VERSÍCULOS COMUNISTAS NA BÍBLIA

  





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PESQUISA BIBLIOGRÁFICA CIENTÍFICA (com IAC)
investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
uma das atuações do seu Pastorado4





VERSÍCULOS COMUNISTAS NA BÍBLIA
textos bíblicos, intencionalmente esquecidos ou mal-interpretados com o intúito de manter a cristantandade misticamente controlada a favor de todo tipo de desigualdade social

o conteúdo original que inclui este estudo está 



 


Atualmente, em março de 2025, estamos pesquisando e escrevendo este livro


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ÍNDICE

101   NOVO TESTAMENTO

102   jesus e a justiça social

103   igreja primitiva e a economia

104   ANTIGO TESTAMENTO

105   o pentateuco

106   os históricos e poéticos

107   os profetas

108   a religião deturpada

109   a religião hipócrita

110   hipocrisia condenada

111   religião opressiva


'101<<< >>> ÍNDICE     '102<<< >>> ÍNDICE     

NOVO TESTAMENTO

Os Ensinos de Jesus sobre Justiça e Igualdade

001   MATEUS 5:3
"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus."

002   MATEUS 5:5
"Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra."

003   MATEUS 5:6
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos."

004   MATEUS 5:42
"Dá a quem te pedir e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes."

005   MATEUS 6:19-21
"Não ajunteis tesouros na terra [...] onde os ladrões minam e roubam."

006   MATEUS 6:24
"Ninguém pode servir a dois senhores [...] Não podeis servir a Deus e às riquezas."

007   MATEUS 19:21
"Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres."

008   MATEUS 20:1-16
Parábola dos trabalhadores na vinha: todos recebem igualmente.

009   MATEUS 23:12
"Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado."

010   MARCOS 6:34-44
Multiplicação dos pães: Jesus garante comida para todos.

011   MARCOS 8:1-9
Nova multiplicação dos pães, reforçando a partilha.

012   LUCAS 3:10-11
"Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem."

013   LUCAS 6:20
"Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus."

014   LUCAS 6:24-25
"Ai de vós, ricos! Porque já recebestes a vossa consolação."

015   LUCAS 12:15
"A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que possui."

016   LUCAS 12:33
"Vendei o que tendes e dai esmolas."

017   LUCAS 14:12-14
"Quando deres um banquete, convida os pobres, aleijados, mancos e cegos."

018   LUCAS 18:22
"Falta-te ainda uma coisa: vende tudo o que tens e dá aos pobres."

019   LUCAS 22:25-26
"O maior entre vós seja como o que serve."

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A Vida da Igreja Primitiva e a Economia do Reino

020   ATOS 2:44-45
"Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum."

021   ATOS 4:32-35
"Ninguém dizia ser sua coisa alguma do que possuía, mas todas as coisas lhes eram comuns."

022   ATOS 11:27-30
"Os discípulos determinaram mandar socorro aos irmãos que habitavam na Judeia."

023   ATOS 20:35
"Mais bem-aventurado é dar do que receber."

024   ROMANOS 15:25-27
Paulo organiza coleta para ajudar os pobres.

025   1 CORÍNTIOS 1:26-29
"Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes."

026   1 CORÍNTIOS 12:26
"Se um membro sofre, todos sofrem com ele."

027   2 CORÍNTIOS 9:6-7
"Cada um contribua segundo propôs no coração, não com tristeza ou por necessidade."

028   2 CORÍNTIOS 9:10-11
"Aquele que dá a semente ao que semeia também multiplicará a vossa sementeira."

029   EFÉSIOS 4:28
"O que furtava não furte mais; antes, trabalhe [...] para repartir com o que tiver necessidade."

030   FILIPENSES 2:3-4
"Cada um não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros."

031   COLOSSENSES 3:11
"Onde não há grego, nem judeu, servo, nem livre; mas Cristo é tudo em todos."

032   1 TESSALONICENSES 5:14-15
"Ajudem os fracos, sejam pacientes com todos."

033   TIAGO 1:9-10
"O irmão de condição humilde glorie-se na sua exaltação, mas o rico na sua humilhação."

034   TIAGO 4:1-3
"Vós cobiçais e nada tendes, sois invejosos e cobiçosos."

035   1 PEDRO 3:8
"Sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos."

036   1 JOÃO 4:20-21
"Se alguém diz: 'Eu amo a Deus' e odeia seu irmão, é mentiroso."

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ANTIGO TESTAMENTO
A Lei de Moisés e a Economia Comunitária

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039   040   

041   042   043   044   045   046   047   

037   LEVÍTICO 19:9-10
"Quando fizerdes a colheita da vossa terra, não ceifeis completamente as extremidades do campo [...] Deixá-los-eis para o pobre e para o estrangeiro."

038   LEVÍTICO 25:35-36
"Se teu irmão empobrecer e as suas forças decaírem, sustentá-lo-ás."

LEVÍTICO 25:39-40 – "Se teu irmão se tornar pobre e se vender a ti, não o farás servir como escravo."
LEVÍTICO 27:30 – "O dízimo da terra [...] é santo ao Senhor."
DEUTERONÔMIO 15:1-2 – "Ao fim de sete anos farás remissão. Todo credor que emprestou ao seu próximo perdoará a dívida."
DEUTERONÔMIO 15:4 – "Para que entre ti não haja pobre."
DEUTERONÔMIO 15:11 – "Nunca deixará de haver pobres na terra; por isso te ordeno que abras a tua mão para teu irmão."
DEUTERONÔMIO 23:19-20 – "A teu irmão não emprestarás com juros."
DEUTERONÔMIO 24:19-21 – "Quando segares a tua seara e esqueceres um feixe no campo, não voltes para apanhá-lo; será para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva."
DEUTERONÔMIO 27:19 – "Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva."

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Históricos, Poéticos e a Justiça Social

048   049   050   051   052   053   054   055   

056   057   058   059   060   061   062   

1 SAMUEL 2:7-8 – "O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó e do monturo ergue o necessitado."
NEEMIAS 5:10-11 – "Devolvamos-lhes suas terras, vinhas, olivais e casas, e não lhes exijamos mais juros."
JÓ 22:6-9 – "Deste penhores a teu irmão sem motivo e despojaste os nus das suas vestes [...] Ao faminto não deste pão."
SALMOS 9:18 – "Porque o necessitado não será esquecido para sempre."
SALMOS 12:5 – "Por causa da opressão dos pobres e do gemido dos necessitados, levantar-me-ei."
SALMOS 34:6 – "Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas angústias."
SALMOS 37:11 – "Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz."
SALMOS 72:4 – "Defenderá os pobres do povo, salvará os filhos do necessitado e quebrantará o opressor."
SALMOS 82:3-4 – "Fazei justiça ao pobre e ao órfão; livrai o aflito e o necessitado das mãos dos ímpios."
SALMOS 112:9 – "Distribuiu, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre."
PROVÉRBIOS 14:31 – "O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou."
PROVÉRBIOS 21:13 – "O que tapa os ouvidos ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido."
PROVÉRBIOS 22:2 – "O rico e o pobre se encontram; a ambos fez o Senhor."
PROVÉRBIOS 22:16 – "O que oprime ao pobre para se engrandecer e o que dá ao rico certamente empobrecerá."
PROVÉRBIOS 28:27 – "O que dá ao pobre não terá necessidade, mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldições."

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Os Profetas e a Condenação da Riqueza Acumulada

063   064   065   066   067   068   069   070    

071   072   073   074   075   076   077   078   079   080   

ISAÍAS 1:17 – "Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido."
ISAÍAS 10:1-2 – "Ai dos que decretam leis injustas [...] para despojar os pobres do seu direito."
ISAÍAS 58:6-7 – "Não é este o jejum que escolhi? [...] Reparte o teu pão com o faminto e recolhe em casa os pobres desabrigados."
JEREMIAS 5:27-28 – "Engordam-se, tornam-se nédios; ultrapassam até os feitos dos malignos; não julgam a causa dos órfãos."
JEREMIAS 22:16 – "Julgou a causa do aflito e necessitado; por isso lhe sucedeu bem. Porventura não é isso conhecer-me? diz o Senhor."
LAMENTAÇÕES 3:34-36 – "Quando se oprime a todos os presos da terra, quando se perverte o direito do homem perante a face do Altíssimo, não veria o Senhor?"
EZEQUIEL 16:49 – "Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas não ajudou ao pobre e necessitado."
EZEQUIEL 34:16 – "A perdida buscarei, a desgarrada tornarei a trazer, a quebrantada ligarei e a enferma fortalecerei."
DANIEL 4:27 – "Ó rei, aceita o meu conselho, põe termo aos teus pecados pela justiça e às tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres."
OSÉIAS 4:1-2 – "Não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus na terra. Só prevalecem o perjúrio, a mentira, o homicídio, o furto e o adultério."
OSÉIAS 12:7 – "É um mercador que tem balança enganosa em sua mão; ama a opressão."
AMÓS 4:1 – "Ouvi esta palavra, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, que oprimis os pobres, que esmagais os necessitados."
AMÓS 6:4-6 – "Ai dos que estão à vontade em Sião [...] mas não se afligem pela miséria de José!"
MIQUÉIAS 2:1-2 – "Ai daqueles que no seu leito intentam a iniquidade [...] Cobiçam campos e roubam-nos, cobiçam casas e as tomam."
MIQUÉIAS 6:8 – "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e o que é que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com teu Deus."
HABACUQUE 2:6 – "Ai daquele que aumenta o que não é seu!"
HABACUQUE 2:12 – "Ai daquele que edifica a cidade com sangue e funda a cidade com iniquidade!"
ZACARIAS 7:9-10 – "Executai juízo verdadeiro, mostrai misericórdia e compaixões cada um a seu irmão. Não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre."

'108<<< >>> ÍNDICE     

A Religião Deturpada na Lei e na Justiça

081   082   083   084   

ÊXODO 22:21-22 – "O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. A nenhuma viúva nem órfão afligireis."
LEVÍTICO 19:15 – "Não fareis injustiça no juízo; não respeitarás a pessoa do pobre, nem honrarás a pessoa do poderoso; com justiça julgarás o teu próximo."
LEVÍTICO 19:33-34 – "Quando o estrangeiro peregrinar na vossa terra, não o oprimireis. O estrangeiro que peregrina entre vós será como o natural da terra."
DEUTERONÔMIO 27:19 – "Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva."

'109<<< >>> ÍNDICE     

O Profetismo contra a Religião Hipócrita e a Opressão

085   086   087   088   

1 SAMUEL 15:22-23 – "Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à sua palavra? [...] Porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou."
SALMOS 50:16-17 – "Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os meus estatutos e em tomar o meu pacto na tua boca? Pois aborreces a correção e lanças as minhas palavras para trás de ti."
SALMOS 94:20-21 – "Acaso pode associar-se contigo o trono de iniquidade, que forja o mal tendo por pretexto uma lei? Ajuntam-se contra a alma do justo e condenam o sangue inocente."
PROVÉRBIOS 21:27 – "O sacrifício dos ímpios já é abominação; quanto mais oferecendo-o com má intenção!"

'110<<< >>> ÍNDICE     

Isaías e Jeremias: Condenação da Hipocrisia Religiosa

089   090   091   092   093   094   

ISAÍAS 1:13-15 – "Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação [...] Quando estendeis as mãos, escondo de vós os meus olhos; ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue."
ISAÍAS 29:13 – "Porque este povo se aproxima de mim com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim; e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu."
ISAÍAS 58:2-3 – "Ainda me buscam cada dia, e têm prazer em saber os meus caminhos [...] Eis que no dia em que jejuais, achais o vosso próprio contentamento e requereis todo o vosso trabalho."
JEREMIAS 5:30-31 – "Cousa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, os sacerdotes dominam por sua conta, e o meu povo assim o deseja."
JEREMIAS 7:9-11 – "Furtareis, matareis, cometereis adultério, jurareis falsamente, queimareis incenso a Baal [...] e depois vireis e vos apresentareis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome? [...] Esta casa se tornou, para vós, um covil de salteadores."
JEREMIAS 23:1-2 – "Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto! [...] Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações."

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Ezequiel, Oséias e Amós: A Religião e a Opressão dos Pobres

095   096   097   098   099   100   

EZEQUIEL 34:2-4 – "Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! [...] As fracas não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes."
OSÉIAS 6:6 – "Porque eu quero misericórdia, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos."
OSÉIAS 10:13 – "Lavrastes a impiedade, ceifastes a perversidade, comestes o fruto da mentira; porque confiaste no teu caminho e na multidão dos teus valentes."
AMÓS 2:6-7 – "Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não retirarei o castigo, porque vendem o justo por prata e o pobre por um par de sapatos."
AMÓS 5:21-24 – "Aborreço, desprezo as vossas festas e não aceitarei as vossas assembleias solenes. Antes, corra o juízo como as águas, e a justiça como um ribeiro perene."
MIQUÉIAS 3:11 – "Os seus chefes dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá."






112   113   114   115   116   117   118   119   120   
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'113<<< >>> ÍNDICE     
'114<<< >>> ÍNDICE     
'115<<< >>> ÍNDICE     
'116<<< >>> ÍNDICE     
'117<<< >>> ÍNDICE     
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001   MATEUS 5:3
"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo Mateus 5:3 faz parte do Sermão da Montanha, discurso proferido por Jesus e registrado no Evangelho de Mateus, escrito por volta do século I d.C. O evangelho foi atribuído a Mateus, um ex-publicano que se tornou discípulo de Jesus. O contexto imediato desse versículo é a abertura das Bem-Aventuranças, onde Cristo proclama bênçãos aos marginalizados e desfavorecidos, estabelecendo um novo modelo de justiça e felicidade. A expressão "pobres de espírito" não significa falta de fé, mas sim humildade e dependência de Deus, em contraste com os ricos e poderosos que confiam em suas riquezas e status. O versículo pode ser visto como uma crítica ao acúmulo de bens e à desigualdade social, pilares do sistema capitalista. O Reino dos Céus anunciado por Jesus não é um espaço de privilégios, mas uma comunidade de partilha, onde os necessitados encontram justiça, ecoando princípios do comunismo, que busca a superação da exploração e a igualdade entre os seres humanos.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus não apenas pregava um ensinamento moral, mas se apresentava como a plena revelação de Deus, sendo Ele próprio Deus encarnado. Desde o Antigo Testamento, Deus se manifesta em favor dos pobres e oprimidos, como em Isaías 61:1, onde o profeta anuncia boas novas aos humildes e libertação aos cativos—passagem que o próprio Jesus aplica a si mesmo em Lucas 4:18-19. Esse ensinamento é coerente com a totalidade da mensagem de Cristo, que exaltava os pequenos, criticava os ricos opressores (Lucas 6:24-25) e desafiava sistemas baseados na exploração. Assim, Mateus 5:3 deve ser entendido não como uma promessa de recompensa apenas no céu, mas como um chamado à transformação do mundo conforme os princípios divinos, onde a justiça social, o compartilhamento e a solidariedade são fundamentais.

