O CRESCIMENTO DOS SEM RELIGIÃO

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 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA CIENTÍFICA (com IAC)

investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
no programa de Graduação e Especialização em Estudos e Pesquisas 
uma das atuações do seu Pastorado4 


O Cristianismo porco e mau caráter que o Joio tem mostrado ao mundo, com a aquiescência do silêncio comprometedor da pacificidade do Trigo, além de ter enchido o cristianismo de falsos cristãos violentos e adoentados em todos os sentidos, gente manufaturada pelos interesses capitalistas de sempre, tem oferecido, por demais, motivos coerentes com o bom senso humano, para que os sem religião se tornem, cada vez mais, uma religiosidade muito afastada de tudo que lembre esse cristianismo porco e de mau caráter.

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ARTIGOS NESTA PÁGINA

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001   América Latina vê aumento dos sem religião, mas segue reduto do cristianismo

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002   Após cristãos e mulçumanos, sem-religião são 3º maior grupo no mundo

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003   Jovens 'sem religião' superam católicos e evangélicos em SP e Rio

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004   Número de pessoas “sem religião” no Brasil tem se mostrado significativo


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América Latina vê aumento dos sem religião, mas segue reduto do cristianismo
Região assiste a pluralização do campo religioso, com avanço dos evangélicos e redução dos católicos





Nem o primeiro papa latino-americano da história estancou a sangria de fiéis católicos na América Latina. A cada ano, a região vê recuar o número dos que se dizem ligados à Igreja Católica. Se em 1995 eles somavam 80%, agora são 56%, mostram dados de pesquisa do instituto Latinobarómetro.

O fenômeno não é o único que chama a atenção. No mesmo período, houve um salto dos que se declaram evangélicos —de 3,5% para 19,7%—, movimento em grande parte puxado pelo Brasil, e um boom dos que dizem não ter religião. Antes, eram menos de 5% da população latino-americana; agora, são quase 16%.

O papa Francisco reza missa ao ar livre em San Cristobal de las Casas, no estado mexicano de Chiapas - Gabriel Bouys - 15.fev.16/AFP

O historiador Andrew Chesnut, professor de estudos religiosos na Universidade Virginia Commonwealth, nos EUA, descreve o cenário como uma pluralização do campo religioso. "Cada dia mais se elege a fé e menos se herda da família; é um mercado livre, no qual a pessoa escolhe entre as opções que parecem mais adequadas e que respondem às suas necessidades espirituais e materiais", diz.


O movimento não é homogêneo. Brasil, Bolívia e Colômbia, por exemplo, destacam-se pelo aumento dos evangélicos, cenário semelhante ao observado em toda a América Central. O Chile, por sua vez, diferencia-se pelo crescimento dos sem religião. Já o México segue como um bastião do catolicismo.


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EVANGÉLICOS SÃO FATOR-CHAVE

Rodrigo Toniol, presidente da Associação dos Cientistas Sociais da Religião do Mercosul, discorda da hipótese de que o refluxo do catolicismo se deve à perda de força da igreja enquanto instituição. Segundo ele, o Brasil vive o ápice do número de padres e paróquias, e o índice em queda é o de fiéis.


Ele trabalha com a tese de que o aumento de força da igreja veio acompanhado do "disciplinamento das práticas católicas cotidianas". "Quando se começam a regular as práticas cotidianas, como que tipo de santo pode e qual não pode, por exemplo, que no fim das contas era o que sustentava o catolicismo, ela perde força. É como se a crise do catolicismo fosse vítima do próprio sucesso institucional da Igreja."

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Os fatores não terminam aí, e o grupo religioso que mais cresce na região tem importância crucial: os evangélicos. Chesnut diz que a Igreja Católica se manteve em grande parte eurocêntrica e, "em contraste, os pentecostais se 'latinoamericanizaram'", mencionando a força da música e da TV no meio evangélico.

"O marketing da fé é muito importante, porque estamos numa sociedade capitalista, e os pentecostais são talentosos nisso, algo em que os católicos, com sacerdotes burocratas, ficaram para trás."​





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O BOOM DOS SEM RELIGIÃO

A cifra dos que se dizem sem religião constitui o terceiro maior grupo na América Latina. Se o catolicismo é o que Toniol chama de "doador universal", por transferir fiéis para outras religiões, o cenário é diferente para outros fluxos, como de evangélicos para religiões de matriz africana, considerado mais raro.

