ESCRITORES SAGRADOS E JESUS CRISTO

  





  Home




PESQUISA BIBLIOGRÁFICA CIENTÍFICA (com IAC)
investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
uma das atuações do seu Pastorado4
ATENÇÃO
o conteúdo constante nesta página é resultado da busca  de respostas em investigações bibliográficas e científicas, sem nenhum interesse em ofender ou escandalizar quem quer que seja, e, também, um convite à reflexão aos nossos leitores.





ESCRITORES SAGRADOS E JESUS CRISTO
escritores canônicos nas religiões e suas coerências ou não com Jesus




o conteúdo original que inclui este estudo está 




 

Atualmente, em Setembro 2025, estamos pesquisando e escrevendo este livro


<<< >>>

ÍNDICE

xxxx
008   009   010   

001   ABDIAS

002   ABRAÃO

003   ABU HAMID AL-GHAZALI

004   ADÃO

005   AGOSTINHO DE HIPONA

006   AIAS (tradição grega)

007   AKENÁTON

Akiva ben Yosef
Allan Kardec
Amós
André (apóstolo)
Aníbal de Cartago (em textos místicos tardios)
Anselmo de Cantuária
Antístenes (discípulo de Sócrates, influência religiosa-filosófica)
Apeles (teólogo gnóstico)
Apiano de Alexandria (escritos religiosos helenísticos)
Apolônio de Tiana
Apuleio
Arão
Aristides de Atenas (apologista cristão)
Aristóteles
Arjuna (Bhagavad Gita)
Arquelau (filósofo religioso)
Arquíloco (poeta com elementos míticos)
Asclépio (tradição hermética)
Ashoka (inscrições budistas)
Atanásio de Alexandria
Atenágoras de Atenas
Aurélio Agostinho (Santo Agostinho, já citado, mas reforçado como referência)
Báb (fundador do babismo)
Bahá'u'lláh
Baltazar (tradicionalmente ligado aos magos)
Beda, o Venerável
Benedito de Núrsia
Bion de Borístenes
Boécio
Buddha (Sidarta Gautama)
Caio Júlio César (em tradições místicas e religiosas romanas)
Calímaco (poeta grego com hinos religiosos)
Calvino, João
Cambises (inscrições persas com caráter religioso)
Clemente de Alexandria
Clemente de Roma
Confúcio
Crisóstomo, João
Cícero (escreveu sobre religião e deuses)
Davi
Demócrito
Dionísio (Areopagita, tradição cristã mística)
Dionísio (mitologia grega, textos órficos atribuídos)
Donato de Cartago
Duarte Pacheco Pereira (em escritos com interpretação mística africana)
Edir Macedo (em contexto religioso moderno)
Emanuel Swedenborg
Enéias (mitologia romana, textos atribuídos)
Enéias Silvio Piccolomini (Papa Pio II, com escritos religiosos)
Epicteto
Epicuro
Epimênides de Creta
Esopo (fábulas com moral religiosa)
Esquilo
Espírito Emmanuel (Espiritismo, via Chico Xavier)
Ezequiel
Ezequias (reis com textos bíblicos ligados)
Filemon (bíblico)
Flávio Josefo
Francisco de Assis
Francisco Xavier
Gaius Cornelius Gallus (poeta religioso)
Gamaliel
Gandhi, Mahatma
Geórgio de Nicomédia
Gershom Scholem (escritor cabalístico)
Gregório Magno
Gregório de Nazianzo
Gregório de Nissa
Habacuque
Hermes Trismegisto
Heródoto (escreveu sobre religiões)
Hesíodo
Hipátia de Alexandria
Hipócrates (misto de medicina e espiritualidade antiga)
Homero
Hosea (Oseias)
Horácio
Iamblichus (neoplatonista místico)
Ibn Arabi
Ibn Ezra
Ibn Khaldun
Inácio de Antioquia
Inácio de Loyola
Irineu de Lyon
Isaías
Isidoro de Sevilha
Isidoro de Pelúsio
Ismael (figura semítica ligada a tradições sagradas)
Isócrates (discursos com fundo religioso)
Jacó
Jeremias
João (apóstolo, evangelista e apocalíptico)
Kabir
Kagemni (escritos egípcios de sabedoria)
Kakuzo Okakura (tradição espiritual japonesa)
Kalidasa (poeta hindu, textos com espiritualidade)
Kant, Immanuel (religião da razão)
Karl Barth
Karl Marx (lido como texto quase "sagrado" em correntes político-religiosas)
Krishna (Bhagavad Gita)
Laozi (Lao-Tsé)
Leão Magno (Papa)
León Denis (Espiritismo)
Leucipo
Licurgo (tradição religiosa de Esparta)
Lineu (taxonomia naturalista com sentido místico)
Lucano (poeta romano com hinos religiosos)
Luciano de Samósata (escreveu sátiras religiosas)
Lúcio Apuleio (autor de “As Metamorfoses” / “O Asno de Ouro”, com culto a Ísis)
Lívio, Tito (com passagens mítico-religiosas romanas)
Lutero, Martinho
Macabeus (tradição judaica)
Macróbio (comentários com fundo religioso romano)
Malachias (Malaquias)
Malebranche, Nicolas
Mani (fundador do Maniqueísmo)
Marcus Aurelius (Marco Aurélio, Meditações)
Marco Pólo (textos interpretados religiosamente em contextos missionários)
Marcion de Sinope
Maria (mãe de Jesus, atribuída em tradições apócrifas)
Maria Madalena (evangelho apócrifo)
Marsílio Ficino
Martinho de Braga
Maslama al-Majriti (místico islâmico)
Mateus (apóstolo e evangelista)
Melquisedeque (textos apócrifos)
Menandro (apóstolo gnóstico)
Menandro de Atenas (peças com fundo moral)
Moisés
Muhammad (Maomé)
Nahum (Naum)
Nanak (Guru Nanak, fundador do Sikhismo)
Natan (profeta)
Nestório
Nietzsche, Friedrich (lido religiosamente por alguns movimentos)
Nikos Kazantzakis (autor de “A Última Tentação de Cristo”)
Numa Pompílio (rei de Roma, tradições religiosas)
Obadias
Ovídio
Orígenes
Orfeu (textos órficos)
Osíris (Egito, textos atribuídos)
Ostoja (tradições místicas eslavas)
Otávio Augusto (inscrições religiosas romanas)
Padre Cícero
Padre Vieira, Antônio
Palamedes (mitologia grega, invenções religiosas atribuídas)
Pálio de Roma (autor de escritos sacros)
Panécio de Rodes (estoico religioso)
Paulo de Tarso (apóstolo)
Pedro (apóstolo)
Pérsio (estoico, textos morais)
Petrônio (textos com fundo mítico)
Pitágoras
Platão
Plínio, o Velho
Plínio, o Jovem (cartas sobre cristianismo)
Plotino
Plutarco
Policarpo de Esmirna
Porfírio de Tiro
Protágoras
Pseudo-Dionísio (Areopagita)
Quinto Cúrcio Rufo (historiador, com passagens religiosas)
Quinto Enio (poeta latino, hinos religiosos)
Quinto Horácio Flaco (Horácio, já citado, mas aqui reforçado como poeta religioso)
Rabindranath Tagore
Rabi Akiva
Rabi Hillel
Raimundo Lúlio
Ramakrishna
Rashi (Shlomo Yitzhaki)
René Descartes
Richard Baxter (teólogo)
Richard de São Vítor
Rumi (Jalal ad-Din Rumi)
Sabá (Rainha de Sabá, ligada a tradições escritas)
Saduceu (coletivo de escritores religiosos)
Sálvio de Marselha
Sampaio Bruno (com escritos espiritualistas)
Santo Ambrósio
Santo Anselmo
Santo Tomás de Aquino
São Basílio Magno
São Bento
São Cirilo de Jerusalém
São Cirilo de Alexandria
São João da Cruz
São Justino (Mártir)
Sêneca
Sócrates
Zoroastro (Zaratustra)




