investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
(1) ABDIAS — BIOGRAFIA, TEXTO, ATRIBUIÇÃO E RELIGIÃO
Abdias (no hebraico, ʿObadyā́h / Obadiah) é tradicionalmente identificado como o autor do pequeno Livro de Abdias — o menor dos livros proféticos do Antigo Testamento. O livro que leva seu nome (um único capítulo, na tradição bíblica) tem sido atribuído a “Obadias” desde muito cedo na tradição judaico-cristã e está incluído tanto no cânon hebraico (como parte dos Doze Profetas Menores) quanto na Bíblia Cristã (Antigo Testamento). A data tradicional mais aceita por muitos comentaristas situa o oráculo de Abdias logo após a queda de Jerusalém (c. 587 a.C.), embora haja debates acadêmicos que colocam partes do texto ou sua finalização em momentos posteriores; de todo modo, o livro desempenha papel canônico no Judaísmo e é lido e comentado na tradição cristã. WikipediaYale University Press
...
(2) RESUMO DO CONTEÚDO E OBJETIVO PRINCIPAL DO TEXTO
O Livro de Abdias é um oráculo curto e vigoroso: denuncia o orgulho e a violência de Edom (parentes/descendentes de Esaú) contra Israel, anuncia o juízo divino sobre Edom por sua conduta opressora (v. 1–14), amplia o julgamento como manifesto do “dia do Senhor” contra nações e, por fim, anuncia a restauração de Israel e a soberania de Yahweh sobre as nações (v. 15–21). O objetivo teológico central é afirmar que Deus é justo e que a opressão e a traição contra o seu povo não ficarão impunes; simultaneamente, o oráculo contém esperança escatológica para a restauração do povo escolhido e a consumação do domínio de Deus. Essas temáticas — juízo contra opressores, defesa da justiça e restauração final — são o núcleo prático e teológico do livro. (Ver especialmente Obadias 1:1; 1:10–15; 1:18–21). WikipediaGoogle Livros
...
(3) CONVERGÊNCIAS COM A VIDA E ENSINO DE JESUS
Há convergências importantes entre as preocupações de Abdias e o ensino de Jesus: ambos denunciam a injustiça e a exploração dos mais fracos, apontam para a responsabilidade moral diante de Deus e partilham uma escatologia em que Deus corrigirá as iniquidades e estabelecerá a sua justiça. Além disso, a ênfase em que “o Senhor reinará” e que haverá restauração para o povo de Deus encontra eco no ministério de Jesus, que proclama o Reino de Deus (cf. temas de restauração, juízo moral e futuro vindouro). No plano ético, tanto a mensagem profética (como em Abdias) quanto o ensino de Jesus valorizam a defesa dos oprimidos e a denúncia do orgulho que precede a queda (temas proféticos clássicos). Google Livros
...
(4) DIVERGÊNCIAS COM A VIDA E ENSINO DE JESUS
Apesar das convergências, há diferenças de ênfase e de horizonte: Abdias é um oráculo nacional e conjuntural (centrado no conflito Israel–Edom e na vindicação de justiça histórica), enquanto Jesus amplia o horizonte para uma renovação moral e espiritual universal, centrada em ética pessoal, perdão e transformações do coração. Jesus, além disso, relativiza (ou cumpre) certos ritos e interpretações legais ao falar do cumprimento da Lei (por exemplo, Mateus 5:17) e enfatiza misericórdia e reconciliação; já o oráculo de Abdias é mais direto no tom de juízo nacional e menos preocupado com formulações éticas de misericórdia no estilo do Sermão do Monte. Em suma: Abdias fala num registro profético judaico-antigo de juízo e restauração nacional; Jesus, embora não negue o juízo, prioriza redenção pessoal, inclusão e o cumprimento da revelação em amor e serviço. Bible Gateway
...
(5) COMO JESUS CONCERTA DIVERGÊNCIAS SEM CONDENAR O JUDAÍSMO — E A APLICAÇÃO A ABDIAS
O padrão do ministério de Jesus foi corrigir práticas e interpretações (onde necessário) mantendo relação com a tradição: ele “cumpriu” a Lei e os Profetas (Mateus 5:17) — reformulando interpretações, mostrando o alcance ético e espiritual mais profundo — sem renegar o judaísmo como revelação de Deus. Do mesmo modo, a história do cristianismo processou tensões e reformas internas sem mera aniquilação do passado; assim podemos tratar Abdias e sua tradição profética com respeito: reconhecer a necessidade de revisar leituras literais ou vingativas quando incompatíveis com o mandamento do amor, ao mesmo tempo em que valorizamos a fidelidade profética à justiça. Ou seja: Jesus corrige e eleva o entendimento das Escrituras (cumprimento, não anulação), e essa mesma postura permite ler Abdias como inspirador de justiça e esperança, ao invés de descartá-lo. Bible Gateway
...
