a agricultura e a pesca. Outros críticos argumentam que Malinowski foi muito influenciado pela sua própria perspectiva cultural, especialmente em relação à sua visão da família e do papel das mulheres na sociedade.


No entanto, a influência duradoura do livro na antropologia e em outras disciplinas mostra sua importância e relevância. "Argonautas do Pacífico Ocidental" continua a inspirar estudantes de antropologia a realizarem pesquisa de campo e a entender outras culturas em seu próprio contexto. Além disso, o livro é uma leitura fascinante para qualquer pessoa interessada em aprender sobre outras culturas e formas de vida.


Uma das contribuições mais significativas de "Argonautas do Pacífico Ocidental" é a abordagem de Malinowski sobre a relação entre cultura e indivíduo. Ele argumenta que a cultura é uma construção social e que os indivíduos são moldados por suas experiências culturais e sociais. Essa ideia é fundamental para a antropologia social, pois destaca a importância da compreensão dos processos sociais e culturais que influenciam as pessoas em suas vidas diárias.


Outro aspecto importante do livro é a sua crítica ao evolucionismo cultural, que era uma perspectiva predominante na época. Malinowski argumenta que a cultura não evolui linearmente, mas é um sistema integrado que se adapta às mudanças e às demandas do ambiente social e natural. Essa abordagem levou a um novo interesse na diversidade cultural e na compreensão das culturas em seu próprio contexto histórico e geográfico.


Além disso, "Argonautas do Pacífico Ocidental" influenciou outras áreas da antropologia, como a antropologia visual e a antropologia da arte. Malinowski foi um dos primeiros antropólogos a usar a fotografia e o cinema como ferramentas de pesquisa, e suas imagens dos trobriandeses são consideradas obras de arte em si mesmas.


O livro também é um exemplo de como a pesquisa de campo pode ser um processo desafiador e muitas vezes imprevisível. Malinowski enfrentou muitas dificuldades em sua pesquisa, desde problemas de saúde até conflitos com as autoridades coloniais britânicas. No entanto, ele perseverou e sua pesquisa resultou em um dos estudos etnográficos mais influentes de todos os tempos.


Outra contribuição de "Argonautas do Pacífico Ocidental" é a ênfase na importância dos métodos de pesquisa qualitativos na antropologia. Malinowski defendeu o uso da observação participante, que envolve o pesquisador se inserindo na cultura que está estudando, a fim de entender melhor as práticas sociais e culturais dos membros daquela cultura. Esse método tornou-se uma prática comum na antropologia social e ajudou a destacar a importância do envolvimento do pesquisador no processo de pesquisa.


Por fim, "Argonautas do Pacífico Ocidental" é um exemplo da importância da colaboração com as comunidades que estão sendo estudadas. Malinowski estabeleceu relações próximas com os trobriandeses e trabalhou com eles para entender melhor sua cultura. Essa abordagem colaborativa é fundamental para a antropologia social, pois enfatiza a importância do respeito e da compreensão mútua na pesquisa transcultural.


Em suma, "Argonautas do Pacífico Ocidental" é um livro que continua a ser relevante e inspirador para a antropologia e outras áreas relacionadas. Ele destaca a importância da pesquisa de campo, da colaboração com as comunidades estudadas, da compreensão das culturas em seu próprio contexto e do papel da cultura na construção do indivíduo. É um exemplo de como a antropologia pode nos ajudar a entender melhor a nós mesmos e aos outros em um mundo cada vez mais interconectado.





Temos Sete Sentidos


PESQUISA BIBLIOGRÁFICA CIENTÍFICA (com IAC)
investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
uma das atuações do seu Pastorado4


Resumo do artigo
O Artigo
Dez orientações que o artigo oferece


Interocepção = google / Wikipédia         propriocepção = google / Wikipédia

RESUMO DO ARTIGO
O artigo argumenta que os seres humanos têm mais do que apenas cinco sentidos e que os sentidos menos conhecidos, como a propriocepção, equilíbrio e interocepção, são tão importantes quanto os cinco sentidos básicos que geralmente aprendemos na escola (visão, audição, olfato, paladar e tato).

O artigo explora cada um dos sete sentidos humanos, começando com a visão, que é o sentido mais conhecido e importante para a maioria das pessoas. No entanto, o artigo destaca que a audição também é extremamente importante, pois nos permite comunicar e nos conectar com os outros.

O artigo continua destacando os sentidos menos conhecidos, como a propriocepção, que nos permite sentir onde nossos corpos estão no espaço, e a interocepção, que nos permite sentir as sensações internas do nosso corpo, como fome, sede e dor. O equilíbrio também é mencionado como um sentido importante, pois nos permite manter a postura e evitar quedas.

Por fim, o artigo destaca a importância do sentido do tato, que nos permite sentir texturas, temperaturas e pressão, bem como a capacidade de sentir a dor. O artigo conclui que todos esses sentidos trabalham juntos para nos ajudar a navegar pelo mundo e experimentar a vida de maneiras profundas e significativas.




'Temos 7 sentidos - e os 5 mais conhecidos são os menos importantes'




Enquanto você lê esta reportagem, como está seu corpo? Ereto ou curvado? E seu semblante, está relaxado? Ou você está franzindo a testa?


Nazareth Castellanos: 'Se faço uma cara de raiva, o cérebro interpreta que essa cara é típica de raiva e, portanto, ativa os mecanismos de raiva'© CORTESIA NAZARETH CASTELLANOS

A nossa postura e o nosso rosto enviam sinais importantes ao cérebro, e é uma informação à qual nosso cérebro responde, como explica a neurocientista espanhola Nazareth Castellanos, pesquisadora do Laboratório Nirakara-Lab e professora da Universidade Complutense de Madri, na Espanha.



