15.08.2016, 23:53
A IMPORTÂNCIA DA FLORA CUTÂNEA
Sabemos todos que a flora intestinal é indispensável para a manutenção da nossa boa saúde. Da mesma forma, a flora cutânea, que constrói uma barreira às infecções, participa da manutenção de uma pele saudável.
Por: Anne Lefèvre-Balleydier – Le Figaro
Eles parecem viver às nossas custas, degradando nossas secreções e participando dos processos e descamação. São as bactérias, cogumelos e ácaros que colonizam nossa pele, normalmente sem causar nenhuma doença. Bem ao contrário, elas nos protegem de mil e uma maneiras. Pela sua simples presença na superfície da pele, esses micro-organismos formam uma barreira à instalação e à multiplicação de germes patogênicos. E isso não é tudo. Os micróbios que albergamos também podem lutar fisicamente contra os germes indesejados.
Seu número sobre a pele é muito variável, indo de uma centena a um milhão por centímetro quadrado de pele. Sua diversidade também varia muito segundo a idade, o sexo, as regiões do corpo, a presença ou não de pelos, as glândulas produtoras de suor ou de sébum. Como regra geral, as bactérias preferem as zonas úmidas (axilas, dobras e pregas da pele, narinas, pálpebras), e os ácaros são mais adeptos dos folículos pilosos do nariz, os cílios e as sobrancelhas. Distingue-se, enfim, micro-organismos presentes de modo temporário na superfície da pele – que são chamados de flora transitória – e outros instalados permanentemente na camada mais externa da pele, mormente formada por células mortas – a flora residente.
Entre as primeiras, encontramos as bactérias da família dos estafilococos, dos estreptococos, os bacilos ou leveduras do gênero Cândida. Em tempos normais, sua permanência sobre a pele é muito curta: eles são eliminados pela descamação natural da pele. Mas em certas condições (quando existem feridas, quando as defesas imunológicas estão enfraquecidas) esses germes também podem se instalar durante muito tempo e nos fazer adoecer. Permanece o fato de que nossa flora cutânea tem como objetivo precisamente controlar esses processos.
Um papel protetor
Ao se instalar nas regiões do nosso corpo mais cobiçadas, essa flora consome os nutrientes indispensáveis ao crescimento dos germes patógenos. Além disso, ela pode gerar condições desfavoráveis à instalação de tais germes, tanto ao baixar o pH (potencial hidrógeno, uma medida da acidez do meio) quanto em se fixando nos receptores celulares os quais podem ser atacados por germes virulentos.
Para manter essa proteção, é importante que as populações de “bons “micróbios sejam em número e diversidade suficientes. Dito de outro modo, mais vale não abusar de substâncias antibacterianas e outros agentes detergentes e optar por produtos que respeitam os diversos constituintes da pele. Pois, como explica a Dra. Christine Lafforgue, mestra na Universidade ParisSud 11, em Châtenay-Malabry, “o simples fato de se lavar com um clássico gel para ducha constitui um verdadeiro furação na vida da floresta residente em nossa pele”. Não se trata se proibir totalmente os sabonetes antibacterianos quando eles são necessários: eles são indispensáveis para limitar a proliferação de germes patógenos e as infecções. Mas é preciso não confundir a casa com o hospital, e por isso é melhor usar esses produtos com moderação.
http://www.brasil247.com/pt/saude247/saude247/249934/Uma-floresta-em-nossa-pele-A-import%C3%A2ncia-da-flora-cut%C3%A2nea.htm