(6) CONVENCIMENTO DO ESPÍRITO, IRMANDADE E RECONHECIMENTO ECUMÊNICO
Ao reconhecer que Abdias e sua comunidade foram alcançados pelo “convencimento do Espírito Santo” (modo de falar teológico), podemos afirmar: 1) muitos profetas expressaram experiências espirituais e preocupações morais profundamente compatíveis com Cristo (justiça, denúncia do mal, esperança de restauração); 2) mesmo em tradições religiosas diferentes, há convergência espiritual sobre o que Deus chama de justo; 3) portanto, o autor de Abdias — embora de religião e época distintas da cristandade posterior — pode ser considerado um “irmão na fé” no sentido espiritual: suas palavras, inspiradas pela tradição profética do povo de Deus, apontam para os mesmos valores fundamentais que Cristo encarnou (justiça, zelo por Deus, confiança na restauração divina). Esse reconhecimento não apaga diferenças doutrinárias, mas favorece diálogo e fraternidade. (Na leitura cristã, os profetas são vistos como anunciadores da vontade de Deus que se realiza em Cristo; ver Hebreus e as leituras messiânicas do AT). Wikipedia
...
(7) BIBLIOGRAFIA (10 obras selecionadas — autor, título e ano)
Aqui indico obras de referência úteis para estudo histórico, exegético e teológico do Livro de Abdias (incluindo comentários acadêmicos e obras clássicas):
-
Paul R. Raabe — Obadiah (Anchor Yale Bible Commentaries). Yale University Press, 1996. Yale University Press
-
Leslie C. Allen — The Books of Joel, Obadiah, Jonah, and Micah (New International Commentary on the Old Testament — NICOT). Eerdmans, 1976. Logos
-
Jeffrey J. Niehaus — “Obadiah,” em The Minor Prophets (ed. Thomas E. McComiskey). Baker Academic, 1992. Google Livros
-
Daniel I. Block — Obadiah (Zondervan Exegetical Commentary on the Old Testament). Zondervan, 2017. Logos
-
Daniel Timmer — Obadiah, Jonah, Micah (Tyndale Commentary). InterVarsity Press / IVP, 2016. InterVarsity Press
-
David W. Baker — Joel, Obadiah, Malachi (NIV Application Commentary). Zondervan/HarperCollins, 2006 (versão atualizada). Ligonier Ministries
-
Edward Marbury — A Commentary or Exposition upon the Prophecy of Obadiah. (Comentário histórico/puritano), 1865 (reimpressões posteriores). Reformed Books Online
-
Matthew Henry — Commentary on the Whole Bible (seção sobre Obadias). Publicação original: 1706 (volumes compilados). Bible Study Tools
-
Keil & Delitzsch — Biblical Commentary on the Old Testament (seção: Obadiah). Século XIX (coleção clássica; ed. inglesa: c. 1864–1870s). StudyLight.org
-
Thomas Edward McComiskey (ed.) — The Minor Prophets: An Exegetical and Expository Commentary (contendo o estudo de Niehaus sobre Obadiah). Baker Academic, 1992/1993. Google Livros
Referências bíblicas e notas rápidas: consulte o próprio Livro de Abdias (Obadias 1:1; 1:10–15; 1:18–21) para o texto canônico; sobre o modo como Jesus trata a Lei e os Profetas, ver Mateus 5:17. Sobre a fala de Jesus ao ladrão na cruz: Lucas 23:43 (“hoje estarás comigo no Paraíso”). Sobre a atitude de Paulo (que valoriza viver em Cristo e ver a morte como encontro com Cristo), ver Filipenses 1:21–23. WikipediaBible Gateway+2Bible Gateway+2
(1) ABRAÃO — BIOGRAFIA, TEXTO, ATRIBUIÇÃO E RELIGIÃO
Abraão, originalmente chamado Abrão, é uma das figuras centrais do Antigo Testamento e das três religiões abraâmicas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Segundo Gênesis (capítulos 12–25), Abraão viveu entre Ur dos Caldeus, Harã e a terra de Canaã, sendo chamado por Deus para deixar sua terra e família, a fim de receber a promessa de uma descendência numerosa e de se tornar bênção para todas as nações (Gn 12:1-3). Os textos a ele atribuídos não são escritos de sua própria mão, mas narrativas e tradições preservadas na Torá (Pentateuco), tradicionalmente atribuída a Moisés. No Islã, ele é conhecido como Ibrāhīm e é celebrado no Alcorão como profeta e amigo de Deus (Qur’an 2:124–141; 6:74–83). Assim, Abraão não é apenas um personagem literário, mas também um patriarca reconhecido desde o segundo milênio a.C. em tradições orais, fixadas em escritos judaicos (Tanakh), cristãos (Antigo Testamento) e islâmicos (Alcorão).
