investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
001 Capitalismo mata 20 milhões de pessoas por ano? 002 Quantas pessoas o capitalismo matou hoje? 003 Condene as crueldades do comunismo, mas não se esqueça do capitalismo 004 O Livro Negro do Capitalismo 005 Capitalismo mata mais de fome que de COVID-19 006 A fome é um legado capitalista 007 Ao longo de um século, Estados Unidos matam 100 milhões de pessoas 008 REGIME CAPITALISTA X REGIME COMUNISTA: QUEM MATA MAIS (A GRANDE FARSA QUE DEVE SER REBATIDA)? 009 Capitalismo e guerra 010 Horrores do capitalismo: os caras no Japão que moram em cabines de cibercafés 011 Capitalismo mata 100.000 por dia de fome, diz relator da ONU 012 Capitalismo mata: Uma criança morre de fome a cada cinco segundos 013 O capitalismo criou a catástrofe climática; o socialismo pode evitar o desastre 014 DESTRUIR PARA GANHAR – O PREÇO QUE O CAPITALISMO COBRA AO MUNDO |
Capitalismo mata 20 milhões de pessoas por ano?
=> 8.000.000 pessoas morrem por falta de água potável
=> 7.665.000 pessoas morrem devido à fome
=> 3.000.000 pessoas morrem por doenças facilmente evitaveis por vacinas
=> 500.00 pessoas morrem por malária
=> 1.600.000 pessoas morrem por crimes violentos (*)
O capitalismo mata então, cerca de 20 milhões de pessoas por ano. Em apenas 5 anos o capitalismo mata tantas pessoas quanto as 100.000.000 de mortes em 1 século de socialismo.
(*) Não tava no original, mas achei legal colocar.
Desmistificando
Parte I, Africa e mortes por fome
Desde que eu era criança, sempre ouvi falar dos africanos que morriam de fome por causa do capitalismo. Mesmo adulto e com as fontes de informação à mão, jamais parei para pensar no assunto. O capitalismo matava de fome crianças na África. Era tão óbvio, que era verdade. Se todo mundo diz que é, é... Não mentiriam descaradamente sobre algo que qualquer pesquisa de 5 minutos na internet desmentiria, então é verdade!
O problema é que por pensar assim, por aceitar uma verdade estabelecida e aceita, eu nunca conferi. Milhares, milhões de pessoas até hoje nunca conferiram.
E quando eu fui conferir, Etiópia, aquele país africano capitalista opressor cujos cidadãos morrem de fome por causa do capitalismo...? Era um país socialista. Uma década ou duas antes da fome, os socialistas tomaram o poder, expulsaram/mataram os donos de terras, implantaram uma reforma agrária justa, enfiaram uma corruptocracia no governo e, 20 anos depois as pessoas estavam morrendo aos milhões. Simplesmente pegar um cara que nunca teve uma fazenda, dar a ele um pedaço de terra e dizer "Ei, veja, agora você tem sua terra, dividida de forma justa, pode plantar e ser feliz!" pode ser lindo nos jornais. No mundo real, queda drástica da produção de alimentos. O cara até quer plantar e colher, mas nem sempre vai ser a pessoa certa pra isso. Pior, o governo estabelecia o que achava certo plantar e não o que dava pra plantar. Tem tópico sobre a situação da Etiópia na OS.
Somália? Mesma coisa. Uganda? Sudão? Pois é.
E mais, outros países que passam fome? Os mesmos socialistas africanos que matavam parte da população e deixavam outra parte passando fome, tinham dinheiro para financiar guerrilhas socialistas nos países vizinhos. Somando a guerrilha com os famélicos que fugiam dessas bênçãos da Africa ainda havia a guerrilha. Logo, além da própria população, esses países não socialistas ainda tinham que enfrentar milhões de refugiados, que tinham de ser abrigados e alimentados mais as guerrilhas, que muitas vezes destruíam a cadeia produtiva.
Ou seja, mentiram a vida toda sobre as causas (ou parte delas) da fome na Africa. E como a gente não conferia, não descobria.
Mas onde isso entra nas contas de morte do capitalismo? O comunismo acabou na África desde o fim dos anos 90.
Pois é, na vida real, se um governo faz m**** homéricas na economia e sociedade de um país durante 20, 30 anos, você não vai resolver tudo em 10. Pior, se você sai do socialismo e troca por um esquerdismo light, você não deixou de ser socialista, só saiu do caminho que destrói um país em 20 anos pra pegar um caminho que destrói em 45... Você não melhorou. E a imensa maioria dos países africanos são ditaduras ou governos que atuam fortemente na economia (e sabemos no que isso dá).
Capitalismo? Ha! Piada, né?
Brasil é um país capitalista?
Somos um país capitalista de Schrodinger.
Dependendo do viés político, somos capitalista ou somos semi-socialistas. Temos certa liberdade econõmica, o governo não é dono de todas as propriedades mas é sócio de todas (afinal, com 40% de impostos diretos e indiretos, não dá pra dizer que não é), várias áreas da economia são monopólios ou oligopólios (mercado fechado apenas para poucos grupos, aliados do governo). Basta lembrar apenas do mês de junho, um empreendedor abriu uma empresa de aluguel de patinetes. Orra, todo mundo lucra, as pessoas podem andar de patinete ao invés de ir de carro ou se apertar em ônibus. Você pega num ponto e deixa o patinete no outro. Pessoas arrumam empregos, terceirizadas podem dar manutenção (e contratar) e, claro, empregos na empresa de aluguel. Olha que capitalismo opressor fenomenal. Aí, o governo ficou puto, como alguém ousa ganhar dinheiro? Enfiaram um monte de regra municipal nova (a empresa foi criada baseada na legislação nacional e nas regras que até então existiam na cidade) e deram 16 dias pra empresa de adequar. Imagina você invetir milhares de reais numa empresa baseada numa regra e, do nada, dizerem que vc tem 16 dias pra de adequar a novas regras? Alguns milhares de reais de gastos que eles tinham que tirar do nada. Não conseguiram. Resultado? A prefeitura apreendeu os patinetes, jogando eles de forma bem desleixada em caminhões e levando pra um armazém. Claro, pra retirar cada patinete, 400 reais de multa!
Uber, mesma coisa. No Brasil, país dos oligopólios, o transporte privado era reservado aos taxistas. A licença e o "ponto" chegam a custar mais de 50 mil reais dependendo do lugar. Os donos do ponto simplesmente contratam um terceirizado, que ganha bem pouco por corrida e ficam com todo o lucro. Parece capitalismo? Sim e não. O empreendedor ficar com o dinheiro é capitalismo. O governo deixar só algumas pessoas atuarem no mercado? Protecionismo anti-capitalista. Ei que surgiu o Uber. Um aplicativo que permitia às pessoas buscarem transporte privado de forma bem mais fácil, via app, com preços tremendamente em conta - já que não tem "ponto" nem "licença de taxista". O resultado? Milhares e milhares (talvez milhões) de pessoas que nunca pagariam 50 reais numa simples viagem de taxi agora tinham a mesma viagem por 8, 9, 10 reais. Beber e dirigir?Sair e voltar num ônibus apertado? Pagar 5% de um salário mínimo numa viagem de taxi? As vantagens são imensas. Muitos taxistas (os motoristas terceirizados, bem explicado) largaram a profissão porque o Uber pagava mais pra eles tbm. Todos lucram, capitalismo. O governo então começou a colocar suas regrinhas, afinal, ganhar dinheiro? Não pode.
