investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
1. O LIVRO
"Capitalismo e Escravidão", de Eric Williams, teve um impacto significativo desde sua publicação original em 1944. O livro é amplamente reconhecido como um dos textos fundadores da historiografia moderna sobre o papel do capitalismo no desenvolvimento da escravidão. Embora controverso em sua época, especialmente entre os historiadores britânicos, o livro continua sendo muito influente e amplamente citado. Ele experimentou várias reedições e está em uso acadêmico global, sendo traduzido para várias línguas. Nos últimos anos, especialmente com o aumento do interesse por estudos pós-coloniais e questões de reparações, as vendas e a repercussão do livro têm crescido.
2. RESUMO
"Capitalismo e Escravidão" de Eric Williams argumenta que a escravidão africana foi central para o desenvolvimento econômico do capitalismo, especialmente no império britânico. Williams desafia a visão tradicional de que o abolicionismo foi puramente motivado por razões humanitárias, sugerindo que a escravidão se tornou economicamente obsoleta para a Grã-Bretanha, à medida que o capitalismo industrial ganhou força. Ele traça a conexão entre a exploração das colônias caribenhas, onde a produção de açúcar dependia do trabalho escravo, e a acumulação de riqueza que alimentou a Revolução Industrial. A obra reconfigura a compreensão da relação entre imperialismo, escravidão e desenvolvimento econômico.
3. AUTORIA E CONTEXTO
Eric Williams (1911–1981) foi um historiador e político trinitário que se tornou o primeiro Primeiro-Ministro de Trinidad e Tobago, servindo de 1962 até sua morte. Ele obteve seu doutorado em História na Universidade de Oxford, onde sua tese se tornou o livro "Capitalismo e Escravidão". Williams foi um dos pioneiros a conectar o sistema capitalista europeu ao uso intensivo do trabalho escravo no Caribe, mudando a forma como a história econômica colonial era abordada. Ele também teve uma carreira de destaque como acadêmico antes de ingressar na política.
Motivações para Escrever o Livro:
Williams escreveu "Capitalismo e Escravidão" em grande parte como resposta às narrativas dominantes da época, que minimizavam ou ignoravam o papel da escravidão no desenvolvimento do capitalismo europeu. Ele queria destacar como as fortunas britânicas derivavam em grande parte do trabalho escravo nas colônias caribenhas, particularmente nas plantações de açúcar. Além disso, seu livro foi uma tentativa de fornecer uma perspectiva econômica ao debate sobre abolição, argumentando que o fim da escravidão foi motivado por interesses econômicos, não morais. Suas experiências como acadêmico caribenho numa universidade britânica também o inspiraram a desafiar essas visões eurocêntricas.
Contexto Nacional e Mundial:
O livro foi escrito durante o período de declínio do império britânico e o crescente movimento de descolonização em todo o mundo. Nos anos 1940, os debates sobre a abolição, escravidão e os legados do colonialismo estavam ganhando força, especialmente com as colônias exigindo maior autonomia. O contexto da Segunda Guerra Mundial, que questionava as ideologias de supremacia racial, também influenciou o pensamento de Williams. A Revolução Industrial já era estudada há algum tempo, mas Williams trouxe uma nova perspectiva ao vincular seu sucesso ao uso de mão de obra escrava.
4. CONSIDERAÇÕES
5. APOIOS RELEVANTES
Cedric J. Robinson – O historiador e autor do conceito de capitalismo racial concordou com Eric Williams ao argumentar que o capitalismo é estruturalmente ligado ao racismo. Robinson expandiu a tese de Williams, defendendo que a exploração racial foi fundamental para o surgimento e manutenção do capitalismo, incluindo suas formas contemporâneas.
Walter Rodney – O autor de Como a Europa Subdesenvolveu a África apoiou a tese central de Williams de que a exploração das colônias, via escravidão e extração de recursos, foi essencial para o enriquecimento europeu. Rodney elogiou o livro por expor a conexão entre o saque colonial e o desenvolvimento do capitalismo ocidental.
Noam Chomsky – O intelectual e ativista político concorda com as conclusões de Williams sobre a escravidão como força motriz para a Revolução Industrial. Chomsky destaca como o capitalismo sempre se baseou em formas de opressão, desde a escravidão até as formas modernas de exploração no trabalho.
6. CRÍTICAS RELEVANTES
Seymour Drescher – O historiador crítico do livro Capitalismo e Escravidão contestou a tese de Williams, argumentando que a abolição foi mais influenciada por fatores humanitários do que econômicos. Em sua obra Abolition: A History of Slavery and Antislavery, Drescher propõe que as campanhas abolicionistas ocorreram, apesar do fato de a escravidão ainda ser lucrativa em alguns lugares.
David Brion Davis – Outro historiador importante que criticou Williams, Davis argumentou que a abolição da escravidão não se deveu apenas a mudanças econômicas. Ele sugere que as pressões morais e culturais desempenharam um papel central no fim da escravidão, refutando a interpretação puramente econômica de Williams.
Eric Foner – O historiador dos Estados Unidos, especializado em escravidão e a Guerra Civil Americana, questionou a tese de que o capitalismo se desenvolveu exclusivamente a partir da escravidão. Foner argumenta que o capitalismo possui várias origens e que o trabalho livre também desempenhou um papel importante no crescimento da economia industrial.
7. CONSIDERAÇÕES PARA O NOSSO DIA A DIA
A interdependência global – Williams nos ensina que o mundo moderno, mesmo no nível econômico, sempre foi interconectado. Hoje, isso pode ser aplicado ao entendimento de como nossas ações e escolhas diárias impactam economias e comunidades globais, incentivando uma maior consciência e responsabilidade social.
O papel do trabalho na nossa identidade – A exploração do trabalho escravo destaca como o trabalho pode ser desumanizante. Aplicado ao cotidiano, a reflexão sobre como tratamos nosso trabalho e o trabalho dos outros é fundamental para a saúde mental e os relacionamentos, garantindo que o trabalho seja digno e equilibrado com o bem-estar.
O custo do progresso econômico – Williams alerta para os sacrifícios humanos por trás do progresso econômico. No cotidiano, isso nos incentiva a questionar o impacto de nosso consumo e estilo de vida nas comunidades menos favorecidas, promovendo um comportamento mais ético e sustentável.
8. JESUS CRISTO: 3 DESTAQUES PARA A BOA CONVIVÊNCIA HUMANA
Amor ao próximo como antídoto para a exploração – Jesus enfatizou o amor ao próximo como princípio básico de convivência. Aplicado ao contexto de Williams, o ensino de Jesus condenaria qualquer sistema econômico que desumanize e explore o outro, propondo um sistema baseado na igualdade e respeito.
A partilha e o desapego aos bens materiais – Jesus pregou a importância de compartilhar o que se tem com os menos favorecidos e de não colocar o acúmulo de riquezas no centro da vida. Isso se opõe diretamente à lógica capitalista, que Williams mostra como baseada na exploração e acumulação.
A justiça e a dignidade humana – Jesus sempre colocou a dignidade do ser humano no centro de sua mensagem. Nesse sentido, ele se oporia a qualquer sistema, como o descrito por Williams, que viola essa dignidade, insistindo em uma ordem social onde todos são tratados de maneira justa e equitativa.