...
(2) RESUMO DO CONTEÚDO ATRIBUÍDO A ABRAÃO E SEU OBJETIVO
Os relatos sobre Abraão apresentam-no como um homem de fé, chamado a confiar em Deus diante de promessas aparentemente impossíveis: ter descendência na velhice, herdar a terra e tornar-se pai de muitas nações (Gn 15:1-6; 17:1-8). A narrativa também destaca sua obediência no episódio do sacrifício de Isaque (Gn 22:1-19), visto tanto como prova de fé quanto como paradigma da confiança total em Deus. O objetivo desses textos é demonstrar que a fé e a obediência são fundamentais para a relação com Deus. No Novo Testamento, Paulo interpreta Abraão como exemplo de justificação pela fé (Rm 4:1-25; Gl 3:6-9). Nesse contexto, a fala de Jesus ao ladrão (“Hoje estarás comigo no paraíso”, Lc 23:43) e sua promessa de retorno futuro mostram a mesma tensão entre o cumprimento imediato e a esperança futura, assim como Abraão viveu entre promessas já recebidas e promessas por cumprir.
...
(3) CONVERGÊNCIAS COM A VIDA E ENSINO DE JESUS
As crenças atribuídas a Abraão convergem com a vida e o ensino de Jesus em vários aspectos. Ambos enfatizam a fé como fundamento do relacionamento com Deus: Abraão creu, e isso lhe foi imputado por justiça (Gn 15:6; Rm 4:3), e Jesus também destacou a fé como chave para a salvação (Mc 5:34; Jo 3:16). Além disso, Abraão é visto como modelo de hospitalidade (Gn 18:1-8), algo que se aproxima do ensino de Jesus sobre acolher o próximo (Mt 25:35). Outro ponto de convergência é a universalidade da promessa: em Abraão seriam benditas todas as nações (Gn 12:3), o que Jesus realiza em sua missão universal (Mt 28:19-20).
...
(4) DIVERGÊNCIAS COM A VIDA E ENSINO DE JESUS
Entretanto, algumas diferenças aparecem. Os textos de Abraão refletem um contexto cultural em que práticas como a poligamia (Gn 16) e a posse de escravos (Gn 14:14) eram comuns, contrastando com o ensino de Jesus sobre a dignidade e igualdade das pessoas (Mt 19:4-6; Gl 3:28). Também, a prova do sacrifício de Isaque é lida em seu contexto como expressão de obediência radical, mas em contraste, Jesus mostra Deus como aquele que dá o Filho em sacrifício em lugar da humanidade, rejeitando práticas humanas de sacrifício infantil (Hb 10:10). Assim, embora Abraão seja modelo de fé, há aspectos de sua vida e de sua época que Jesus transcende e corrige.
...
(5) JESUS CORRIGE DIVERGÊNCIAS, MAS NÃO CONDENA O JUDAÍSMO — APLICAÇÃO A ABRAÃO
Jesus afirmou: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” (Mt 5:17). Ele trouxe o pleno sentido das Escrituras, corrigindo leituras equivocadas e práticas divergentes, mas sem condenar o judaísmo como religião revelada. O mesmo ocorre quando aplicamos essa perspectiva a Abraão: Jesus confirma sua importância como “pai da fé” (Jo 8:56; Lc 13:28), mas ao mesmo tempo supera aspectos de sua cultura e prática, mostrando que a promessa não era apenas de uma descendência carnal, mas espiritual, abrangendo todos os que crêem (Rm 9:6-8). O cristianismo, assim como o judaísmo, ao longo de sua história, precisou de correções, mas permanece como espaço de revelação.
