Livro: "Capitalismo e Escravidão", de Eric Williams

  





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PESQUISA BIBLIOGRÁFICA CIENTÍFICA (com IAC)
investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
uma das atuações do seu Pastorado4




"Capitalismo e Escravidão", de Eric Williams


o programa que o estudo deste livro pertence, está



 
Atualmente, em Outubro de 2024, estamos pesquisando e escrevendo este livro




1. O LIVRO

"Capitalismo e Escravidão", de Eric Williams, teve um impacto significativo desde sua publicação original em 1944. O livro é amplamente reconhecido como um dos textos fundadores da historiografia moderna sobre o papel do capitalismo no desenvolvimento da escravidão. Embora controverso em sua época, especialmente entre os historiadores britânicos, o livro continua sendo muito influente e amplamente citado. Ele experimentou várias reedições e está em uso acadêmico global, sendo traduzido para várias línguas. Nos últimos anos, especialmente com o aumento do interesse por estudos pós-coloniais e questões de reparações, as vendas e a repercussão do livro têm crescido.

2. RESUMO

"Capitalismo e Escravidão" de Eric Williams argumenta que a escravidão africana foi central para o desenvolvimento econômico do capitalismo, especialmente no império britânico. Williams desafia a visão tradicional de que o abolicionismo foi puramente motivado por razões humanitárias, sugerindo que a escravidão se tornou economicamente obsoleta para a Grã-Bretanha, à medida que o capitalismo industrial ganhou força. Ele traça a conexão entre a exploração das colônias caribenhas, onde a produção de açúcar dependia do trabalho escravo, e a acumulação de riqueza que alimentou a Revolução Industrial. A obra reconfigura a compreensão da relação entre imperialismo, escravidão e desenvolvimento econômico.

3. AUTORIA E CONTEXTO

Eric Williams (1911–1981) foi um historiador e político trinitário que se tornou o primeiro Primeiro-Ministro de Trinidad e Tobago, servindo de 1962 até sua morte. Ele obteve seu doutorado em História na Universidade de Oxford, onde sua tese se tornou o livro "Capitalismo e Escravidão". Williams foi um dos pioneiros a conectar o sistema capitalista europeu ao uso intensivo do trabalho escravo no Caribe, mudando a forma como a história econômica colonial era abordada. Ele também teve uma carreira de destaque como acadêmico antes de ingressar na política.

Motivações para Escrever o Livro:
Williams escreveu "Capitalismo e Escravidão" em grande parte como resposta às narrativas dominantes da época, que minimizavam ou ignoravam o papel da escravidão no desenvolvimento do capitalismo europeu. Ele queria destacar como as fortunas britânicas derivavam em grande parte do trabalho escravo nas colônias caribenhas, particularmente nas plantações de açúcar. Além disso, seu livro foi uma tentativa de fornecer uma perspectiva econômica ao debate sobre abolição, argumentando que o fim da escravidão foi motivado por interesses econômicos, não morais. Suas experiências como acadêmico caribenho numa universidade britânica também o inspiraram a desafiar essas visões eurocêntricas.

Contexto Nacional e Mundial:
O livro foi escrito durante o período de declínio do império britânico e o crescente movimento de descolonização em todo o mundo. Nos anos 1940, os debates sobre a abolição, escravidão e os legados do colonialismo estavam ganhando força, especialmente com as colônias exigindo maior autonomia. O contexto da Segunda Guerra Mundial, que questionava as ideologias de supremacia racial, também influenciou o pensamento de Williams. A Revolução Industrial já era estudada há algum tempo, mas Williams trouxe uma nova perspectiva ao vincular seu sucesso ao uso de mão de obra escrava.


4. CONSIDERAÇÕES

Aqui estão 20 das principais conclusões e considerações feitas por Eric Williams em *"Capitalismo e Escravidão"*, detalhadas com explicações sobre seus contextos e significados:

1. **A escravidão foi impulsionada pela economia, não pela raça**  
   Williams argumenta que o sistema escravagista não foi inicialmente baseado no racismo, mas sim na necessidade econômica de mão de obra barata. Os africanos foram escravizados porque eram a opção mais rentável para as plantações coloniais, especialmente na produção de açúcar no Caribe.

2. **O capitalismo dependeu da escravidão para seu desenvolvimento inicial**  
   A riqueza gerada pela escravidão, especialmente no Caribe, foi crucial para o financiamento do desenvolvimento do capitalismo europeu. O comércio de açúcar e o tráfico de escravos criaram uma enorme acumulação de capital que foi reinvestido na Revolução Industrial.