'1<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*ABDIAS*
------------------------

(1) ABDIAS — BIOGRAFIA, TEXTO, ATRIBUIÇÃO E RELIGIÃO
Abdias (no hebraico, ʿObadyā́h / Obadiah) é tradicionalmente identificado como o autor do pequeno Livro de Abdias — o menor dos livros proféticos do Antigo Testamento. O livro que leva seu nome (um único capítulo, na tradição bíblica) tem sido atribuído a “Obadias” desde muito cedo na tradição judaico-cristã e está incluído tanto no cânon hebraico (como parte dos Doze Profetas Menores) quanto na Bíblia Cristã (Antigo Testamento). A data tradicional mais aceita por muitos comentaristas situa o oráculo de Abdias logo após a queda de Jerusalém (c. 587 a.C.), embora haja debates acadêmicos que colocam partes do texto ou sua finalização em momentos posteriores; de todo modo, o livro desempenha papel canônico no Judaísmo e é lido e comentado na tradição cristã. WikipediaYale University Press

...

(2) RESUMO DO CONTEÚDO E OBJETIVO PRINCIPAL DO TEXTO
O Livro de Abdias é um oráculo curto e vigoroso: denuncia o orgulho e a violência de Edom (parentes/descendentes de Esaú) contra Israel, anuncia o juízo divino sobre Edom por sua conduta opressora (v. 1–14), amplia o julgamento como manifesto do “dia do Senhor” contra nações e, por fim, anuncia a restauração de Israel e a soberania de Yahweh sobre as nações (v. 15–21). O objetivo teológico central é afirmar que Deus é justo e que a opressão e a traição contra o seu povo não ficarão impunes; simultaneamente, o oráculo contém esperança escatológica para a restauração do povo escolhido e a consumação do domínio de Deus. Essas temáticas — juízo contra opressores, defesa da justiça e restauração final — são o núcleo prático e teológico do livro. (Ver especialmente Obadias 1:1; 1:10–15; 1:18–21). WikipediaGoogle Livros

...

(3) CONVERGÊNCIAS COM A VIDA E ENSINO DE JESUS
Há convergências importantes entre as preocupações de Abdias e o ensino de Jesus: ambos denunciam a injustiça e a exploração dos mais fracos, apontam para a responsabilidade moral diante de Deus e partilham uma escatologia em que Deus corrigirá as iniquidades e estabelecerá a sua justiça. Além disso, a ênfase em que “o Senhor reinará” e que haverá restauração para o povo de Deus encontra eco no ministério de Jesus, que proclama o Reino de Deus (cf. temas de restauração, juízo moral e futuro vindouro). No plano ético, tanto a mensagem profética (como em Abdias) quanto o ensino de Jesus valorizam a defesa dos oprimidos e a denúncia do orgulho que precede a queda (temas proféticos clássicos). Google Livros

...

(4) DIVERGÊNCIAS COM A VIDA E ENSINO DE JESUS
Apesar das convergências, há diferenças de ênfase e de horizonte: Abdias é um oráculo nacional e conjuntural (centrado no conflito Israel–Edom e na vindicação de justiça histórica), enquanto Jesus amplia o horizonte para uma renovação moral e espiritual universal, centrada em ética pessoal, perdão e transformações do coração. Jesus, além disso, relativiza (ou cumpre) certos ritos e interpretações legais ao falar do cumprimento da Lei (por exemplo, Mateus 5:17) e enfatiza misericórdia e reconciliação; já o oráculo de Abdias é mais direto no tom de juízo nacional e menos preocupado com formulações éticas de misericórdia no estilo do Sermão do Monte. Em suma: Abdias fala num registro profético judaico-antigo de juízo e restauração nacional; Jesus, embora não negue o juízo, prioriza redenção pessoal, inclusão e o cumprimento da revelação em amor e serviço. Bible Gateway

...