O cenário, assim, privilegia transições para o grupo dos sem religião, que cresce de maneira contínua, especialmente desde a segunda metade da última década. No Chile talvez esteja o principal exemplo. De um país com forte tradição católica, passou a ter mais de um terço de sua população se declarando sem religião, movimento que ganhou peso notável após os recentes escândalos de abuso sexual de menores.

O CASO MEXICANO

Ponto fora da curva, o México, palco de maior institucionalização da igreja devido à acentuada importância do catolicismo na época da colonização, tem 72,1% de católicos, queda de cinco pontos percentuais em relação a 1995. Outro fator é a Virgem de Guadalupe, parte da identidade do mexicano.

"Trata-se de uma das figuras mais importante do mundo em número de fiéis e de devotos e funciona como uma barreira ao crescimento dos evangélicos", afirma Chesnut, da Universidade Virginia Commonwealth. "Deixar de ser devoto de Guadalupe é como deixar uma parte da identidade nacional mexicana."


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SECULARIZAÇÃO ALÉM-MAR

Do outro lado do Atlântico, algo semelhante: a Espanha assistiu à maior perda de religiosidade durante a pandemia de coronavírus, tendo agora 37% de ateus e agnósticos. A cifra é de recente relatório da Fundação Ferrer Guardia. Em 2019, 27,5% diziam não ter nenhuma religião.

A mudança no perfil não corresponde ao espaço que a Igreja Católica mantém. "A Espanha é um Estado laico segundo a Constituição, mas segue com os acordos do Vaticano de 1979, feitos pouco após a ditadura, que ataram todos os privilégios da Igreja Católica que se mantêm até hoje", diz Hungria Panadero, coautora do material. Vai para a igreja, por exemplo, uma parte do imposto de renda espanhol.

FONTE... https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/06/america-latina-ve-aumento-dos-sem-religiao-mas-segue-reduto-do-cristianismo.shtml







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Após cristãos e mulçumanos, sem-religião são 3º maior grupo no mundo
Levantamento de organização independente americana mostra distribuição de crenças no planeta; no Brasil, 88,9% se dizem cristãos.



Da BBC




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O grupo dos que se declaram ateus, agnósticos ou sem religião em todo o mundo só fica atrás daqueles que se dizem cristãos e muçulmanos. Na média, 8 em cada 10 habitantes do planeta se declaram religiosos.

Os dados são do primeiro relatório Global Religious Landcaspe (Panorama Global da Religião), feito com dados de quase todo o planeta e organizado pelo Fórum Pew sobre Religião e Vida Pública, parte da organização independente Centro de Pesquisas Pew, em Washington.

No total, 31,5% da população mundial se considera cristã (incluindo católicos romanos, ortodoxos e protestantes). Em seguida vêm os muçulmanos (sunitas e xiitas), com 23,2% do total.

Os que se declaram ateus, agnósticos ou não-filiados a alguma religião formam 16,3% da população mundial, percentual superior ao de hindus, 15%, budistas (7,1%), seguidores de religiões étnicas ou folclóricas (5,9%) e judeus (0,2%).

No Brasil, 7,9% dizem não ter religião ou não acreditar em divindade, sendo que 88,9% se declaram cristãos.

As conclusões do estudo não diferenciam as diversas divisões dentro de cada grupo - católicos e protestantes, por exemplo, estão agrupados como cristãos.

Cerca de 2,8% dos brasileiros dizem pertencer a religiões étnicas, como o candomblé. Outros grupos, como judeus e muçulmanos, são menos de 1%.

Por se tratar da primeira base de dados do gênero, não é possível, ainda, traçar tendências de crescimento ou declínio.



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Distribuição
A maior parte dos que se declaram ateus, agnósticos ou sem religião estão em países comunistas ou ex-comunistas, onde tradicionalmente a religião não foi vista com bons olhos. Na China, 52,2% estão nesse grupo. Em Cuba, 23%.

Na América Latina, o país menos religioso é o Uruguai, com 40,7% da população dizendo não pertencer a nenhuma denominação - entre elas está o presidente do país, José Mujica, que se diz agnóstico.

As Américas, assim como a Europa e a África subsahariana, são o lar da maioria dos cristãos do planeta. O cristianismo também é a religião com maior capilaridade no mundo, segundo o estudo.