...
(6) O CONVENCIMENTO DO ESPÍRITO E A IRMANDADE EM FÉ
A tradição cristã reconhece que a fé de Abraão já era fruto da ação divina em sua vida: “pela fé, Abraão obedeceu” (Hb 11:8). Isso mostra a presença antecipada do “convencimento do Espírito Santo” em sua trajetória. Ele respondeu com espiritualidade e obediência, e sua vida aponta para Jesus Cristo, de modo que, mesmo pertencendo a uma religião anterior ao cristianismo, é considerado “pai de todos os que creem” (Rm 4:11-12). Portanto, Abraão é nosso irmão na fé, pois nele já ressoava o mesmo Espírito que em Cristo se manifestou plenamente.
...
(7) BIBLIOGRAFIA
-
Gerhard von Rad — Genesis: A Commentary. Westminster Press, 1972.
-
Walter Brueggemann — An Introduction to the Old Testament: The Canon and Christian Imagination. Westminster John Knox, 2003.
-
Jon D. Levenson — Inheriting Abraham: The Legacy of the Patriarch in Judaism, Christianity, and Islam. Princeton University Press, 2012.
-
James Kugel — The Bible As It Was. Harvard University Press, 1997.
-
John Goldingay — Old Testament Theology: Israel’s Gospel. InterVarsity Press, 2003.
-
Richard Bauckham — The Bible and the Future. Eerdmans, 1999.
-
Thomas Römer — The Invention of God. Harvard University Press, 2015.
-
Gordon Wenham — Word Biblical Commentary: Genesis 1–15; Genesis 16–50. Word Books, 1987/1994.
-
Bruce Waltke — Genesis: A Commentary. Zondervan, 2001.
-
Kenneth A. Mathews — Genesis 11:27–50:26 (The New American Commentary). Broadman & Holman, 2005.
(1) BREVE BIOGRAFIA DE ABU HAMID AL-GHAZALI
Abu Hamid Muhammad ibn Muhammad al-Ghazali (1058–1111), conhecido como Al-Ghazali, nasceu em Tus, na Pérsia (atual Irã). Foi um dos maiores teólogos, juristas e místicos do Islã, apelidado de Hujjat al-Islam (“a prova do Islã”). Estudou em Nísabur e lecionou em Bagdá, sendo mestre da escola teológica Ash‘ari. Seus textos foram atribuídos a ele desde o século XI, sobretudo o Ihya’ Ulum al-Din (“A Revivificação das Ciências da Religião”), que se tornou uma obra monumental da espiritualidade islâmica, usada até hoje no sufismo. Ele atende à religião islâmica, sendo referência para o sunismo e respeitado também pelos xiitas. Embora não tenha escrito textos incorporados diretamente ao Alcorão — que é a escritura central do Islã —, sua obra é considerada sagrada em sentido secundário, pois influencia a prática espiritual muçulmana.
...
(2) RESUMO DO CONTEÚDO E OBJETIVO PRINCIPAL
No Ihya’ Ulum al-Din, Al-Ghazali trata da integração entre a lei (Sharia) e a espiritualidade (Tassawuf). Ele organiza a vida religiosa em quatro partes: atos de adoração, práticas sociais, vícios a evitar e virtudes a cultivar. Seu objetivo principal foi reconciliar a ortodoxia islâmica com o misticismo sufista, defendendo que a religião não é apenas ritual externo, mas transformação interior do coração. Essa perspectiva ecoa o ensino de Jesus sobre a essência da lei divina, quando Ele enfatiza o amor e a pureza do coração (Mateus 5–7). Assim como Paulo escreve aos Filipenses (Fp 1:21; 3:8–9), Al-Ghazali também convida seus leitores a viverem mais do que ritos, mas uma vida centrada no encontro com Deus.
...
(3) CONVERGÊNCIAS COM JESUS
As convergências são notáveis. Tanto Al-Ghazali quanto Jesus enfatizaram a purificação interior como superior à observância meramente externa. Jesus ensina: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5:8), e Al-Ghazali dedica capítulos inteiros à sinceridade (ikhlas) e à vigilância do coração. Ambos também destacam a importância da humildade, da renúncia ao ego e da vida de oração. O amor de Deus como centro da espiritualidade é um ponto comum entre eles. Assim, pode-se dizer que o pensamento de Al-Ghazali, ainda que inserido no Islã, ressoa com a mensagem do Reino de Deus pregado por Cristo.