3. DETURPAÇÕES DO VERSÍCULO PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Teólogos e líderes religiosos que defendem o capitalismo muitas vezes interpretam "pobres de espírito" como uma condição exclusivamente espiritual, sem relação com questões econômicas ou sociais. Essa leitura, reforçada pelo protestantismo calvinista, sustenta a ideia de que a pobreza material não tem relevância e que a riqueza seria um sinal da bênção divina. Outros tentam desviar o foco do compromisso cristão com os pobres alegando que a miséria é inevitável e que Jesus nunca propôs uma mudança estrutural. Tais interpretações servem para legitimar a exploração e perpetuar sistemas de desigualdade, distorcendo a mensagem de Jesus e afastando o cristianismo de sua essência comunitária e libertadora. O uso ideológico do evangelho para manter o status quo se opõe à prática da igreja primitiva descrita em Atos 2:44-45, onde os discípulos compartilhavam tudo em comum—um modelo claramente comunalista e incompatível com a ganância capitalista.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)
  2. "O Reino de Deus e o Socialismo" – Frei Betto (1986)
  3. "Cristianismo e Capitalismo: Uma Relação Impossível?" – Jung Mo Sung (2004)
  4. "Jesus e o Império: O Reino de Deus e o Novo Desafio Global" – Richard A. Horsley (2003)
  5. "Os Pobres na Bíblia e a Esperança Cristã" – José Comblin (1996)


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002   MATEUS 5:5 – "Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra."
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1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo Mateus 5:5 faz parte das Bem-Aventuranças no Sermão da Montanha, registrado no Evangelho de Mateus, tradicionalmente atribuído ao apóstolo Mateus, um ex-cobrador de impostos que se tornou discípulo de Jesus. O contexto da passagem é a inauguração do Reino de Deus na Terra, onde Jesus inverte os valores do mundo, exaltando os humildes e desfavorecidos em oposição aos poderosos e violentos. A palavra "mansos" não significa passividade ou fraqueza, mas uma disposição de humildade e não violência diante das injustiças. Quando Jesus declara que os mansos "herdarão a terra", Ele anuncia um futuro em que a posse da terra não será dos opressores, dos ricos exploradores, mas daqueles que vivem em justiça e igualdade. Essa ideia se alinha diretamente com os princípios comunistas, que buscam abolir a propriedade privada como meio de opressão e garantir que os bens da terra sejam acessíveis a todos.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus é a manifestação plena de Deus na história e Sua mensagem reflete o caráter divino desde a criação. Desde o Antigo Testamento, Deus promete a terra como herança ao povo que pratica a justiça (Salmos 37:11), reafirmando essa promessa em Jesus. A posse da terra sempre esteve ligada à aliança com Deus e à necessidade de justiça, como visto nas leis do Jubileu (Levítico 25:23-24), onde as terras deveriam ser devolvidas ao povo para evitar a acumulação e exploração. Jesus, como o próprio Deus encarnado, reafirma essa visão, contrariando a lógica do poder econômico e social baseada na força e na violência. Assim, Mateus 5:5 não é apenas uma promessa futura, mas um princípio divino sobre a justa distribuição dos bens da terra, coerente com o ensinamento de que a criação pertence a Deus e deve ser compartilhada entre todos.

3. DETURPAÇÕES DO VERSÍCULO PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos e líderes religiosos distorcem este versículo ao interpretá-lo como uma promessa exclusiva para o céu, ignorando seu significado social e econômico. A teologia da prosperidade, por exemplo, argumenta que os "mansos" são aqueles que aceitam submissamente as desigualdades do mundo, confiando em uma recompensa celestial, enquanto os ricos são vistos como abençoados por Deus. Essa interpretação serve para justificar a concentração de terras e riquezas nas mãos de poucos, sustentando que a desigualdade é natural e até divina. No entanto, Jesus ensina exatamente o contrário: os ricos e poderosos, que exploram os trabalhadores e acumulam bens, serão rejeitados no Reino de Deus (Lucas 6:24-25). A interpretação capitalista do versículo contradiz o modelo da igreja primitiva em Atos 4:32-35, onde os cristãos viviam em comunhão, compartilhando bens e garantindo que ninguém passasse necessidade—uma visão claramente próxima dos ideais comunistas.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "A Economia de Deus" – Ched Myers (1988)
  2. "A Política de Jesus" – John Howard Yoder (1972)
  3. "Jesus e os Pobres" – José Comblin (1999)
  4. "O Deus dos Oprimidos" – James H. Cone (1975)
  5. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)


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003   MATEUS 5:6
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo Mateus 5:6 faz parte do Sermão da Montanha, uma das pregações mais revolucionárias de Jesus, registrada no Evangelho de Mateus, tradicionalmente atribuído ao apóstolo Mateus. O contexto dessa passagem é a inauguração do Reino de Deus, onde Jesus desafia a ordem estabelecida e valoriza os pobres, humildes e injustiçados. A expressão "fome e sede de justiça" não se refere apenas à justiça espiritual, mas também à justiça social e econômica. No mundo da época, a justiça era controlada pelos romanos e elites religiosas que exploravam o povo. Jesus anuncia que aqueles que anseiam por um mundo justo, sem exploração e desigualdade, serão satisfeitos por Deus. Esse ensinamento se alinha aos princípios comunistas, que buscam a erradicação das injustiças estruturais, garantindo que todos tenham acesso ao necessário para viver dignamente.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus é a perfeita revelação de Deus, e Seu ensinamento sobre justiça reflete o caráter divino desde a criação. No Antigo Testamento, Deus já demonstrava preocupação com os pobres e oprimidos, instituindo leis como o Jubileu (Levítico 25) para impedir a concentração de riquezas e terras. Os profetas frequentemente denunciavam a corrupção e a exploração dos vulneráveis (Isaías 1:17; Amós 5:24). Jesus, como o próprio Deus encarnado, dá continuidade a esse ensino, condenando os ricos que oprimem os pobres (Lucas 6:24-25) e anunciando um Reino onde a justiça será plena. Assim, a fome e sede de justiça são uma expressão legítima do desejo de Deus para a humanidade, reforçando que Seu plano inclui a partilha e a igualdade, em total oposição ao individualismo do capitalismo.

3. DETURPAÇÕES DO VERSÍCULO PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

A interpretação deturpada deste versículo ocorre quando teólogos e grupos cristãos reduzem a "justiça" mencionada por Jesus a uma questão apenas espiritual ou escatológica, ou seja, algo que será plenamente realizado apenas no céu. Essa visão ignora o impacto social da mensagem de Cristo e justifica a passividade diante das injustiças econômicas. Muitas igrejas, especialmente ligadas à teologia da prosperidade, ensinam que a busca pela justiça social não é o foco da fé cristã, e que os pobres devem apenas aceitar sua condição, esperando uma recompensa futura. No entanto, Jesus sempre defendeu a justiça como um princípio presente e ativo, e não algo distante. A igreja primitiva entendeu essa mensagem e viveu um modelo comunitário de partilha (Atos 2:44-45; Atos 4:32-35), uma prática essencialmente comunista, que contraria a acumulação de riquezas e a exploração do trabalho humano.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "A Justiça do Reino: O Clamor por Justiça no Evangelho de Mateus" – Ulrich Luz (1987)
  2. "Jesus e o Império" – Richard A. Horsley (2003)
  3. "A Subversão do Cristianismo" – Jacques Ellul (1984)
  4. "Teologia da Libertação: História, Política e Salvação" – Gustavo Gutiérrez (1971)
  5. "O Reino de Deus e a Justiça" – Jürgen Moltmann (1980)



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MATEUS 5:42
"Dá a quem te pedir e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo Mateus 5:42 faz parte do Sermão da Montanha, uma pregação central de Jesus sobre os valores do Reino de Deus. O evangelho de Mateus é tradicionalmente atribuído ao apóstolo Mateus e foi escrito no contexto da dominação romana sobre a Palestina, onde o povo sofria com a exploração econômica e a desigualdade social. Quando Jesus diz: "Dá a quem te pedir e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes", Ele desafia o sistema econômico baseado na acumulação de riquezas e na usura. Essa ordem se alinha a um princípio essencial do comunismo: a partilha e a distribuição igualitária dos bens. Jesus não sugere que se dê apenas o supérfluo, mas que se atenda às necessidades do próximo sem reservas, promovendo uma sociedade onde os recursos não são concentrados nas mãos de poucos, mas acessíveis a todos.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus é a perfeita revelação de Deus, e Sua mensagem sempre enfatizou o amor ao próximo e a justiça social. Desde o Antigo Testamento, Deus condenou a exploração dos pobres (Êxodo 22:25, Provérbios 22:16) e instituiu leis para impedir a concentração de riquezas. Jesus reafirma essa preocupação ao ordenar que ajudemos os necessitados sem hesitação. Em Lucas 6:30, Ele reforça: "Dá a todo o que te pedir", e em Atos 2:44-45, vemos a igreja primitiva vivendo esse princípio na prática, compartilhando seus bens para que ninguém passasse necessidade. Essa coerência na mensagem divina desde Adão até a eternidade confirma que Deus deseja um mundo onde os recursos sejam compartilhados, e não monopolizados por poucos, como ocorre no capitalismo.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos grupos cristãos tentam neutralizar a força desse ensinamento, argumentando que Jesus falava apenas de caridade individual e não de um sistema econômico baseado na partilha. Dessa forma, desassociam a mensagem de Cristo da ideia de transformação social e justificam a permanência das desigualdades. Além disso, algumas teologias distorcem o versículo, afirmando que "dar" deve ser voluntário e não uma obrigação social, negando a necessidade de um modelo de justiça econômica. No entanto, Jesus não apenas sugere generosidade, mas a coloca como uma ordem moral essencial para a construção do Reino de Deus na terra. O modelo de sociedade que Ele propõe, onde ninguém passa necessidade porque há partilha, reflete exatamente os princípios do comunismo e se opõe ao individualismo e à acumulação promovidos pelo capitalismo.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Jesus e o Dinheiro: A Economia de Deus e o Reino de Partilha" – Ched Myers (2001)
  2. "A Economia de Deus" – Jacques Ellul (1954)
  3. "A Teologia da Libertação: Conceitos Fundamentais" – Leonardo Boff (1987)
  4. "Cristianismo e Economia: Uma Visão Alternativa" – Franz Hinkelammert (1992)
  5. "O Reino de Deus como Revolução" – Richard A. Horsley (2003)


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005   MATEUS 6:19-21
"Não ajunteis tesouros na terra [...] onde os ladrões minam e roubam."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo Mateus 6:19-21 faz parte do Sermão da Montanha, onde Jesus ensina princípios fundamentais do Reino de Deus, incluindo uma visão radical sobre a riqueza e o desapego aos bens materiais. Mateus, um ex-cobrador de impostos convertido ao seguimento de Cristo, registra essa mensagem dentro do contexto de uma sociedade altamente desigual, dominada pelo Império Romano e marcada pela exploração econômica. Jesus ordena que seus seguidores não acumulem riquezas na terra, pois estas são passageiras e suscetíveis à corrupção e ao roubo. Esse ensinamento ressoa com os ideais comunistas ao condenar a concentração de riquezas e incentivar a construção de um sistema econômico baseado no bem coletivo. No modelo defendido por Jesus, os bens devem ser partilhados e não acumulados egoisticamente, o que se opõe diretamente ao capitalismo e sua lógica de enriquecimento individual.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

A coerência desse ensinamento com toda a Escritura reforça que ele é uma expressão da vontade divina. Desde o Antigo Testamento, Deus instituiu leis para evitar a acumulação excessiva e garantir o bem-estar de todos, como o Ano do Jubileu (Levítico 25), que redistribuía terras e perdoava dívidas. No Novo Testamento, Jesus reafirma esse princípio ao dizer que ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro (Mateus 6:24) e ao pedir que o jovem rico venda tudo e dê aos pobres (Mateus 19:21). A Igreja primitiva viveu essa realidade ao compartilhar seus bens para que não houvesse necessitados entre eles (Atos 2:44-45). Essa continuidade demonstra que o ensinamento de Jesus não era apenas um conselho moral, mas uma revelação da justiça de Deus para a sociedade.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Para evitar a implicação revolucionária desse versículo, muitas correntes teológicas alegam que Jesus estava falando apenas de um desapego interior e não de uma mudança estrutural na economia. Além disso, algumas interpretações deturpam o significado de "tesouros nos céus", afirmando que se trata apenas de boas ações que garantirão recompensas na eternidade, ignorando que Jesus propôs um modelo de sociedade justa já no presente. Dessa forma, o cristianismo institucionalizado se aliou ao capitalismo, defendendo a ideia de que a riqueza é um sinal de bênção divina e que a pobreza é resultado da falta de fé ou esforço individual. Esse discurso serve para manter as desigualdades sociais e perpetuar a exploração, contradizendo diretamente a mensagem de Jesus.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "O Reino de Deus e o Socialismo" – José Comblin (2001)
  2. "O Deus dos Oprimidos" – James Cone (1975)
  3. "Cristianismo e a Questão Social" – Karl Kautsky (1908)
  4. "Teologia da Libertação: História, Política e Salvação" – Gustavo Gutiérrez (1971)
  5. "Jesus e o Império" – Richard A. Horsley (2003)