(5) COMO JESUS CONCERTA DIVERGÊNCIAS SEM CONDENAR O JUDAÍSMO — E A APLICAÇÃO A ABDIAS
O padrão do ministério de Jesus foi corrigir práticas e interpretações (onde necessário) mantendo relação com a tradição: ele “cumpriu” a Lei e os Profetas (Mateus 5:17) — reformulando interpretações, mostrando o alcance ético e espiritual mais profundo — sem renegar o judaísmo como revelação de Deus. Do mesmo modo, a história do cristianismo processou tensões e reformas internas sem mera aniquilação do passado; assim podemos tratar Abdias e sua tradição profética com respeito: reconhecer a necessidade de revisar leituras literais ou vingativas quando incompatíveis com o mandamento do amor, ao mesmo tempo em que valorizamos a fidelidade profética à justiça. Ou seja: Jesus corrige e eleva o entendimento das Escrituras (cumprimento, não anulação), e essa mesma postura permite ler Abdias como inspirador de justiça e esperança, ao invés de descartá-lo. Bible Gateway

...

(6) CONVENCIMENTO DO ESPÍRITO, IRMANDADE E RECONHECIMENTO ECUMÊNICO
Ao reconhecer que Abdias e sua comunidade foram alcançados pelo “convencimento do Espírito Santo” (modo de falar teológico), podemos afirmar: 1) muitos profetas expressaram experiências espirituais e preocupações morais profundamente compatíveis com Cristo (justiça, denúncia do mal, esperança de restauração); 2) mesmo em tradições religiosas diferentes, há convergência espiritual sobre o que Deus chama de justo; 3) portanto, o autor de Abdias — embora de religião e época distintas da cristandade posterior — pode ser considerado um “irmão na fé” no sentido espiritual: suas palavras, inspiradas pela tradição profética do povo de Deus, apontam para os mesmos valores fundamentais que Cristo encarnou (justiça, zelo por Deus, confiança na restauração divina). Esse reconhecimento não apaga diferenças doutrinárias, mas favorece diálogo e fraternidade. (Na leitura cristã, os profetas são vistos como anunciadores da vontade de Deus que se realiza em Cristo; ver Hebreus e as leituras messiânicas do AT). Wikipedia

...

(7) BIBLIOGRAFIA (10 obras selecionadas — autor, título e ano)
Aqui indico obras de referência úteis para estudo histórico, exegético e teológico do Livro de Abdias (incluindo comentários acadêmicos e obras clássicas):

  1. Paul R. Raabe — Obadiah (Anchor Yale Bible Commentaries). Yale University Press, 1996. Yale University Press

  2. Leslie C. Allen — The Books of Joel, Obadiah, Jonah, and Micah (New International Commentary on the Old Testament — NICOT). Eerdmans, 1976. Logos

  3. Jeffrey J. Niehaus — “Obadiah,” em The Minor Prophets (ed. Thomas E. McComiskey). Baker Academic, 1992. Google Livros

  4. Daniel I. Block — Obadiah (Zondervan Exegetical Commentary on the Old Testament). Zondervan, 2017. Logos

  5. Daniel Timmer — Obadiah, Jonah, Micah (Tyndale Commentary). InterVarsity Press / IVP, 2016. InterVarsity Press

  6. David W. Baker — Joel, Obadiah, Malachi (NIV Application Commentary). Zondervan/HarperCollins, 2006 (versão atualizada). Ligonier Ministries

  7. Edward Marbury — A Commentary or Exposition upon the Prophecy of Obadiah. (Comentário histórico/puritano), 1865 (reimpressões posteriores). Reformed Books Online

  8. Matthew Henry — Commentary on the Whole Bible (seção sobre Obadias). Publicação original: 1706 (volumes compilados). Bible Study Tools

  9. Keil & Delitzsch — Biblical Commentary on the Old Testament (seção: Obadiah). Século XIX (coleção clássica; ed. inglesa: c. 1864–1870s). StudyLight.org

  10. Thomas Edward McComiskey (ed.) — The Minor Prophets: An Exegetical and Expository Commentary (contendo o estudo de Niehaus sobre Obadiah). Baker Academic, 1992/1993. Google Livros


Referências bíblicas e notas rápidas: consulte o próprio Livro de Abdias (Obadias 1:1; 1:10–15; 1:18–21) para o texto canônico; sobre o modo como Jesus trata a Lei e os Profetas, ver Mateus 5:17. Sobre a fala de Jesus ao ladrão na cruz: Lucas 23:43 (“hoje estarás comigo no Paraíso”). Sobre a atitude de Paulo (que valoriza viver em Cristo e ver a morte como encontro com Cristo), ver Filipenses 1:21–23. WikipediaBible Gateway+2Bible Gateway+2



'2<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*ABRAÃO*
------------------------

(1) ABRAÃO — BIOGRAFIA, TEXTO, ATRIBUIÇÃO E RELIGIÃO
Abraão, originalmente chamado Abrão, é uma das figuras centrais do Antigo Testamento e das três religiões abraâmicas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Segundo Gênesis (capítulos 12–25), Abraão viveu entre Ur dos Caldeus, Harã e a terra de Canaã, sendo chamado por Deus para deixar sua terra e família, a fim de receber a promessa de uma descendência numerosa e de se tornar bênção para todas as nações (Gn 12:1-3). Os textos a ele atribuídos não são escritos de sua própria mão, mas narrativas e tradições preservadas na Torá (Pentateuco), tradicionalmente atribuída a Moisés. No Islã, ele é conhecido como Ibrāhīm e é celebrado no Alcorão como profeta e amigo de Deus (Qur’an 2:124–141; 6:74–83). Assim, Abraão não é apenas um personagem literário, mas também um patriarca reconhecido desde o segundo milênio a.C. em tradições orais, fixadas em escritos judaicos (Tanakh), cristãos (Antigo Testamento) e islâmicos (Alcorão).

...