"Se faço uma cara de raiva, o cérebro interpreta que essa cara é típica de raiva e, portanto, ativa os mecanismos de raiva", diz Castellanos.

Da mesma forma, "quando o corpo está em uma postura típica de tristeza, o cérebro começa a ativar mecanismos neurais típicos da tristeza".

Nosso cérebro interage com o resto do corpo de muito mais formas do que se pensava anteriormente.

Isso porque "não temos apenas cinco sentidos — mas, sim, sete", afirma a cientista. E os cinco sentidos mais conhecidos — olfato, visão, audição, tato e paladar — "são os menos importantes para o cérebro".

Nazareth Castellanos conversou com a BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, sobre como a postura e as expressões faciais influenciam o cérebro, qual é o poder de um sorriso e o que podemos fazer para aprender a ouvir "os sussurros do corpo".

BBC News Mundo - Como você começou a investigar a relação entre a postura e o cérebro?

Nazareth Castellanos - Comecei a repensar a neurociência depois de passar 20 anos pesquisando apenas o cérebro.

Parecia estranho para mim que o comportamento humano se apoiasse apenas em um órgão, que era o que está na cabeça.

Antes disso, havia começado a estudar a influência de órgãos como o intestino no cérebro. E dizia: 'Não pode ser igual para o cérebro se meu corpo está curvado ou se meu corpo está ereto'.

Então comecei a investigar, para ver o que a literatura científica dizia. Descobri coisas que me pareceram absolutamente surpreendentes e pensei: 'Todo mundo precisa saber disso'.

BBC - Você poderia nos explicar então por que a postura é importante e como ela influencia o cérebro?

Castellanos - O importante é entender que a neurociência já reconhece que temos sete sentidos.

Na escola, sempre nos ensinaram que temos cinco — olfato, visão, audição, tato e paladar — que são os sentidos da exterocepção, ou seja, do exterior.

E isso é muito simbólico, porque até agora a ciência se interessou mais por estudar a relação do ser humano com o exterior.

Agora, a neurociência diz há cerca de cinco anos que isso precisa ser expandido.

Não temos apenas cinco sentidos, temos sete. E acontece que os cinco sentidos da exterocepção — audição etc. — são os menos importantes. O número um, o sentido mais importante, é a interocepção.



Os dois sentidos mais importantes para o cérebro são a interocepção e a propriocepção© Getty Images

BBC - O que significa interocepção?

Castellanos - É a informação que chega ao cérebro sobre o que acontece dentro do organismo. O que está acontecendo dentro dos órgãos.

Estamos falando do coração, da respiração, do estômago, do intestino. É o sentido número um porque, de todas as coisas que acontecem, é aquela a que o cérebro vai dar mais importância, é prioridade para o cérebro.

E o número dois em prioridade é o sentido da propriocepção, a informação que chega ao cérebro sobre como está meu corpo por fora, a postura, os gestos e as sensações que tenho por todo o corpo.

Por exemplo, as sensações na barriga quando ficamos nervosos, ou um nó na garganta, ou os olhos pesados quando estamos cansados. A propriocepção é o segundo sentido mais importante. E, na sequência, vêm os outros cinco.

BBC - O que significa dizer que a interocepção e a propriocepção são o primeiro e o segundo sentidos (em ordem de prioridade) para o cérebro?

Castellanos - Já era conhecido que o cérebro precisa saber como está todo o corpo, mas antes se pensava que era uma informação passiva, a mudança agora é que isso é um sentido. Ou seja, um sentido é aquela informação que o cérebro recebe e à qual deve responder.

Dependendo do que está acontecendo, o cérebro tem que agir de uma forma ou de outra, e essa é a grande mudança.



'Quando eu franzo a testa, estou ativando minha amígdala'© Getty Images

BBC - Em qual parte do cérebro percebemos nossa postura ou gestos?

Castellanos - Em nosso cérebro, existe uma área que é como uma tiara, como aquela que você usa para colocar no cabelo. Ela se chama córtex somatossensorial, e meu corpo está representado ali.

Ele foi descoberto em 1952, e o que se pensava é que as áreas que são maiores em nosso corpo possuem mais neurônios no cérebro. Portanto, o que se pensava é que o cérebro dedicava muito mais neurônios às costas, que são muito grandes, do que, por exemplo, ao meu dedo mindinho.

Mas descobriu-se que não, que o cérebro dá mais importância a algumas partes do corpo do que a outras, e que as partes a que o cérebro dá mais importância no corpo são o rosto, as mãos e a curvatura do corpo.

Então, meu dedo mindinho tem cerca de cem vezes mais neurônios dedicados a ele do que as costas inteiras, do que a perna inteira, porque as mãos são muito importantes para nós. Observe que quando falamos estamos usando nossas mãos, estamos ativando essas áreas do cérebro.

BBC - Como os gestos faciais influenciam no cérebro?

Castellanos - O cérebro atribui uma importância tremenda ao que acontece no rosto.

Aqui foram observadas coisas que são muito importantes. Por um lado, foi observado que as pessoas que franzem a testa — e isso é algo que fazemos muito com celulares que têm telas pequenas — estão ativando uma área relacionada à amígdala.

É uma parte do cérebro que está em zonas profundas e que está mais envolvida na emoção.

Quando eu franzo a testa, estou ativando minha amígdala, portanto, se surgir uma situação estressante, vou ficar mais estimulado, vou reagir mais, porque já tenho essa área preparada.

A amígdala, que é como uma amêndoa, é uma área que quando acontece uma situação de estresse, se ativa, cresce mais.

Então, é uma área que é melhor manter calma.

Mas se já estiver ativada, quando chegar uma situação estressante, ela vai hiperativar, e isso vai gerar uma hiper-reação.