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006   MATEUS 6:24
"Ninguém pode servir a dois senhores [...] Não podeis servir a Deus e às riquezas."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo Mateus 6:24 faz parte do Sermão da Montanha, um dos discursos mais importantes de Jesus, onde Ele expõe os princípios do Reino de Deus. Mateus, que era cobrador de impostos antes de seguir Cristo, registra essa passagem para uma comunidade cristã que vivia sob o domínio do Império Romano, onde a riqueza estava concentrada nas mãos de poucos e a exploração dos pobres era sistêmica. Jesus deixa claro que a lealdade ao dinheiro é incompatível com a lealdade a Deus, pois servir ao dinheiro significa se submeter à lógica da acumulação e da desigualdade. Esse ensinamento se alinha aos princípios comunistas ao rejeitar o culto ao capital e à exploração do próximo, promovendo uma sociedade baseada na partilha e na justiça social.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

O ensinamento de Jesus sobre a incompatibilidade entre servir a Deus e às riquezas está em harmonia com toda a revelação bíblica. No Antigo Testamento, os profetas denunciaram a opressão dos ricos sobre os pobres (Isaías 10:1-3, Amós 5:11-12), e a Lei de Moisés continha diretrizes para evitar a exploração econômica (Deuteronômio 15:7-11). No Novo Testamento, Jesus reforça esse princípio ao dizer que o Reino de Deus pertence aos pobres (Lucas 6:20) e que os ricos dificilmente entrarão no Reino (Mateus 19:23-24). Assim, a mensagem de Cristo não é uma mera sugestão moral, mas a revelação da vontade de Deus para uma sociedade justa, onde a riqueza não seja um ídolo que escraviza as pessoas.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Teólogos conservadores e líderes religiosos ligados a interesses econômicos deturparam esse versículo ao alegar que Jesus não condenava a riqueza em si, mas apenas o "amor ao dinheiro". Essa interpretação ignora que o próprio Cristo alertou sobre o perigo real da riqueza e sua capacidade de afastar as pessoas de Deus e da justiça. Além disso, muitos usam a chamada "teologia da prosperidade" para justificar o acúmulo de riquezas, alegando que bens materiais são sinais da bênção divina, enquanto a pobreza seria consequência da falta de fé ou esforço. Esse discurso sustenta o capitalismo dentro da religião, transformando igrejas em empresas e pastores em empresários, afastando-se completamente da mensagem de Cristo.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Teologia da Libertação: História, Política e Salvação" – Gustavo Gutiérrez (1971)
  2. "O Deus dos Oprimidos" – James Cone (1975)
  3. "O Reino de Deus e o Socialismo" – José Comblin (2001)
  4. "Jesus e o Império" – Richard A. Horsley (2003)
  5. "Cristianismo e a Questão Social" – Karl Kautsky (1908)


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007   MATEUS 19:21
"Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo Mateus 19:21 faz parte do encontro de Jesus com o jovem rico, um homem que cumpria os mandamentos, mas não estava disposto a abrir mão de suas posses para seguir Cristo. O evangelista Mateus, um ex-cobrador de impostos, registra esse episódio para mostrar a incompatibilidade entre o apego às riquezas e a vida no Reino de Deus. Jesus ensina que a perfeição espiritual exige a renúncia da acumulação privada em favor da partilha com os pobres, um princípio essencial do comunismo, que propõe a eliminação das desigualdades econômicas e a distribuição equitativa dos bens. Esse versículo se opõe diretamente à lógica capitalista, que valoriza o enriquecimento individual acima da justiça social.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

O chamado de Jesus para vender os bens e dar aos pobres não é um mandamento isolado, mas reflete toda a vontade de Deus revelada nas Escrituras. Desde o Antigo Testamento, Deus ordena que a terra e os recursos sejam compartilhados de maneira justa (Levítico 25:23-24), e os profetas condenam a exploração dos pobres pelos ricos (Isaías 3:14-15, Amós 8:4-6). No Novo Testamento, Jesus reforça essa ideia ao ensinar que a avareza impede a salvação (Lucas 12:15) e ao afirmar que no Reino de Deus não há lugar para a desigualdade (Atos 4:32-35). Como Deus encarnado, Jesus não apenas prega a justiça social, mas a exemplifica ao viver sem acumular riquezas e ao chamar seus seguidores a fazerem o mesmo.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Ao longo da história, teólogos e líderes religiosos aliados ao poder econômico reinterpretaram esse versículo para esvaziar seu impacto revolucionário. Alguns argumentam que Jesus só exigiu isso do jovem rico em particular, e não de todos os cristãos, desconsiderando que a partilha era uma prática comum na igreja primitiva (Atos 2:44-45). Outros sustentam que Jesus não condenava a posse de bens, mas apenas o "amor ao dinheiro", ignorando que Ele ordenou explicitamente a renúncia da riqueza. A "teologia da prosperidade" reforçou ainda mais essa distorção, ensinando que a riqueza é um sinal da bênção divina, enquanto a pobreza é consequência da falta de fé ou esforço, uma visão que contradiz completamente o ensinamento de Cristo.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Teologia da Libertação: História, Política e Salvação" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  2. "Cristianismo e a Questão Social" – Karl Kautsky (1908)

  3. "O Reino de Deus e o Socialismo" – José Comblin (2001)

  4. "Jesus e o Império" – Richard A. Horsley (2003)

  5. "O Deus dos Oprimidos" – James Cone (1975)



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008   MATEUS 20:1-16
Parábola dos trabalhadores na vinha: todos recebem igualmente.

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

A Parábola dos Trabalhadores na Vinha, relatada em Mateus 20:1-16, foi escrita pelo evangelista Mateus, um ex-publicano convertido, que enfatiza os ensinamentos de Jesus sobre justiça e misericórdia. Jesus narra a história de um senhor de terras que contrata trabalhadores em horários diferentes, mas ao final paga a todos igualmente, independentemente do tempo trabalhado. Esse ensinamento rompe com a lógica capitalista do pagamento proporcional ao esforço e propõe um modelo baseado na necessidade e na dignidade humana, alinhado ao princípio comunista de "a cada um segundo sua necessidade". A mensagem da parábola é uma crítica direta à desigualdade social, mostrando que a justiça divina não segue a lógica do acúmulo, mas da equidade.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

O ensinamento da igualdade no Reino de Deus está presente em toda a mensagem de Jesus e é coerente com a revelação divina desde o Antigo Testamento. Deus sempre se manifestou como defensor dos oprimidos e da justiça social (Deuteronômio 15:7-11, Isaías 58:6-7). O próprio Jesus viveu sem acumular riquezas, ensinando que a generosidade e o compartilhamento são valores fundamentais (Lucas 12:33, Atos 2:44-45). Sendo a perfeita revelação de Deus, Cristo mostra que o Reino dos Céus não se baseia no mérito econômico, mas na graça e na justiça. A distribuição igualitária da recompensa divina reflete o ideal de uma sociedade onde todos recebem o necessário para viver, sem exploração ou desigualdade.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos e líderes religiosos tentam distorcer essa parábola para que ela não pareça uma crítica ao sistema econômico desigual. Alguns afirmam que Jesus não estava falando de justiça social, mas apenas da "graça de Deus", reduzindo a mensagem ao âmbito espiritual e ignorando suas implicações materiais. Outros defendem que a parábola reforça o direito do patrão de pagar como quiser, justificando o capitalismo e a exploração da classe trabalhadora. Essa interpretação ignora que a história não trata de produtividade, mas sim de equidade e solidariedade. A teologia da prosperidade distorce ainda mais essa visão, promovendo a ideia de que Deus recompensa financeiramente aqueles que "trabalham mais", em contradição direta com o ensinamento de Jesus.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Jesus e o Império" – Richard A. Horsley (2003)

  2. "Teologia da Libertação: História, Política e Salvação" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  3. "O Reino de Deus e o Socialismo" – José Comblin (2001)

  4. "Cristianismo e a Questão Social" – Karl Kautsky (1908)

  5. "O Deus dos Oprimidos" – James Cone (1975)



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MATEUS 23:12
"Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

A Parábola dos Trabalhadores na Vinha, relatada em Mateus 20:1-16, foi escrita pelo evangelista Mateus, um ex-publicano convertido, que enfatiza os ensinamentos de Jesus sobre justiça e misericórdia. Jesus narra a história de um senhor de terras que contrata trabalhadores em horários diferentes, mas ao final paga a todos igualmente, independentemente do tempo trabalhado. Esse ensinamento rompe com a lógica capitalista do pagamento proporcional ao esforço e propõe um modelo baseado na necessidade e na dignidade humana, alinhado ao princípio comunista de "a cada um segundo sua necessidade". A mensagem da parábola é uma crítica direta à desigualdade social, mostrando que a justiça divina não segue a lógica do acúmulo, mas da equidade.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

O ensinamento da igualdade no Reino de Deus está presente em toda a mensagem de Jesus e é coerente com a revelação divina desde o Antigo Testamento. Deus sempre se manifestou como defensor dos oprimidos e da justiça social (Deuteronômio 15:7-11, Isaías 58:6-7). O próprio Jesus viveu sem acumular riquezas, ensinando que a generosidade e o compartilhamento são valores fundamentais (Lucas 12:33, Atos 2:44-45). Sendo a perfeita revelação de Deus, Cristo mostra que o Reino dos Céus não se baseia no mérito econômico, mas na graça e na justiça. A distribuição igualitária da recompensa divina reflete o ideal de uma sociedade onde todos recebem o necessário para viver, sem exploração ou desigualdade.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos e líderes religiosos tentam distorcer essa parábola para que ela não pareça uma crítica ao sistema econômico desigual. Alguns afirmam que Jesus não estava falando de justiça social, mas apenas da "graça de Deus", reduzindo a mensagem ao âmbito espiritual e ignorando suas implicações materiais. Outros defendem que a parábola reforça o direito do patrão de pagar como quiser, justificando o capitalismo e a exploração da classe trabalhadora. Essa interpretação ignora que a história não trata de produtividade, mas sim de equidade e solidariedade. A teologia da prosperidade distorce ainda mais essa visão, promovendo a ideia de que Deus recompensa financeiramente aqueles que "trabalham mais", em contradição direta com o ensinamento de Jesus.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Jesus e o Império" – Richard A. Horsley (2003)

  2. "Teologia da Libertação: História, Política e Salvação" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  3. "O Reino de Deus e o Socialismo" – José Comblin (2001)

  4. "Cristianismo e a Questão Social" – Karl Kautsky (1908)

  5. "O Deus dos Oprimidos" – James Cone (1975)



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010   MARCOS 6:34-44
Multiplicação dos pães: Jesus garante comida para todos.

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O Evangelho de Marcos foi escrito entre os anos 60 e 70 d.C., sendo considerado o mais antigo dos Evangelhos. Marcos apresenta Jesus como um Messias ativo, voltado para os pobres e marginalizados. O episódio da multiplicação dos pães (Marcos 6:34-44) ocorre após Jesus pregar para uma grande multidão. Movido por compaixão, Ele ordena que seus discípulos alimentem o povo, mesmo quando estes questionam como seria possível. O milagre ocorre quando cinco pães e dois peixes são distribuídos e saciam a fome de todos, com sobras. Essa narrativa reforça um princípio essencial do comunismo cristão: a partilha dos bens para garantir que ninguém passe necessidade. Ao invés de privatizar a comida e lucrar sobre a fome, Jesus demonstra um modelo econômico baseado na abundância coletiva e na solidariedade.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

A multiplicação dos pães não é um evento isolado, mas faz parte do ensino central de Jesus sobre o Reino de Deus. Desde o Antigo Testamento, Deus ordena que os necessitados sejam amparados (Levítico 19:9-10, Deuteronômio 15:7-11). Em Jesus, essa lógica se cumpre plenamente: Ele não apenas ensina, mas demonstra na prática que a verdadeira fé se expressa na partilha e na justiça social. Como a perfeita revelação de Deus, Cristo reafirma que o Pai não deseja a desigualdade ou a concentração de riqueza, mas um mundo onde todos tenham o necessário para viver. A multiplicação dos pães simboliza a abundância divina e desmonta a mentalidade capitalista da escassez, mostrando que há o suficiente para todos quando há solidariedade.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos e pastores deturpam essa passagem para manter a falsa ideia de que Jesus não era contra o acúmulo de riqueza. Alguns alegam que o milagre apenas "simboliza" a graça de Deus e não deve ser aplicado à economia. Outros dizem que a multiplicação ocorreu porque as pessoas já tinham comida escondida e apenas decidiram compartilhar. Essa interpretação individualista distorce o sentido do texto e apaga o aspecto revolucionário da partilha ensinada por Jesus. Além disso, a teologia da prosperidade transforma essa passagem em uma justificativa para enriquecer individualmente, ignorando que o foco de Jesus não era o lucro pessoal, mas a justiça coletiva e o fim da fome.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "O Reino de Deus e o Socialismo" – José Comblin (2001)

  2. "Cristianismo e a Questão Social" – Karl Kautsky (1908)

  3. "O Deus dos Oprimidos" – James Cone (1975)

  4. "Teologia da Libertação: História, Política e Salvação" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  5. "Jesus e o Império" – Richard A. Horsley (2003)



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011   MARCOS 8:1-9
Nova multiplicação dos pães, reforçando a partilha.