(2) RESUMO DO CONTEÚDO ATRIBUÍDO A ABRAÃO E SEU OBJETIVO
Os relatos sobre Abraão apresentam-no como um homem de fé, chamado a confiar em Deus diante de promessas aparentemente impossíveis: ter descendência na velhice, herdar a terra e tornar-se pai de muitas nações (Gn 15:1-6; 17:1-8). A narrativa também destaca sua obediência no episódio do sacrifício de Isaque (Gn 22:1-19), visto tanto como prova de fé quanto como paradigma da confiança total em Deus. O objetivo desses textos é demonstrar que a fé e a obediência são fundamentais para a relação com Deus. No Novo Testamento, Paulo interpreta Abraão como exemplo de justificação pela fé (Rm 4:1-25; Gl 3:6-9). Nesse contexto, a fala de Jesus ao ladrão (“Hoje estarás comigo no paraíso”, Lc 23:43) e sua promessa de retorno futuro mostram a mesma tensão entre o cumprimento imediato e a esperança futura, assim como Abraão viveu entre promessas já recebidas e promessas por cumprir.

...

(3) CONVERGÊNCIAS COM A VIDA E ENSINO DE JESUS
As crenças atribuídas a Abraão convergem com a vida e o ensino de Jesus em vários aspectos. Ambos enfatizam a fé como fundamento do relacionamento com Deus: Abraão creu, e isso lhe foi imputado por justiça (Gn 15:6; Rm 4:3), e Jesus também destacou a fé como chave para a salvação (Mc 5:34; Jo 3:16). Além disso, Abraão é visto como modelo de hospitalidade (Gn 18:1-8), algo que se aproxima do ensino de Jesus sobre acolher o próximo (Mt 25:35). Outro ponto de convergência é a universalidade da promessa: em Abraão seriam benditas todas as nações (Gn 12:3), o que Jesus realiza em sua missão universal (Mt 28:19-20).

...

(4) DIVERGÊNCIAS COM A VIDA E ENSINO DE JESUS
Entretanto, algumas diferenças aparecem. Os textos de Abraão refletem um contexto cultural em que práticas como a poligamia (Gn 16) e a posse de escravos (Gn 14:14) eram comuns, contrastando com o ensino de Jesus sobre a dignidade e igualdade das pessoas (Mt 19:4-6; Gl 3:28). Também, a prova do sacrifício de Isaque é lida em seu contexto como expressão de obediência radical, mas em contraste, Jesus mostra Deus como aquele que dá o Filho em sacrifício em lugar da humanidade, rejeitando práticas humanas de sacrifício infantil (Hb 10:10). Assim, embora Abraão seja modelo de fé, há aspectos de sua vida e de sua época que Jesus transcende e corrige.

...

(5) JESUS CORRIGE DIVERGÊNCIAS, MAS NÃO CONDENA O JUDAÍSMO — APLICAÇÃO A ABRAÃO
Jesus afirmou: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” (Mt 5:17). Ele trouxe o pleno sentido das Escrituras, corrigindo leituras equivocadas e práticas divergentes, mas sem condenar o judaísmo como religião revelada. O mesmo ocorre quando aplicamos essa perspectiva a Abraão: Jesus confirma sua importância como “pai da fé” (Jo 8:56; Lc 13:28), mas ao mesmo tempo supera aspectos de sua cultura e prática, mostrando que a promessa não era apenas de uma descendência carnal, mas espiritual, abrangendo todos os que crêem (Rm 9:6-8). O cristianismo, assim como o judaísmo, ao longo de sua história, precisou de correções, mas permanece como espaço de revelação.

...

(6) O CONVENCIMENTO DO ESPÍRITO E A IRMANDADE EM FÉ
A tradição cristã reconhece que a fé de Abraão já era fruto da ação divina em sua vida: “pela fé, Abraão obedeceu” (Hb 11:8). Isso mostra a presença antecipada do “convencimento do Espírito Santo” em sua trajetória. Ele respondeu com espiritualidade e obediência, e sua vida aponta para Jesus Cristo, de modo que, mesmo pertencendo a uma religião anterior ao cristianismo, é considerado “pai de todos os que creem” (Rm 4:11-12). Portanto, Abraão é nosso irmão na fé, pois nele já ressoava o mesmo Espírito que em Cristo se manifestou plenamente.

...

(7) BIBLIOGRAFIA

  1. Gerhard von Rad — Genesis: A Commentary. Westminster Press, 1972.

  2. Walter Brueggemann — An Introduction to the Old Testament: The Canon and Christian Imagination. Westminster John Knox, 2003.

  3. Jon D. Levenson — Inheriting Abraham: The Legacy of the Patriarch in Judaism, Christianity, and Islam. Princeton University Press, 2012.

  4. James Kugel — The Bible As It Was. Harvard University Press, 1997.

  5. John Goldingay — Old Testament Theology: Israel’s Gospel. InterVarsity Press, 2003.

  6. Richard Bauckham — The Bible and the Future. Eerdmans, 1999.

  7. Thomas Römer — The Invention of God. Harvard University Press, 2015.

  8. Gordon Wenham — Word Biblical Commentary: Genesis 1–15; Genesis 16–50. Word Books, 1987/1994.

  9. Bruce Waltke — Genesis: A Commentary. Zondervan, 2001.

  10. Kenneth A. Mathews — Genesis 11:27–50:26 (The New American Commentary). Broadman & Holman, 2005.



'3<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*ABU HAMID AL-GHAZALI*
------------------------

(1) BREVE BIOGRAFIA DE ABU HAMID AL-GHAZALI
Abu Hamid Muhammad ibn Muhammad al-Ghazali (1058–1111), conhecido como Al-Ghazali, nasceu em Tus, na Pérsia (atual Irã). Foi um dos maiores teólogos, juristas e místicos do Islã, apelidado de Hujjat al-Islam (“a prova do Islã”). Estudou em Nísabur e lecionou em Bagdá, sendo mestre da escola teológica Ash‘ari. Seus textos foram atribuídos a ele desde o século XI, sobretudo o Ihya’ Ulum al-Din (“A Revivificação das Ciências da Religião”), que se tornou uma obra monumental da espiritualidade islâmica, usada até hoje no sufismo. Ele atende à religião islâmica, sendo referência para o sunismo e respeitado também pelos xiitas. Embora não tenha escrito textos incorporados diretamente ao Alcorão — que é a escritura central do Islã —, sua obra é considerada sagrada em sentido secundário, pois influencia a prática espiritual muçulmana.