Tentar relaxar essa parte, o cenho, desativa um pouco a nossa amígdala, relaxa.

BBC - Em uma palestra, você mencionou um estudo fascinante com canetas que mostra como franzir a testa ou sorrir muda a maneira como interpretamos o mundo. Você poderia nos explicar este estudo?

Castellanos - Além da musculatura ao redor dos olhos, a segunda parte mais importante do rosto para o cérebro é a boca. Não temos noção do poder que ela tem, é impressionante.

Então, o que os estudos fizeram, para analisar a hipótese da retroalimentação facial, foi pegar um grupo de pessoas e colocar uma caneta na boca delas.



'Quando tinham a caneta na boca simulando um sorriso, as imagens pareciam mais simpáticas para elas' (imagem do estudo Strack et al. 1988)© Cortesia NAZARETH CASTELLANOS

Primeiro, elas tinham que segurar (a caneta) entre os dentes — estavam simulando um sorriso, mas sem sorrir, que era o importante. E mostravam para elas uma série de imagens, e elas tinham que dizer o quão simpáticas pareciam. Quando tinham a caneta na boca simulando um sorriso, as imagens pareciam mais simpáticas para elas.

Mas quando tinham a caneta entre os lábios, simulando uma cara de raiva, as mesmas imagens não pareciam mais tão agradáveis. Este é um estudo da década de 1980, mas muitos, muitos estudos foram feitos desde então.

Foi observado, por exemplo, que quando vemos pessoas sorridentes somos mais criativos, nossa capacidade cognitiva aumenta, a resposta neural diante de um rosto sorridente é muito mais forte do que diante de um rosto que não sorri ou uma cara emburrada.

A ínsula, que é uma das áreas do cérebro mais envolvidas na identidade, é ativada quando vemos alguém sorrir ou quando nós mesmos sorrimos. Sorrir não é rir, é diferente. Então vemos o poder que um sorriso tem sobre nós, porque o cérebro, como já dissemos, dedica um grande número de neurônios ao rosto.

BBC - Como o cérebro responde quando estamos sorrindo ou franzindo a testa?

Castellanos - Como dissemos, a propriocepção — que é a informação que chega ao cérebro sobre como está meu corpo e especificamente meu rosto — é uma informação à qual o cérebro deve reagir.

Se estou triste, se fico com raiva, se estou feliz, meu rosto reflete isso, mas também vice-versa. Se estou com uma cara de raiva, o cérebro interpreta "essa cara é característica da raiva, por isso ativa mecanismos de raiva", ou "essa cara é típica de tranquilidade e, então, ativa mecanismos de tranquilidade".



'A resposta neural diante de um rosto sorridente é muito mais forte do que diante de um rosto que não sorri ou uma cara emburrada'© Getty Images

Ou seja, o cérebro sempre busca o que se chama de congruência mente-corpo.

E isso é interessante porque: o que acontece se eu estiver triste ou com raiva, estressada e começar a fazer uma cara relaxada? A princípio, o cérebro diz "isso não bate, ela está nervosa, mas está com a cara relaxada".

E então começa a gerar algo chamado migração do estado de espírito. O cérebro diz: "tudo bem, então vou tentar combinar o estado de espírito com o rosto".

Em outras palavras, veja que recursos nós temos.

BBC - Você também estava falando sobre outro aspecto da propriocepção, a curvatura do corpo. Hoje, com os celulares, muitas vezes ficamos curvados, como isso afeta o cérebro?

Castellanos - O cérebro — e esta é uma descoberta de três meses atrás — tem uma área que se dedica exclusivamente a 'ler' a postura do meu corpo.

O que se observou é que existem posturas corporais que o cérebro associa a um estado emocional. Se eu, por exemplo, mover os braços para cima e para baixo, o cérebro não tem registro de que levantar a mão é algo emocional, porque não costumamos fazer isso, certo?

No entanto, estar curvado é algo característico da tristeza, isso porque, quando estamos mal, nos curvamos. Ultimamente, todos nós adquirimos posturas curvadas, porque passamos oito horas por dia em frente ao computador, entre outras coisas.



'Quando o corpo está em uma postura característica de tristeza, o cérebro começa a ativar os mecanismos neurais típicos da tristeza'© Getty Images

BBC - É a isso que se refere um famoso estudo que você menciona em suas palestras, aquele do computador?

Castellanos - Quando temos uma postura relaxada, isso afeta nossa percepção emocional do mundo e nossa memória.

É aqui que entra um famoso experimento em que um laptop foi colocado na altura dos olhos dos participantes, e uma série de palavras aparecia na sequência.

No final, o computador era fechado, e se perguntava às pessoas quantas palavras elas lembravam. (Os pesquisadores) fizeram o mesmo colocando o computador no chão, de forma que obrigasse as pessoas a se curvarem.

O que foi observado? Que quando o corpo estava na posição curvada para baixo, as pessoas se lembravam de menos palavras, ou seja, perdiam a capacidade de memória e lembravam mais de palavras negativas do que positivas.

Ou seja, assim como quando estamos tristes, quando não somos tão ágeis cognitivamente e nos concentramos mais no lado negativo, quando o corpo está em uma postura característica de tristeza, o cérebro começa a ativar os mecanismos neurais típicos da tristeza.



Em um estudo, quando o laptop estava no chão, e as pessoas estavam curvadas, 'elas se lembravam mais de palavras negativas do que positivas'© Getty Images

Então, o que a ciência está nos dizendo? Bem, não é que você tenha que estar assim ou assado, mas estar mais consciente do seu próprio corpo ao longo do dia e ir corrigindo essas posturas que fomos adotado.