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O Evangelho de Marcos, escrito entre 60 e 70 d.C., apresenta Jesus como um líder que desafia as estruturas de poder e demonstra uma preocupação ativa com os pobres. A segunda multiplicação dos pães (Marcos 8:1-9) ocorre quando Jesus, novamente movido por compaixão, vê uma multidão faminta e decide alimentá-la. Sete pães e alguns peixes são distribuídos e saciam cerca de quatro mil pessoas. Esse evento reforça a ideia de partilha e justiça social, pois Jesus não sugere vender comida ou fazer com que cada um cuide de si, mas ordena que todos recebam igualmente. Esse princípio reflete um valor essencial do comunismo: o direito universal à alimentação e a condenação da acumulação de riquezas em detrimento dos pobres.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

A coerência da mensagem de Jesus se manifesta na repetição desse milagre. Deus não muda nem se contradiz; se Ele já havia demonstrado a partilha na primeira multiplicação dos pães (Marcos 6:34-44), Ele reafirma esse princípio agora. Esse milagre não é apenas uma solução momentânea para a fome, mas um sinal do Reino de Deus, onde a abundância é garantida a todos. Desde o Antigo Testamento, Deus exige que os necessitados sejam amparados (Isaías 58:7, Provérbios 22:9), e Jesus, como a plena revelação do Pai, encarna essa justiça. Seu ensino rejeita o individualismo do capitalismo e aponta para uma sociedade baseada na solidariedade e na igualdade de acesso aos recursos.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Ao longo da história, muitos teólogos e líderes cristãos tentaram esvaziar o caráter revolucionário dessa passagem. Alguns argumentam que o milagre não foi literal, mas apenas um “exemplo de generosidade”, como se Jesus apenas incentivasse as pessoas a compartilharem o que já tinham. Outros reduzem o evento a uma simples demonstração do poder divino, sem implicações sociais. Essas interpretações ignoram que o próprio Jesus criticou o apego às riquezas (Mateus 19:21) e condenou sistemas que exploram os pobres (Lucas 16:19-31). Assim, ao distorcerem esse ensinamento, certos teólogos tentam justificar a desigualdade econômica e deslegitimar qualquer modelo social baseado na partilha, como o comunismo.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "O Reino de Deus e a Utopia" – Rubem Alves (1981)

  2. "A Economia de Deus" – Ched Myers (1988)

  3. "O Cristianismo e a Luta de Classes" – José Porfirio Miranda (1980)

  4. "Teologia e Economia" – Jung Mo Sung (2007)

  5. "A Bíblia e os Pobres" – Carlos Mesters (1994)




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012   LUCAS 3:10-11
"Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O Evangelho de Lucas, escrito entre 70 e 90 d.C., tem um forte viés social e dá destaque à justiça econômica e à partilha dos bens. No capítulo 3, João Batista prega o arrependimento e a conversão, e quando as multidões perguntam como devem agir, ele responde: "Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo." (Lucas 3:10-11). Essa ordem reflete o princípio comunista de que os bens devem ser redistribuídos para suprir as necessidades de todos, rejeitando a acumulação individualista típica do capitalismo. João Batista, precursor de Jesus, já aponta para a lógica do Reino de Deus, onde a partilha é um imperativo moral e não uma opção.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

O ensino de João Batista está em plena harmonia com o de Jesus, que depois reafirma essa mensagem em passagens como Lucas 12:33 ("Vendei os vossos bens e dai esmolas") e Mateus 19:21 ("Se queres ser perfeito, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres"). Sendo Jesus a perfeita Revelação de Deus, seu ensino não pode ser relativizado ou tratado como uma recomendação opcional. Desde os tempos de Moisés, Deus exigiu que os mais necessitados fossem socorridos (Deuteronômio 15:7-8). João Batista e Jesus apenas reafirmam essa verdade eterna: a justiça social e a redistribuição de recursos não são apenas atos de bondade, mas ordens divinas.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Para sustentar um cristianismo alinhado ao capitalismo, muitos líderes religiosos tentam enfraquecer esse versículo. Alguns reduzem a partilha a um ato individual de caridade, ignorando que João Batista fala de uma obrigação coletiva. Outros ensinam que a prosperidade material é sinal da bênção de Deus, promovendo uma teologia que legitima a desigualdade social e transforma a acumulação de riquezas em um ideal. Essa deturpação afasta o cristianismo da sua essência e o torna cúmplice da exploração dos pobres, contrariando totalmente o que João Batista e Jesus ensinaram.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "O Reino de Deus e a Utopia" – Rubem Alves (1981)

  2. "A Bíblia e os Pobres" – Carlos Mesters (1994)

  3. "O Cristianismo e a Luta de Classes" – José Porfirio Miranda (1980)

  4. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  5. "A Economia de Deus" – Ched Myers (1988)



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013   LUCAS 6:20
"Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O Evangelho de Lucas, escrito entre 70 e 90 d.C., enfatiza a justiça social e a preocupação de Jesus com os pobres. Em Lucas 6:20, Jesus declara: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus." Essa afirmação faz parte do Sermão da Planície, um discurso paralelo ao Sermão da Montanha de Mateus, mas com um foco mais direto nas desigualdades sociais. Diferente de Mateus, que menciona "pobres de espírito", Lucas refere-se diretamente aos pobres materiais, destacando que o Reino de Deus pertence a eles, e não aos ricos. Essa perspectiva alinha-se ao ideal comunista de que a riqueza deve ser redistribuída e de que Deus não legitima o acúmulo de bens por uma minoria enquanto a maioria sofre.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus não apenas proclama as bênçãos aos pobres, mas denuncia os ricos em Lucas 6:24: "Ai de vós, os ricos, porque já recebestes a vossa consolação." Isso reflete uma coerência absoluta com toda a Bíblia, desde o Antigo Testamento, onde Deus exige cuidado com os necessitados (Deuteronômio 15:7-11), até o ensinamento da igreja primitiva, que partilhava todos os bens (Atos 2:44-45). Sendo Deus a fonte da justiça e Jesus sua revelação perfeita, o verdadeiro cristianismo não pode compactuar com sistemas que perpetuam a desigualdade e a exploração. O ensino de Cristo não é uma promessa de compensação futura no céu, mas um chamado à transformação da sociedade aqui e agora.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos e grupos cristãos descontextualizam esse versículo para sugerir que Jesus se referia apenas a uma pobreza espiritual, reduzindo sua denúncia social a uma metáfora. Isso beneficia os interesses das elites religiosas e econômicas, impedindo que a mensagem revolucionária do Evangelho inspire mudanças sociais concretas. Além disso, algumas igrejas pregam que a pobreza é um "teste divino" e que a riqueza é sinal de bênção, defendendo o capitalismo como um sistema supostamente alinhado à vontade de Deus. Essa deturpação esvazia o poder transformador da mensagem de Cristo e perpetua a exploração dos mais fracos.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Jesus e os Pobres" – Jon Sobrino (1985)

  2. "Os Pobres e a Bíblia" – José Comblin (1997)

  3. "A Subversão de Jesus" – Ched Myers (1994)

  4. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  5. "A Economia de Deus" – Ched Myers (1988)



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014   LUCAS 6:24-25
"Ai de vós, ricos! Porque já recebestes a vossa consolação."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O Evangelho de Lucas, escrito entre 70 e 90 d.C., apresenta Jesus como um revolucionário social que condena a concentração de riquezas e a exploração dos pobres. No capítulo 6, enquanto no versículo 20 Jesus proclama a bem-aventurança dos pobres, nos versículos 24-25 Ele anuncia um "ai" contra os ricos: "Ai de vós, ricos! Porque já recebestes a vossa consolação. Ai de vós, os que agora estais fartos! Porque tereis fome." Esse contraste mostra que o Reino de Deus não se alinha à estrutura social injusta da época (e de hoje), onde poucos detêm riqueza e muitos vivem na miséria. O ensino de Jesus resgata princípios comunistas de justiça social e partilha, deixando claro que o acúmulo egoísta de bens não tem espaço na economia de Deus.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus, sendo a revelação plena de Deus, ensina que a riqueza não é um sinal de bênção divina, mas um obstáculo à verdadeira vida. Em Lucas 18:25, Ele reforça: "É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus." Esse princípio já estava presente no Antigo Testamento, onde os profetas denunciavam a exploração dos pobres pelos ricos (Isaías 3:14-15; Amós 6:1-7). A justiça social não é uma opção no cristianismo autêntico; é um mandamento divino. Deus, desde Gênesis até o Apocalipse, condena a desigualdade e exige a partilha, o que confirma que a mensagem de Jesus é a essência do projeto divino para a humanidade.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Para evitar o impacto revolucionário desse ensino, muitos teólogos e igrejas deturpam esse versículo, alegando que Jesus não condenava a riqueza em si, mas apenas o apego ao dinheiro. Essa interpretação esconde o verdadeiro problema estrutural do capitalismo, que gera fome, miséria e exclusão. Além disso, a chamada "teologia da prosperidade" prega que ser rico é sinal de bênção e ser pobre é consequência da falta de fé, contrariando completamente o ensino de Cristo. Essa distorção do Evangelho legitima a concentração de renda e a exploração, transformando o cristianismo em um instrumento de opressão, em vez de libertação.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  2. "Jesus e o Império: O Reino de Deus e o Império Romano" – Richard A. Horsley (2003)

  3. "Os Pobres e a Bíblia" – José Comblin (1997)

  4. "A Subversão de Jesus" – Ched Myers (1994)

  5. "Teologia da Prosperidade: A Opção Antievangélica" – Jung Mo Sung (2000)




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015   LUCAS 12:15
"A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que possui."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O Evangelho de Lucas, escrito entre 70 e 90 d.C., apresenta Jesus como alguém comprometido com os pobres e crítico da acumulação de riquezas. No capítulo 12, Jesus conta a parábola do rico insensato, advertindo: "A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que possui." Esse ensinamento desafia a lógica do capitalismo, que mede o valor de uma pessoa pela riqueza que ela acumula. Jesus ensina que a busca por bens materiais é vã e que a verdadeira vida está em Deus e na partilha. Esse princípio está alinhado com ideias comunistas, pois rejeita o individualismo econômico e defende uma sociedade baseada na solidariedade.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Sendo Jesus a encarnação de Deus, Suas palavras refletem a vontade divina desde a criação do mundo. Deus nunca quis um sistema onde poucos tivessem muito e muitos tivessem nada. A Bíblia sempre ensinou que o propósito da riqueza é ser compartilhada (Levítico 25:23-43; Atos 2:44-45). Quando Jesus diz que a vida não se resume à posse de bens, Ele confirma que a obsessão pela riqueza desvia o ser humano do propósito divino. O Reino de Deus não tem lugar para desigualdade extrema, pois todos são chamados a viver em comunhão e justiça.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Teólogos ligados ao cristianismo burguês tentam reinterpretar esse versículo para justificar a meritocracia e a posse individual de riquezas. Eles dizem que Jesus não condenava a riqueza em si, apenas o apego ao dinheiro. No entanto, essa visão ignora que Jesus constantemente criticava a acumulação de bens e exigia que os ricos repartissem seus bens com os pobres (Lucas 18:22). A teologia da prosperidade também deturpa esse ensinamento ao afirmar que Deus quer que todos sejam ricos, promovendo o individualismo e a competitividade do capitalismo, em total oposição à mensagem do Evangelho.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Jesus e o Dinheiro" – John Haughey (1986)

  2. "O Reino de Deus e o Socialismo" – Frei Betto (2001)

  3. "O Deus dos Oprimidos" – James Cone (1975)

  4. "O Capital de Deus" – Jung Mo Sung (2018)

  5. "Os Pobres na Bíblia" – Carlos Mesters (1999)



'16<<< >>> ÍNDICE      zzz


016   LUCAS 12:33
"Vendei o que tendes e dai esmolas."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O Evangelho de Lucas foi escrito entre 70 e 90 d.C., com um forte viés social e crítico à desigualdade. Jesus, ao dizer "Vendei o que tendes e dai esmolas" (Lucas 12:33), reafirma o princípio da partilha e da rejeição ao acúmulo de riquezas. Esse ensinamento ecoa em Atos 2:44-45 e Atos 4:32-35, onde a Igreja primitiva vivia sem propriedade privada, compartilhando tudo conforme a necessidade de cada um. Essa prática é essencialmente comunista, pois sugere que os bens devem ser distribuídos para garantir a justiça social e o bem comum.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus é a manifestação plena de Deus e, por isso, Suas palavras refletem a verdadeira vontade divina. Desde a criação, Deus nunca desejou um mundo baseado na ganância e na desigualdade. A lei mosaica já previa mecanismos para evitar a concentração de riquezas, como o Jubileu (Levítico 25:10-17). O chamado de Jesus para vender tudo e repartir mostra que o Reino de Deus não é compatível com o acúmulo individualista de bens, mas com o compartilhamento solidário. Esse é um ensinamento eterno e universal, válido desde Adão e para sempre.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos e líderes religiosos, especialmente os que apoiam o capitalismo e a teologia da prosperidade, tentam minimizar esse versículo dizendo que Jesus não quis dizer isso literalmente. Alegam que Ele falava de "desapego espiritual", não de uma mudança econômica concreta. Essa interpretação contradiz a própria prática dos primeiros cristãos, que venderam seus bens e repartiram entre todos (Atos 4:34-35). Ao esvaziar esse ensinamento de seu conteúdo econômico e social, grupos religiosos legitimam a exploração dos pobres e o acúmulo de riquezas injustas, tornando o cristianismo cúmplice da injustiça.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Os Pobres e a Bíblia" – Carlos Mesters (1999)

  2. "Jesus e o Dinheiro" – John Haughey (1986)

  3. "O Reino de Deus e o Socialismo" – Frei Betto (2001)

  4. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  5. "O Capital de Deus" – Jung Mo Sung (2018)



'17<<< >>> ÍNDICE      zzz


017   LUCAS 14:12-14
"Quando deres um banquete, convida os pobres, aleijados, mancos e cegos."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O Evangelho de Lucas, escrito entre 70 e 90 d.C., apresenta Jesus como alguém profundamente preocupado com os pobres e marginalizados. No capítulo 14, Jesus ensina que, em vez de convidar os ricos e poderosos para festas, devemos priorizar os necessitados – os pobres, aleijados, mancos e cegos. Esse ensinamento é revolucionário, pois desafia a lógica da sociedade baseada no privilégio e no interesse próprio. O chamado à inclusão dos marginalizados e à partilha dos recursos reflete uma ideia de justiça social e aproxima esse versículo de uma visão comunista, onde os bens e oportunidades são distribuídos de forma equitativa.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Como Deus encarnado, Jesus revela a vontade divina desde a criação. O ensino de acolher os marginalizados é uma continuidade da justiça social presente na Lei e nos Profetas. O Antigo Testamento já trazia mandamentos para proteger os pobres, como a lei do Ano do Jubileu (Levítico 25:10-17) e a obrigação de deixar sobras nas colheitas para os necessitados (Levítico 19:9-10). Com Jesus, essa lógica se aprofunda: Ele não apenas ensina a justiça social, mas a vive radicalmente. O convite aos excluídos para o banquete simboliza o Reino de Deus, que não pertence aos opressores e ricos, mas sim aos humildes e necessitados.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Teólogos ligados ao capitalismo e à teologia da prosperidade frequentemente espiritualizam esse versículo, dizendo que Jesus não falava literalmente dos pobres e marginalizados, mas de todos os pecadores. Dessa forma, eliminam o aspecto econômico e social do ensino de Jesus, mantendo a estrutura de exclusão e desigualdade que Ele criticava. Outra distorção comum é afirmar que a caridade individual já cumpre esse mandamento, ignorando que Jesus propõe uma mudança estrutural: não é dar migalhas aos pobres, mas incluí-los como iguais na mesa e na sociedade. Esse tipo de interpretação serve para justificar as injustiças do capitalismo, fazendo parecer que Deus não se importa com a opressão dos pobres, mas apenas com questões espirituais.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Jesus e os Pobres" – Jon Sobrino (1992)

