DOENÇA CORONARIANA


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07.02.2016, 13:09

MONITORAR AS ARTÉRIAS POR MEIO DA IMAGIOLOGIA MÉDICA

Radiologistas norte-americanos desenvolveram uma técnica de ressonância magnética para visualizar a placa de ateroma responsável por doenças coronarianas em um estágio muito precoce.



Por Anne Prigent – Le Figaro

A doença coronariana não aparece da noite para o dia: ela é a consequência de um processo lento que começa décadas antes, com a formação de placas de ateroma na artéria coronária, constituídas de colesterol, cálcio e outras substâncias transportadas pelo sangue. Todo o desafio consiste em agir antes do surgimento da coronariopatia (angina do peito, crise cardíaca), e por isso o rastreio é primordial. Neste contexto, uma equipe americana de radiologistas apresenta, em um estudo publicado on line no site da revista Radiology, uma técnica de imagiologia por ressonância magnética (IRM) permitindo identificar um espessamento da parede da artéria coronária em um estágio muito precoce.
«A imagiologia das artérias coronárias é extremamente difícil porque elas são pequenas e em constante movimento», explica o professor Khaled Z. Abd-Elmoniem, que desenvolveu essa técnica de ressonância magnética permitindo uma melhor resolução das imagens. Sua técnica resultou em uma imagem de boa qualidade em 95% dos casos contra 76% para o método de ressonância magnética convencional, revelando um espessamento da parede das artérias em pacientes com um fator de risco não detectável em pacientes sem fator de risco.
A placa de ateroma é favorecida por diversos fatores de riscos, incluindo a hipertensão arterial, altos níveis de colesterol LDL e de triglicérideos no sangue, o tabagismo ou a obesidade. Ao se acumular ao longo dos anos nas paredes das artérias, ela vai encolhê-las e obstruí-las. O coração recebe então menos sangue e oxigênio. Esta redução do fluxo sanguíneo pode causar uma dor no peito (angina do peito), dificuldades para respirar ou outros sintomas. Uma obturação completa pode causar um ataque cardíaco.
Exames caros, às vezes inúteis
Se a imagiologia médica pode identificar a placa em um estágio muito precoce, ela tem seu lugar na detecção da doença coronariana? Na verdade, não, dizem os especialistas franceses. «O risco de doença cardiovascular em um indivíduo pode ser prevista em 80% com exames simples e baratos, como a dosagem da glicemia em jejum, do colesterol HDL, dos triglicérides, a medição da circunferência abdominal, a pressão arterial e um exame clínico», explica o professor Gabriel Steg, cardiologista no Hospital Bichat-Claude Bernard. Ele adverte contra os check-up cardiológicos abrangendo uma bateria de exames caros, oferecidos aos executivos estressados de 50 anos de idade, que são inúteis e atendem principalmente a uma lógica comercial.
«O importante, não é tanto detectar o ateroma, mas evitar sua progressão, corrigindo os fatores de risco », diz o Prof. Claude Lefeuvre, presidente da Federação francesa de cardiologia. Ele relembra que não fumar, comer 5 frutas e legumes e praticar uma atividade física 30 minutos por dia, pode reduzir o risco de ataque cardíaco em 80%.
A imagiologia parece supérflua no contexto do rastreio da população, mas, no entanto, ela pode ser útil no monitoramento da doença cardiovascular. «Neste contexto, os exames morfológicos como a ressonância magnética e o scanner devem ser levados em consideração. Mas hoje, a questão consiste em determinar uma estratégia para realizar os exames mais úteis tendo em conta o custo», resume Gabriel Steg.



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