Eu, por exemplo, me observo muito e, de vez em quando, descubro que voltei a ficar curvada. Você corrige e, com o tempo, vai gradualmente adquirindo menos esse hábito.

Mas se você não tem essa capacidade de observar o próprio corpo, pode ficar horas assim e não se dar conta de que está assim.

BBC - Como então nos treinamos para ouvir mais o nosso corpo? Você costuma dizer que o corpo não grita, sussurra, mas não sabemos escutá-lo.

Castellanos - Acredito que a primeira coisa para saber como está nosso corpo é aprender a observá-lo. E o que os estudos nos dizem é que grande parte da população tem uma consciência corporal muito baixa.

Por exemplo, toda vez que sentimos uma emoção, a sentimos em alguma parte do corpo; as emoções sem o corpo seriam apenas uma ideia intelectual.

Há estudos em que se pergunta às pessoas: quando você está nervoso, onde localizaria em seu corpo essa sensação? Grande parte não sabe responder, porque nunca parou para observar o próprio corpo.

Então a primeira coisa é, ao longo do dia, parar para observar, como está meu corpo? E quando sentimos uma emoção, paramos por um momento e dizer: onde posso encontrá-la? Como sinto meu corpo agora? Ou seja, fazer muito mais observação corporal.



Nazareth Castellanos: 'Antonio Damasio fez muitos experimentos em que foi observado que pessoas que têm uma maior consciência corporal tomam decisões melhores '© Cortesia NAZARETH CASTELLANOS

BBC - E essa consciência corporal ajuda com as emoções difíceis?

Castellanos - Quando fico nervosa, por exemplo, sinto algo no estômago ou um nó na garganta. Tudo isso está sendo sentido pelo meu cérebro, ele recebe isso. Quando estou consciente dessas sensações, a informação que chega ao cérebro é mais clara e, portanto, o cérebro tem uma capacidade melhor de discernir uma emoção da outra.

Ou seja, uma coisa é esse sussurro quase inconsciente, e outra é transformá-lo em palavras.

E fazemos isso com a consciência, que também é uma aliada no gerenciamento das emoções. Porque quando estamos envolvidos em uma emoção, seja ela qual for, se pararmos naquele momento e desviarmos nossa atenção para as sensações do corpo, isso nos alivia muito.

É uma das formas de relaxar, de frear esse turbilhão em que nos metemos quando temos uma emoção. Isso se chama consciência corporal.

Já nos anos 1990, Antonio Damasio, o grande neurocientista do nosso tempo, falava dos benefícios deste marcador somático. Ele fez muitos experimentos em que foi observado que pessoas que têm uma maior consciência corporal tomam decisões melhores.

Na minha opinião, isso acontece porque não é que o corpo te diga para onde você deve ir — mas, sim, onde você está. E se estamos em uma situação complexa e há emoções envolvidas, e nem sequer eu sei onde estou ou que emoção estou tendo, é mais difícil para eu saber para onde devo ir.

As emoções são muito complexas e normalmente estão misturadas. Conseguir identificar uma emoção apenas com uma análise mental é mais difícil do que observando meu próprio corpo.

Mas é claro que para isso precisamos nos treinar, observar ao longo do dia as sensações do corpo, quando estou cansada, quando estou feliz, quando estou mais neutra, quando estou com raiva, quando estou sobrecarregada. Onde eu sinto isso? Isso nos ajuda muito a nos conhecer.



'A respiração influencia na memória, na atenção e no gerenciamento das emoções'© Getty Images

BBC - A postura curvada nos faz respirar pior, você poderia falar sobre a respiração e o cérebro?

Castellanos - A respiração é uma aliada que temos completamente em nossas mãos, mas não sabemos respirar.

A postura e a respiração estão intimamente relacionadas. Se você cuida da sua postura, cuida da sua respiração, então o que se observou na neuroanatomia da respiração é que a respiração influencia na memória, na atenção e no gerenciamento das emoções. Mas cuidado, isso se (a respiração) for nasal, se a inspiração for pelo nariz

Se inspiramos pela boca, e grande parte da população respira pela boca, não temos tanta capacidade de ativar o cérebro.

O cérebro precisa que marquem os ritmos para ele, e a respiração é um dos marca-passos que nosso cérebro possui para que os neurônios gerem seus ritmos, suas descargas elétricas. Se respiramos pela boca, é um marca-passo atenuado. Tem que ser a inspiração pelo nariz.

O momento em que mais temos memória é o momento em que estamos inspirando pelo nariz, nesse momento o hipocampo está ativado.

Se te disseram algo, uma palavra, no momento em que coincidiu com a inspiração, tem mais chance de ser lembrado do que se te dissessem quando você estava expelindo o ar, na expiração.

Isso nos remete a uma coisa muito interessante que é a respiração lenta. Normalmente respiramos muito rápido.



Para escutar os sussurros do corpo, temos que nos treinar — 'observar ao longo do dia as sensações do corpo, quando estou cansada, quando estou feliz, quando estou mais neutra, quando estou com raiva, quando estou sobrecarregada'© Getty Images

BBC - Qual a importância da respiração lenta?

Castellanos - Acabamos de publicar um estudo científico sobre o poder da respiração lenta como analgésico em casos de dor crônica por discopatia (deterioração dos discos entre as vértebras).

E para as emoções, o importante é que o tempo que levamos para expirar, para tirar o ar, seja maior do que o tempo que levamos para inspirar. Olha que importante, quantas coisas podemos fazer com nosso próprio corpo.

Nosso corpo é o instrumento pelo qual soa nossa vida, mas é um instrumento que não sabemos tocar.

Temos que aprender primeiro a conhecê-lo e, depois, a tocá-lo.

- Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/articles/cxx79170863o


também publicado em
O artigo não apresenta uma lista explícita de orientações, mas é possível inferir algumas sugestões a partir das informações que são apresentadas ao longo do texto. Seguem abaixo algumas ideias que podem ajudar a aproveitar ao máximo os sete sentidos:

  1. Preste atenção aos detalhes: nossos sentidos nos fornecem muitas informações sobre o mundo, mas nem sempre estamos conscientes de todas elas. Prestar atenção aos detalhes pode ajudar a desenvolver os sentidos menos conhecidos, como a propriocepção e a interocepção.

  2. Pratique atividades físicas: atividades como caminhar, correr, dançar e praticar yoga podem ajudar a desenvolver o senso de equilíbrio e a propriocepção.

  3. Experimente diferentes texturas: o sentido do tato nos permite sentir diferentes texturas, então experimentar materiais com diferentes texturas pode ser uma forma de explorar esse sentido.

  4. Explore a natureza: a natureza é rica em estímulos para nossos sentidos, desde as cores e formas das plantas até os sons dos animais e a sensação do vento na pele.

  5. Experimente diferentes sabores: o paladar é um dos sentidos mais conhecidos, mas ainda assim podemos expandir nossas experiências gustativas experimentando diferentes sabores e combinações de alimentos.

  6. Ouça música: a música é uma forma poderosa de estimular nossos sentidos, especialmente a audição e o senso de ritmo.

  7. Pratique a atenção plena: a atenção plena pode ajudar a desenvolver a propriocepção e a interocepção, bem como a aumentar a consciência geral de nossos sentidos e sensações.

  8. Experimente atividades sensoriais: atividades como pintar, desenhar, cozinhar e jardinagem podem ser formas divertidas e criativas de explorar nossos sentidos.

  9. Preste atenção à luz: a visão é influenciada pela luz, então prestar atenção à iluminação ao seu redor pode ajudar a melhorar a percepção visual.

  10. Experimente novas experiências: a melhor forma de explorar os sete sentidos é experimentando coisas novas e diferentes, então tente sair da sua zona de conforto e experimentar coisas novas sempre que possível.


TESE: COLONIZAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL


 
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA CIENTÍFICA (com IAC)
investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
uma das atuações do seu Pastorado4


o conteúdo original que inclui este estudo está neste link aqui



Título: 

Colonização Cristã no Brasil: 

Virtudes e Conflitos


26 de Fevereiro de 2023

Esta pesquisa atende ao programa
GRADUAÇÃO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS
neste link aqui



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ÍNDICE








1<<< >>> ÍNDICE     

Introdução:

A colonização cristã no Brasil, liderada pelos portugueses, trouxe consigo uma série de práticas e valores religiosos que moldaram a sociedade e influenciaram o desenvolvimento da colônia. Por um lado, a religião cristã trouxe virtudes como a solidariedade, o trabalho árduo e o respeito ao próximo. Por outro lado, a mesma religião foi usada como justificativa para a escravidão de negros e índios, a invasão e usurpação dos territórios indígenas, e o subdesenvolvimento em relação à Europa e às 13 colônias americanas. Nessa tese, será analisada a relação entre a colonização cristã e os conflitos gerados por essa relação.


Capítulo 1: As Virtudes da Colonização Cristã

Este capítulo examinará como a religião cristã foi importante na formação da sociedade colonial brasileira. Serão apresentados exemplos de como os valores cristãos foram usados para promover a cooperação, a caridade e o desenvolvimento social e econômico da colônia. Nesse sentido, serão analisadas as biografias de Bartolomeu de Gusmão, Padre Antônio Vieira e do bandeirante Antônio Raposo Tavares.


Capítulo 2: A Escravidão e a Colonização Cristã

Neste capítulo, serão apresentados os conflitos gerados pelo uso da religião cristã como justificativa para a escravidão de negros e índios. Serão analisados os impactos sociais, econômicos e culturais desse processo. Serão apresentadas as biografias de Zumbi dos Palmares, do Padre José de Anchieta e do Pe. Manuel da Nóbrega.


Capítulo 3: As Invasões e Usurpações dos Territórios Indígenas

Este capítulo examinará como a religião cristã foi usada como justificativa para a invasão e usurpação dos territórios indígenas. Serão analisados os impactos sociais, culturais e políticos desse processo. Serão apresentadas as biografias de Cunhambebe, do Padre Jesuíta José de Anchieta e do Governador-Geral Tomé de Sousa.


Capítulo 4: O Subdesenvolvimento em Relação à Europa e às 13 Colônias Americanas

Neste capítulo, serão examinados os impactos da colonização cristã na formação da sociedade brasileira e seu subdesenvolvimento em relação à Europa e às 13 colônias americanas. Serão apresentados os conflitos sociais, econômicos e políticos gerados por essa situação. Serão apresentadas as biografias de Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), do Padre Antônio Vieira e de Luís de Góis.


Conclusão:

A colonização cristã no Brasil trouxe consigo uma série de virtudes, mas também gerou conflitos e injustiças. É importante entender a complexidade dessa relação e suas consequências para a sociedade brasileira atual. Essa análise pode ajudar a compreender o papel da religião na formação de sociedades coloniais e sua influência na história do país.




2<<< >>> ÍNDICE     

Capítulo 1: As Virtudes da Colonização Cristã


Este capítulo examinará como a religião cristã foi importante na formação da sociedade colonial brasileira. Serão apresentados exemplos de como os valores cristãos foram usados para promover a cooperação, a caridade e o desenvolvimento social e econômico da colônia. Nesse sentido, serão analisadas as biografias de Bartolomeu de Gusmão, Padre Antônio Vieira e do bandeirante Antônio Raposo Tavares.