  2. "Cristianismo e Justiça Social" – Leonardo Boff (1994)

  3. "O Reino de Deus e o Socialismo" – Frei Betto (2001)

  4. "A Economia de Deus" – Jung Mo Sung (2015)

  5. "Jesus e a Economia do Dom" – José Antonio Pagola (2019)



'18<<< >>> ÍNDICE      zzz


018   LUCAS 18:22
"Falta-te ainda uma coisa: vende tudo o que tens e dá aos pobres."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O Evangelho de Lucas foi escrito entre 70 e 90 d.C. e enfatiza o compromisso de Jesus com os pobres e oprimidos. No capítulo 18, um jovem rico pergunta a Jesus o que deve fazer para herdar a vida eterna. Jesus responde que ele deveria vender tudo o que tem, dar aos pobres e segui-lo. Esse episódio deixa claro que a acumulação de riquezas é um obstáculo ao Reino de Deus, pois a riqueza tende a afastar as pessoas da solidariedade e da justiça social. O ensinamento de Jesus desafia diretamente o modelo capitalista, ao afirmar que o dinheiro e os bens materiais devem ser redistribuídos entre os necessitados. Essa lógica se alinha com princípios comunistas, onde a posse de bens não deve ser individualista e egoísta, mas voltada ao bem comum.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus, como a perfeita Revelação de Deus, reafirma o desejo divino de justiça social que aparece desde o Antigo Testamento. Deus já havia instituído leis que proibiam a exploração dos pobres, como a proibição de juros abusivos (Êxodo 22:25) e o perdão de dívidas a cada sete anos (Deuteronômio 15:1-2). No ensino de Jesus, essa justiça se torna ainda mais radical: Ele exige que os ricos renunciem às suas posses para que os pobres possam ter dignidade e igualdade. Essa ordem não é uma opção, mas uma necessidade para entrar no Reino de Deus, mostrando que a partilha dos bens é uma expressão direta da vontade divina.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

A interpretação tradicional desse versículo foi desvirtuada para proteger o acúmulo de riquezas. Teólogos defensores do capitalismo afirmam que Jesus não condena a riqueza em si, mas apenas a idolatria ao dinheiro. Assim, evitam a implicação revolucionária do texto, que exige uma transformação material da sociedade. Além disso, muitos reduzem esse ensino a um chamado individual, como se apenas alguns fossem chamados a se desfazerem dos bens, enquanto o restante poderia continuar acumulando riquezas. Essa interpretação distorce o ensino de Jesus, pois ignora que Ele sempre pregou a partilha e a inclusão dos pobres no centro da comunidade.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Jesus e os Pobres" – Jon Sobrino (1992)

  2. "O Seguimento de Jesus" – Leonardo Boff (1999)

  3. "Cristianismo e Economia" – Jung Mo Sung (2007)

  4. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (2011)

  5. "O Deus dos Oprimidos" – James Cone (2017)



'19<<< >>> ÍNDICE      zzz


019   LUCAS 22:25-26
"O maior entre vós seja como o que serve."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O Evangelho de Lucas foi escrito por Lucas, o médico e historiador, por volta de 70-90 d.C., enfatizando a compaixão de Jesus pelos pobres e marginalizados. No capítulo 22, durante a Última Ceia, os discípulos discutiam sobre quem seria o maior no Reino de Deus. Jesus então os repreende, dizendo que o maior deve ser aquele que serve, em oposição ao modelo de liderança opressor dos governantes da época. Essa visão confronta diretamente o capitalismo e o individualismo, pois Jesus propõe um modelo de sociedade onde a hierarquia de poder é substituída pelo serviço mútuo. Isso se alinha com os princípios comunistas de igualdade e coletividade, onde o líder não acumula privilégios, mas trabalha pelo bem comum.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus é a perfeita Revelação de Deus, pois Sua vida encarna o princípio de serviço e justiça social. Desde o Antigo Testamento, Deus se revela como aquele que defende os pobres e oprimidos, rejeitando sistemas de exploração. Jesus aprofundou essa revelação, demonstrando que o verdadeiro poder está no amor e na partilha, não na dominação. Sua ordem de que o maior seja como o que serve reflete o próprio caráter divino, pois o próprio Deus se fez servo na encarnação de Cristo (Filipenses 2:6-7). Esse princípio não é apenas uma recomendação moral, mas um modelo estrutural para a sociedade, onde ninguém deve explorar o próximo, mas sim cuidar e repartir com os outros.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

A interpretação desse versículo tem sido distorcida para sustentar sistemas opressores. Muitos teólogos reduzem o ensinamento de Jesus a uma questão espiritual ou individual, ignorando suas implicações econômicas e sociais. Assim, ensinam que "servir" significa apenas ter humildade no coração, sem mudar as estruturas injustas de poder e riqueza. Outros usam o versículo para justificar um paternalismo burguês, no qual os ricos "ajudam" os pobres sem, no entanto, abrir mão de seus privilégios. Essas deturpações servem para manter a desigualdade e impedir mudanças radicais, contrariando a mensagem de Jesus, que propõe uma revolução social baseada no serviço mútuo e na igualdade.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Cristianismo e Sociedade" – José Comblin (1984)

  2. "Jesus e o Conflito Social" – José Porfirio Miranda (1981)

  3. "O Clamor dos Pobres" – Leonardo Boff (1997)

  4. "A Política de Jesus" – John Howard Yoder (2004)

  5. "Jesus e a Economia do Reino" – Ched Myers (2010)



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020   ATOS 2:44-45
"Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O livro de Atos foi escrito por Lucas, o médico e historiador, por volta de 80-90 d.C., e narra os primeiros anos da Igreja Cristã após a ressurreição de Jesus. O trecho de Atos 2:44-45 descreve a organização social dos primeiros cristãos, que compartilhavam seus bens e propriedades para que ninguém passasse necessidade. Esse modelo de vida se opõe ao individualismo e à acumulação de riquezas típicos do sistema capitalista. O princípio de “ter tudo em comum” reflete os ideais comunistas de coletivismo e justiça econômica, onde a propriedade não é privada, mas sim coletiva e voltada ao bem comum.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

A prática descrita em Atos não foi um acidente, mas a continuidade do ensinamento de Jesus, que ordenou a partilha como sinal do Reino de Deus. Jesus próprio viveu sem acumular riquezas e ensinou que os bens devem ser compartilhados com os necessitados (Lucas 12:33, Mateus 19:21). Se Ele é a perfeita Revelação de Deus, então o ideal divino sempre foi uma sociedade baseada na comunhão e na equidade, desde a criação até a eternidade. Isso desmonta qualquer tentativa de separar a fé cristã da justiça econômica e social.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos e grupos cristãos deturparam esse versículo para impedir que fosse visto como um modelo econômico a ser seguido. Alguns alegam que o comunismo dos primeiros cristãos era apenas temporário ou voluntário, tentando afastar a ideia de que a Igreja primitiva praticava uma forma concreta de comunismo. Outros espiritualizam o texto, dizendo que “ter tudo em comum” se refere apenas à comunhão espiritual e não à partilha material. Essas deturpações servem para manter a desigualdade social dentro do cristianismo, justificando a exploração e o acúmulo de riquezas sob a falsa ideia de que Deus aprova a propriedade privada e o sistema capitalista.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "A Política de Jesus" – John Howard Yoder (2004)

  2. "Cristianismo e Revolução" – José Porfírio Miranda (1981)

  3. "O Reino de Deus e o Socialismo" – R. H. Tawney (1938)

  4. "O Clamor dos Pobres" – Leonardo Boff (1997)

  5. "Jesus e a Economia do Reino" – Ched Myers (2010)



'21<<< >>> ÍNDICE      zzz


021   ATOS 4:32-35
"Ninguém dizia ser sua coisa alguma do que possuía, mas todas as coisas lhes eram comuns."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas, o médico e historiador, por volta do final do século I. O trecho de Atos 4:32-35 descreve como a comunidade cristã primitiva vivia em plena partilha de bens, sem propriedade privada, garantindo que ninguém passasse necessidade. Esse modelo reflete um ideal comunista, pois promove a coletivização da riqueza e o fim da desigualdade econômica. No contexto histórico, os cristãos enfrentavam perseguições e isolamento, o que os levou a criar um sistema onde todos compartilhavam seus bens para sobreviver e prosperar juntos.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

O princípio de não haver propriedade privada e de todos terem em comum o que possuíam está alinhado com o ensino de Jesus. Ele ensinou a renúncia aos bens materiais, criticou os ricos e disse que o Reino de Deus pertence aos pobres (Lucas 6:20, Mateus 19:21). Se Jesus é a perfeita Revelação de Deus, então a vontade de Deus sempre foi uma sociedade baseada na justiça e na partilha. Essa passagem de Atos confirma que os primeiros discípulos seguiram fielmente os ensinamentos de Jesus, adotando um modelo comunitário contrário ao capitalismo e à acumulação de riquezas.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos e grupos cristãos reinterpretaram esse texto para evitar que fosse associado ao comunismo. Alegam que esse sistema era apenas uma necessidade temporária ou que não era uma obrigação, mas uma escolha voluntária. Outros distorcem o significado do versículo, dizendo que ele se refere apenas à solidariedade espiritual e não à economia material. Essas deturpações servem para justificar o capitalismo e a desigualdade social dentro do cristianismo, apagando a mensagem revolucionária da partilha e da justiça econômica presente na Bíblia.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "A Política de Jesus" – John Howard Yoder (2004)

  2. "Cristianismo e Revolução" – José Porfírio Miranda (1981)

  3. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  4. "Jesus e o Império" – Richard A. Horsley (2003)

  5. "O Reino de Deus e o Socialismo" – R. H. Tawney (1938)




'22<<< >>> ÍNDICE      zzz


022   ATOS 11:27-30
"Os discípulos determinaram mandar socorro aos irmãos que habitavam na Judeia."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas, o médico e historiador, e descreve o crescimento da Igreja Primitiva após a ressurreição de Jesus. No trecho de Atos 11:27-30, vemos que os discípulos determinaram enviar ajuda aos irmãos da Judeia, que enfrentavam dificuldades devido a uma grande fome profetizada por Ágabo. Esse ato reflete um princípio claramente comunista, pois há um esforço coletivo de redistribuição de bens para suprir as necessidades dos que passam fome. Essa solidariedade não era voluntarismo individual, mas uma organização sistemática de socorro baseada na fraternidade e na justiça social.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Esse versículo é coerente com o ensino de Jesus porque Ele pregou a partilha, a justiça social e a atenção aos pobres. Jesus ensinou que a vida não consiste na posse de bens materiais (Lucas 12:15) e que os seguidores d'Ele deveriam cuidar uns dos outros (Mateus 25:34-40). Como Deus encarnado e perfeita Revelação divina, Jesus viveu e ensinou a economia do cuidado e da partilha, e os discípulos, ao enviarem socorro aos necessitados, estavam simplesmente aplicando esses princípios divinos na prática.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Teólogos e grupos cristãos que buscam defender o capitalismo e negar o comunismo na Bíblia alegam que esse ato de socorro não tem relação com um modelo econômico coletivo, mas sim com ajuda emergencial isolada. Outros distorcem a passagem dizendo que a ajuda era apenas entre cristãos, e não um princípio aplicável à sociedade como um todo. Essas interpretações ignoram que o cristianismo primitivo rejeitava o acúmulo de riquezas e promovia a distribuição equitativa, buscando justificar as desigualdades e injustiças econômicas do capitalismo.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "A Economia de Deus" – Witness Lee (1989)

  2. "Cristianismo e Revolução" – José Porfírio Miranda (1981)

  3. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  4. "O Deus dos Oprimidos" – James H. Cone (1975)

  5. "O Reino de Deus e o Socialismo" – R. H. Tawney (1938)





'23<<< >>> ÍNDICE      zzz


023   ATOS 20:35
"Mais bem-aventurado é dar do que receber."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo Atos 20:35 foi escrito por Lucas, o autor de Atos dos Apóstolos, e registra as palavras do apóstolo Paulo em seu discurso aos presbíteros de Éfeso. Neste contexto, Paulo lembra o ensinamento de Jesus: "Mais bem-aventurado é dar do que receber.". Esse princípio desafia a lógica do acúmulo de riquezas e do individualismo capitalista, pois enfatiza a felicidade e a bênção em compartilhar os bens e recursos. O cristianismo primitivo adotou essa visão ao estabelecer uma comunidade onde não havia necessitados, pois os recursos eram distribuídos de acordo com as necessidades de cada um (Atos 4:32-35). Esse versículo, portanto, expressa um ideal de justiça social e economia solidária, valores essenciais no comunismo.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus sempre ensinou que a generosidade e o desapego dos bens materiais são marcas do verdadeiro seguidor de Deus. Ele mesmo viveu assim, não acumulando riquezas e se dedicando totalmente ao serviço dos outros. Como a perfeita revelação de Deus, Jesus ensinou que o Reino de Deus não se baseia em posse e poder, mas sim na partilha e no cuidado mútuo. Esse versículo se alinha perfeitamente com ensinamentos como Lucas 12:33 ("Vendei o que tendes e dai esmolas") e Mateus 6:19-21 ("Não acumuleis tesouros na terra"), mostrando que a economia divina não é de exploração e egoísmo, mas sim de solidariedade e amor ao próximo.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos e grupos cristãos distorcem este versículo, alegando que ele apenas fala de caridade pessoal e não de um sistema econômico baseado na partilha. Essa interpretação serve para justificar o capitalismo, onde a "generosidade" muitas vezes se torna um mecanismo de controle, permitindo que ricos mantenham seu privilégio, enquanto ajudam os pobres de forma paliativa. Além disso, há quem tente desvincular esse ensino do sistema comunitário dos primeiros cristãos, argumentando que foi apenas um "caso isolado" e não um modelo a ser seguido. No entanto, o ensino de Jesus e a prática da Igreja Primitiva demonstram que a partilha não era opcional, mas sim um princípio central da fé cristã.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "A Economia de Deus" – Witness Lee (1989)