...
(4) DIVERGÊNCIAS COM JESUS
As divergências se dão principalmente em torno da compreensão da pessoa de Jesus. Para Al-Ghazali e para o Islã, Jesus (Isa) é um profeta e não o Filho de Deus encarnado. Ele nega a Trindade e a crucificação, pontos centrais do cristianismo (João 1:14; Colossenses 2:9). Além disso, enquanto Al-Ghazali mantém a lei islâmica (Sharia) como expressão indispensável da fé, Jesus cumpre e transcende a lei mosaica (Mateus 5:17–18; Gálatas 3:24–25). Assim, a experiência de salvação pessoal pela graça e fé em Cristo (Efésios 2:8–9) difere da ênfase islâmica na obediência como caminho de aproximação a Deus.
...
(5) JESUS E AS CORREÇÕES AOS PROFETAS
Jesus corrigiu várias interpretações de Moisés e dos profetas, mas nunca condenou o judaísmo em sua essência. Ele revelou que “o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2:27), mostrando a prioridade da vida sobre o ritual. Da mesma forma, ao longo da história, o cristianismo precisou ser corrigido em suas doutrinas e práticas. Com Al-Ghazali, ocorre o mesmo: Jesus não rejeita sua religião ou sua busca espiritual, mas ilumina-a com a plenitude de sua revelação. O Espírito de Cristo transcende religiões, mostrando que a verdade divina não se limita a sistemas, mas ao amor e à graça que libertam.
...
(6) A ESPIRITUALIDADE DE AL-GHAZALI COMO NOSSO IRMÃO
Al-Ghazali, sua religião e todos nós fomos alcançados pelo convencimento do Espírito Santo (João 16:8). Sua obra revela uma profunda espiritualidade, marcada pela busca sincera de Deus e pela centralidade da fé vivida. Sua ênfase na transformação interior, na renúncia ao ego e na vida de virtude encontra eco nos ensinamentos de Jesus Cristo. Por isso, mesmo em uma religião diferente, podemos reconhecê-lo como nosso irmão na fé em Deus, lembrando que todo coração que busca a verdade encontra em Cristo o Caminho (João 14:6).
...
(7) BIBLIOGRAFIA
-
Al-Ghazali – Ihya’ Ulum al-Din, 11th century (edições modernas, 2015, Dar al-Kotob al-Ilmiyah).
-
Frank Griffel – Al-Ghazali’s Philosophical Theology, 2009.
-
W. Montgomery Watt – The Faith and Practice of al-Ghazali, 1953.
-
Eric Ormsby – Ghazali: The Revival of Islam, 2008.
-
Oliver Leaman – An Introduction to Classical Islamic Philosophy, 2001.
-
Richard M. Frank – Al-Ghazali and the Ash‘arite School, 1994.
-
Michael Marmura – Deliverance from Error: An Annotated Translation of al-Munqidh min al-Dalal, 1997.
-
Timothy J. Gianotti – Al-Ghazali’s Intellectual Journey, 2017.
-
Seyyed Hossein Nasr – Islamic Philosophy from Its Origin to the Present, 2006.
-
Bíblia Sagrada – Evangelhos e Cartas Paulinas, edições diversas.
(1) BREVE BIOGRAFIA DE ADÃO
Adão é reconhecido, nas tradições judaica, cristã e islâmica, como o primeiro ser humano criado por Deus. Sua história é narrada principalmente no livro de Gênesis, capítulos 1 a 5, texto que tem sido atribuído a ele desde tempos antigos, ainda que, de modo técnico, sua biografia tenha sido registrada por Moisés, segundo a tradição judaico-cristã (cf. Gênesis 2:7; 1 Crônicas 1:1; Lucas 3:38). Ele está incluído na Torá (Pentateuco), que constitui parte fundamental da Bíblia Sagrada, e no Alcorão (suras 2, 7, 20 e 38). Atende às três religiões abraâmicas: Judaísmo, Cristianismo e Islã, sendo visto como o ancestral comum da humanidade e, teologicamente, como o início da história do pecado e da promessa de redenção (Romanos 5:12).
...