Nisso, temos um governo que aceita ser capitalista, mas que quer mesmo é ser socialista. Tudo que puder fazer para impedir o capitalismo, o governo vai fazer. Professores e mídia tentam de tudo para melar o capitalismo e culpar ele pelos resultados funestos dos 55% capitalistas. O presidente apenas comentou que, quando criança, trabalhava. Bastou isso pra milhares de pessoas acharem que ele estava querendo ver crianças trabalhando em carvoeiras e construções. O fato é que nossas leis impedem menores de até mesmo trabalhar como office boy, entregador e outras funções para as quais pagar um salário mínimo (e outro pro governo) é pouco eficaz. Num país onde as pessoas dizem "Nossa, tá dificil emprego, todo mundo quer que tenha experiência, mas como arrumo experiência sem trabalhar primeiro?" a idéia de menores terem acesso a trabalho dentro da lei e tal é meio estranho.
Então, não, o Brasil é capitalista no sentido que está numa economia capitalista. Mas engessada e cheia de regras e impostos e um governo que tem ódio do capitalismo e empreendedorismo.
"Por que esse off-topic, Góris?"
Não é off-topic, é explicar que países que dizem ser capitalistas não o são. As mortes por fome, doenças, etc são quase sempre em países com bem pouco capitalismo. Venezuela que o diga.
Doenças e mortes por falta de vacinas
Outro tema bem interessante. Lembrando que alguns dos países que mais morrem pessoas por fome ou são socialistas ou eram até bem pouco tempo e tbm lembrando que muitos dos que não são ou foram socialistas tem enormes amarras legais, culturais e até religiosas contra o capitalismo. O exemplo do Brasil é exatamente isso, um exemplo.
Sabe, se não houvesse capitalismo, as pessoas que hoje morrem por falta de vacinas... Também não morreriam? O capitalismo trouxe a facilidade de produção em massa, vacinas que antes eram produzidas quase artesanalmente hoje são produzidas aos milhões e salvam milhões de vidas nos países capitalistas. Curiosamente, o capitalismo mata porque em países periféricos semi-capitalistas (ou semi-socialistas) não se tem essas vacinas? Aposto 10 reais que os países onde mais se morre por doenças que poderiam facilmente debeladas, 90% deles são corruptocracias.
Lembrando, os EUA capitalistas opressores ofereceram milhões e milhões em ajuda humanitária à Etiópia e Somália (a URSS e Cuba, na época, ofereceram ajuda na forma de armas e guerrilheiros nestes países) e esses suprimentos e comida eram desviados para o mercado negro (URSS, China, etc). Quando esses países (doadores) perceberam isso, passaram a parar de enviar ajuda na forma de comida e medicamentos e passaram a investir em "fundações". Literalmente fundações de civilização. Campos de refugiados recebiam escolas, livros, instrumentos para plantar e colher... Olha que legal... Nem era capitalismo, era sobrevivência. O que os governos fizeram? "Não aceitamos ingerência das grandes potências em nosso país!". Dependendo do ano, do governo e cia, as reações iam da expulsão até a aceitação mediante suborno. Imagina, você ter que pagar suborno pro governo pra ele deixar você doar remédios pra popualçao deles!
Capitalismo matando pessoas?
Não, inimigos do capitalismo matando pessoas e culpando o capitalismo.
Enfim a idéia por trás de "O Capitalismo mata 20 milhões por ano!" está errada logo no começo.
Basta pegar os países mais capitalistas do mundo (Beren, Cafetão Chinês, Aoshi e cia podem citar alguns) e fazer a relação de quantos mortos eles tem por essas razões.
Fome e pobreza, perseguição política, conservadorismo religioso e intolerância baseada em “liberdade divina para o capital”. Até você terminar de ler esse artigo, algumas pessoas já devem ter morrido — e você nem sabe. Se sabe, ignora.
Chega a ser engraçado quando alguns “especialistas” apontam a quantidade de pessoas que o comunismo matou no século XX. Quando afirmamos que o capitalismo também matou, a resposta parece programada para desviar a acusação e culpar outros fatores. Afinal, quantas pessoas o capitalismo matou?
Para entender este fenômeno da negação e a completa hipocrisia por trás dele, precisamos analisar os números argumentados por tais pessoas sobre o comunismo. Geralmente, utilizam fontes baseadas na propaganda anti-comunista, como o site Global Museum on Communism — que não é uma fonte muito imparcial, na realidade. Nele, é possível encontrar seções como o “Hall da Infâmia”, onde estão as biografias de líderes comunistas como Lenin, Stalin, Mao Zedong, Ho Chi Minh, Pol Pot, Fidel Castro, “entre outros ditadores responsáveis pelo século de terror comunista”. A parte engraçada do site: eles também contam com uma “Galeria dos Heróis”, onde estão figuras como Ronald Reagan. É importante frisar o nome de Reagan para voltarmos a falar sobre ele posteriormente nesse artigo.
Através de um cálculo não divulgado, a organização afirma que o comunismo matou até hoje cerca de 100 milhões de pessoas. A China lidera o “ranking”, com o número estimado de 65 milhões de mortes, terminando com a América Latina atingindo o número de 150 mil vítimas. Claro, não divulgam fontes e nem o método utilizado para calcular o número. Afinal, contabilizar a morte de 100 milhões de pessoas é uma tarefa simples, não?
Pois bem. Baseando-se em números assim, os defensores fervorosos da “liberdade econômica” argumentam que qualquer ideologia que trace algum resquício de ideias marxistas ou até mesmo o keynesianismo (social-democracia) é tolerante com os crimes cometidos pelo socialismo real no século XX. Por exemplo, o presidente norte-americano Barack Obama, durante as eleições de 2008 foi acusado por diversas vezes de “assassino” por defender algumas medidas onde o Estado prevalece diante do setor privado, como o seu projeto de saúde pública, Obamacare.
O que esses capitalistas fervorosos não devem saber — ou simplesmente são programados para não admitir — é que o capitalismo também matou. E continua matando até hoje.
Antes de qualquer coisa, não existe “negacionismo” aqui — diferentemente do lado de lá. É evidente que governos comunistas assassinaram opositores durante o século XX por determinados motivos, com o objetivo de estabelecer a predominância do comunismo em diversas regiões do mundo. O número exato? Nunca saberemos. Mas definitivamente não são 100 milhões de pessoas.
Agora, utilizando como base o possível formato de cálculo feito para determinar quantas pessoas “o comunismo matou”, faremos o mesmo com o capitalismo.
Começando com guerras travadas para deter o avanço do comunismo em países estratégicos, e também intervenções de Estados capitalistas em países do terceiro mundo que não admitiam sua política externa.
- Guerra do Vietnã: Cerca de 3,5 milhões de civis e inocentes morreram com bombardeios e ataques norte-americanos no então Vietnã do Norte durante a guerra. Cerca de 1.176.000 de militares e guerrilheiros também foram assassinados. Se formos utilizar como base apenas estes números — ignorando a quantidade de militantes comunistas foram assassinados e perseguidos no Vietnã do Sul — , chegamos ao número de 4 milhões e 676 mil mortes por conta de “forças pró-capitalismo”.
- Guerra da Coreia: Contabilizando as baixas do Norte, chegamos ao número de 750 mil mortos. Entre eles, boa parte de norte-coreanos civis e comunistas, além de forças chinesas e soviéticas.
- Golpe de Estado na Guatemala em 1954: Em uma operação organizada pela CIA, chamada PBSUCESS, o presidente democraticamente eleito Jacobo Arbenz Guzmán foi derrubado do poder na Guatemala. Por conta de políticas que se baseavam em uma série de reformas com viés socialista, os Estados Unidos interviram na região, gerando o número de 250 mil mortes.
