ACNE


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25.09.2018, 10:51

TERROR DOS ADOLESCENTES

Na adolescência, é quase impossível evitar a aparição da acne. Sob o efeito de importantes descargas de hormônios, o funcionamento da pele muda, os poros inflamam, as espinhas se formam.


Por: Cécile Thibert - Le Figaro Santé

A acne é o drama de 8 adolescentes em cada dez. Ao deixar a infância e entrar na adolescência, o rosto liso torna-se território livre para a erupção de espinhas, e isso muitas vezes torna-se uma fonte de profundo mal-estar para muitos jovens. Embora constituam a maioria, os jovens não são os únicos a serem atingidos, já que cerca de 20% das mulheres entre 25 e 40 anos sofrem do problema. Os homens não são poupados, mas são as costas deles, e não a parte baixa do rosto, a região que costuma ser mais atingida. A acne, em praticamente todo o mundo, é o primeiro motivo de consulta aos dermatologistas.
Qual é a origem da acne?
Existem muitos tipos de acne, mas os mais frequentes são a acne retencional e a acne inflamatória. A primeira é reconhecida pelo aspecto gorduroso que dá à pele, a dilatação dos poros e a aparição de pontos avermelhados escuros (as espinhas) e brancos (microcistos). Mas a acne retencional pode evoluir para uma acne inflamatória. Os pontos avermelhados se transformam então em grandes espinhas inchadas e vermelhas, muitas vezes dolorosas.
Na ampliação, um folículo sebáceo. A produção excessiva de sébum entope o canal e saída, provocando o inchaço e as inflamações que chamamos espinhas.
Na ampliação, um folículo sebáceo. A produção excessiva de sébum entope o canal e saída, provocando o inchaço e as inflamações que chamamos espinhas.
Na sua origem, a acne é fruto de uma disfunção dos folículos pilo-sebáceos. Essas pequenas estruturas que pontilham toda a superfície da pele associam um pelo a uma glândula que produz sébum, uma substância graxa fabricada pelo organismo a partir do início da adolescência, sob a ação da testosterona. “Essa película oleosa permite proteger a pele e lhe dar uma certa maciez”, explica o dermatologista francês Marc Perrussel, da cidade de Rennes. Sob o efeito dos hormônios masculinos, certas pessoas começam a secretar sébum em excesso ou de má qualidade. Resultado? O canal pelo qual esse líquido deve escorrer, entope!
Isso no entanto não impede que a glândula continue a secretar sébum, o que dá lugar à formação de uma espinha aberta, ou de um ponto branco.  A primeira deve sua cor à oxidação das células contidas no sébum. Quanto ao ponto branco, ele é perfeitamente idêntico à espinha, salvo que é recoberto por uma fina camada de células da pele. A acumulação de sébum, que continua sendo secretado pela glândula, acarreta então um inchaço da pele centrado por uma zona esbranquiçada. Tanto num caso como no outro, espremer uma espinha é totalmente desaconselhado. “Cada vez que esprememos uma espinha, criamos uma chaga que pode infeccionar, e isso pode conduzir a reações localizadas de cicatrização que deixam marcas”, explica o dermatologista.
Espremer as espinhas pode provocar cicatrizes que durarão toda a vida 
Espremer as espinhas pode provocar cicatrizes que durarão toda a vida 
Melhor não espremer as espinhas
Entra em cena, então, a propionibacterium acnes, uma bactéria naturalmente presente na pele. Aninhada nas glândulas sebáceas, essa bactéria irá se aproveitar do excesso de sébum, que é para ela um verdadeiro coquetel nutritivo, para se multiplicar. A fase inflamatória se põe em movimento a partir do ponto em que haja um n’mero suficiente de  micróbios para desencadear uma reação imunológica. “Essa bactéria libera uma toxina que, a partir de uma certa concentração, induz uma reação inflamatória”, explica o doutor Perrussel. Concretamente, isso se manifesta pelo aparecimento de uma espinha (pápula) em relevo, às vezes dolorosa. Mas atenção: uma espinha pode surgir espontaneamente, sem sequer a presença prévia de um ponto escuro ou branco.
No caso de a infecção continue aumentando, a pápula evolui para o estado de pústula. As pústulas são essas conhecidas espinhas inchadas que possuem, em seu centro, uma certa quantidade de líquido purulento. “Esse pus é composto de sébum, de células da pele e de bactérias que não são infecciosas pois estão habitualmente presentes no sébum”, explica o dermatologista. Esse líquido pode simplesmente ser espremido e extraído – algumas vezes respingando no espelho sobre a pia do banheiro – ou então escorrer para as camadas mais profundas da pele, criando então um pequeno inchaço avermelhado. São essas espinhas profundamente inseridas na pele, esses nódulos, que, com o tempo, causam cicatrizes. Muito tenazes e resistentes, alguns deles necessitam de uma pequena intervenção cirúrgica para serem removidos.
Todas essas diferentes manifestações da acne podem aparecer no rosto, nas costas, no tórax e nos ombros.  E podem coexistir em um mesmo paciente. Mas, felizmente, a acne não dura toda a vida: no adolescente ela dura em média 3 a 4 anos, e desaparece de maneira geralmente espontânea entre os 18 e 20 anos.
A acne surge geralmente na adolescência e não depende da cor da pele da pessoa. Todas as etnias podem ser atingidas.
A acne surge geralmente na adolescência e não depende da cor da pele da pessoa. Todas as etnias podem ser atingidas.
Qual o tratamento mais adequado para a acne?
A acne não necessita, obrigatoriamente, de uma medicação. Um tratamento local (tópico) pode ser prescrito no caso de acnes moderadas. A preferência deverá recair sobre os tratamentos que requerem apenas uma aplicação diária. Para as formas retencionais será usado um retinoide, e para as formas inflamatórias peróxido de benzoila associado ou não a um antibiótico local. Para a terapia de manutenção a única medicação de eficácia comprovada é o adapaleno.
De modo paralelo, cuidados de higiene são altamente aconselháveis não importa qual seja a gravidade da acne: lavagem duas vezes ao dia com algum produto de limpeza sem detergente, aplicação quotidiana de um creme hidratante adaptado para pele com acne.
No caso de peles gordurosas, podem ser usados cremes ou bases colorantes, desde que não sejam gordurosos. Por fim, é fortemente recomendado o uso de um filtro solar específico para peles com acne. Os cosméticos – com exceção de certos ácidos extraídos de frutas -, não tratam as lesões da acne. Essas maquilagens servem apenas para esconder as lesões. Por isso a escolha dos produtos deve ser feita com cuidado e melhor ainda se a pessoa puder contar com a ajuda de um especialista.


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