...

(2) RESUMO DO CONTEÚDO E OBJETIVO PRINCIPAL
No Ihya’ Ulum al-Din, Al-Ghazali trata da integração entre a lei (Sharia) e a espiritualidade (Tassawuf). Ele organiza a vida religiosa em quatro partes: atos de adoração, práticas sociais, vícios a evitar e virtudes a cultivar. Seu objetivo principal foi reconciliar a ortodoxia islâmica com o misticismo sufista, defendendo que a religião não é apenas ritual externo, mas transformação interior do coração. Essa perspectiva ecoa o ensino de Jesus sobre a essência da lei divina, quando Ele enfatiza o amor e a pureza do coração (Mateus 5–7). Assim como Paulo escreve aos Filipenses (Fp 1:21; 3:8–9), Al-Ghazali também convida seus leitores a viverem mais do que ritos, mas uma vida centrada no encontro com Deus.

...

(3) CONVERGÊNCIAS COM JESUS
As convergências são notáveis. Tanto Al-Ghazali quanto Jesus enfatizaram a purificação interior como superior à observância meramente externa. Jesus ensina: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5:8), e Al-Ghazali dedica capítulos inteiros à sinceridade (ikhlas) e à vigilância do coração. Ambos também destacam a importância da humildade, da renúncia ao ego e da vida de oração. O amor de Deus como centro da espiritualidade é um ponto comum entre eles. Assim, pode-se dizer que o pensamento de Al-Ghazali, ainda que inserido no Islã, ressoa com a mensagem do Reino de Deus pregado por Cristo.

...

(4) DIVERGÊNCIAS COM JESUS
As divergências se dão principalmente em torno da compreensão da pessoa de Jesus. Para Al-Ghazali e para o Islã, Jesus (Isa) é um profeta e não o Filho de Deus encarnado. Ele nega a Trindade e a crucificação, pontos centrais do cristianismo (João 1:14; Colossenses 2:9). Além disso, enquanto Al-Ghazali mantém a lei islâmica (Sharia) como expressão indispensável da fé, Jesus cumpre e transcende a lei mosaica (Mateus 5:17–18; Gálatas 3:24–25). Assim, a experiência de salvação pessoal pela graça e fé em Cristo (Efésios 2:8–9) difere da ênfase islâmica na obediência como caminho de aproximação a Deus.

...

(5) JESUS E AS CORREÇÕES AOS PROFETAS
Jesus corrigiu várias interpretações de Moisés e dos profetas, mas nunca condenou o judaísmo em sua essência. Ele revelou que “o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2:27), mostrando a prioridade da vida sobre o ritual. Da mesma forma, ao longo da história, o cristianismo precisou ser corrigido em suas doutrinas e práticas. Com Al-Ghazali, ocorre o mesmo: Jesus não rejeita sua religião ou sua busca espiritual, mas ilumina-a com a plenitude de sua revelação. O Espírito de Cristo transcende religiões, mostrando que a verdade divina não se limita a sistemas, mas ao amor e à graça que libertam.

...

(6) A ESPIRITUALIDADE DE AL-GHAZALI COMO NOSSO IRMÃO
Al-Ghazali, sua religião e todos nós fomos alcançados pelo convencimento do Espírito Santo (João 16:8). Sua obra revela uma profunda espiritualidade, marcada pela busca sincera de Deus e pela centralidade da fé vivida. Sua ênfase na transformação interior, na renúncia ao ego e na vida de virtude encontra eco nos ensinamentos de Jesus Cristo. Por isso, mesmo em uma religião diferente, podemos reconhecê-lo como nosso irmão na fé em Deus, lembrando que todo coração que busca a verdade encontra em Cristo o Caminho (João 14:6).

...

(7) BIBLIOGRAFIA

  1. Al-Ghazali – Ihya’ Ulum al-Din, 11th century (edições modernas, 2015, Dar al-Kotob al-Ilmiyah).

  2. Frank Griffel – Al-Ghazali’s Philosophical Theology, 2009.

  3. W. Montgomery Watt – The Faith and Practice of al-Ghazali, 1953.

  4. Eric Ormsby – Ghazali: The Revival of Islam, 2008.

  5. Oliver Leaman – An Introduction to Classical Islamic Philosophy, 2001.

  6. Richard M. Frank – Al-Ghazali and the Ash‘arite School, 1994.

  7. Michael Marmura – Deliverance from Error: An Annotated Translation of al-Munqidh min al-Dalal, 1997.

  8. Timothy J. Gianotti – Al-Ghazali’s Intellectual Journey, 2017.

  9. Seyyed Hossein Nasr – Islamic Philosophy from Its Origin to the Present, 2006.

  10. Bíblia Sagrada – Evangelhos e Cartas Paulinas, edições diversas.



'4<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*ADÃO*
------------------------

(1) BREVE BIOGRAFIA DE ADÃO
Adão é reconhecido, nas tradições judaica, cristã e islâmica, como o primeiro ser humano criado por Deus. Sua história é narrada principalmente no livro de Gênesis, capítulos 1 a 5, texto que tem sido atribuído a ele desde tempos antigos, ainda que, de modo técnico, sua biografia tenha sido registrada por Moisés, segundo a tradição judaico-cristã (cf. Gênesis 2:7; 1 Crônicas 1:1; Lucas 3:38). Ele está incluído na Torá (Pentateuco), que constitui parte fundamental da Bíblia Sagrada, e no Alcorão (suras 2, 7, 20 e 38). Atende às três religiões abraâmicas: Judaísmo, Cristianismo e Islã, sendo visto como o ancestral comum da humanidade e, teologicamente, como o início da história do pecado e da promessa de redenção (Romanos 5:12).

...