- Golpe de Estado no Chile em 1973: Mais uma vez, um presidente socialista e eleito democraticamente foi derrubado com apoio militar e financeiro dos Estados Unidos — Salvador Allende. O legado deixado pelo novo governo chileno, autoritário e militarista, foi de milhares de mortes. O DINA (Direção de Inteligência Nacional), uma espécie de serviço secreto, matou cerca de 60 pessoas do GAP (Grupo de Amigos Pessoais de Allende), mais de 400 pessoas do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionario), além de mais 400 membros do Partido Socialista do Chile e outros 350 do Partido Comunista do Chile. Em um relatório divulgado no ano de 2011, foram constatadas cerca de 40 mil mortes durante o regime de Pinochet. Ironicamente, foi Pinochet que deu andamento a um novo experimento capitalista — o neoliberalismo, que acabaria resultando na falência das estruturas do Estado, em busca de um livre mercado utópico.
- Os “Contras” de Reagan contra a Nicarágua: mais de 30 mil civis foram mortos durante a operação dos “contras” utilizada pelo presidente Ronald Reagan na Nicarágua nos anos 80. O objetivo era derrubar o governo comunista popular e sandinista. Em 2011, o presidente do país, Daniel Ortega, pediu aos Estados Unidos uma reparação de guerra no valor de 17 bilhões de dólares.
- Ditadura em El Salvador: durante o governo de Carlos Humberto Romero, aliado dos Estados Unidos e de ultra-direita, a população de El Salvador ficou sob uma repressão generalizada. Com apoio da CIA, mais de 70 mil pessoas foram assassinadas com a justificativa de tentar impedir uma revolução comunista no país.
- Invasão do Panamá em 1989: Manuel Antonio Noriega, ex-agente da CIA e estadista panamenho, desobedece ordens vindas de Washington e decide governar o Panamá sem a interferência norte-americana. Em poucas semanas, uma invasão militar dos Estados Unidos destrói seu governo, causando mais de 3 mil mortes de civis por forças invasoras.
É claro que não vamos conseguir contabilizar todas as guerras durante o século XX das quais os Estados Unidos participaram com o objetivo de manter sua influência econômica capitalista. Em muitos países da África, por exemplo, é impossível determinar uma quantidade exata de mortos — também por conta de que muitos combates persistem até hoje.
Porém, se somarmos os conflitos citados e detalhados acima, chegamos ao número de 5 milhões e 819 mil mortos.
Muitos podem tentar refutar afirmando que “não se tratava de uma guerra em defesa do capitalismo, e sim de interesses políticos”. Sim, foram situações travadas a partir de interesses políticos. Interesses políticos que tinham como objetivo não permitir o avanço da influência soviética em território dos Estados Unidos e Europa Ocidental, reafirmando um sistema econômico capitalista, independente de questões como liberdade civil e direitos humanos. Quando as pessoas se utilizam de dados para denunciar como o comunismo matou tanta gente, geralmente citam dados de opositores políticos mortos que defendiam um regime econômico de livre mercado. O mesmo deve valer para o outro lado.
Como já foi dito por diversos filósofos atuais, existe um fenômeno de negação sobre as mortes causadas pelo capitalismo. E as guerras citadas acima fazem parte disso. Mas outros fatores conseguem ser ainda mais explícitos, como a fome, por exemplo.
Quando debatemos o número exato de quantas pessoas morrem de fome por ano ao redor do mundo, geralmente homens engravatados e brancos de Wall Street utilizam o argumento de que “não foi o capitalismo que matou” essa quantidade de pessoas, e sim circunstâncias. Por exemplo: guerras civis, conflitos entre tribos locais, doenças, etc. Ou seja, o capitalismo é blindado por diversos outros fatores que escondem o motivo real dessas mortes, que é a interferência de governos ocidentais no continente africano, visando apenas o lucro de suas gigantes corporações, utilizando a África como laboratório. Empresas farmacêuticas, multinacionais da indústria bélica, entre outros. Ironicamente, quando falamos sobre quantas pessoas o comunismo matou na União Soviética, o número de mortos pela fome durante a Guerra Civil é constantemente citado. Era uma guerra civil, o governo comunista acabava de tomar o poder, já havia fome antes. Onde estão as circunstâncias?
Segundo um relatório da ONG “Salvem as Crianças”, pelo menos cinco crianças morrem de fome a cada minuto. Dos países onde foram coletadas tais informações, cinco fazem parte do continente africano.
É claro, muitos países da África não possuem uma estrutura de sistema capitalista — boa parte vive em uma espécie de feudalismo. Mas não é este o ponto. A partir do momento em que esses países vivem em função dos interesses de nações capitalistas estruturadas — através de suas multinacionais e corporações — podemos, de alguma forma, colocar parte da culpa dessas mortes no capitalismo. A aclamada meritocracia não existe por lá, justamente porque a partir do momento em que países como o Congo conseguirem se estabilizar, os negócios lucrativos de países capitalistas na África começariam a cair.
Na verdade, não é preciso ir muito longe para entender a lógica do capitalismo e sua conexão direta com autoritarismo, repressão, perseguição política e pobreza.
Ativista político, o jovem anarquista Carlos Giuliani foi assassinado pela polícia durante manifestações contra a reunião da cúpula do capitalismo, o G8. O caso ocorreu no ano de 2001, em Gênova. Giuliani foi atingido por um tiro de pistola, disparado de dentro de uma viatura policial. Em seguida, foi atropelado duas vezes pelo mesmo veículo.
Casos como o de Giuliani existem ao redor do mundo, seja em países desenvolvidos ou não.
Benno Ohnesorg era um estudante alemão de Estudos Românticos e Germanística, e foi assassinado em frente à Ópera Alemã de Berlim em 1967, por um policial com um tiro à queima-roupa durante uma manifestação pacífica contra a visita do Xá Reza Pahlavi, na Alemanha Ocidental. Benno era casado e tinha uma filha. Um ano depois, o líder pacifista Rudi Dutshke, ativista anti-guerra no Vietnã na Alemanha Ocidental, foi baleado alvejado com dois tiros na cabeça por Josef Bachmann, militante de extrema-direita. Rudi se recuperou e foi para a Inglaterra, temendo maiores represálias de movimentos fascistas. Lá acabou sendo expulso do país, dito democrático, por defender ideias anti-guerra.
Casos como o de Giuliani, Benno e Rudi existem aos milhares, desde o começo da Guerra Fria até os dias de hoje. São pessoas que optaram pela via pacífica para demonstrar sua insatisfação com o sistema capitalista vigente, e de diversos modos foram afetadas por forças do Estado e de extrema-direita. A repressão e a perseguição política são utilizadas por muitos adeptos do anti-comunismo como alguns dos “fatores de terror” causados pelo socialismo real no século XX. Claro, ignoram completamente quando os oprimidos pensam diferente deles.
Poderíamos ficar debatendo por dias e pesquisando por meses a quantidade de casos absurdos ocorridos em regimes democráticos e autoritários capitalistas. Poderíamos até chutar um número de mortes. Ou citar outros fatores como o racismo, xenofobia, machismo, fanatismo cristão e desastres como o de Mariana, causado pela ganância de empresas como a Samarco no ano passado.
O objetivo desse artigo não é “ver quem matou mais”, e sim demonstrar ao leitor que não existe bem e mal. O discurso hipócrita de setores de direita nos dias de hoje se baseia nos números de atrocidades que o comunismo cometeu no século passado, ignorando completamente a existência de atrocidades ainda piores acontecendo agora mesmo, por conta do sistema vigente baseado no corporativismo e pela ganância do capital.