3. **O açúcar foi o principal motor econômico do comércio de escravos**  
   A produção de açúcar nas colônias, particularmente nas ilhas caribenhas como Jamaica e Barbados, exigia uma quantidade massiva de trabalho escravo, e o sucesso econômico dessa indústria tornou-se o centro do comércio de escravos transatlântico.

4. **O desenvolvimento da Revolução Industrial foi financiado pelo comércio de escravos**  
   Williams defende que os lucros gerados pelo comércio de escravos e pelas plantações alimentaram o capital necessário para o desenvolvimento da Revolução Industrial na Grã-Bretanha. Os banqueiros, mercadores e investidores que enriqueceram com a escravidão estavam entre os que financiaram as novas indústrias.

5. **O movimento abolicionista foi motivado por interesses econômicos**  
   Ao contrário da narrativa tradicional, que vê a abolição da escravidão como um movimento humanitário, Williams argumenta que a abolição foi apoiada pelos industriais britânicos porque a escravidão já não era tão lucrativa quanto o trabalho assalariado na era industrial.

6. **A escravidão declinou por razões econômicas, não morais**  
   O autor sustenta que a escravidão foi abolida porque se tornou economicamente obsoleta. Com a Revolução Industrial, o trabalho assalariado passou a ser mais eficiente do que o trabalho escravo, que apresentava altos custos de manutenção e baixa produtividade nas condições modernas.

7. **O desenvolvimento das indústrias têxteis foi diretamente relacionado à escravidão**  
   O algodão produzido no sul dos Estados Unidos, com trabalho escravo, abastecia as fábricas têxteis da Grã-Bretanha, criando uma interdependência econômica entre a escravidão e a industrialização.

8. **A escravidão acelerou a acumulação primitiva de capital**  
   Williams afirma que a acumulação de riquezas a partir da exploração colonial foi um passo essencial na criação do sistema capitalista global, fornecendo o capital inicial que financiou as novas indústrias.

9. **Os lucros do tráfico de escravos e das plantações criaram a base para os bancos modernos**  
   As fortunas acumuladas com o comércio transatlântico de escravos foram investidas em bancos, seguros e outras instituições financeiras, desempenhando um papel fundamental na estruturação do capitalismo britânico e global.

10. **A marinha britânica foi financiada pelos lucros do comércio escravagista**  
    Os lucros das plantações de açúcar e do comércio de escravos financiaram grande parte da expansão militar da Grã-Bretanha, incluindo a marinha, que garantiu o controle britânico sobre os mares e suas colônias.

11. **A Grã-Bretanha industrializou-se às custas das colônias escravistas**  
    Williams argumenta que o processo de industrialização britânica foi construído em grande parte sobre a exploração das colônias escravistas, que forneceram matérias-primas e mercados para os produtos manufaturados britânicos.

12. **O trabalho assalariado substituiu a escravidão como a forma dominante de exploração**  
    Com o avanço do capitalismo industrial, o trabalho assalariado tornou-se mais eficiente e lucrativo, substituindo o trabalho escravo. Williams destaca que isso não significou uma melhora significativa para os trabalhadores, que continuaram a ser explorados.

13. **O racismo foi uma consequência da escravidão, não sua causa inicial**  
    Williams argumenta que o racismo se desenvolveu como uma justificativa posterior para a escravidão, uma vez que os europeus precisavam racionalizar moralmente o uso prolongado de africanos como escravos.

14. **O abolicionismo foi uma estratégia para preservar o capitalismo**  
    O fim da escravidão foi, segundo Williams, uma estratégia dos capitalistas britânicos para garantir a transição para o trabalho assalariado e manter a hegemonia econômica da Grã-Bretanha na nova era industrial.

15. **A Revolução Industrial beneficiou-se das economias de escala da escravidão**  
    As plantações de escravos operavam em uma escala massiva, fornecendo um grande volume de matérias-primas a baixo custo para as indústrias europeias, especialmente o açúcar e o algodão.

16. **A escravidão nas colônias criou as bases para o capitalismo financeiro moderno**  
    O comércio de escravos e as plantações ajudaram a desenvolver instituições financeiras, como bancos e companhias de seguros, que ainda são partes essenciais do capitalismo moderno.

17. **A escravidão foi a primeira forma de globalização econômica**  
    Williams vê o sistema de escravidão como uma das primeiras formas de globalização, conectando economicamente África, América e Europa de maneira interdependente.

18. **A revolução do açúcar contribuiu para a expansão do capitalismo mercantil**  
    O açúcar era um dos produtos mais lucrativos do mundo durante os séculos XVII e XVIII, e o sucesso das plantações de açúcar nas colônias caribenhas impulsionou o comércio mercantil europeu.

19. **O capitalismo moderno carrega o legado da escravidão**  
    Williams argumenta que o capitalismo moderno ainda está intimamente ligado às práticas e estruturas criadas durante o período escravista, como a exploração da força de trabalho e a desigualdade econômica.