(2) RESUMO DO CONTEÚDO E OBJETIVO PRINCIPAL
O conteúdo atribuído a Adão é sua experiência de criação, queda e relação direta com Deus no Éden. Seu “texto de vida” inclui o mandamento de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2:16–17), a transgressão dessa ordem e a consequente perda da inocência (Gênesis 3). O objetivo principal desse relato é mostrar a origem da humanidade, sua dignidade como imagem de Deus e, ao mesmo tempo, sua fragilidade diante da desobediência. Isso se relaciona ao ensino de Jesus: enquanto Adão representa a queda, Cristo é o “segundo Adão” que traz a redenção (1 Coríntios 15:45). Jesus, ao dizer ao ladrão: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:43), e Paulo aos Filipenses (Fp 1:23), confirma que a promessa de vida eterna supera a condenação herdada de Adão.

...

(3) CONVERGÊNCIAS COM JESUS
As convergências entre Adão e Jesus aparecem de forma tipológica. Ambos são figuras inaugurais: Adão como o primeiro homem, e Cristo como o primeiro da nova humanidade espiritual. Adão recebeu o sopro de vida (Gênesis 2:7), e Jesus é aquele que sopra o Espírito Santo sobre os discípulos (João 20:22). Adão foi colocado como mordomo da criação (Gênesis 1:28), e Jesus ensina sobre a responsabilidade e fidelidade do ser humano no cuidado do mundo e dos irmãos (Mateus 25:14–30). Assim, o relato de Adão aponta, de forma convergente, para a vida e missão de Cristo como restaurador daquilo que foi perdido.

...

(4) DIVERGÊNCIAS COM JESUS
As divergências estão ligadas principalmente à desobediência. Adão, ao ceder à tentação, inaugurou a condição de queda, trazendo morte espiritual e física para toda a humanidade (Romanos 5:14). Jesus, por sua vez, viveu em perfeita obediência à vontade do Pai (João 8:29; Filipenses 2:8). Enquanto Adão escondeu-se de Deus (Gênesis 3:8–10), Jesus buscou a comunhão plena com o Pai, até a cruz (Lucas 22:42). Portanto, se Adão representa o fracasso humano, Jesus representa a vitória sobre o pecado e a morte (Romanos 5:18–19).

...

(5) JESUS E AS CORREÇÕES AOS PROFETAS
Jesus corrigiu distorções e incompreensões que surgiram após Moisés e os profetas, mas nunca condenou o judaísmo em sua essência (Mateus 5:17). Da mesma forma, Ele não rejeita a história de Adão, mas a assume em sua missão redentora, revelando-se como o cumprimento da promessa divina de um descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15). Assim como o cristianismo passou por desvios que necessitaram de reforma e retorno ao Evangelho, também a história de Adão e sua religião — a primeira relação humana direta com Deus — é iluminada pela presença de Cristo.

...

(6) ADÃO, SUA RELIGIÃO E O CONVENCIMENTO DO ESPÍRITO
Adão, sua experiência e todos nós fomos alcançados pelo convencimento do Espírito Santo (João 16:8). Apesar de sua queda, Adão recebeu a promessa da redenção (Gênesis 3:15) e continuou a viver uma espiritualidade marcada pelo diálogo com Deus. Suas experiências e crenças, mesmo em meio à desobediência, trazem coerência com os ensinos de Jesus sobre a necessidade de reconciliação com o Pai. Assim, Adão pode ser considerado nosso irmão na fé inicial, pois também ansiava pela restauração que se cumpre plenamente em Cristo.

...

(7) BIBLIOGRAFIA

  1. Bíblia Sagrada – Gênesis 1–5; Romanos 5; 1 Coríntios 15.

  2. Agostinho de Hipona – A Cidade de Deus, 426 d.C.

  3. João Calvino – Institutas da Religião Cristã, 1536.

  4. Karl Barth – Church Dogmatics III/1: The Doctrine of Creation, 1936.

  5. Paul Tillich – Systematic Theology, Vol. 2, 1957.

  6. Claus Westermann – Genesis 1–11: A Commentary, 1984.

  7. Henri Blocher – In the Beginning: The Opening Chapters of Genesis, 1984.

  8. James Barr – The Garden of Eden and the Hope of Immortality, 1992.

  9. John H. Walton – The Lost World of Adam and Eve, 2015.

  10. N.T. Wright – Paul and the Faithfulness of God, 2013.



'5<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*AGOSTINHO DE HIPONA*
------------------------

(1) BREVE BIOGRAFIA DE AGOSTINHO DE HIPONA
Aurélio Agostinho (354–430 d.C.), conhecido como Agostinho de Hipona, nasceu em Tagaste, no Norte da África (atual Argélia). Filho de Patrício, pagão, e Mônica, cristã devota, passou pela juventude entregue ao prazer e pela adesão ao maniqueísmo antes de sua conversão ao cristianismo em 386, em Milão, influenciado por Ambrósio e pelo estudo das Escrituras (cf. Confissões, Livro VIII). Tornou-se bispo de Hipona em 395, cargo que exerceu até sua morte. Os textos atribuídos a ele, desde o século IV, incluem obras como Confissões e A Cidade de Deus. Embora não façam parte da Bíblia Sagrada, são considerados fundamentais para a tradição cristã, especialmente dentro do catolicismo e do protestantismo. A religião de Agostinho é o Cristianismo, que ele defendeu contra maniqueus, donatistas e pelagianos.

...

(2) RESUMO DO CONTEÚDO E OBJETIVO PRINCIPAL
Nas Confissões, Agostinho narra sua vida como testemunho da graça de Deus, ressaltando que “inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti” (Conf. I,1). Em A Cidade de Deus, escrito após o saque de Roma (410), contrapõe a Civitas Dei (cidade de Deus) à Civitas terrena (cidade dos homens), mostrando que a esperança do cristão não está em estruturas políticas, mas no governo eterno de Deus. O objetivo principal de sua obra é apresentar a centralidade da graça divina, a insuficiência humana e a necessidade de redenção em Cristo (cf. Romanos 3:23–24). Isso converge com o ensino de Jesus, que prometeu vida imediata ao ladrão arrependido (Lucas 23:43), mostrando que a salvação é pela graça e não pelo mérito.

...