Qual a alternativa diante disso? A da reflexão, passo por passo. Passos curtos, mas bem dados, como o de Bernie Sanders e sua campanha anti-Wall Street e por uma medicina e educação gratuitas nos Estados Unidos. Os indignados na Espanha, e sua busca pelo fim da política de austeridade. Os movimentos por moradia e terra na América Latina, contra o autoritarismo e a repressão no campo. Precisamos debater alternativas, e não perpetuar atrocidades.
Texto por Francisco Toledo, co-fundador e fotojornalista da Agência Democratize
https://medium.com/democratize-m%C3%ADdia/quantas-pessoas-o-capitalismo-matou-hoje-b5607693e7e
Condene as crueldades do comunismo, mas não se esqueça do capitalismo
Os meios de comunicação no Reino Unido têm se prestado a relembrar o que entendem como as mazelas do comunismo, mas sobre o capitalismo?
O Livro Negro do Capitalismo
O Livro Negro do Capitalismo | |
---|---|
Autor(es) | Gilles Perrault |
Idioma | traduzido para o português |
País | França |
Assunto | mortes causadas pelo capitalismo |
Linha temporal | 1900 a 1997 |
Editora | Editora Record[1] |
Lançamento | 1998 |
Páginas | 546 |
ISBN | 8501056561 |
O Livro Negro do Capitalismo (título original: Le Livre noir du capitalisme) é uma obra coletiva de professores e pesquisadores universitários publicada em 1998 como uma paródia do Livro Negro do Comunismo (1997).[2]
O Livro Negro do Capitalismo não pretende apenas mostrar, como também quantificar as vítimas do sistema econômico em questão, expressando as contradições no discurso anticomunista em relação ao cotidiano capitalista. A publicação se propõe a fazer isso através de uma série de tópicos independentes, encomendados a distintos escritores, aos quais foi concedida carta branca para que escrevessem sobre quaisquer aspectos do capitalismo moderno.[3] Os temas abordados vão desde o tráfico de escravos africanos até as tragédias sociais trazidas pela era da globalização financeira.
Descrição
O Livro Negro do Capitalismo é uma obra sobre aspectos essenciais de um modelo econômico, de uma ideologia e de uma política que, de acordo com os autores, têm produzido a injustiça, discriminação, desigualdade e exclusão social em todo planeta. Os autores desafiam a noção de que o capitalismo seria um estado natural da humanidade, bem como a ideia de que suas catástrofes seriam igualmente catástrofes naturais, sem rostos e sem responsáveis, argumentando a intrínseca responsabilidade de instituições como o Dow Jones e o FMI nestes eventos.
Organizado por Gilles Perrault, a obra reúne artigos de historiadores, economistas, sociólogos, sindicalistas e escritores como Jean Suret-Canale, Phillippe Paraire, Claude Willard, Pierre Durand, François Delpla, Robert Pac e Jean Ziegler. Cada um escolheu sobre qual aspecto do capitalismo escrever: escravidão, repressão, tortura, violência, roubo de terras e recursos naturais, criação e divisão artificial de países, imposição de ditaduras, embargos econômicos, destruição dos modos de vida dos povos e das culturais tradicionais, devastação ambiental, desastres ecológicos, fome e miséria.
Para Gilles Perrault, o adversário real do capitalismo trata-se da multidão civil envolvida pelo processo capitalista. Ele sustenta que este sistema econômico é assombrado pelas multidões deportadas da África para as Américas para servir como mão-de-obra escrava, pelos homens sacrificados nas trincheiras das grandes guerras, por aqueles torturados até a morte nas celas dos "cães de guarda do capitalismo", pelos fuzilados na Espanha e também na Argélia, pelos centenas de milhares massacrados na Indonésia, e por aqueles que foram quase erradicados, como os índios das Américas, e aqueles que foram sistematicamente assassinados na China para garantir a livre circulação do ópio.
De acordo com o Livro Negro do Capitalismo a revolta daqueles que tiveram sua dignidade negada representa o maior perigo para a manutenção do status quo capitalista. A publicação refere que a insatisfação social resultante da marginalização à qual o Terceiro Mundo é submetido combina-se com a insatisfação daqueles condenados a pagar os juros de uma dívida que serve apenas para enriquecer seus governantes, gerando o derradeiro oponente deste sistema econômico.
Apêndice
O apêndice do livro fornece uma lista incompleta de vítimas atribuídas ao sistema capitalista do século XX pelo editor. A lista - que inclui as guerras motivadas por interesses capitalistas - conta com um número estimado de 58 milhões de mortos na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais, além de mortes nas várias guerras coloniais, repressões anticomunistas, conflitos étnicos, algumas vítimas de fome e desnutrição, levando ao montante de 106 milhões de mortes atribuídas ao capitalismo naquele século.[4]
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_Negro_do_Capitalismo
Capitalismo mata mais de fome que de COVID-19
Aprofundamento da crise causada pela pandemia pode gerar mais 1 bilhão de famintos no mundo
Nunca se produziu tanto no mundo e nunca tantas pessoas morreram de fome. Essa é a principal e mais bárbara contradição do capitalismo. Segundo a FAO-ONU (Organização de Alimentos e Agricultura na sigla em inglês), 821 milhões de pessoas passavam fome em todo o planeta antes mesmo da pandemia e de seus efeitos, principalmente sobre os mais pobres.
Nesse contexto, estima-se que 56 milhões morrem de fome todos os anos por desnutrição. Mais de 150 mil por dia. Se por um lado a humanidade sempre conviveu com a fome, é no capitalismo que, pela primeira vez, a produção de alimentos superou em muito as necessidades de alimentação de toda a população. Mesmo assim a fome aumenta. A produção mundial de alimentos foi, em 2019, equivalente a 2.770 calorias, sendo que as necessidades diárias de um adulto saudável é de 2.000. A produção de alimentos só cresce a cada ano, numa proporção muito maior à da população.
Só os efeitos da pandemia vão aumentar o número de pessoas famintas em 270 milhões segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), matando até 12.200 pessoas por dia. Com isso, o número de famintos vai ultrapassar 1 bilhão de pessoas no mundo.
https://www.pstu.org.br/capitalismo-mata-mais-de-fome-que-de-covid-19/
https://brasiliarios.com/61-especiais/2099-a-fome-e-um-legado-capitalista
Capitalismo e guerra
A guerra aumenta a venda de armas, mobiliza a construção civil, a indústria, o comércio e os serviços e, de quebra, elimina os excedentes populacionais, reequilibrando oferta e procura
LUIZ RUFFATO
12 ABR 2017 - 14:02 BRT
Míssil tomahawk que os EUA lançou na Síria.
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FORD WILLIAMS (AP)
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O capitalismo tem como uma de suas mais impressionantes características a capacidade de se renovar constantemente, muitas vezes a partir de suas próprias contradições, transformando tudo em mercadoria, ou seja, em dinheiro. As drogas, que acompanharam a trajetória da Humanidade desde suas origens, só passaram a ser consumidas em massa a partir de sua associação à imagem dos jovens que as usavam como forma de contestação ao capitalismo na década de 1960. Daí para a frente, tornaram-se o mais lucrativo negócio da atualidade, movimentando estimados 320 bilhões de dólares por ano, segundo a ONU. (Em escala bem menor, vale a pena lembrar a utilização do rosto do revolucionário Che Guevara em camisetas, broches, ímãs de geladeira, cartazes, chaveiros, copos, canetas, e tantas outras tralhas, onipresente em todas as partes do mundo.)