  2. "Cristianismo e Revolução" – José Porfírio Miranda (1981)

  3. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  4. "O Deus dos Oprimidos" – James H. Cone (1975)

  5. "O Reino de Deus e o Socialismo" – R. H. Tawney (1938)





'24<<< >>> ÍNDICE      zzz


024   ROMANOS 15:25-27
Paulo organiza coleta para ajudar os pobres.

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo Romanos 15:25-27 foi escrito pelo apóstolo Paulo, em sua carta aos cristãos de Roma. Neste trecho, ele menciona uma coleta organizada para os pobres de Jerusalém, financiada por igrejas gentílicas, como as da Macedônia e da Acaia. O contexto revela um modelo de economia solidária na Igreja Primitiva, no qual comunidades mais ricas ajudavam aquelas em necessidade, seguindo o princípio da partilha e do cuidado mútuo. Essa prática se alinha com os ideais comunistas, pois nega a lógica da acumulação individualista e promove a redistribuição de recursos para atender às necessidades coletivas.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus ensinou repetidamente que a riqueza deveria ser compartilhada e não acumulada egoisticamente. Ele afirmou que o verdadeiro amor a Deus se expressa no cuidado com os pobres e marginalizados (Mateus 25:35-40). Como a perfeita revelação de Deus, Jesus demonstrou esse princípio em sua vida, vivendo sem riquezas e ensinando seus discípulos a confiarem em Deus, não no dinheiro (Lucas 12:33). O apóstolo Paulo apenas reforça essa lógica em suas epístolas, mostrando que a economia do Reino de Deus não se baseia em exploração, mas em solidariedade e justiça.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos e grupos cristãos descontextualizam este versículo, alegando que a coleta organizada por Paulo era apenas um ato de caridade voluntária, e não um modelo econômico. Dessa forma, tentam justificar o capitalismo, argumentando que o cristianismo defende apenas a doação individual e não a estruturação de uma sociedade baseada na partilha. Essa distorção ignora o fato de que a Igreja Primitiva funcionava de maneira coletiva, com bens compartilhados e sem desigualdade econômica (Atos 4:32-35). A tentativa de dissociar esses princípios do cristianismo visa legitimar um sistema que perpetua a desigualdade e impede a justiça social.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Cristianismo e Comunismo" – José Porfírio Miranda (1980)

  2. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  3. "O Reino de Deus e o Socialismo" – R. H. Tawney (1938)

  4. "O Deus dos Oprimidos" – James H. Cone (1975)

  5. "A Economia de Deus" – Witness Lee (1989)





'25<<< >>> ÍNDICE      zzz


025   1 CORÍNTIOS 1:26-29
"Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo 1 Coríntios 1:26-29 foi escrito pelo apóstolo Paulo em sua primeira carta à igreja de Corinto. Neste trecho, Paulo destaca que Deus escolhe os fracos, os desprezados e os que nada são para envergonhar os poderosos e os sábios deste mundo. O contexto revela a inversão de valores promovida pelo Reino de Deus, onde os pobres, oprimidos e marginalizados têm primazia diante de Deus, enquanto os ricos e poderosos são reduzidos à insignificância. Essa lógica contraria a meritocracia capitalista, que exalta os economicamente bem-sucedidos e despreza os vulneráveis. O princípio bíblico aqui se alinha ao comunismo, pois valoriza os últimos, promove a igualdade e desafia a dominação dos poderosos sobre os fracos.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus encarnou essa inversão de valores em seu próprio ministério. Ele nasceu em uma família humilde, escolheu pescadores, cobradores de impostos e marginalizados como discípulos, e afirmou que os últimos serão os primeiros (Mateus 20:16). Sua mensagem sempre enfatizou que o Reino de Deus pertence aos pobres, enquanto os ricos terão dificuldade em entrar nele (Lucas 18:25). Como a perfeita revelação de Deus, Jesus demonstrou que o poder e a grandeza verdadeira não estão na força, mas na humildade e no serviço aos outros, reforçando a lógica do compartilhamento e da coletividade.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

A teologia dominante no cristianismo ocidental distorce esse ensino ao promover a chamada "teologia da prosperidade", que associa riqueza a bênção divina e pobreza a fracasso espiritual. Muitos teólogos interpretam esse versículo de forma apenas espiritual, ignorando suas implicações socioeconômicas. Dessa forma, sustentam que Deus favorece a ordem capitalista e não deseja uma mudança estrutural que elimine as desigualdades. Essa distorção legitima a exploração dos pobres pelos ricos, enquanto o versículo claramente aponta para uma derrubada das hierarquias e uma valorização dos marginalizados, oprimidos e economicamente excluídos.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Cristianismo e Luta de Classes" – José Porfírio Miranda (1981)

  2. "A Teologia da Libertação" – Leonardo Boff (1984)

  3. "Jesus e o Império: O Reino de Deus e o Novo Desafio da Resistência" – Richard A. Horsley (2002)

  4. "Teologia da Esperança" – Jürgen Moltmann (1967)

  5. "O Caminho de Jesus e o Caminho de César" – Ched Myers (1983)





'26<<< >>> ÍNDICE      zzz


026   1 CORÍNTIOS 12:26
"Se um membro sofre, todos sofrem com ele."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O versículo 1 Coríntios 12:26 foi escrito pelo apóstolo Paulo em sua primeira carta à igreja de Corinto. O contexto trata da unidade da Igreja como um corpo, no qual cada membro tem sua função e importância, e, quando um sofre, todos sofrem junto. Esse ensinamento se opõe à lógica do individualismo e da competição, promovendo a ideia de solidariedade e interdependência. Essa concepção é essencialmente comunista, pois defende a partilha das dores e necessidades entre todos, ao invés da lógica capitalista, que exalta o egoísmo e a busca pelo lucro individual.

2. JESUS COMO A PERFEITA REVELAÇÃO DE DEUS

Jesus demonstrou esse princípio em sua vida e ensinamentos. Ele chorou com os que choram (João 11:35), curou os enfermos e multiplicou os pães para alimentar os famintos. Em Mateus 25:40, ele afirma: "Sempre que fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes." Isso reforça a ideia de que o sofrimento de um deve ser compartilhado por todos. Como Deus encarnado, Jesus revelou que a verdadeira espiritualidade está na empatia e no cuidado mútuo, fortalecendo o princípio da comunidade sobre o individualismo.

3. DETURPAÇÕES PARA JUSTIFICAR O CAPITALISMO

Muitos teólogos conservadores interpretam esse versículo apenas de forma espiritual, alegando que se refere exclusivamente ao sofrimento emocional ou moral dentro da Igreja. No entanto, essa visão ignora suas implicações sociais e econômicas. O cristianismo ocidental tem sido usado para justificar o capitalismo, alegando que a desigualdade é natural e que cada um deve buscar sua própria prosperidade individualmente. Essa distorção ignora que Paulo está falando de uma comunidade real, onde o sofrimento de um deveria ser sentido por todos, levando à partilha e ao cuidado mútuo, algo que contraria a lógica da exploração capitalista.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Cristianismo e Luta de Classes" – José Porfírio Miranda (1981)

  2. "A Teologia da Libertação" – Leonardo Boff (1984)

  3. "Jesus e o Império: O Reino de Deus e o Novo Desafio da Resistência" – Richard A. Horsley (2002)

  4. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  5. "O Caminho de Jesus e o Caminho de César" – Ched Myers (1983)





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027   2 CORÍNTIOS 9:6-7
"Cada um contribua segundo propôs no coração, não com tristeza ou por necessidade."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O autor deste versículo é Paulo, que escreve à comunidade de Corinto incentivando-a a contribuir com alegria para uma coleta em favor dos cristãos pobres da Judeia. O contexto é de solidariedade entre igrejas, de modo que os que têm mais ajudem os que têm menos — um princípio de redistribuição voluntária de bens. Paulo reforça que essa partilha deve vir do coração, mas não deixa de evidenciar o compromisso comunitário com a justiça social. A passagem tem conotação comunista no sentido em que promove a contribuição livre em benefício da coletividade, baseada no princípio do amor e não na lógica do lucro, da competição ou da acumulação privada.

2. PALAVRA DE DEUS EM HARMONIA COM JESUS

Esse versículo pode ser plenamente entendido como Palavra de Deus, pois está em profunda sintonia com o ensino de Jesus, que foi a encarnação do próprio Deus. Jesus sempre ensinou sobre generosidade voluntária, solidariedade e amor ao próximo, e denunciou o apego ao dinheiro (como no caso do jovem rico). A contribuição segundo o coração não exclui o dever moral de ajudar, mas o aprofunda: não se trata apenas de dar, mas de amar ao dar. Desde Adão, a Revelação de Deus aponta para uma convivência baseada na reciprocidade e no cuidado mútuo, culminando em Cristo, o doador por excelência.

3. DETURPAÇÕES TEOLÓGICAS EM FAVOR DO CAPITALISMO

Este versículo tem sido deturpado por teólogos liberais e conservadores, que o usam para afirmar que o cristianismo não exige partilha coletiva, nem transformação social, apenas uma caridade individual e opcional. Ao enfatizar que "cada um contribua segundo propôs no coração", eles ignoram o contexto de urgência, necessidade e compromisso comunitário que motivou Paulo a escrever. Essa leitura serve ao capitalismo, pois despolitiza a fé e transforma a generosidade em um gesto privado, sem impacto estrutural, legitimando assim a desigualdade e a acumulação de riqueza enquanto espiritualiza a pobreza como virtude.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "Cristianismo e Luta de Classes" – José Porfírio Miranda (1981)

  2. "A Igreja, o Dinheiro e os Pobres" – Hugo Assmann (1975)

  3. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez (1971)

  4. "Jesus e o Império" – Richard A. Horsley (2002)

  5. "O Reino e a Partilha: Ensaios de Espiritualidade Libertadora" – Leonardo Boff (1984)





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028   2 CORÍNTIOS 9:10-11
"Aquele que dá a semente ao que semeia também multiplicará a vossa sementeira."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O autor da Segunda Carta aos Coríntios é o apóstolo Paulo, que escreve para encorajar os cristãos de Corinto a contribuírem com generosidade para uma coleta destinada aos pobres da igreja na Judeia. No capítulo 9, Paulo mostra que Deus é quem provê os recursos para aqueles que estão dispostos a partilhar. O versículo 10 afirma que Deus dá a semente ao que semeia, ou seja, multiplica os recursos dos que distribuem, não dos que acumulam. Esse princípio está alinhado com uma lógica comunal e cooperativa, e não capitalista — pois valoriza o fluxo solidário dos bens, não o armazenamento egoísta. Por isso, pode ser considerado um versículo com essência comunista: a riqueza é vista como instrumento de justiça distributiva, não de dominação.

2. PALAVRA DE DEUS EM HARMONIA COM JESUS

Este versículo é perfeitamente coerente com a Palavra de Deus revelada em Jesus, o qual sempre ensinou que a verdadeira bênção está na generosidade e na confiança em Deus como provedor. Jesus multiplicou pães para ensinar o compartilhar, não para glorificar o consumo. Desde Gênesis, Deus se apresenta como aquele que provê aos que cuidam da criação e dos seus semelhantes, e em Cristo essa lógica atinge sua plenitude. A semente dada por Deus ao semeador mostra que a abundância divina tem como fim a abundância coletiva, jamais a ganância individual.

3. DETURPAÇÕES TEOLÓGICAS EM FAVOR DO CAPITALISMO

Esse versículo tem sido deturpado por teologias da prosperidade e por grupos ligados ao neoliberalismo religioso, que o interpretam como uma fórmula de investimento pessoal: “dê para receber mais.” Isso corrompe o sentido do texto, pois Paulo não promete enriquecimento individual, mas reafirma que Deus sustenta aqueles que sustentam os outros. A promessa é de provisão para que a justiça floresça através da solidariedade, não para alimentar a cobiça. Essas deturpações têm sustentado a ideia de que Deus legitima os lucros e privilégios dos ricos, e colocam o sofrimento dos pobres como resultado de falta de fé — o que é totalmente contrário à mensagem de Cristo.

BIBLIOGRAFIA

  1. "Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez, 1971

  2. "Cristianismo e Luta de Classes" – José Porfírio Miranda, 1981

  3. "Jesus e o Império: O Reino de Deus e o Novo Desordenamento Mundial" – Richard A. Horsley, 2002

  4. "A Economia de Deus" – Jacques Ellul, 1954

  5. "O Pão Nosso de Cada Dia" – Frei Betto, 1980





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029   EFÉSIOS 4:28
"O que furtava não furte mais; antes, trabalhe [...] para repartir com o que tiver necessidade."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

A Carta aos Efésios é tradicionalmente atribuída ao apóstolo Paulo, escrita durante seu período de prisão, e dirigida à comunidade cristã em Éfeso, uma cidade cosmopolita do Império Romano. Em Efésios 4:28, Paulo instrui os novos convertidos a abandonarem o velho modo de vida e a adotarem um novo comportamento coerente com o evangelho. O texto diz: “O que furtava, não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.” Aqui, Paulo redefine o propósito do trabalho: não como meio de acúmulo pessoal, mas como forma de compartilhar com quem precisa. Isso desafia frontalmente o individualismo capitalista e se alinha com os princípios do comunismo ético: o trabalho deve servir ao bem comum, e não à concentração de riquezas.

2. PALAVRA DE DEUS EM HARMONIA COM JESUS

Esse versículo expressa claramente o caráter de Deus revelado em Jesus Cristo: solidário, justo e generoso. Jesus ensinou que devemos repartir o pão, cuidar dos pobres e viver como irmãos e irmãs em comunhão. A orientação de Paulo em Efésios 4:28 reflete essa mesma ética divina, pois incentiva a transformação pessoal para que cada indivíduo sirva à coletividade, e não a si mesmo. Deus, desde Adão, chama o ser humano a cuidar da criação e do próximo. Essa passagem não é um mandamento isolado, mas parte da contínua revelação de Deus que culmina em Cristo, que viveu e ensinou a doação, a justiça social e o amor ao próximo como missão existencial.