(3) CONVERGÊNCIAS COM JESUS
Agostinho enfatizou a necessidade de conversão interior, a graça como dom de Deus e o amor como centro da vida cristã (cf. João 3:16; Efésios 2:8–9). Sua visão da graça preveniente e irresistível reflete a mensagem de Jesus de que ninguém vem ao Pai senão por Ele (João 14:6). Assim como Cristo pregava o amor a Deus e ao próximo (Mateus 22:37–39), Agostinho desenvolveu uma teologia do amor (caritas) como essência da fé. Ele também defendeu a vida de oração e a humildade, virtudes exemplificadas no ensino de Jesus (Mateus 6:5–13).

...

(4) DIVERGÊNCIAS COM JESUS
Algumas divergências surgem da interpretação agostiniana. Agostinho apoiou o uso da força contra heresias como o donatismo, posição diferente da prática pacífica de Jesus, que nunca impôs a fé (cf. Mateus 26:52). Além disso, sua ênfase em certos aspectos da predestinação, embora baseada em Romanos 9, por vezes contrasta com a universalidade da graça oferecida por Cristo (João 12:32). Jesus pregava o perdão ilimitado (Mateus 18:21–22), enquanto Agostinho, em seu contexto histórico, defendeu medidas duras contra dissidentes, o que mostra limites humanos em relação ao ensino pleno do Mestre.

...

(5) JESUS E AS CORREÇÕES AO JUDAÍSMO E AO CRISTIANISMO
Jesus corrigiu Moisés e os profetas em pontos específicos, mas nunca condenou o judaísmo como religião (Mateus 5:17). Ele trouxe o cumprimento da Lei em coerência com a revelação divina. Do mesmo modo, o cristianismo, em sua história e doutrinas, precisou de correções constantes, e Agostinho foi um dos instrumentos desse processo, enfrentando heresias e fortalecendo a ortodoxia. Porém, assim como Jesus transcendeu a Lei, também corrige em Agostinho aquilo que foi moldado por seu tempo histórico, iluminando sua fé e teologia com a plenitude do Evangelho.

...

(6) AGOSTINHO, SUA RELIGIÃO E O CONVENCIMENTO DO ESPÍRITO
Agostinho foi claramente alcançado pelo convencimento do Espírito Santo (João 16:8). Sua conversão dramática em Milão, ao ouvir Romanos 13:13–14, é um exemplo vívido da obra do Espírito. Sua espiritualidade presente em escritos e sermões mostra grande coerência com Jesus Cristo, pois defende a centralidade da graça, do amor e da comunhão com Deus. Por isso, mesmo vivendo em um contexto histórico diferente, ele é também nosso irmão na fé, que nos ensina, com sua busca e entrega, a importância de viver uma vida guiada pelo Espírito e fundamentada na Palavra.

...

(7) BIBLIOGRAFIA

  1. Agostinho de Hipona – Confissões, 397–400 d.C. (ed. Paulus, 2004).

  2. Agostinho de Hipona – A Cidade de Deus, 413–426 d.C. (ed. Vozes, 2012).

  3. Peter Brown – Santo Agostinho de Hipona, 1967.

  4. Henry Chadwick – Agostinho: Uma Biografia, 1986.

  5. James O’Donnell – Augustine: A New Biography, 2005.

  6. Rowan Williams – On Augustine, 2016.

  7. Étienne Gilson – Introduction à l’étude de saint Augustin, 1943.

  8. John Rist – Augustine: Ancient Thought Baptized, 1994.

  9. Gerald Bonner – St. Augustine of Hippo: Life and Controversies, 1963.

  10. Bíblia Sagrada – Evangelhos; Romanos; Efésios; João.



'6<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*AIAS (tradição grega)*
------------------------

(1) BREVE BIOGRAFIA DE AIAS
Na tradição grega, Aias (ou Ájax, em grego: Αἴας) foi um dos grandes heróis da Guerra de Troia, mencionado sobretudo em Homero, na Ilíada (século VIII a.C.), texto que se tornou referência central na cultura grega e que, de certo modo, possui status de “sagrado” para os helenos antigos, ainda que não no mesmo sentido da Bíblia ou da Torá. Ele não está incluído em um livro religioso judaico-cristão, mas nas epopeias homéricas, consideradas textos fundadores da religião e da mitologia grega. Aias pertence, portanto, ao universo da religião politeísta grega antiga, cultuando os deuses do Olimpo, e é lembrado por sua coragem, força e honra no campo de batalha.

...

(2) RESUMO DO CONTEÚDO E OBJETIVO DO TEXTO
Na Ilíada, Aias é descrito como guerreiro leal, dotado de bravura e senso de dever coletivo. Seu objetivo principal era defender os gregos e lutar com honra, obedecendo aos desígnios divinos, já que os deuses constantemente intervinham nos rumos da guerra. O texto ressalta a tensão entre destino humano e vontade divina. Diferente de Jesus, que prometeu ao ladrão arrependido a presença imediata no paraíso (Lc 23:43) e ensinou a Paulo a esperança já no “hoje” (Fp 1:21-23), Aias atua em uma lógica de honra, glória e continuidade da memória heróica, mais voltada ao coletivo guerreiro do que à salvação espiritual.

...

(3) CONVERGÊNCIAS COM A VIDA E O ENSINO DE JESUS
Alguns pontos de convergência podem ser identificados: a coragem em enfrentar a morte (Jo 15:13), a lealdade ao seu povo e a disposição de sacrificar-se em prol de outros. O ethos de Aias — fidelidade e coragem diante da adversidade — pode ser comparado à entrega de Jesus por amor à humanidade. Além disso, a consciência de Aias sobre o papel dos deuses no destino humano dialoga, ainda que de forma imperfeita, com a consciência de Jesus sobre a soberania do Pai (Mt 26:39).

...