Os muçulmanos estão em sua maioria concentrados na Ásia, no Oriente Médio e na África. Chama a atenção, no entanto, o grande percentual de muçulmanos na Europa. Os seguidores do Islã já são 43,5 milhões, equivalente quase à população da Espanha (de 47 milhões). No Brasil são 40 mil.



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Os hindus estão quase todos concentrados na Índia.

Já os judeus são majoritários apenas em Israel, onde formam 75,6% da população e somam 5.610 milhões de pessoas. O número é menor que o da população judaica americana, de 5,690 milhões. No Brasil, são 110 mil judeus.

FONTE... https://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/12/apos-cristaos-e-mulcumanos-sem-religiao-sao-3o-maior-grupo-no-mundo.html






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Jovens 'sem religião' superam católicos e evangélicos em SP e Rio
Thais Carrança - @tcarran
Da BBC News Brasil em São Paulo
9 maio 2022



CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,

Os 'sem religião' já são mais de 30% dos jovens de 16 a 24 anos no Rio e em São Paulo, indica Datafolha


"Eu não tenho religião, sempre fui totalmente pura a isso. Eu acredito em tudo, primeiramente em Jesus, o único Deus todo poderoso. Também acredito em entidades, que me ajudaram muito e sempre que puderem vão me ajudar... Acredito em energias, no universo..."


Assim Mariana Oliveira Viana, de 21 anos e moradora do Rio de Janeiro, definiu em uma rede social suas crenças.


Manicure autônoma e moradora do bairro de Irajá, na Zona Norte do Rio, Mariana tem parte da família evangélica, uma mãe que frequenta a umbanda e um irmão de 24 anos que, como ela, não segue uma religião, mas acredita em Deus.
Visão feminista de classe alta não vê que igreja evangélica pode fortalecer mulher, diz autor de 'O Povo de Deus'


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"Minha família sempre deixou que o outro tenha total liberdade, ninguém fica questionando nada a ninguém", conta Mariana à BBC News Brasil.


Não batizada em nenhuma religião, a jovem frequentou terreiros e igrejas, e diz ter se sentido bem em todos esses lugares. Assim, decidiu não escolher uma religião e acreditar em tudo.



"Fui abrindo a mente com isso com o tempo, fui amadurecendo, no sentido de ter respeito por todas as religiões e ter a mente aberta com isso."

Os 'sem religIão' no Censo e no Datafolha


Mariana é uma de milhares de jovens brasileiros que se auto definem como "sem religião", grupo que já supera católicos e evangélicos entre a população de 16 a 24 anos no Rio e em São Paulo, segundo as primeiras pesquisas Datafolha do ciclo eleitoral de 2022.


No Censo de 2010, os sem religião eram 8% da população brasileira, ou mais de 15 milhões de pessoas. Esse percentual vem crescendo década após década: os sem religião eram 0,5% da população brasileira em 1960, 1,6% em 1980, 4,8% em 1991 e 7,3% em 2000.
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Com o adiamento do Censo populacional de 2020 para este ano, devido à pandemia, ainda não é possível saber de forma definitiva o que aconteceu com a religiosidade brasileira na última década.


Mas as pesquisas eleitorais, cujas amostras são construídas com objetivo de refletir a realidade da população brasileira, dão pistas importantes neste sentido.


As primeiras pesquisas Datafolha de 2022, por exemplo, mostram que, em nível nacional, 49% dos entrevistados se dizem católicos, 26% evangélicos e 14% sem religião — já acima dos 8% sem religião identificados no último Censo.


Entre os jovens de 16 a 24, o percentual dos sem religião chega a 25% em âmbito nacional.


Nas pesquisas Datafolha para Rio de Janeiro e São Paulo, o crescimento dos brasileiros que se dizem "sem religião" é ainda mais marcante, particularmente entre os jovens.


Em São Paulo, os jovens de 16 a 24 anos que se dizem sem religião chegam a 30% dos entrevistados, superando evangélicos (27%), católicos (24%) e outras religiões (19%).


No Rio, os sem religião nessa faixa etária chegam a 34%, também acima de evangélicos (32%), católicos (17%) e demais religiões (17%).






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Mas o que significa ser "sem religião" no Brasil? Por que esse grupo cresce, e como isso se relaciona com a diminuição da população católica e ascensão das religiões evangélicas no país?


Por que esse fenômeno é maior entre os jovens e nas grandes cidades? E que relação tudo isso tem com o comportamento eleitoral da juventude brasileira?