(2) RESUMO DO CONTEÚDO E OBJETIVO PRINCIPAL
O conteúdo atribuído a Adão é sua experiência de criação, queda e relação direta com Deus no Éden. Seu “texto de vida” inclui o mandamento de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2:16–17), a transgressão dessa ordem e a consequente perda da inocência (Gênesis 3). O objetivo principal desse relato é mostrar a origem da humanidade, sua dignidade como imagem de Deus e, ao mesmo tempo, sua fragilidade diante da desobediência. Isso se relaciona ao ensino de Jesus: enquanto Adão representa a queda, Cristo é o “segundo Adão” que traz a redenção (1 Coríntios 15:45). Jesus, ao dizer ao ladrão: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:43), e Paulo aos Filipenses (Fp 1:23), confirma que a promessa de vida eterna supera a condenação herdada de Adão.
...
(3) CONVERGÊNCIAS COM JESUS
As convergências entre Adão e Jesus aparecem de forma tipológica. Ambos são figuras inaugurais: Adão como o primeiro homem, e Cristo como o primeiro da nova humanidade espiritual. Adão recebeu o sopro de vida (Gênesis 2:7), e Jesus é aquele que sopra o Espírito Santo sobre os discípulos (João 20:22). Adão foi colocado como mordomo da criação (Gênesis 1:28), e Jesus ensina sobre a responsabilidade e fidelidade do ser humano no cuidado do mundo e dos irmãos (Mateus 25:14–30). Assim, o relato de Adão aponta, de forma convergente, para a vida e missão de Cristo como restaurador daquilo que foi perdido.
...
(4) DIVERGÊNCIAS COM JESUS
As divergências estão ligadas principalmente à desobediência. Adão, ao ceder à tentação, inaugurou a condição de queda, trazendo morte espiritual e física para toda a humanidade (Romanos 5:14). Jesus, por sua vez, viveu em perfeita obediência à vontade do Pai (João 8:29; Filipenses 2:8). Enquanto Adão escondeu-se de Deus (Gênesis 3:8–10), Jesus buscou a comunhão plena com o Pai, até a cruz (Lucas 22:42). Portanto, se Adão representa o fracasso humano, Jesus representa a vitória sobre o pecado e a morte (Romanos 5:18–19).
...
(5) JESUS E AS CORREÇÕES AOS PROFETAS
Jesus corrigiu distorções e incompreensões que surgiram após Moisés e os profetas, mas nunca condenou o judaísmo em sua essência (Mateus 5:17). Da mesma forma, Ele não rejeita a história de Adão, mas a assume em sua missão redentora, revelando-se como o cumprimento da promessa divina de um descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15). Assim como o cristianismo passou por desvios que necessitaram de reforma e retorno ao Evangelho, também a história de Adão e sua religião — a primeira relação humana direta com Deus — é iluminada pela presença de Cristo.
...
(6) ADÃO, SUA RELIGIÃO E O CONVENCIMENTO DO ESPÍRITO
Adão, sua experiência e todos nós fomos alcançados pelo convencimento do Espírito Santo (João 16:8). Apesar de sua queda, Adão recebeu a promessa da redenção (Gênesis 3:15) e continuou a viver uma espiritualidade marcada pelo diálogo com Deus. Suas experiências e crenças, mesmo em meio à desobediência, trazem coerência com os ensinos de Jesus sobre a necessidade de reconciliação com o Pai. Assim, Adão pode ser considerado nosso irmão na fé inicial, pois também ansiava pela restauração que se cumpre plenamente em Cristo.
...
(7) BIBLIOGRAFIA
-
Bíblia Sagrada – Gênesis 1–5; Romanos 5; 1 Coríntios 15.
-
Agostinho de Hipona – A Cidade de Deus, 426 d.C.
-
João Calvino – Institutas da Religião Cristã, 1536.
-
Karl Barth – Church Dogmatics III/1: The Doctrine of Creation, 1936.
-
Paul Tillich – Systematic Theology, Vol. 2, 1957.
-
Claus Westermann – Genesis 1–11: A Commentary, 1984.
-
Henri Blocher – In the Beginning: The Opening Chapters of Genesis, 1984.
-
James Barr – The Garden of Eden and the Hope of Immortality, 1992.
-
John H. Walton – The Lost World of Adam and Eve, 2015.
-
N.T. Wright – Paul and the Faithfulness of God, 2013.