De quando em quando, no entanto, o mecanismo de funcionamento do sistema entra em colapso, já que a possibilidade de ampliação do número de consumidores não é ilimitada. Nestes momentos, que são os temerosos períodos de crise, as empresas – a cujos interesses, a rigor, os estados nacionais estão submetidos – lançam mão de suas prerrogativas e pressionam os governantes por uma solução rápida para o retorno da circulação de capital: a guerra. A guerra não só aumenta de maneira considerável a venda de armas – foram 65 bilhões de dólares em 2015 -, mas principalmente mobiliza, em uma segunda fase, a construção civil, cuja cadeia produtiva envolve todos os demais setores, a indústria, o comércio e os serviços. De quebra, elimina os excedentes populacionais, reequilibrando oferta e procura.
Se tomarmos como marco do início do capitalismo a Revolução Industrial, ocorrida no fim do século XVIII na Inglaterra, observaremos que ciclicamente o mundo entra em conflito e dele o sistema sempre sai renovado e fortalecido. As guerras napoleônicas, entre 1792 e 1815, que opuseram a França ao resto da Europa, terminaram com o Congresso de Viena, que no início do século XIX impôs ao planeta a chamada Pax Britannica, garantindo à Inglaterra o controle das rotas marítimas e a livre circulação de seus produtos industrializados por todos os continentes.
Setenta anos depois, em 1885, a Conferência de Berlim repartiu, de maneira arbitrária e violenta, a África e a Ásia entre as principais potências europeias, com objetivo de garantir o fornecimento de matérias-primas a baixos preços e ampliar o mercado consumidor de artigos manufaturados. O despeito da Alemanha, que se sentiu desfavorecida nesta divisão, aliado ao crescente nacionalismo dos países eslavos subjugados ao Império Austro-Húngaro, foi uma das causas geradoras da I Guerra Mundial, que colocou no campo de batalha cerca de 70 milhões de soldados. O resultado foram 10 milhões de mortos – entre civis e militares – e 20 milhões de feridos, e o surgimento da União Soviética, que provocou uma nova correlação de forças na geopolítica internacional.
Menos de 21 anos após o término da I Guerra Mundial, com a Europa ainda em reconstrução, explodiu a II Guerra Mundial, motivada, por um lado, pelo impasse provocado por problemas não resolvidos na conflagração anterior, e, por outro, pelos conflitos de interesses econômicos, sob o verniz de posições ideológicas. O nacional-socialismo do ressentido Adolf Hitler e sua absurda concepção de supremacia ariana, o obscurantismo autoritário estalinista e os chamados “paladinos da democracia” (os países europeus e os Estados Unidos) lutavam para ampliar suas áreas de influência política – a política anda sempre a serviço da economia. Terminada a guerra com a derrota do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) - 66 milhões de mortos, entre civis e militares, 35 milhões de feridos –, os Estados Unidos patrocinaram o Plano Marshall para reerguimento dos países europeus – menos aqueles sob influência soviética. Foram investidos cerca de 132 bilhões de dólares em alimentos, fertilizantes, matérias-primas, produtos semi-industrializados, combustíveis, veículos e máquinas – 70% desses bens eram de procedência norte-americana.
Os Estados Unidos saíram da guerra fortalecidos política e economicamente. Junto com seus aliados europeus (incluindo Alemanha e Itália, derrotados na guerra), de um lado, e a União Soviética, de outro, redesenharam o mapa-múndi, inaugurando a Guerra Fria – que, a partir da década de 1950, contaria com mais um protagonista, a China, fundada no absolutismo sanguinário maoísta. Passaram-se mais de 70 anos desde então – um dos maiores períodos de “paz” da história recente da Humanidade. Houve guerras regionais – Coreia, na década de 1950; Vietnã, na década de 1960; Bósnia, na década de 1990, entre vários outros conflitos -, mas nenhum deles opôs diretamente as forças armadas das grandes potências. Os embates da segunda metade do século XX foram, de certa maneira, terceirizados: a indústria armamentista disponibilizava o material bélico e os países em litígio ofereciam o campo de batalha e os soldados.
Hoje observamos o mundo novamente em turbulência. O cenário coloca em rota de colisão os interesses econômicos dos grandes conglomerados norte-americanos, conduzidos pelo midiático e arrogante Donald Trump; os interesses do também arrogante ex-chefe da KGB, Vladimir Putin, ansioso por recuperar o espaço geopolítico ocupado pela antiga União Soviética; e os interesses da ditadura sem rosto chinesa, que, com seu capitalismo de estado, baseado em salários irrisórios, desrespeito aos direitos humanos e ambientais, inunda o mundo com seus artigos baratos, causando impacto tanto na economia norte-americana quanto na geopolítica russa. Observamos ainda o crescimento preocupante do discurso xenofóbico e ultranacionalista da extrema-direita em todas as partes do mundo, particularmente na Europa; a instabilidade da representação democrática na América Latina, sufocada pela incompetência, corrupção e populismo; a derrocada dos países africanos, sucumbidos à corrupção, ao autoritarismo e aos conflitos étnicos e religiosos; a crise humanitária nos países do Oriente Médio e Ásia Central; o perigo atômico encarnado no mimado ditador norte-coreano Kim Jong-un; e o fenômeno típico do nosso século, o recrudescimento dos atentados terroristas fomentados pelo fundamentalismo islâmico.
Por tudo isso, já não temo pelo futuro dos meus netos – temo pelo presente dos meus filhos...
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/04/12/opinion/1492009074_482693.html
Horrores do capitalismo: os caras no Japão que moram em cabines de cibercafés
A pobreza não pára de crescer no Japão, quarta economia do planeta. Hoje, um em cada seis japoneses vive em condição de pobreza relativa
FOTOS: SHIHO FUKADA
Cynara Menezes
01 de abril de 2015, 21h26 35
Um espectro ronda o Brasil… o espectro do ANTICOMUNISMO! Em toda parte, só se fala disso. A mídia nem cora ao ecoar artigos escritos por reacionários contra o “perigo bolchevique”. E a toda hora, nas redes sociais, perfis de direita idosos e jovens com pouca leitura cuidam de espalhar a ignorância e o terror com histórias sobre as mortes (de comunistas, inclusive) na União Soviética, que acabou há quase 25 anos.
Todo esse barulho meio bizarro serve para esconder dos incautos que o capitalismo matou e continua matando hoje em dia milhões de pessoas ao redor do planeta, de fome, de doenças, de pobreza ou por suicídio. A paranóia anticomunista rediviva tenta ocultar dos cidadãos a realidade sobre a falência do capitalismo. Em vários países ditos “desenvolvidos”, a desigualdade social cresce e o abismo entre pobres e ricos se faz cada vez maior. Atualmente, entre os 34 membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), adeptos da economia de livre mercado, México, Turquia, Estados Unidos e Japão ocupam o topo do ranking da desigualdade.
No Brasil, ao contrário, a desigualdade vem fazendo movimento oposto e caindo ano a ano. Com todas as críticas que temos ao partido, o modelo adotado pelo PT, que a direita quer substituir, enfatiza a diminuição da desigualdade social. Deixar os neoliberais voltarem ao poder seria o mesmo que assinar embaixo da adoção de um modelo que está aumentando o número de pobres no “primeiro mundo”.
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Quarta economia do planeta, o Japão é um caso especial: a pobreza não pára de crescer por lá. Hoje, um em cada seis japoneses vive em condição de pobreza relativa, segundo a pesquisa sobre condições de vida do ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar de julho de 2014. O índice de pobreza infantil alcançou 16,3%. São as cifras mais altas da história. Nada menos que 59,9% dos japoneses disseram enfrentar “graves dificuldades econômicas”. Aumentaram também os lares com mulheres como cabeça de família, criando sozinhas seus filhos e com um emprego precário. Em julho passado, o economista-chefe da OCDE, Rintaro Tamaki, alertou para a falta de debate sobre a desigualdade no país.
