17.07.2018, 17:20
SEU NÚMERO NÃO PARA DE CRESCER
Mais da metade das infecções ligadas a tratamentos hospitalares implicam em bactérias altamente resistentes aos antibióticos. Esse aumento é devido ao uso abusivo desses medicamentos, e a regras de higiene nem sempre bem respeitadas nos estabelecimentos de saúde.
Por: Anne-Laure Lebrun – Le Figaro Santé
Todos os anos, na França, cerca de 750 mil pacientes hospitalizados contraem alguma infecção durante sua permanência (ou seja, um doente de cada vinte), e 4 mil deles morrem por causa dessas infecções. Esses números são estáveis desde 2012, mas este não é a situações dos casos mais inquietantes, que aumentam constantemente. Entre 2001 e 2017, os órgãos de saúde pública na França receberam mais de 23 mil sinalizações de ocorrências de infecções hospitalares muito graves, para um conjunto de 100.700 pacientes. Tais sinalizações estão em alta por causa do aumento das infecções causadas por bactérias resistentes a um ou mais antibióticos, segundo um estudo que acaba de ser publicado no Boletim Epidemiológico Hebdomadário (BEH) francês. As infecções que implicam bactérias perigosas representavam apenas 2,5% dos casos em 2001, mas desde 2012 o seu número supera 50% dos casos.
O estafilococo dourado (Staphylococcus aureus) – que se tornou um verdadeiro emblema da resistência bacteriológica nos meios hospitalares -, continua a fazer parte do rol dessas bactérias temíveis. Mas a boa notícia é que ele representa apenbas 2% das ocorrências, contra 10% em 2003. “O fator essencial para essa redução é a hygiene das mãos com a difusão e colocação em prática das soluções hidroalcólicas”, comenta Pierre Parneix, médico higienista do Centro Hospitalar de Bordeaux e presidente da Sociedade Francesa de Higiene Hospitalar. “Também a detecção em casos de cirurgia de portadores assintomáticos ajudou na redução das infecções hospitalares pelo estafilococo dourado”.
Dominar a propagação de bactérias
Da mesma forma, estudos indicam que as infecções pela bactéria Clostridium, responsáveis por fortes diarreias, febre alta e dores abdominais também recuaram progressivamente. Graças a um melhor controle das transmissões inter-humanas, a bactéria responsável por cerca de 21% dos casos em 2007 representa hoje entre 4 e 2% dos casos assinalados.
Por outro lado, infelizmente, certas bactérias passaram a dar ainda mais trabalho aos infectologistas e médicos higienistas. Eles temem sobretudo as enterobactérias produtoras de carbapenemases (EPC) e os enterococcus resistentes aos glicopeptídeos, agora reunidos sob o termo “bacyérias altamente resistentes aos antibióticos”. “Tais bactérias desenvolveram um nível muito elevado de resistência contra quase todos os antibióticos disponíveis”, explica o professor Christian Rabaud, chefe do serviço de doenças infecciosas do hospital central de Nancy.
Para se dominar a propagação delas, a simples lavagem das mãos não é, no entanto, suficiente. Além de precisarmos reforçar a limpeza dos locais, é preciso otimizar a gestão dos excrementos nos estabelecimentos de saúde, hospitais, clínicas e prontos socorros. É preciso também que as equipes de cuidadores (enfermeiros, etc) que se ocupam das pessoas infectadas ou colonizadas ppor essas bactérias se dediquem apenas a elas para evitarmos a transmissão das mesmas a outros doentes. Evidentemente os custos dessas providências são excessivos e elas não podem ser implantadas em todos os estabelecimentos”, conclui o médico.
Por seu lado, o professor Rabaud lembra que as bactérias multirresistentes aos antibióticos devido ao uso abusivo e repetitivo desses medicamentos. É melhor toma-los apenas quando isso for estritamente necessário e indispensável. Em menos de cem anos, descobrimos uma das armas mais importantes da medicina, e conseguimos comprometê-la, lamento esse infectologista. “Temos de mudar o comportamento dos médicos que as prescrevem, ainda mais que o dos pacientes que as consomem”. Rabaud reconhece, no entanto, “que é muito difícil para a medicina dar passar para trás”. De fato, o consumo de antibióticos nos meios urbanos aumentou em média 9% nos dez últimos anos, enquanto que o objetivo era reduzi-lo de 25%. Por sorte, as coisas estão melhores no campo da medicina veterinária, que conseguiu diminuir em cerca de 35% a exposição do gado e das aves a esses produtos.
INFECÇÃO HOSPITALAR: MELHOR MEDIDA É A PREVENÇÃO
Por: Aline Oliveira Silva - Graduada em Biologia, Especialização/MBA em Análises Clínicas
Fonte: https://www.infoescola.com/
Uma infecção hospitalar é definida como toda infecção adquirida durante a internação hospitalar, desde que sem indícios de estar presente no momento da admissão no hospital ou também relacionada a algum procedimento hospitalar como cirurgias.
Estima-se que 5 a 15% de todos os pacientes hospitalizados adquirem algum tipo de infecção hospitalar. Essas infecções são resultado de uma interação de fatores, que incluem os microrganismos no ambiente hospitalar, o estado de comprometimento do paciente e a cadeia de transmissão do hospital. Em geral, a presença isolada desses fatores não resulta na infecção, apenas quando estão interagidos. Entre os fatores de risco para aquisição de uma infecção hospitalar está, obviamente, a necessidade de um indivíduo ser submetido a uma internação ou a um procedimento de saúde.
Entre os fatores associados ao comprometimento do paciente que influenciam na susceptibilidade a infecções estão incluídos a idade, principalmente recém-nascidos e idosos que possuem uma imunidade fragilizada e os pacientes imunocomprometidos, como portadores da AIDs e transplantados; o tempo de internação, que deve ser o mínimo possível, mas contemplando todo o tratamento necessário; doenças crônicas como diabetes mellitus, que interfere no processo de cicatrização da pele; doenças vasculares; entre outros.
O hospital é um importante reservatório de microrganismos levando em consideração a quantidade de pessoas adoecidas no local e embora existam medidas e esforços para manter ou impedir o crescimento de microrganismos, até os microrganismos da microbiota normal do corpo que permanecem de forma benéfica são oportunistas e apresentam riscos para os pacientes internados.
A grande maioria dos microrganismos que causam as infecções hospitalares não causam doenças em pessoas saudáveis, cujo sistema imunológico não esteja enfraquecido devido à doença ou a terapia.
Prevenção
A principal forma de prevenção das infecções hospitalares é uma medida simples de higienização das mãos e do próprio local. Em relação às mãos, água, sabão e o álcool 70% são recomendados para todos que entrarem em contato com o internado, isso é, todos os profissionais da saúde envolvidos no tratamento e também os familiares visitantes.
Para minimizar os riscos de uma infecção, além da higienização, outra medida importante que deve ser tomada durante o período de internação do paciente, é a nutrição adequada, para evitar qualquer tipo de imunossupressão.
Como foi dito anteriormente, o estado de comprometimento do paciente envolve, entre outros fatores, o tempo de permanência no ambiente hospitalar, que deve ser reduzido ao máximo possível, com programas terapêuticos otimizados considerados pela gestão hospitalar e equipe médica, e a manutenção criteriosa da utilização de procedimentos invasivos como cirurgias, sondas, drenos, cateteres.
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