A BBC News Brasil ouviu três cientistas sociais especialistas em religião para explicar o fenômeno.

Quem são os brasileiros 'sem religião'


Em primeiro lugar, é preciso ter clareza que apenas uma minoria dos "sem religião" no Brasil são ateus ou agnósticos. Os ateus são pessoas que não acreditam na existência de Deus, já os agnósticos avaliam que não é possível afirmar com certeza se Deus existe ou não.
Preconceito, agressividade e desconfiança: como é ser ateu no Brasil


No Censo de 2010, por exemplo, dos 15,3 milhões de brasileiros que se diziam sem religião, apenas 615 mil (4% dos sem religião) se consideravam ateus e 124 mil se afirmavam agnósticos (0,8%).


"A maior parcela dos sem religião tem a ver com uma desinstitucionalização, o que quer dizer que o sujeito está afastado das instituições religiosas, mas ele pode ter uma visão de mundo e até mesmo práticas pessoais informadas por crenças religiosas", explica Silvia Fernandes, cientista social e professora da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).


Entre outros livros, ela é autora de Jovens religiosos e o catolicismo — escolhas, desafios e subjetividades (Quartet/FAPERJ, 2010), Novas Formas de Crer — católicos, evangélicos e sem-religião nas cidades (Promocat, 2009) e organizadora de Mudança de religião no Brasil — desvendando sentidos e motivações (Palavra e Prece, 2006).


"Então esse sujeito é sem religião porque não está vinculado a uma igreja, porque não frequenta, mas pode ter crenças relacionadas a alguma religião que já teve ou ter uma dimensão mais pluralista da religiosidade", diz a especialista.


"Ele incorpora elementos de uma espiritualidade mais fluida, pode fazer um sincretismo [misturar elementos de diferentes religiões], pode ter crenças muito associadas ao universo do cristianismo — acreditar em Deus, em Jesus, em Maria — mas seguir se declarando sem religião."


Mariana, a carioca de Irajá que acredita em Deus, em Jesus, nas entidades da umbanda e em energias é um exemplo típico desses brasileiros sem religião, mas de forma alguma sem fé.




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CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL
Legenda da foto,

Mariana Oliveira Viana, de 21 anos, se diz sem religião, mas acredita em Deus, em Jesus, nas entidades da umbanda e em energias

Por que cada vez mais brasileiros se dizem 'sem religião'


Regina Novaes, pesquisadora do ISER (Instituto Superior de Estudos da Religião), observa que a fase dos 16 aos 24 anos, onde os "sem religião" são mais presentes, é uma fase de experimentação.


"Há uma trajetória de busca e experimentação que foi colocada para as novas gerações que não era colocada para as antigas", diz a pesquisadora.


Ela observa que, atualmente, muitos jovens crescem em famílias plurirreligiosas, por exemplo, com avó mãe de santo, pai católico não praticante e mãe evangélica. Esses jovens não sentem a obrigação de seguir uma religião de família e tendem a buscar uma religiosidade própria.


Essa fase de experimentação pode seguir dois caminhos: uma busca que resulta mais tarde na escolha de uma religião; ou a construção de uma síntese pessoal, em que a pessoa se diz "sem religião" por não pertencer a nenhuma igreja, mas combina diversos elementos de fé.


"Isso é interessante, porque havia uma ideia de que, com o passar do tempo e o avanço da secularização [processo através do qual a religião perde influência sobre as variadas esferas da vida], haveria um aumento das pessoas que se desvinculariam da fé, do sobrenatural. Mas isso não está acontecendo. O que está acontecendo são outros modos de ter fé", diz Novaes.


A pesquisadora observa que esse é um fenômeno que vem desde a década de 1990, mas há outros dois processos mais recentes que têm contribuído para o avanço dos "sem religião".



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Luta antirracista e 'desigrejados'


O primeiro deles é a emergência das religiões afro-brasileiras como uma opção cultural, diante do fortalecimento da luta antirracista no país.


"Junto à questão racial, vem a questão da ancestralidade. Então há muitos jovens que deixam de ser católicos, protestantes, evangélicos e se ligam a um terreiro, a uma mãe de santo ou pai de santo", diz Novaes.


"Mas há também uma parcela que não vai se ligar institucionalmente, mas vai se sentir parte de uma cultura. Então eles podem se dizer sem religião, mas participar de festas, cultuar orixás, usar signos como turbantes e colares, como parte de um processo identitário."