20. **A história da escravidão revela as contradições do capitalismo**  
    Para Williams, o sistema capitalista carrega uma contradição fundamental: ele exige a exploração de um grupo de pessoas para o benefício de outro, um fenômeno que foi exemplificado pela escravidão e que continua, em formas modernas, na exploração do trabalho.

Essas afirmativas explicam a relação complexa entre escravidão e capitalismo, destacando como a exploração de povos escravizados foi essencial para o desenvolvimento econômico europeu e global.


5. APOIOS RELEVANTES

  1. Cedric J. Robinson – O historiador e autor do conceito de capitalismo racial concordou com Eric Williams ao argumentar que o capitalismo é estruturalmente ligado ao racismo. Robinson expandiu a tese de Williams, defendendo que a exploração racial foi fundamental para o surgimento e manutenção do capitalismo, incluindo suas formas contemporâneas.

  2. Walter Rodney – O autor de Como a Europa Subdesenvolveu a África apoiou a tese central de Williams de que a exploração das colônias, via escravidão e extração de recursos, foi essencial para o enriquecimento europeu. Rodney elogiou o livro por expor a conexão entre o saque colonial e o desenvolvimento do capitalismo ocidental.

  3. Noam Chomsky – O intelectual e ativista político concorda com as conclusões de Williams sobre a escravidão como força motriz para a Revolução Industrial. Chomsky destaca como o capitalismo sempre se baseou em formas de opressão, desde a escravidão até as formas modernas de exploração no trabalho.

6. CRÍTICAS RELEVANTES

  1. Seymour Drescher – O historiador crítico do livro Capitalismo e Escravidão contestou a tese de Williams, argumentando que a abolição foi mais influenciada por fatores humanitários do que econômicos. Em sua obra Abolition: A History of Slavery and Antislavery, Drescher propõe que as campanhas abolicionistas ocorreram, apesar do fato de a escravidão ainda ser lucrativa em alguns lugares.

  2. David Brion Davis – Outro historiador importante que criticou Williams, Davis argumentou que a abolição da escravidão não se deveu apenas a mudanças econômicas. Ele sugere que as pressões morais e culturais desempenharam um papel central no fim da escravidão, refutando a interpretação puramente econômica de Williams.

  3. Eric Foner – O historiador dos Estados Unidos, especializado em escravidão e a Guerra Civil Americana, questionou a tese de que o capitalismo se desenvolveu exclusivamente a partir da escravidão. Foner argumenta que o capitalismo possui várias origens e que o trabalho livre também desempenhou um papel importante no crescimento da economia industrial.

7. CONSIDERAÇÕES PARA O NOSSO DIA A DIA

  1. A interdependência global – Williams nos ensina que o mundo moderno, mesmo no nível econômico, sempre foi interconectado. Hoje, isso pode ser aplicado ao entendimento de como nossas ações e escolhas diárias impactam economias e comunidades globais, incentivando uma maior consciência e responsabilidade social.

  2. O papel do trabalho na nossa identidade – A exploração do trabalho escravo destaca como o trabalho pode ser desumanizante. Aplicado ao cotidiano, a reflexão sobre como tratamos nosso trabalho e o trabalho dos outros é fundamental para a saúde mental e os relacionamentos, garantindo que o trabalho seja digno e equilibrado com o bem-estar.

  3. O custo do progresso econômico – Williams alerta para os sacrifícios humanos por trás do progresso econômico. No cotidiano, isso nos incentiva a questionar o impacto de nosso consumo e estilo de vida nas comunidades menos favorecidas, promovendo um comportamento mais ético e sustentável.

8. JESUS CRISTO: 3 DESTAQUES PARA A BOA CONVIVÊNCIA HUMANA

  1. Amor ao próximo como antídoto para a exploração – Jesus enfatizou o amor ao próximo como princípio básico de convivência. Aplicado ao contexto de Williams, o ensino de Jesus condenaria qualquer sistema econômico que desumanize e explore o outro, propondo um sistema baseado na igualdade e respeito.

  2. A partilha e o desapego aos bens materiais – Jesus pregou a importância de compartilhar o que se tem com os menos favorecidos e de não colocar o acúmulo de riquezas no centro da vida. Isso se opõe diretamente à lógica capitalista, que Williams mostra como baseada na exploração e acumulação.

  3. A justiça e a dignidade humana – Jesus sempre colocou a dignidade do ser humano no centro de sua mensagem. Nesse sentido, ele se oporia a qualquer sistema, como o descrito por Williams, que viola essa dignidade, insistindo em uma ordem social onde todos são tratados de maneira justa e equitativa.