Essa terceiromundização do Japão fica ainda mais impactante quando descobrimos que existe por lá, naquela nação riquíssima, um grupo crescente de pessoas que vivem em cibercafés (lan-houses) porque não conseguem pagar aluguel de um local para morar. É isso mesmo que você entendeu: eles dormem nas cabines com computador, pagando por hora para passar a noite, tomar um banho e usar os depósitos com chave para guardar seus pertences. São chamados de “refugiados dos cibercafés” ou “sem-teto dos cibercafés”.
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A desigualdade entre os jovens, um fenômeno inédito na sociedade japonesa, explodiu. Segundo o economista japonês Takuro Morinaga, “este é o legado do que popularmente se chama ‘a idade do gelo do emprego’, período que começou em meados dos anos 1990, quando, depois do estouro da bolha financeira, as empresas interromperam a contratação de recém-formados”. Diminuíram os empregos fixos e aumentaram os temporários, que mantêm trabalhadores ganhando 40% menos e em condições instáveis, chamados de “freeters” (jovens que saltam de um emprego temporário a outro).
Em março deste ano foi lançado um documentário curto sobre os refugiados dos cibercafés a partir do trabalho da premiada fotógrafa Shiho Fukada sobre os “trabalhadores descartáveis” no Japão. Além deste, há outros dois episódios: um sobre os suicídios de trabalhadores por excesso de trabalho na década de 1990 e outro sobre o número de desempregados e idosos em Osaka, a maioria deles sem-teto (assista a todos aqui).
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O documentário sobre os sem-teto dos cibercafés, com legendas em inglês, mostra um pouco da rotina de Fumiya, um segurança de 26 anos que mora há dez meses num cibercafé. E a de Tadayuki Sakai, que, após deixar seu emprego de 20 anos numa empresa de cartão de crédito, se “mudou” para uma cabine. São seres, sobretudo, solitários. “Não tenho nada que me prenda ao Japão”, diz Sakai. “Só posso contar comigo mesmo.”
O mundo de “oportunidades” do livre mercado pelo visto não é para todos. Este é o primeiro de uma série de posts do blog sobre os horrores do capitalismo –que são atuais, não é coisa de um século atrás. Vem muito mais por aí. Assista o doc.
https://www.socialistamorena.com.br/os-caras-no-japao-que-moram-em-cibercafes/
Capitalismo mata 100.000 por dia de fome, diz relator da ONU
Publicado 21/06/2006 17:01
Capitalismo mata: Uma criança morre de fome a cada cinco segundos
O ultimo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirma que a produção mundial de alimentos, no atual estágio de desenvolvimento, poderia alimentar normalmente 12 bilhões de pessoas com 2,2 mil calorias por adulto, em média. Ou seja, garantiria comida para o dobro da população do planeta, caso a produção fosse voltada para acabar com a fome. Mesmo assim, uma criança com menos de 10 anos morre de fome a cada cinco segundos. 57 mil pessoas morrem por dia e um bilhão dos sete bilhões que somos sofre de subnutrição grave, permanentemente, com mutilações.O ultimo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirma que a produção mundial de alimentos, no atual estágio de desenvolvimento, poderia alimentar normalmente 12 bilhões de pessoas com 2,2 mil calorias por adulto, em média. Ou seja, garantiria comida para o dobro da população do planeta, caso a produção fosse voltada para acabar com a fome. Mesmo assim, uma criança com menos de 10 anos morre de fome a cada cinco segundos. 57 mil pessoas morrem por dia e um bilhão dos sete bilhões que somos sofre de subnutrição grave, permanentemente, com mutilações.
Isso afirma o sociólogo suíço, Jean Ziegler autor do livro Destruição em Massa Geopolítica da Fome, da Cortez Editora, em entrevista a revista Caros Amigos. Ziegler foi relator especial da ONU sobre o direito à alimentação e em sua obra ele mostra que absurdamente o mundo produz alimentos suficientes para o dobro da população mundial, enquanto milhares morrerem de fome.
Segundo ele, as causas dessas mortes são de responsabilidade da ditadura mundial das oligarquias do capital financeiro globalizado. “No ano passado as 500 maiores sociedades transcontinentais detinham 52,8% do PIB mundial, segundo o anuário do banco mundial”. Dessas empresas, dez grupos são de alimentos. Eles controlavam 85% de toda a comida negociada no mercado mundial. Entre as empresas estão Cargill, Bunge, Nestlé, Dreyfus, Archer (Daniels) Midland.
A Nestlé recentemente criou polêmica, por seu presidente ter declarado que a água deveria ser privatizada. O austríaco Peter Brabeck Letmathe, presidente do grupo desde 2005, afirma que a privatização do fornecimento da água é necessária para que a sociedade tomasse consciência de sua importância e acabássemos com o subpreço que se produz na atualidade.
A empresa é a líder mundial na venda de água engarrafada. Um setor que representa 8% de seu capital, que em 2011 totalizaram aproximadamente 68,5 bilhões de euros. Ele ainda defende que os governos devem garantir que cada um disponha de cinco litros de água diária para beber e outros 25 litros para sua higiene pessoal. O excesso seria gerido por critérios empresariais.
Essa informação é importante, pois se a gestão proposta se der pelas grandes corporações privadas for semelhante à gestão de alimentos, podemos ter um massacre ainda maior da população mundial. Afinal, nenhum deles está interessado em acabar com a fome ou sede, mas nos cifrões que aparecem a cada registro no caixa dos supermercados.
A Cargill, por exemplo, detém 31,2 % de todo o trigo comercializado no mundo. Ela detém os meios de transportes, silos para armazenar e etc. Segundo Ziegler, “eles dominam a formação do preço naturalmente, a cada dia, quem vai passar fome. O problema é de acesso”. Ele também destaca que há uma monopolização extraordinária na produção dos alimentos na base, na produção de sementes e adubos, como a Monsanto. “São seis empresas que dominam praticamente 90% do setor”.
O sociólogo destaca que o principal problema da fome no mundo é as pessoas não terem renda para comprar alimentos. Segundo ele, programas como a Bolsa Família no Brasil, ajudam a reduzir o número de vítimas da fome, que hoje são de 13 milhões em nosso país. “Agora esses 13 milhões de seres humanos que vivem na pobreza não vão mudar muito. É difícil porque muitas dessas pessoas não têm sequer documentos e, portanto, não podem nem acessar a Bolsa Família. Para essas pessoas, em um país poderoso como o Brasil, não basta o bolsa família. São necessárias reformas estruturais, como a reforma agrária…”. Embora tais políticas somente mascarem o problema e não resolvam o problema que é o sistema.
Por isso, quando os marxistas afirmam que o capitalismo é um sistema de morte, eles não estão exagerando. A humanidade perde 1% da sua população a cada ano. Isso significa que no ano passado mais ou menos 70 milhões de pessoas morreram por diversos motivos, mas dessas 18,2 milhões morreram por fome. Para barrar esse massacre é preciso mudar a lógica desse sistema. Ao invés das corporações lucrarem com a morte de milhões, teríamos empresas públicas dedicadas ao bem comum, uma sociedade socialista.
* Adilson Mariano é vereador da Esquerda Marxista no PT de Joinville
https://www.marxismo.org.br/capitalismo-mata-uma-crianca-morre-de-fome-a-cada-cinco-segundos/
O capitalismo criou a catástrofe climática; o socialismo pode evitar o desastre | Carta Semanal 35 (2022)
1 DE SETEMBRO DE 2022
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George Bahgoury (Egito), Sem título, 2015.