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Luta antirracista leva jovens a deixar igrejas cristãs e adotar elementos das crenças afro-brasileiras, como uma forma de afirmação da identidade negra


Um segundo fenômeno são as novas gerações de evangélicos, criados na igreja, mas que passam a ter problemas com seus pastores, por questões morais, comportamentais, por críticas políticas ou com relação à maneira de conduzir a igreja.


Muitos desses jovens vão para outras igrejas, como as alternativas ou inclusivas. Mas há um outro grupo que passa a se definir através de uma palavra nova: são os "desigrejados", jovens que seguem partilhando do mundo evangélico, mas que ficam sem igreja.


"Ao ficar sem igreja, muitos desses jovens podem passar a se definir como sem religião. Porque, diferentemente do catolicismo, em que o batizado católico é, no mundo evangélico, a frequência à igreja é fundamental para a pessoa se definir", observa a especialista.

Um fenômeno jovem e urbano


Para Ricardo Mariano, professor da USP (Universidade de São Paulo) e autor do livro Neopentecostais: Sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Loyola, 1999), a perda de força da igreja católica é um dos motivos que explicam o avanço dos "sem religião".


Em 1950, quase 94% da população brasileira se dizia católica, percentual que caiu a 65% no Censo demográfico de 2010 e está em 49% entre os entrevistados do Datafolha de 2022.



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Parcela da população brasileira que se diz católica diminuiu de 94% para 65% entre os Censos de 1950 e 2010 e já está em 49% nas pesquisas Datafolha de 2022


"O forte declínio dos católicos em idade de reprodução contribui para a redução no número de crianças educadas em famílias católicas e consequentemente, dos jovens com formação católica", observa o sociólogo.


"Além disso, a igreja católica tradicionalmente tem um enorme contingente de católicos ditos 'nominais', ou seja, que não frequentam os cultos, não estão expostos às autoridades eclesiásticas e nem às suas orientações doutrinais, morais e comportamentais", acrescenta.


"Isso também reduz a socialização religiosa intrafamiliar, aquela que ocorre dentro da família, o que torna menos provável que os filhos de pais católicos permaneçam na religião ou sejam por ela influenciados."


Para o pesquisador, outro fator que explica a maior parcela de jovens sem religião é o fato de que esse grupo tem redes de sociabilidade mais diversas — diferentemente, por exemplo, dos idosos, cuja sociabilidade muitas vezes é restrita à família e à igreja — e está exposto a múltiplas fontes de informação, como colégios, universidades, redes sociais e veículos midiáticos.


"Os jovens ocupam seu tempo engajados em atividades de lazer e entretenimento — o funk, o hip hop, blocos e escolas de carnaval, e por aí vai — que muitas vezes entram em conflito com orientações comportamentais e morais das igrejas cristãs mais conservadoras", observa.


Para Silvia Fernandes, da UFRRJ, isso ajuda a explicar também por que os "sem religião" são em maior número nos grandes centros urbanos, como Rio e São Paulo.


"É preciso considerar que mais de 80% da população brasileira hoje é urbana. E, nas grandes cidades, há uma celeridade da vida e acesso a uma multiplicidade de informações que colocam a religião como uma das esferas possíveis da existência, mas ela não é mais tão determinante para a sociabilidade e o encontro como no mundo rural", diz Fernandes.



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Escolhas eleitorais


Há relação entre o aumento do número de jovens "sem religião" e o fato dessa parcela do eleitorado ser uma das que mais indica intenção de voto em Lula (PT) nas eleições de outubro, já que Jair Bolsonaro (PL) construiu sua imagem como um candidato da comunidade evangélica?


Aqui, os especialistas têm visões diversas.



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Bolsonaro no evento evangélico 'Marcha Para Jesus' em 2019


Para Ricardo Mariano, da USP, isso é sim um fator que contribui para a melhor performance da candidatura petista junto a esse segmento da população.


"O governo Bolsonaro abraçou pautas morais ultraconservadoras, as armas, homofobia, autoritarismo, políticas antiecológicas e anticientíficas, sobretudo na pandemia. Tudo isso afastou muito os jovens", observa o professor.


"Eles [os jovens] têm acesso a muita informação e tendem a ser menos conservadores em uma série de pautas. Por isso a rejeição maior ao governo Bolsonaro", avalia.