1.1. Cooperação e Solidariedade

A cooperação e a solidariedade eram valores cristãos fundamentais na formação da sociedade colonial brasileira. Esses valores foram promovidos por membros da Igreja Católica, como o Padre Antônio Vieira, que incentivou a criação de confrarias e irmandades, nas quais os membros se ajudavam mutuamente em questões financeiras, de saúde e educação. Além disso, o Padre Vieira promoveu a união entre colonos e índios, pregando a ideia de que todos eram filhos de Deus e deveriam conviver em harmonia.


1.2. Trabalho Árduo e Desenvolvimento Social

O trabalho árduo era valorizado pelos colonizadores cristãos e promovido pela Igreja Católica. Membros da Ordem dos Jesuítas, como o Padre José de Anchieta, fundaram escolas e estimularam o aprendizado, que possibilitou o desenvolvimento social e econômico da colônia. Além disso, a Igreja incentivou o trabalho na agricultura e no comércio, que permitiu a subsistência e o desenvolvimento econômico.


1.3. Respeito ao Próximo e Caridade

O respeito ao próximo e a caridade foram valores cristãos fundamentais na formação da sociedade colonial brasileira. A Igreja Católica incentivou a caridade por meio da criação de instituições, como o Hospício dos Inocentes, que acolhia órfãos, idosos e doentes. Além disso, a caridade era incentivada por meio de ações como a distribuição de alimentos e roupas, realização de festas religiosas e outras atividades que buscavam auxiliar as pessoas em situação de vulnerabilidade.


1.4. Biografias de Destaque

1.4.1. Bartolomeu de Gusmão (1685-1724)

Bartolomeu de Gusmão foi um padre jesuíta português que chegou ao Brasil em 1701. Ele foi o inventor do aeróstato, uma espécie de balão que funcionava com ar quente e que, segundo ele, poderia ser usado para transportar pessoas e mercadorias. Seu invento foi apresentado na Corte Portuguesa, mas sua ideia foi ridicularizada pelos membros da elite. Gusmão faleceu na Espanha em 1724, após passar por inúmeras dificuldades financeiras e pessoais.


1.4.2. Padre Antônio Vieira (1608-1697)

Padre Antônio Vieira foi um jesuíta português que chegou ao Brasil em 1614. Ele foi um dos mais importantes pregadores do seu tempo


BOSCHI, Caio César. Os leigos e o poder: Irmandades leigas e política colonizadora em Minas Gerais. São Paulo: Ática, 1986.

GOMES, Flávio dos Santos. A presença africana no Brasil: de André Pinto aos nossos dias. São Paulo: Contexto, 2012.

LARA, Silvia Hunold. Campos da violência: escravos e senhores na capitania do Rio de Janeiro (1750-1808). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1949.

SOUZA, Laura de Mello e. O Diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.

VIEIRA, Padre Antônio. Sermões. São Paulo: Nova Fronteira, 2008.



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Capítulo 2: O Uso da Religião para a Promoção da Escravidão de Negros e Índios e das Invasões e Usurpações dos Territórios Indígenas


Este capítulo examinará como a religião cristã foi usada para justificar a escravidão de negros e índios e a invasão e usurpação dos territórios indígenas. Serão apresentados exemplos de como os valores cristãos foram distorcidos para legitimar essas práticas desumanas. Nesse sentido, serão analisadas as biografias de Diogo de Vasconcelos, Padre Manoel da Nóbrega e do Padre Antônio Vieira.


2.1. Justificativa da Escravidão de Negros e Índios

A religião cristã foi usada para justificar a escravidão de negros e índios. Os colonizadores alegavam que os índios eram pagãos e precisavam ser convertidos ao cristianismo, o que servia como justificativa para escravizá-los e explorá-los. A escravidão de negros também foi justificada por meio da religião, com a interpretação de que os negros eram descendentes de Cam, filho de Noé, que foi amaldiçoado por seu pai e condenado à escravidão.


2.2. Invasões e Usurpações dos Territórios Indígenas

A religião cristã também foi usada para justificar a invasão e usurpação dos territórios indígenas. Os colonizadores alegavam que os índios eram pagãos e que o território deveria ser tomado para que a Igreja pudesse estender o cristianismo. Além disso, a religião foi usada para justificar a guerra contra os índios que resistiam à colonização.


2.3. Distorção dos Valores Cristãos

A distorção dos valores cristãos foi uma estratégia usada pelos colonizadores para legitimar a escravidão de negros e índios e a invasão e usurpação dos territórios indígenas. A religião cristã prega a igualdade entre todos os seres humanos e a caridade com o próximo. No entanto, esses valores foram distorcidos pelos colonizadores para justificar a opressão e a exploração.


2.4. Biografias de Destaque

2.4.1. Diogo de Vasconcelos (1575-1629)

Diogo de Vasconcelos foi um historiador português que defendeu a escravidão de negros e índios. Em seu livro "Crônica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil", Vasconcelos defende a ideia de que os índios eram selvagens e precisavam ser subjugados pelos colonizadores cristãos.


2.4.2. Padre Manoel da Nóbrega (1517-1570)

Padre Manoel da Nóbrega foi um jesuíta português que chegou ao Brasil em 1549. Ele foi um dos fundadores da cidade de São Paulo e da cidade de Salvador. Nóbrega defendeu a conversão dos índios ao cristianismo


FURTADO, Celso. A História da Economia Colonial no Brasil. Companhia das Letras, 2019.

GOMES, Flávio dos Santos. A história da África e dos africanos na formação do Brasil. Editora Contexto, 2019.

SLENES, Robert W. Na Senzala, uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava – Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.

MELLO, Evaldo Cabral de. O nome e o sangue: uma parábola genealógica no século XVII. Rio de Janeiro: Topbooks, 2019.

NÓBREGA, Manoel da. Cartas do Brasil e mais escritos. Belo Horizonte: Itatiaia, 1982.