Queridos amigos e amigas,
Saudações do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social.
Em novembro de 2022, a maioria dos Estados membros da Organização das Nações Unidas (ONU) se reunirá na cidade turística egípcia de Sharm El Sheikh para a Conferência anual sobre Mudanças Climáticas da ONU. Esta é a 27ª conferência das partes para avaliar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, comumente referida como COP. O tratado ambiental internacional foi estabelecido no Rio de Janeiro em 1992, e a primeira conferência realizada em Berlim em 1995; os acordos foram estendidos no Protocolo de Kyoto de 2005 e complementados pelo Acordo de Paris de 2015. Muito já foi dito sobre a catástrofe climática, que traz a ameaça da extinção em massa de espécies. O abandono do combustível à base de carbono foi paralisado por três principais entraves:
Forças de direita que negam a existência de mudanças climáticas.
Setores da indústria energética que têm interesse na perpetuação do combustível à base de carbono.
A recusa dos países ocidentais em admitir que continuam sendo os principais responsáveis pelo problema e a se comprometerem a pagar sua dívida climática financiando a transição energética nos países em desenvolvimento, cuja riqueza eles continuam a desviar.
Em debates públicos sobre a catástrofe climática, quase não há referência à Cúpula da Terra do Rio de 1992 e ao tratado que pontuou que “a natureza global das mudanças climáticas exige a cooperação mais ampla possível de todos os países e sua participação em uma resposta internacional eficaz e apropriada, de acordo com suas responsabilidades comuns, mas diferenciadas, suas respectivas capacidades e suas condições sociais e econômicas”. A frase “responsabilidades comuns, mas diferenciadas” é um reconhecimento do fato de que, embora o problema da mudança climática seja comum a todos os países e nenhum esteja imune ao seu impacto deletério, a responsabilidade dos países não é idêntica. Alguns países – que se beneficiaram do colonialismo e do combustível de carbono por séculos – têm uma responsabilidade maior pela transição para um sistema de energia descarbonizado.
Roger Mortimer (Aotearoa/Nova Zelândia), Whariwharangi, 2019.
Os estudos sobre o assunto são claros: os países ocidentais se beneficiaram excessivamente do colonialismo e do combustível de carbono para atingir seu nível de desenvolvimento. Os dados do Global Carbon Project, liderado pelo agora extinto Centro de Análise de Informações de Dióxido de Carbono do Departamento de Energia dos EUA, mostram que os EUA têm sido de longe o maior produtor de emissões de dióxido de carbono desde 1750. Sozinhos emitiram mais CO2 que toda a União Europeia, duas vezes mais que a China e oito vezes mais que a Índia. Os principais emissores de carbono são potências coloniais, nomeadamente os EUA, a Europa, o Canadá e a Austrália, que, apesar de consistirem em cerca de um décimo da população global, respondem juntos por mais da metade das emissões globais cumulativas. A partir do século 18, esses países não apenas dispensaram a maior parte do carbono na atmosfera, mas continuam a exceder sua parcela no orçamento global de carbono.
O capitalismo movido a carbono, enriquecido pela riqueza roubada pelo colonialismo, permitiu que os países da Europa e da América do Norte aumentassem o bem-estar de suas populações e atingissem seu nível relativamente avançado de desenvolvimento. As desigualdades extremas entre o padrão médio de vida na Europa (748 milhões de pessoas) e na Índia (1,4 bilhão de pessoas) é sete vezes maior do que era há um século. Apesar da dependência do carbono, particularmente do carvão, por parte da China, Índia e outros países em desenvolvimento ter aumentado a um nível alto, suas emissões per capita continuam muito abaixo das dos Estados Unidos, cujas emissões per capita são quase o dobro das da China e oito vezes mais do que as da Índia. A falta de reconhecimento do imperialismo climático leva ao fracasso em fornecer recursos adequados ao Fundo Verde para o Clima, criado em 2010 na COP 16 com o objetivo de ajudar os países em desenvolvimento a superar o desenvolvimento social baseado em carbono.
No nível global, os debates sobre como lidar com a crise climática frequentemente giram em torno de várias formas de um Green New Deal (GND), como o Acordo Verde Europeu, o GND da América do Norte e o GND Global, que são promovidos por Estados-nação, organizações internacionais e diferentes setores de movimentos ambientais. Para entender e fortalecer melhor essa discussão, o escritório do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social em Buenos Aires, Argentina, reuniu os principais estudiosos ecossocialistas para refletir sobre os diferentes GNDs e as possibilidades de realizar uma transformação genuína para evitar a catástrofe climática. Essa discussão — com José Seoane (Argentina), Thea Riofrancos (Estados Unidos) e Sabrina Fernandes (Brasil) — já está disponível no caderno n. 3 (agosto de 2022), A crise socioambiental em tempos de pandemia: Discutindo um Green New Deal.
Esses três estudiosos argumentam que o capitalismo não pode resolver a crise climática, uma vez que ele é a principal causa da crise. Cem das maiores corporações do mundo são responsáveis por 71% dos gases de efeito estufa industriais globais (principalmente dióxido de carbono e metano); essas corporações, lideradas pela indústria de energia de carbono, não estão preparadas para acelerar o transição energética, apesar de sua capacidade tecnológica de gerar dezoito vezes a demanda global de eletricidade apenas pela energia eólica. A sustentabilidade, uma palavra que foi esvaziada de seu conteúdo em muitos discursos públicos, não é lucrativa para essas corporações. Um projeto social de energia renovável, por exemplo, não produziria grandes lucros para as empresas de combustíveis fósseis. O interesse de certas empresas capitalistas no GND é substancialmente motivado por seu desejo de garantir fundos públicos para engendrar novos monopólios privados para a mesma classe capitalista que possui as grandes corporações que poluem o mundo. Mas, como explica Riofrancos no caderno: “o ‘capitalismo verde’ visa mitigar os sintomas do capitalismo – aquecimento global, extinção em massa de espécies, destruição de ecossistemas – sem transformar o modelo de acumulação e consumo que causou a crise climática. É uma ‘tecno-solução’, a fantasia de mudar tudo sem mudar nada”.
Gonzalo Ribero (Bolívia), Ancestral, 2016.
A discussão dominante do GND emerge, como Seoane aponta, de iniciativas como o relatório Pearce de 1989, Blueprint for a Green Economy, que foi preparado para o governo do Reino Unido e propôs o uso de fundos públicos para produzir novas tecnologias para empresas privadas, enquanto uma solução para as crises em cascata nas economias ocidentais. O conceito de “economia verde” não era tornar a economia mais ecológica, mas usar a ideia de ambientalismo para revitalizar o capitalismo. Em 2009, durante a crise financeira mundial, Edward Barbier, co-autor do Relatório Pearce, escreveu um novo relatório para o Programa Ambiental da ONU intitulado, Global Green New Deal, que reformulou as ideias de “economia verde” como o “novo acordo verde”. Esse novo relatório mais uma vez defendeu uso de fundos públicos para estabilizar a turbulência no sistema capitalista.
Nosso caderno emerge de uma genealogia diferente, que está enraizada na Conferência Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra (2010) e na Conferência Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas e Defesa da Vida (2015), ambos realizados em Tiquipaya, Bolívia, e depois desenvolvidos em encontros como o Fórum Mundial Alternativo da Água (2018), a Cúpula dos Povos (2017) e o Fórum da Natureza do Povo (2020). No centro dessa abordagem, que surgiu das lutas populares na América Latina, estão os conceitos de buen vivir e teko porã (‘viver bem’). Em vez de simplesmente salvar o capitalismo, que é a preocupação do argumento do GND, o objetivo do nosso caderno é pensar em mudar a maneira como organizamos a sociedade; em outras palavras, avançar nosso pensamento sobre a construção de um novo sistema. Construir essas ideias, escreve Fernandes, deve envolver os sindicatos (muitos dos quais estão preocupados com a perda de empregos na transição do carbono para as renováveis) e os sindicatos rurais (afetados pela concentração de terra que destrói a natureza e cria desigualdade social).