3. DETURPAÇÕES TEOLÓGICAS EM FAVOR DO CAPITALISMO

Muitos intérpretes influenciados pela teologia neoliberal tentam neutralizar a força social deste versículo, reduzindo-o à ética individual: "trabalhe e não roube." Eles omitem ou minimizam a segunda parte — “para repartir com o que tiver necessidade” —, transformando o ensino paulino em uma apologia ao mérito individual, típica da lógica capitalista. Essa leitura distorce o propósito original de Paulo, que é coletivista e compassivo, e o converte em um mandamento para justificar a acumulação de bens e a marginalização dos pobres. Dessa forma, o texto deixa de ser um convite à partilha e passa a ser usado para condenar os empobrecidos e exaltar o enriquecimento como bênção divina — o que contradiz frontalmente o evangelho de Jesus.

BIBLIOGRAFIA

  1. "Teologia da Libertação: Perspectivas"Gustavo Gutiérrez, 1971

  2. "Marxismo e Teologia da Libertação"Frei Betto, 1985

  3. "Deus e o Dinheiro: A religião como crítica do capitalismo"Franz Hinkelammert, 1991

  4. "A Bíblia e o Capitalismo"José Comblin, 1980

  5. "O Evangelho Subversivo: Jesus e o Reino de Deus em confronto com o Império Romano"Rômulo Passos, 2016





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030   FILIPENSES 2:3-4
"Cada um não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

A Epístola aos Filipenses foi escrita por Paulo, enquanto estava preso, provavelmente em Roma, por volta do ano 61 d.C. Essa carta é profundamente afetiva e pastoral, dirigida à comunidade cristã de Filipos, uma das mais queridas por Paulo. Em Filipenses 2:3-4, ele orienta os fiéis a não agirem por egoísmo ou vaidade, mas com humildade, considerando os outros superiores a si mesmos, e cuidando não apenas dos próprios interesses, mas também dos interesses dos outros. Esse ensinamento rompe com o individualismo e aponta para uma ética comunitária, onde o bem do outro é parte essencial da minha própria responsabilidade. Por isso, é considerado um versículo com espírito comunista, ao valorizar a coletividade, a empatia e a responsabilidade social — valores centrais em qualquer visão humanista-comunitária da vida.

2. PALAVRA DE DEUS EM HARMONIA COM JESUS

Este versículo expressa de forma direta a essência do ensino de Jesus, que foi o maior exemplo de quem viveu não para si, mas pelos outros. Jesus lavou os pés dos discípulos, alimentou os famintos, curou os doentes e entregou-se na cruz — tudo isso por amor ao próximo. Desde o Gênesis, onde Deus forma o ser humano para viver em relação, até o Apocalipse, onde o ideal de comunhão plena é consumado, vemos um Deus que se revela como coletivo, solidário e amoroso. Assim, o ensinamento de Filipenses 2:3-4 não é apenas uma instrução ética, mas uma revelação do caráter eterno de Deus, presente desde Adão, plenamente visível em Cristo, e válido para sempre: viver pelo bem comum.

3. DETURPAÇÕES CAPITALISTAS DO ENSINO COLETIVO

Alguns grupos cristãos, influenciados pela ideologia capitalista e liberal, tentam reinterpretar esse versículo como uma “ética de cortesia” individual, desprovida de implicações sociais. Ignoram que o texto exige um estilo de vida coletivo e empático, e não apenas uma gentileza ocasional. Dessa forma, abafam o chamado bíblico à solidariedade estruturada, reduzindo-o a “boas maneiras” ou caridade privada. Ao negar o aspecto comunitário e transformador do versículo, tais teólogos e pastores acabam perpetuando um cristianismo domesticado, cúmplice das injustiças do sistema, e opositor da proposta de comunhão de bens, de vidas e de responsabilidades que o evangelho proclama.

BIBLIOGRAFIA

  1. "Cristianismo e Luta de Classes"Dom Pedro Casaldáliga & José Maria Vigil, 1990

  2. "Jesus e o Projeto Político do Reino de Deus"Carlos Mesters, 2002

  3. "O Grito do Oprimido e a Bíblia"Milton Schwantes, 1996

  4. "A Economia de Deus"Francisco Cândido Xavier (espírito Emmanuel), 1970 (interpretação espiritual que também aborda a solidariedade humana)

  5. "A Oração e a Política em Paulo"Jorge Pixley, 1987





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031   COLOSSENSES 3:11
"Onde não há grego, nem judeu, servo, nem livre; mas Cristo é tudo em todos."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

A Epístola aos Colossenses foi escrita por Paulo, provavelmente durante sua prisão em Roma, por volta do ano 60 d.C. O objetivo principal da carta era combater heresias e reafirmar a supremacia e suficiência de Cristo. No capítulo 3, verso 11, Paulo descreve a nova humanidade em Cristo, na qual todas as divisões humanas são abolidas: etnia (grego ou judeu), posição religiosa (circuncisão ou incircuncisão), status social (servo ou livre). A afirmação de que “Cristo é tudo em todos” aponta para a radical igualdade espiritual, social e existencial entre os seres humanos. Por isso, esse versículo é considerado “comunista” no sentido em que nega privilégios de classe, origem ou poder, e proclama uma nova realidade baseada na comunhão e na equidade — fundamentos de um cristianismo que inspira práticas de justiça e partilha coletiva.

2. PALAVRA DE DEUS EM HARMONIA COM JESUS

Este versículo expressa o cerne da mensagem de Jesus Cristo, o Deus encarnado, que rompeu com as estruturas de exclusão de seu tempo. Jesus acolheu samaritanos, pecadores, mulheres, leprosos, cobradores de impostos — todos aqueles marginalizados por critérios sociais e religiosos. A encarnação do Filho de Deus entre os pobres da Galileia e sua convivência com os excluídos são prova de que a revelação divina sempre foi antielitista. Assim, Colossenses 3:11 é Palavra de Deus porque sintetiza a intenção divina de criar uma nova humanidade, onde não há lugar para hierarquias opressoras, mas apenas para a presença universal de Cristo, que une a todos em amor, igualdade e comunhão.

3. DETURPAÇÕES TEOLÓGICAS E APOLOGIA AO CAPITALISMO

Apesar de sua clareza, esse versículo tem sido frequentemente esvaziado de seu conteúdo transformador por teologias conservadoras que o interpretam como uma “igualdade espiritual”, sem implicações sociais ou econômicas. Essa leitura despolitizada serve ao status quo, permitindo que igrejas se alinhem ao capitalismo excludente e às desigualdades estruturais. Ao separar fé e justiça, esses grupos perpetuam sistemas que oprimem os pobres e favorecem os ricos, negando o chamado bíblico à solidariedade. O verdadeiro evangelho, porém, não separa espiritualidade de prática social — e Colossenses 3:11 denuncia qualquer ideologia que mantenha as divisões entre ricos e pobres, patrões e empregados, como se fossem vontade de Deus.

BIBLIOGRAFIA

  1. "A Teologia da Libertação: Perspectivas" – Gustavo Gutiérrez, 1971

  2. "Cristianismo e Sociedade em Paulo" – Richard A. Horsley, 1997

  3. "A Comunidade do Reino" – Howard A. Snyder, 1977

  4. "Jesus e o Manifesto do Reino" – José Comblin, 2002

  5. "A Fé e a Política: Um Diálogo Vital" – Frei Betto, 2006





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032   1 TESSALONICENSES 5:14-15
"Ajudem os fracos, sejam pacientes com todos."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

A Primeira Carta aos Tessalonicenses foi escrita por Paulo, por volta do ano 50 d.C., sendo uma das epístolas mais antigas do Novo Testamento. O apóstolo escreve à jovem igreja de Tessalônica para encorajá-la em meio à perseguição e dar orientações práticas de convivência comunitária. No capítulo 5, versos 14-15, ele exorta os irmãos a ajudarem os fracos, serem pacientes com todos e não retribuírem o mal com o mal, promovendo o bem entre todos. Essa postura proposta por Paulo se alinha a princípios de cuidado mútuo, justiça social e fraternidade radical — valores que, no vocabulário moderno, se aproximam da ética comunista. Aqui, o evangelho rompe com o individualismo e convoca a comunidade a um compromisso ativo com os vulneráveis, superando desigualdades e promovendo a solidariedade.

2. PALAVRA DE DEUS EM HARMONIA COM JESUS

Este versículo ecoa perfeitamente os ensinamentos de Jesus, que viveu para os fracos, curou os marginalizados, chamou os pobres de “bem-aventurados” e ensinou que o maior entre todos é aquele que serve. Jesus é a encarnação da revelação eterna de Deus, desde Adão até os tempos finais. Sua vida foi um testemunho vivo da justiça e da compaixão. Assim, as palavras de Paulo não são apenas conselhos humanos, mas refletem o coração de Deus que se manifesta em Cristo: a dignidade dos fracos e a paciência como virtude revolucionária diante das estruturas de opressão. Quando Paulo diz “ajudem os fracos”, ele está reafirmando a voz de Jesus, o bom pastor que não abandona nenhuma ovelha.

3. DETURPAÇÕES E A DEFESA DO SISTEMA INJUSTO

Infelizmente, muitos teólogos e grupos cristãos, sobretudo ligados a uma visão conservadora e capitalista, têm ignorado ou distorcido esse tipo de mensagem bíblica. Em vez de abraçarem a solidariedade com os fracos, pregam a meritocracia e a teologia da prosperidade, culpando os pobres por sua própria condição. Usam versículos isolados para justificar a concentração de riqueza e o desprezo pelos mais vulneráveis, como se o cristianismo fosse uma bênção exclusiva para os “fortes” e “bem-sucedidos”. Dessa forma, esvaziam o poder transformador da mensagem de Paulo, que exigia ações concretas em favor dos mais frágeis e uma convivência marcada pelo amor paciente e pela promoção da justiça social.

BIBLIOGRAFIA

  1. "O Deus dos Fracos" – Jürgen Moltmann, 1972

  2. "Teologia da Libertação" – Leonardo Boff, 1986

  3. "Espiritualidade da Libertação" – Frei Betto, 1989

  4. "Cristianismo e Luta de Classes" – José Comblin, 1991

  5. "O Evangelho e a Luta pela Justiça" – Walter Altmann, 2004





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033   TIAGO 1:9-10
"O irmão de condição humilde glorie-se na sua exaltação, mas o rico na sua humilhação."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

A epístola de Tiago, tradicionalmente atribuída ao irmão de Jesus, foi escrita para comunidades cristãs compostas em sua maioria por judeus pobres que estavam enfrentando provações e desigualdades sociais. Os versículos 9 e 10 do capítulo 1 expressam uma inversão radical dos valores sociais: o pobre deve se gloriar em sua exaltação (isto é, no valor que Deus lhe confere), e o rico em sua humilhação (ou seja, na perda de sua arrogância e poder terreno). Essa passagem denuncia a desigualdade como algo contrário ao Reino de Deus. É considerada um versículo comunista no sentido em que afirma a dignidade do oprimido e subverte a hierarquia imposta pelas riquezas. Não há glorificação da riqueza, mas sim um chamado à humildade dos ricos e à valorização dos marginalizados — um princípio profundamente contrário ao acúmulo capitalista.

2. PALAVRA DE DEUS EM HARMONIA COM JESUS

Tiago ecoa aqui os próprios ensinamentos de Jesus Cristo, que declarou: “Bem-aventurados os pobres” e “Ai de vós, ricos”. Jesus, como a plena Revelação de Deus, desde Adão até a eternidade, demonstrou que a justiça do Reino de Deus não tolera as estruturas que exaltam o poder e o dinheiro. O que Tiago afirma é, portanto, coerente com a essência do evangelho: a exaltação dos humildes e a queda dos soberbos. É uma mensagem escatológica e profética, fundamentada na lógica divina de reversão das estruturas humanas injustas. Assim, Tiago nos entrega aqui a Palavra de Deus viva e eficaz, que continua a chamar os discípulos de Cristo a um caminho de justiça, equidade e solidariedade.

3. DETURPAÇÕES E O APOIO A UM SISTEMA INJUSTO

Ao longo da história, muitos intérpretes do cristianismo tentaram suavizar ou ignorar o conteúdo revolucionário dessas palavras. Grupos ligados ao conservadorismo teológico e econômico afirmam que Deus ama tanto pobres quanto ricos — o que é verdade — mas omitem que Deus toma o partido dos pobres contra os mecanismos de opressão. Tiago não está apenas fazendo um apelo moral, mas uma crítica profunda à estrutura social que humilha os pobres e exalta os ricos. Muitos teólogos evitam aplicar esse texto ao debate sobre desigualdade, temendo associá-lo a ideias comunistas ou socialistas. No entanto, a inversão dos valores sociais em favor dos humildes é uma das marcas do evangelho, e rejeitá-la é trair o espírito do próprio Cristo.

BIBLIOGRAFIA

  1. "Ricos e Pobres na Igreja Primitiva" – Justo L. González, 1984

  2. "Tiago: Fé que Transforma" – Elsa Tamez, 1990

  3. "A Teologia do Novo Testamento" – Rudolf Bultmann, 1951

  4. "A Oração dos Pobres e a Lógica de Deus" – Clodovis Boff, 2002

  5. "Jesus e o Império: A Política do Novo Testamento" – Richard A. Horsley, 2003





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034   TIAGO 4:1-3
"Vós cobiçais e nada tendes, sois invejosos e cobiçosos."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

A epístola de Tiago, tradicionalmente atribuída ao irmão de Jesus, foi escrita para cristãos judeus dispersos entre as nações, especialmente aqueles em condição de pobreza e opressão. No capítulo 4, versículos 1 a 3, Tiago denuncia os conflitos e as guerras causadas pelo desejo egoísta de possuir. Ele afirma que a cobiça, a inveja e os pedidos voltados ao prazer pessoal são os verdadeiros causadores das disputas sociais. Esses versículos são considerados comunistas no espírito, pois denunciam a origem da desigualdade e do conflito como fruto do egoísmo individualista e do desejo de possuir mais do que o necessário — valores centrais do capitalismo moderno. Tiago aponta que o verdadeiro mal está em usar os bens e os desejos não para o bem comum, mas para a satisfação pessoal, denunciando assim a lógica do acúmulo e da exploração.