Já Regina Novaes, do ISER, destaca que é preciso ter clareza que, assim como os sem religião são uma categoria fluida, os evangélicos não são um grupo estático.


"Sim, é possível pensar que mais jovens longe das igrejas, fazendo suas escolhas, também possam fazer escolhas mais questionadoras e por isso se aproximar do Lula. Mas qual é o perigo dessa pergunta?", questiona a pesquisadora.


"É achar que os jovens evangélicos são estáticos, e que eles são [eleitores de] Bolsonaro, enquanto os sem religião são [eleitores de] Lula. Isso não é verdade. Os evangélicos não são essa massa de manobra que o Bolsonaro pensa que são, eles têm cor, têm classe social, têm local de moradia. Esse é um ponto bem importante e acredito que vamos conhecer melhor o mundo evangélico nessas eleições", avalia.
Visão feminista de classe alta não vê que igreja evangélica pode fortalecer mulher, diz autor de 'O Povo de Deus'

Brasil pode nunca vir a ser país de maioria evangélica?


O crescimento dos sem religião coloca uma dúvida para o futuro do Brasil: pode ser que o país nunca venha a ter uma maioria evangélica, como chegaram a prever alguns analistas?


Olhando para os dados, vemos que, do Censo de 2000 para o de 2010, o percentual de evangélicos no Brasil saltou de 15% para 22%, e os católicos diminuíram de 74% para 65%.


Já na pesquisa Datafolha desse início de ano para o Brasil como um todo, os católicos são 49% dos entrevistados, evangélicos 26% e os sem religião, 14%.


Embora as pesquisas não sejam diretamente comparáveis, pela diferença de abrangência, os números do Datafolha trazem algumas pistas do que esperar para o próximo Censo.


"O declínio histórico do catolicismo continua, com a igreja católica perdendo fiéis a cada década. Mas, ao mesmo tempo, você não tem os evangélicos crescendo na mesma proporção e parte disso é explicado por esse fenômeno dos sem religião", diz Fernandes, da UFRRJ.


Para a professora, alguns fatores explicam a perda de ímpeto da expansão evangélica: em primeiro lugar, as igrejas pentecostais e neopentecostais deixaram de ser uma novidade.


Um segundo fator é a diversificação na oferta dessas igrejas, que faz com que elas disputem entre si pelos fiéis, contribuindo para esse processo de experimentação característico da experiência religiosa mais fluida da contemporaneidade.


Por fim, com as igrejas evangélicas já em atividade há décadas no país, há uma parcela dos fiéis que se decepcionaram com promessas não cumpridas de cura, milagres e prosperidade, ou que não conseguem se integrar às rígidas normas morais e comportamentais, engrossando as fileiras dos "sem religião".


Para Mariano, da USP, ainda assim é de se esperar que os evangélicos sejam um dia maioria.


"É inevitável até por razões demográficas, o perfil dos católicos no Brasil é mais rural, mais velho do que os evangélicos. Os pentecostais têm um contingente enorme de pessoas em idade reprodutiva, mais do que os católicos, além disso, essas igrejas têm uma grande capacidade de recrutamento e manutenção de adeptos. Então é uma questão de tempo", afirma.




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Regina Novaes, do ISER, tem outra visão.


"É difícil fazer 'profecia' sociológica, mas acredito que o Brasil não será um país evangélico. Por dois motivos: o catolicismo não é mais 'a religião dos brasileiros', mas ainda é da maioria dos brasileiros. Ateus e agnósticos vão continuar sendo minoria, mas a categoria dos sem religião passa a fazer parte das alternativas presentes do campo religioso", observa.


"Agora, a ideia é não olhar para os sem religião como uma coisa estática, porque as ofertas [religiosas] continuam existindo. E o lugar que a religião tem na vida — de dar sentido a ela, de tornar o sofrimento 'sofrível' — continua existindo. Então as religiões continuam a ser recursos culturais para os sem religião", acrescenta.


"O Brasil continuará um país de maioria católica, os evangélicos crescerão ainda, mas os sem religião passam a ser uma possibilidade que tem de ser observada."

FONTE https://www.bbc.com/portuguese/brasil-61329257




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Número de pessoas “sem religião” no Brasil tem se mostrado significativo

Igor Dias 27 de maio de 2022 Geral0
Os “sem religião” já são maioria entre jovens de 16 a 24 anos no Rio e São Paulo | Foto: Pixabay

No Censo de 2010, os “sem religião” eram 8% da população brasileira, o equivalente a mais de 15 milhões de pessoas. Esse percentual vem crescendo a cada década. Eles eram 0,5% em 1960, 1,6% em 1980, 4,8% em 1991 e 7,3% em 2000. Com o adiamento do Censo Populacional de 2020, devido à pandemia de COVID-19, não é possível saber com certeza o que mudou na religiosidade do país na última década.