Klay Kassem (Egito), O casamento da sereia, 2021.
Devemos mudar o sistema, como defende Fernandes, “mas as condições políticas hoje não são propícias a isso. A direita é forte em muitos países, assim como o negacionismo climático”. Portanto, rapidamente, os movimentos populares devem colocar uma agenda de descarbonização em cima da mesa. Quatro objetivos estão diante de nós:
Decrescimento para os países ocidentais. Com menos de 5% da população mundial, os Estados Unidos consomem um terço do papel mundial, um quarto do petróleo e do alumínio e quase um quarto do carvão. O Sierra Club diz que o consumo per capita dos EUA “de energia, metais, minerais, produtos florestais, peixes, grãos, carne e até água doce supera o das pessoas que vivem no mundo em desenvolvimento”. Os países ocidentais precisam reduzir seu consumo geral, reduzindo, como observa Jason Hickel, o “desnecessário e destrutivo” (como as indústrias de combustíveis fósseis e armas, a produção de casas pré-montadas e jatos particulares, a produção industrial de carne bovina e toda a filosofia empresarial da obsolescência programada).
Socializar o setor chave da geração de energia. Acabar com os subsídios à indústria de combustíveis fósseis e construir um setor público de energia enraizado em um sistema descarbonizado.
Financiar a Agenda Global de Ação do Clima. Garantir que os países ocidentais cumpram suas responsabilidades históricas no apoio ao Fundo Verde para o Clima, que será usado para financiar a transição justa no Sul Global em particular.
Melhorar o setor público Construir mais infraestrutura para consumo social, como mais ônibus ferroviários e elétricos de alta velocidade, para diminuir o uso de carros particulares. Os países do Sul Global terão que construir suas próprias economias, inclusive explorando seus recursos. A questão aqui não é se explora esses recursos, mas se eles podem ser extraídos para o desenvolvimento social e nacional e não apenas para a acumulação de capital. Buen vivir – viver bem – significa transcender a fome e a pobreza, o analfabetismo e os problemas de saúde, que serão desenvolvidos pelo setor público.
Nenhuma política climática pode ser universal. Aqueles que devoram os recursos do mundo devem reduzir seu consumo. Dois bilhões de pessoas não têm acesso à água potável, enquanto metade da população mundial não tem acesso a cuidados de saúde adequados. O desenvolvimento social deve ser garantido, mas esse desenvolvimento deve ser construído sobre uma base socialista sustentável.
Cordialmente,
https://thetricontinental.org/pt-pt/newsletterissue/cartasemanal-crise-climatica-new-green-deal/
DESTRUIR PARA GANHAR – O PREÇO QUE O CAPITALISMO COBRA AO MUNDO
DR. ROSINHA
DIREITOS HUMANOS MEIO AMBIENTE
MEIO AMBIENTE DIREITOS TRABALHISTAS DR. ROSINHA CAPITALISMO QUESTÃO FUNDIÁRIA CAPITAL LUCRO GLOBAL WITNESS WILLIAM I. ROBINSON GAHP
RECEBA POR
Em artigo recente (Não às “reformas”), fiz referência ao livro América Latina y el capitalismo global: una perspectiva crítica de la globalización (Ed. Siglo XXI, México, 2005), de William I. Robinson.
Na introdução, Robinson caracteriza a crise econômica por seis aspectos: (1) Ecológico; (2) As desigualdades globais sem precedente; (3) A magnitude dos meios de violência; (4) O limite da expansão extensiva e intensiva do sistema capitalista; (5) O aumento das filas dos marginalizados; e (6) A destruição da autoridade baseada em um Estado-Nação.
Desses seis aspectos, no artigo anterior comentei a questão das desigualdades. Neste, abordarei a questão ambiental.
Robinson chama a atenção para o fato de que temos a verdadeira possibilidade de um colapso da sociedade humana. No planeta Terra, já há degradação irreversível, como, por exemplo, a perda da diversidade tanto da flora como da fauna. Há espécies que já foram extintas e, mantido o atual modelo de desenvolvimento, possivelmente chegaremos a um ponto sem retorno.
Toda a destruição ambiental, seja na derrubada das florestas, na extração do petróleo e de minérios, na exploração da terra através da agricultura intensiva e da monocultura (com uso de venenos) e no uso da água, tem um único objetivo, o lucro.
O capitalista olha para tudo e para todos calculando como pode explorar aquela relação e dela obter o maior lucro possível. Não pensam no futuro e, quando falam sobre, ele dizem que o “futuro a Deus pertence” ou “no futuro já estarei morto”. Para o capitalismo e o capitalista, não há outras gerações, não há vida além e ao redor da dele. Ele é único no universo. Para o capitalismo e o capitalista, a vida vegetal e animal, com exceção da dele, não faz parte do sistema de preservação da vida.
Neste mundo de hegemonia capitalista, os Estados atuam defendendo-o, relaxam na execução das leis, não fiscalizam, e, pior, autorizam ações de exploração/destruição da natureza.
Dr. Rosinha: “Na ânsia do lucro fácil e da riqueza a qualquer custo, capitalistas estão saqueando a natureza e tornando os homens e o mundo cada vez mais pobres”
Governantes e empresários fazem discursos de defesa da natureza, porém não agem para mudar o modelo de desenvolvimento econômico, que polui a atmosfera e leva ao aquecimento da Terra. Estudos científicos mostram que, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, incêndios florestais e pela derrubada de florestas tropicais, está aumentando a concentração de gases na atmosfera. O CO2 passou de 280 partes por milhão (ppm) para cerca de 400 ppm em 200 anos. Isso significa um aumento sem precedentes na história, tanto em escala quanto em velocidade.
Na busca do lucro, florestas ricas em espécies estão sendo destruídas, muitas vezes para criação de gado ou a monocultura, como a soja, com o uso intensivo de veneno.
As florestas tropicais, que cobriam cerca de 15% da área terrestre do planeta, atualmente cobrem de 6% a 7%. Grande parte do que sobrou foi degradado pela derrubada de árvores ou queimadas.
A busca do lucro com a exploração intensiva da terra tem levado à degradação do solo. De acordo com estimativas de ONU, cerca de 12 milhões de hectares de terras agrícolas são degradadas cada ano.
Recentemente, estudo publicado pela GAHP (sigla em inglês para Aliança Global de Saúde e Poluição) mostra que a poluição é uma das maiores ameaças à humanidade. Ela mata três vezes mais que a Aids, tuberculose e malária juntas. Em 2015, cerca de 9 milhões de pessoas tiveram a morte relacionada à poluição. Uma de cada seis mortes ocorridas no mundo em 2015 foi provocada pela poluição ambiental.
Os capitalistas, para manter seu patrimônio e modelo de exploração da natureza, matam e mandam matar as pessoas que sonham com outro mundo e outro modelo de vida. Em 2016, por questões ambientais ou rurais, segundo Global Witness, 49 pessoas foram assassinadas no Brasil, o que faz com que o Brasil seja o país mais perigoso do mundo quando se trata de questões agrárias.
Na ânsia do lucro fácil e da riqueza a qualquer custo, os capitalistas estão saqueando a natureza e tornando os homens e o mundo cada vez mais pobres.