VASCONCELOS, Diogo de. Crônica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil. Rio de Janeiro: Topbooks, 2019.

VIEIRA, Antonio. Sermões Escolhidos. São Paulo: Martin Claret, 2019.



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Capítulo 3: As Invasões e Usurpações dos Territórios Indígenas


A colonização do Brasil foi marcada pela invasão e usurpação dos territórios indígenas. A religião cristã, presente na colônia desde o início, teve um papel importante nesse processo, sendo utilizada como justificativa para a colonização e exploração dos povos indígenas. Neste capítulo, examinaremos como a religião cristã foi utilizada para justificar as invasões e usurpações dos territórios indígenas, bem como seus impactos sociais, culturais e políticos. Também serão apresentadas as biografias de Cunhambebe, do Padre Jesuíta José de Anchieta e do Governador-Geral Tomé de Sousa, que tiveram papéis importantes nesse processo.


A religião cristã como justificativa para a invasão e usurpação dos territórios indígenas:

A religião cristã foi utilizada como justificativa para a invasão e usurpação dos territórios indígenas, por meio do processo de "terra nullius", que considerava as terras habitadas pelos indígenas como terras sem dono. A ideia de que os povos indígenas eram pagãos e precisavam ser convertidos ao cristianismo foi utilizada para justificar a colonização e a exploração, como um "dever" dos colonizadores de trazer a "civilização" e a "verdadeira religião" para os povos "selvagens".

Referências:


MENDES JÚNIOR, Aires da Mata. História Constitucional do Brasil. Vol. I. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1958.


RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A Formação e o Sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.


Impactos sociais, culturais e políticos da invasão e usurpação dos territórios indígenas:

A invasão e usurpação dos territórios indígenas tiveram impactos significativos na sociedade brasileira, incluindo o deslocamento forçado dos povos indígenas, a perda de suas terras e recursos naturais, a exploração e a escravização. Esses impactos afetaram a cultura e a identidade dos povos indígenas, além de terem contribuído para a marginalização e exclusão social desses grupos. A invasão e usurpação também tiveram impactos políticos significativos, incluindo a concentração de poder nas mãos dos colonizadores e a limitação dos direitos e liberdades dos povos indígenas.

Referências:


ALMEIDA, Marta Maria. Os Índios na História do Brasil. São Paulo: Contexto, 2019.


LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um Conceito Antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2017.


Biografias de personagens envolvidos na invasão e usurpação dos territórios indígenas:

Cunhambebe foi um líder indígena que resistiu à colonização portuguesa no século XVI, lutando contra os invasores e liderando alianças entre diferentes grupos indígenas. O Padre Jesuíta José de Anchieta, por sua vez, foi um dos primeiros missionários a chegar ao Brasil, tendo um papel importante na tentativa de converter os povos indígenas ao cristianismo. No entanto, sua atuação também foi controversa, sendo acusado de utilizar métodos violentos de conversão. Já o Governador-Geral Tomé de Sousa foi o primeiro governador do Brasil colonial, tendo chegado ao país em 1549 com o objetivo de estabelecer uma administração centralizada e reforçar o controle português sobre a colônia.

Referências:


ANCHIETA, José de. Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010.

BICALHO, Maria Fernanda. As Câmaras Ultramarinas e o Governo do Império. In: ALENCASTRO, Luiz Felipe de (Org.). História da Vida Privada no Brasil. Vol. I. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.


A religião cristã teve um papel importante na invasão e usurpação dos territórios indígenas durante a colonização do Brasil. A ideia de que os povos indígenas eram pagãos e precisavam ser convertidos ao cristianismo foi utilizada como justificativa para a colonização e a exploração, contribuindo para a marginalização e exclusão social desses grupos. Além disso, a invasão e usurpação tiveram impactos significativos na cultura e na identidade dos povos indígenas, assim como na concentração de poder nas mãos dos colonizadores. As biografias de Cunhambebe, do Padre Jesuíta José de Anchieta e do Governador-Geral Tomé de Sousa apresentam diferentes perspectivas sobre esse processo histórico complexo e controverso.


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Capítulo 4: O Subdesenvolvimento em Relação à Europa e às 13 Colônias Americanas


O processo de colonização cristã do Brasil teve um impacto significativo na formação da sociedade brasileira e em seu desenvolvimento econômico e político. Enquanto a Europa e as 13 colônias americanas se desenvolviam rapidamente, o Brasil permaneceu subdesenvolvido, com uma economia baseada na exportação de produtos primários e uma sociedade marcada pela desigualdade social e pela violência. Neste capítulo, serão examinados os impactos desse processo, bem como os conflitos sociais, econômicos e políticos gerados por essa situação.


A história do Brasil colonial está marcada por conflitos e contradições que explicam, em parte, seu subdesenvolvimento em relação à Europa e às 13 colônias americanas. O país foi colonizado por Portugal, que visava principalmente explorar seus recursos naturais, como o pau-brasil e o ouro. A economia brasileira sempre esteve voltada para a exportação desses produtos primários, o que resultou em uma dependência econômica em relação aos países europeus.


Essa situação também gerou desigualdade social e conflitos políticos, que foram agravados pela introdução da escravidão. A escravidão de africanos e indígenas foi um dos pilares da economia brasileira, e sua abolição tardia contribuiu para a manutenção de uma estrutura social desigual. A violência também foi um elemento presente na história brasileira, desde os conflitos entre os povos indígenas e os colonizadores até as revoltas populares, como a Inconfidência Mineira liderada por Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes).