2. PALAVRA DE DEUS EM HARMONIA COM JESUS

Este ensino de Tiago está profundamente alinhado com os ensinamentos de Jesus, que condenou a avareza (Lucas 12:15), exaltou os mansos e os pacificadores (Mateus 5:5,9) e ensinou que “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:21). Como Deus encarnado e revelação perfeita desde Adão até sempre, Jesus mostrou que o Reino de Deus se opõe à lógica da competição, da violência por bens materiais e do egoísmo. Tiago, inspirado por essa verdade eterna, chama seus leitores a abandonar a busca desenfreada por posses e status e a buscar uma vida de justiça, oração e partilha. Essa coerência entre o ensino de Tiago e o de Jesus confirma que suas palavras são parte da Palavra viva de Deus, destinada a libertar o ser humano das garras da cobiça e da injustiça.

3. DETURPAÇÕES E O APOIO A UM SISTEMA INJUSTO

Muitos grupos cristãos, especialmente influenciados por teologias conservadoras e liberais pró-capitalistas, têm usado este texto de forma reducionista, individualizando o problema da cobiça, como se fosse apenas um pecado espiritual e isolado. Assim, ignoram o contexto estrutural de uma sociedade que fomenta a desigualdade por meio da concorrência e do consumismo. Ao fazer isso, distorcem a mensagem profética de Tiago, transformando um grito contra a opressão social em uma lição moral para a classe média ou os pobres se conformarem com sua condição. O texto, no entanto, está mais próximo de uma denúncia social do que de uma repreensão puramente espiritual, mostrando que o pecado da cobiça está nas raízes do sistema econômico desigual — algo que o comunismo cristão combate com base no valor da partilha, da solidariedade e do bem comum.

BIBLIOGRAFIA

  1. "A Epístola de Tiago: Teologia e Justiça" – Elsa Tamez, 1992

  2. "A Bíblia e a Luta de Classes" – José Comblin, 1980

  3. "Jesus e os Pobres" – Clodovis Boff, 1993

  4. "As Raízes Bíblicas do Socialismo Cristão" – Hugo Assmann, 1986

  5. "Teologia da Libertação e a Palavra de Deus" – Leonardo Boff, 2001





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035   1 PEDRO 3:8
"Sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

A Primeira Carta de Pedro foi escrita por Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, ou sob sua autoridade, a cristãos espalhados pela Ásia Menor, enfrentando perseguições e pressões sociais. O versículo 1 Pedro 3:8 surge como um chamado à unidade fraterna, à compaixão e ao amor mútuo como marca do povo de Deus. Esses princípios expressam a essência da convivência igualitária e solidária que, no campo político-econômico, ecoam os ideais do comunismo cristão. Ao propor que todos tenham “um mesmo sentimento”, Pedro está sugerindo um projeto de vida comum, em que os sofrimentos, as alegrias, os bens e a dignidade sejam compartilhados. Isso rompe com a lógica da competição, do individualismo e da dominação econômica, fundamentos típicos do sistema capitalista.

2. PALAVRA DE DEUS EM HARMONIA COM JESUS

Este versículo é completamente coerente com o ensinamento e o exemplo de Jesus, que viveu entre os pobres, lavou os pés dos discípulos e deu sua vida pelos outros. Jesus, sendo Deus encarnado, ensinou a viver o amor ao próximo como a maior de todas as leis (João 13:34). Ele próprio orou para que seus discípulos fossem “um” como Ele e o Pai são (João 17:21). Pedro, como seu discípulo, está apenas ecoando o chamado eterno de Deus à comunhão, solidariedade e amor mútuo, desde Adão até os tempos futuros. Portanto, este versículo é Palavra de Deus viva e eficaz, pois aponta para o modelo eterno de humanidade: viver em unidade e compaixão, não em disputa e acúmulo.

3. DETURPAÇÕES E O APOIO A UM SISTEMA INJUSTO

Infelizmente, muitas teologias contemporâneas minimizam o alcance coletivo e transformador desta exortação. Ao espiritualizar a compaixão e o amor fraterno, elas evitam encarar o chamado radical à justiça social e ao fim das desigualdades. Transformam o mandamento de viver em “um mesmo sentimento” num apelo individual e restrito ao âmbito religioso, ignorando suas implicações econômicas e políticas. Essa distorção reforça uma visão cristã que tolera a concentração de riquezas e poder, e neutraliza a força revolucionária da mensagem de Pedro, que é a de uma comunidade sem hierarquias de valor humano, onde todos cuidam de todos. Essa manipulação protege os interesses do sistema capitalista e esconde que o Evangelho é, por natureza, coletivista, comunitário e anticapitalista.

BIBLIOGRAFIA

  1. "A Igreja do Povo" – Frei Betto, 1991

  2. "Cristianismo e Sociedade em Transformação" – Carlos Mestres, 1985

  3. "Jesus Histórico e o Reino de Deus" – John Dominic Crossan, 1994

  4. "O Novo Testamento e a Política" – Richard Horsley, 2003

  5. "Teologia do Povo" – Juan Carlos Scannone, 2016





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036   1 JOÃO 4:20-21
"Se alguém diz: 'Eu amo a Deus' e odeia seu irmão, é mentiroso."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

A Primeira Carta de João foi escrita pelo apóstolo João ou por um discípulo de sua escola, no fim do primeiro século, a comunidades cristãs que enfrentavam divisões internas e falsos ensinos. O foco dessa carta é reafirmar que Deus é amor e que não há comunhão com Deus sem amor ao próximo. O versículo 1 João 4:20-21 denuncia a hipocrisia de quem afirma amar a Deus, mas não pratica o amor concreto e fraterno, que inclui não odiar, não desprezar, nem ignorar a miséria alheia. Isso tem implicações éticas profundas e políticas evidentes: o amor que não age para tirar o irmão da pobreza é mentiroso. Nesse sentido, é um versículo com forte viés comunista, pois afirma que o amor verdadeiro exige ação concreta pela igualdade, pela dignidade e contra a opressão.

2. PALAVRA DE DEUS COERENTE COM JESUS

Este versículo é uma continuação direta do ensino de Jesus, que afirmou: “Tudo o que fizerem ao menor dos meus irmãos, foi a mim que fizeram” (Mateus 25:40). Amar a Deus sem amar o próximo não é apenas falso, é contrário à natureza divina revelada em Cristo, que entregou a vida por amor aos pobres, marginalizados e pecadores. Jesus, como Deus encarnado, é a Revelação perfeita do amor divino que se doa, se encarna e transforma realidades sociais. Desde Adão, Deus revela um desejo por comunhão e justiça, e em Jesus isso se manifesta na forma de um amor que rompe desigualdades. Assim, esse versículo é Palavra de Deus porque afirma que o amor não é abstrato, mas compromisso concreto com a libertação do irmão.

3. DETURPAÇÕES EM FAVOR DO CAPITALISMO

Infelizmente, muitos teólogos conservadores transformam esse versículo num mandamento exclusivamente emocional, reduzindo “odiar” a ter raiva ou mágoa individual. Mas João está falando de ações estruturais: não agir para tirar o irmão da miséria, desprezar sua luta, ou ignorar sua dor é também odiá-lo. Ao espiritualizar o amor, muitos líderes cristãos neutralizam seu poder transformador, tornando-o compatível com um sistema que produz e mantém desigualdades: o capitalismo. Assim, deturpam a Escritura para justificar a riqueza dos poucos e a miséria dos muitos, quando o Evangelho clama por justiça, partilha, solidariedade e comunhão — pilares centrais do comunismo cristão.

BIBLIOGRAFIA

  1. "A Mística do Amor em João" – Leonardo Boff, 1982

  2. "O Quinto Evangelho – A Prática de Jesus" – José Comblin, 1999

  3. "A Igreja dos Pobres" – Jon Sobrino, 1991

  4. "O Evangelho Subversivo" – Ched Myers, 2000

  5. "Amor Político: o compromisso cristão com a justiça social" – Nancy Cardoso Pereira, 2015





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037   LEVÍTICO 19:9-10
"Quando fizerdes a colheita da vossa terra, não ceifeis completamente as extremidades do campo [...] Deixá-los-eis para o pobre e para o estrangeiro."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O livro de Levítico é atribuído à tradição sacerdotal e ao tempo de Moisés, representando a codificação de leis que organizavam a vida religiosa e social do povo de Israel após o Êxodo. Levítico 19:9-10 insere-se no chamado Código de Santidade, que expressa como o povo devia viver a santidade de Deus em suas relações cotidianas, incluindo a economia. Neste trecho, Deus ordena que os donos da terra deixem parte da colheita intencionalmente não colhida, para que o pobre e o estrangeiro possam se alimentar. Esse princípio revela uma economia voltada para o bem comum e a partilha, contrariando a acumulação privada. É por isso que esse versículo pode ser considerado comunista: a terra é de Deus, e o fruto dela deve ser repartido com os mais necessitados, inclusive os que não fazem parte da “nossa” etnia ou povo.

2. PALAVRA DE DEUS COERENTE COM JESUS

Este versículo expressa a mesma lógica do ensinamento de Jesus: “Dai a quem te pede” (Mateus 5:42) e “Vende tudo o que tens e dá aos pobres” (Marcos 10:21). Jesus atualiza e aprofunda esse princípio veterotestamentário de solidariedade econômica. Como a perfeita Revelação de Deus desde Adão, Jesus retoma a ética da partilha como caminho para o Reino de Deus, em que não há exclusão nem acumulação. Logo, Levítico 19:9-10 é Palavra de Deus porque está em perfeita consonância com a pedagogia divina que se revela ao longo da história: justiça social, proteção dos marginalizados, redistribuição e amor prático.

3. DETURPAÇÕES PARA DEFENDER O CAPITALISMO

Ao longo da história, muitos teólogos e grupos cristãos desconsideraram o conteúdo econômico e político desse mandamento, reduzindo-o a um gesto de “caridade opcional”. Essa espiritualização ignora que a ordem divina era estrutural, obrigatória e legal — não era uma doação voluntária, mas um sistema social para garantir que ninguém passasse fome. A teologia burguesa e capitalista, interessada em justificar a propriedade privada absoluta e a acumulação, apagou a radicalidade da justiça de Deus. Hoje, alguns dizem que ajudar o pobre é "opcional", ou que "o pobre tem que trabalhar", ignorando que Deus exigia o direito de acesso à produção agrícola até mesmo ao estrangeiro — um verdadeiro princípio de justiça distributiva que desafia as lógicas do capitalismo.

BIBLIOGRAFIA

  1. "Jesus e o Projeto Libertador" – Carlos Mesters, 2005

  2. "A Economia de Deus" – Jacques Ellul, 1984

  3. "O Deus dos Pobres" – Clodovis Boff, 1979

  4. "A Bíblia e a Justiça Social" – Elsa Tamez, 1992

  5. "Pobres e o Reino de Deus" – José Comblin, 1987





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038   LEVÍTICO 25:35-36
"Se teu irmão empobrecer e as suas forças decaírem, sustentá-lo-ás."

1. AUTOR, CONTEXTO E SUA RELAÇÃO COM O COMUNISMO

O livro de Levítico faz parte da Torá (Pentateuco) e é tradicionalmente atribuído a Moisés. Escrito no contexto da formação do povo de Israel como nação livre após a saída do Egito, Levítico 25 é parte do chamado Ano do Jubileu, um conjunto de leis econômicas e sociais voltadas à justiça e à restauração do equilíbrio entre os membros da comunidade. No versículo 35-36, Deus ordena que, se alguém empobrecer e perder suas forças, deve ser sustentado por seu irmão — não por caridade voluntária, mas por um dever sagrado. Isso inclui também a proibição de cobrar juros, o que desmonta qualquer justificativa teológica para o lucro sobre a miséria. Esse trecho é considerado comunista porque apresenta um sistema comunitário de suporte mútuo, onde os bens e o trabalho não são usados para oprimir, mas para garantir a vida digna de todos.

2. PALAVRA DE DEUS EM HARMONIA COM JESUS

Essa ordem divina está em perfeita coerência com a mensagem de Jesus, que era o próprio Deus encarnado e a revelação suprema desde Adão. O mandamento de sustentar o irmão frágil antecipa o espírito das Bem-Aventuranças (Mateus 5), a partilha do pão (Marcos 6:41) e a ética do Reino proclamada por Jesus. Ele se apresentou como aquele que veio libertar os oprimidos e trazer boas novas aos pobres (Lucas 4:18). A coerência entre Levítico 25 e os Evangelhos mostra que Deus sempre se revelou como defensor da justiça econômica, da solidariedade e do cuidado com os fracos. Portanto, esse versículo é sim Palavra de Deus, pois está embasado na lógica do amor ativo, estruturante e social que caracteriza o Reino anunciado por Cristo.

3. DETURPAÇÕES CAPITALISTAS DO TEXTO

Muitos teólogos ao longo da história deturparam esse versículo, transformando-o em mero conselho moral, esvaziando seu caráter legal e obrigatório. Ignoram que o sustento ao empobrecido era parte da organização da vida em Israel — uma norma, não uma opção. Além disso, a proibição da usura foi abolida na prática por teologias alinhadas ao capitalismo financeiro, que passaram a justificar juros e dívidas como "mecanismos naturais" do mercado. Assim, criaram-se igrejas cúmplices da exploração econômica, ao passo que o texto sagrado era silenciado ou reinterpretado como "doutrina espiritual", sem implicações sociais. Essa distorção enfraquece a força profética do texto e nega a radicalidade de um Deus que ordena a partilha, o suporte mútuo e a interrupção da exploração.

BIBLIOGRAFIA

  1. "A Economia Bíblica e a Justiça Social" – Luiz Carlos Susin, 2001

  2. "O Deus que Liberta: A Teologia do Antigo Testamento" – Walter Brueggemann, 2003

  3. "Jesus e os Pobres: Ensaios de Cristologia Latino-Americana" – Jon Sobrino, 1991

  4. "O Ano do Jubileu e a Justiça Social" – Raimundo Barros, 2007

  5. "A Bíblia e o Dinheiro: O que Deus pensa sobre a riqueza" – Jacques Ellul, 1984





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