Contudo, pesquisas eleitorais, cujas amostras são construídas com objetivo de refletir a realidade da população, dão pistas importantes neste sentido. As primeiras análises do Datafolha de 2022, por exemplo, mostram que, em nível nacional, 49% dos entrevistados se dizem católicos, 26% evangélicos e 14% “sem religião”, já acima dos 8% identificados no último Censo.

De acordo com o professor de pós- -graduação em Ciências da Religião, Carlos Frederico, há uma diferença entre religião e espiritualidade. “A primeira supõe-se a adesão de certas instituições e marcadores sociais, como uma comunidade, templo e rituais. Já a segunda tem relação com sentidos profundos da existência, conexões e capacidade de aderir a pessoas e ideias”.

Portanto, ser “sem religião” não significa ser sem fé ou crenças. No Censo de 2010, por exemplo, dos 15,3 milhões de brasileiros que se diziam “sem religião”, 615 mil (4% deles) se consideravam ateus e 124 mil se declaravam agnósticos (0,8%).

Segundo a doutoranda em Ciências da Religião, Cláudia Ritz, o grupo autodenominado “sem religião” em seu estudo, afirma ter crenças religiosas. “Ser ‘sem religião’ quer dizer ser desinstitucionalizado.

Eles garantem ter fé e argumentam praticar as próprias crenças de maneira desvinculada das religiões, pois as convicções estão com eles”. Eles mesmos conseguem gerir e regulamentar as próprias crenças, mesmo sendo elas herdadas de processos de transmissão familiares ou institucionais que tenham frequentado. Além disso, esse grupo pode incorporar elementos de diferentes tradições religiosas, apresentando credos plurais.

Nas análises do Datafolha para o Rio de Janeiro, os jovens de 16 a 24 anos que se dizem “sem religião” (34%) chegam a ultrapassar evangélicos (32%), católicos (17%) e outras religiões (17%). Em São Paulo, eles são 30% dos entrevistados, superando 27% de evangélicos, 24% de católicos e 19% de outras religiões.

Cláudia apresenta dois aspectos de sua pesquisa para esse fato. “A fragilização da tradição religiosa, por isso a geração jovem se sente mais autônoma para escolher a própria crença e a urbanização, pois, nesse processo, as pessoas se deslocam para outros centros”.

Ela também indica outros pontos relevantes a serem considerados. “Deve-se pensar ainda no aspecto da globalização e da tecnologia que dá uma difusão de acesso maior a outras culturas e tradições, esses são fatores que impactam diretamente na juventude atual”.

Os motivos para a população “sem religião” vir aumentando durante os anos podem ser diversos. A doutoranda ressalta que alguns pesquisadores dizem que o catolicismo acabou “doando” alguns fiéis para as demais religiões. “Se outras tradições estão com índice crescente é porque um fluxo está acontecendo”.

Cláudia lembra fatores que podem contribuir para o deslocamento. “O fenômeno do crescimento dos evangélicos tem que ser considerado e também o processo identitário da população negra é importante, pois traz correlação com religiões de matriz africana, apesar de eles também fazerem parte de outras religiões”. Ela afirma que o trânsito religioso no Brasil é algo evidente, porém avaliá-lo é complexo e exigiria um trabalho mais apurado.

A estudante Gabriela Moraes, de 23 anos, se considera “sem religião”, mas não sem fé. “A minha família é católica, então acredito em Deus, mas não só nele, possuo outras crenças e sempre fui muito livre em relação a isso, procuro não me prender a apenas uma instituição e seguir cegamente”.

Ela conta que já visitou diferentes terreiros e igrejas e não sentiu estranheza em nenhum. “Eu sempre respeitei todas as religiões e tinha a curiosidade de conhecer diferentes templos e culturas, acho que isso me ajudou a chegar à conclusão de que não preciso escolher apenas uma, se me sinto bem em várias”.

FONTE... https://edicaodobrasil.com.br/2022/05/27/numero-de-pessoas-sem-religiao-no-brasil-tem-se-mostrado-significativo/
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