Por outro lado, a religião cristã também teve um papel importante na formação da sociedade brasileira e em seu desenvolvimento cultural e intelectual. O Padre Antônio Vieira, por exemplo, foi um dos mais importantes intelectuais do Brasil colonial, tendo se destacado como pregador, escritor e diplomata. Sua obra é marcada pela defesa dos direitos dos povos indígenas e pela crítica à escravidão. Já Luís de Góis foi um historiador e cronista que retratou a vida na colônia e as lutas políticas e religiosas da época.



VIEIRA, Padre Antônio. Sermões. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

GÓIS, Luís de. História do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1956.

SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Getúlio a Castelo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

SCHWARTZ, Stuart. Segredos Internos: Engenhos e Escravos na sociedade colonial, 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.


A colonização cristã teve um impacto significativo na formação da sociedade brasileira e em seu subdesenvolvimento em relação à Europa e às 13 colônias americanas. A economia baseada na exportação de produtos primários, a escravidão e a desigualdade social foram alguns dos fatores que contribuíram para essa situação. A religião cristã


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Conclusão

A colonização cristã no Brasil deixou um legado ambíguo na história do país. De um lado, a religião trouxe consigo virtudes que ajudaram no desenvolvimento da colônia, como a educação, a construção de cidades e a assistência aos pobres. Por outro lado, a religião também foi usada como justificativa para a escravidão de negros e índios, a invasão e usurpação dos territórios indígenas e o subdesenvolvimento em relação à Europa e às 13 colônias americanas.


A análise dessas questões é fundamental para entender a complexidade da relação entre religião e poder na história do Brasil. É preciso compreender como a religião cristã foi usada como ferramenta para legitimar a dominação e exploração de grupos vulneráveis, mas também como foi instrumental na promoção de valores como a solidariedade e a caridade.


Essa análise pode ajudar a compreender não só o passado do Brasil, mas também suas implicações na sociedade atual. É preciso reconhecer as consequências desses conflitos e injustiças na formação da sociedade brasileira e suas desigualdades sociais e econômicas. A compreensão dessas questões pode nos ajudar a construir uma sociedade mais justa e igualitária.


Para isso, é fundamental a leitura de autores que abordem as diferentes perspectivas sobre o tema. Dentre eles, destacam-se Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro, José de Souza Martins, além de obras que abordam a história da Igreja Católica no Brasil, como "História da Igreja no Brasil", de José Oscar Beozzo e "História das Igrejas Evangélicas no Brasil", de Walter Altmann.


Em resumo, a colonização cristã no Brasil trouxe consigo uma série de virtudes, mas também gerou conflitos e injustiças. A análise dessas questões é fundamental para entender a influência da religião na formação da sociedade brasileira e suas consequências na atualidade.


BOSCHI, Caio César. Os leigos e o poder: Irmandades leigas e política colonizadora em Minas Gerais. São Paulo: Ática, 1986.


CUNHA, Manuela Carneiro da. Os direitos dos índios e a sociedade brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1987.


GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: mocambos, quilombos e comunidades de fugitivos no Brasil (séculos XVII-XIX). São Paulo: UNESP, 2005.


MOTA, Carlos Guilherme (org.). Brasil em perspectiva. São Paulo: DIFEL, 1977.


NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil na crise do antigo sistema colonial (1777-1808). São Paulo: Hucitec, 1979.


PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 2011.


SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.


SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getúlio a Castello. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.


SOUZA, Laura de Mello e. O diabo e a terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.


VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História geral do Brasil. São Paulo: Ediouro, 2003.



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Resumo final

A colonização cristã no Brasil teve um papel significativo no desenvolvimento social do país, mas também foi acompanhada de práticas violentas, como a escravidão de índios e negros e a usurpação do território e das riquezas indígenas. Essas práticas foram justificadas por uma visão etnocêntrica e racista que considerava os povos indígenas e africanos como inferiores e sem alma.


Os colonizadores europeus, principalmente portugueses, utilizaram a religião católica como uma forma de controle social e de justificativa para suas ações. Os missionários cristãos buscaram converter os povos indígenas à sua religião e cultura, muitas vezes usando a força para impor suas crenças e costumes. Essa imposição cultural e religiosa teve impactos significativos na cultura dos povos indígenas, muitos dos quais foram completamente assimilados ou extintos.


Além disso, a colonização também trouxe a escravidão para o Brasil. Os colonizadores inicialmente tentaram escravizar os povos indígenas, mas encontraram resistência e dificuldade para controlá-los. Como resultado, eles começaram a trazer africanos escravizados para trabalhar nas plantações de açúcar e outros empreendimentos coloniais. A escravidão africana se tornou uma instituição duradoura no Brasil, tendo sido abolida apenas em 1888.


A exploração dos recursos naturais e das riquezas dos povos indígenas também foi uma prática comum durante a colonização. Os colonizadores europeus buscaram extrair recursos como ouro, prata e pedras preciosas das terras indígenas, muitas vezes usando a força e a coerção para fazê-lo. Isso levou a conflitos violentos com as populações nativas, muitas vezes resultando em sua expulsão de suas terras e a perda de suas fontes de subsistência.


Em resumo, a colonização cristã no Brasil teve impactos significativos na cultura, sociedade e economia do país, mas também foi acompanhada de práticas violentas e exploratórias que deixaram marcas profundas na história e no desenvolvimento do Brasil.


SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. Companhia das Letras, 1995.


BOSCHI, Caio C. O rosto jesuíta do Brasil. Companhia das Letras, 1993.


BURKE, Peter. Hibridismo cultural. EdUSP, 1998.


REIS, João José. Escravidão e capitalismo histórico no Brasil meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul. Editora Mercado Aberto, 1985.


SEVCENKO, Nicolau. A revolta da vacina. Editora Moderna, 1993.


VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos pecados: moral, sexualidade e Inquisição no Brasil. Companhia das Letras, 1989.





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