(4) DIVERGÊNCIAS COM A VIDA E O ENSINO DE JESUS
As divergências são profundas: Aias buscava a timé (honra) e a kleos (glória), enquanto Jesus rejeitava a busca por glória humana (Jo 5:41). A religião grega era marcada pelo politeísmo e pela fatalidade dos oráculos, enquanto Jesus pregava o Deus único, justo e misericordioso, que liberta pela graça. Aias recorre à violência como instrumento de virtude, mas Jesus pregou o amor aos inimigos e a não-violência como caminho (Mt 5:44).

...

(5) JESUS E A RECONSTRUÇÃO DAS DIVERGÊNCIAS
Jesus reinterpretou Moisés e os profetas, corrigindo seus desvios sem rejeitar o judaísmo (Mt 5:17). Da mesma forma, se confrontasse a tradição grega, Jesus não destruiria seu valor cultural, mas iluminaria suas virtudes (como coragem e fidelidade) com a plenitude do amor divino. O cristianismo, ao longo da história, também assimilou aspectos da filosofia e da literatura grega, mas redirecionando-os ao Deus único. Assim, a memória de Aias pode ser vista como um exemplo humano que encontra sentido último em Cristo.

...

(6) AIAS, SUA RELIGIÃO E O ESPÍRITO SANTO
Embora Aias fosse parte da religião grega e não conhecesse o Deus revelado em Cristo, podemos crer, à luz do testemunho bíblico, que “o Espírito sopra onde quer” (Jo 3:8). Todo ser humano pode ser alcançado pelo convencimento do Espírito Santo (Jo 16:8). Aias respondeu, em sua tradição, com fidelidade, honra e coragem — valores que também refletem aspectos da ética de Cristo. Por isso, mesmo de religião distinta, podemos reconhecê-lo como parte da história humana que busca a verdade e, de certo modo, nosso “irmão” em humanidade, à espera da plenitude revelada em Jesus.

...

(7) BIBLIOGRAFIA

  1. Homero – Ilíada. Trad. Carlos Alberto Nunes. 2011.

  2. Homero – Odisseia. Trad. Frederico Lourenço. 2018.

  3. Vernant, Jean-Pierre – Mito e Religião na Grécia Antiga. 1990.

  4. Burkert, Walter – Religião Grega na Época Clássica e Arcaica. 1985.

  5. Detienne, Marcel – Os Mestres da Verdade na Grécia Arcaica. 1967.

  6. Snodgrass, Anthony – Archaeology and the Emergence of Greece. 2006.

  7. Dodds, E. R. – Os Gregos e o Irracional. 1951.

  8. Kirk, Geoffrey S. – A Natureza dos Mitos Gregos. 1974.

  9. Bíblia Sagrada – Tradução Almeida Revista e Atualizada. 1993.

  10. Wright, N. T. – Jesus and the Victory of God. 1996.



'7<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*AKENÁTON*
------------------------

(1) BREVE BIOGRAFIA DE AKENÁTON
Aquenáton (ou Akhenaton), originalmente chamado Amenófis IV, foi faraó do Egito entre 1353 e 1336 a.C., durante a XVIII dinastia. É amplamente reconhecido como o criador da primeira tentativa de monoteísmo na história registrada. Ele substituiu o culto tradicional aos múltiplos deuses egípcios, especialmente o deus Amon, pelo culto exclusivo a Aton, o disco solar. O texto principal atribuído a ele é o “Hino a Aton”, encontrado em tumbas de Amarna e atribuído ao próprio faraó desde o século XIV a.C. Embora não faça parte de nenhum livro considerado sagrado nas tradições judaico-cristãs, o hino é visto por muitos estudiosos (como Freud, em Moisés e o Monoteísmo, 1939) como uma precursão espiritual do monoteísmo hebreu. A religião de Akenáton era o Atonismo, que afirmava a supremacia de um só Deus — o Sol criador de toda a vida.

...

(2) RESUMO DO CONTEÚDO E OBJETIVO DO TEXTO
O Hino a Aton é uma ode poética dedicada ao deus solar como fonte única de luz, calor e vida. O texto descreve Aton como o criador do homem, dos animais e das estações, um deus que tudo vê e sustenta o cosmos. O objetivo principal era expressar reverência a um Deus universal e espiritual, que governa com justiça e amor. Esse conteúdo dialoga, em certo sentido, com a visão de Jesus que afirma a presença imediata do Reino de Deus — não em um tempo distante, mas “hoje” (Lc 23:43; Fp 1:21-23). Assim como Jesus cumpriu apenas o que era coerente com a revelação divina (Mt 5:17), Akenáton procurou purificar a religião egípcia de elementos supersticiosos e idolátricos, buscando uma fé mais racional e centrada em um princípio criador único.

...

(3) CONVERGÊNCIAS COM A VIDA E O ENSINO DE JESUS
Há surpreendentes convergências entre o pensamento de Akenáton e os ensinos de Jesus. Ambos anunciaram uma visão espiritual universalista — um Deus que é pai de todos e cuja luz é igual para justos e injustos (Mt 5:45). O faraó via Aton como a “luz do mundo”, expressão que Jesus também usa para si mesmo (Jo 8:12). Em ambos, há uma ênfase na criação e na bondade divina: “Tu criaste a terra segundo teu desejo, ó Aton, sol da vida” (Hino a Aton) ecoa a fé de Jesus no Pai Criador (Mt 6:26). Além disso, ambos foram rejeitados por líderes religiosos de sua época, pois desafiaram tradições enraizadas em nome de uma verdade mais elevada.

...

(4) DIVERGÊNCIAS COM A VIDA E O ENSINO DE JESUS
Apesar dessas convergências, existem diferenças essenciais. O Deus de Akenáton, embora único, era impessoal, manifestado no disco solar e não em uma relação pessoal e amorosa com os seres humanos, como ensinado por Jesus (Jo 14:9). O atonismo também permaneceu limitado ao poder real, sendo imposto como religião de Estado, enquanto Jesus pregou a liberdade espiritual e o amor voluntário. Além disso, Akenáton não ensinou sobre arrependimento, perdão e vida eterna — temas centrais no Evangelho. Seu monoteísmo era mais cósmico do que moral.

...

(5) JESUS E A RECONSTRUÇÃO DAS DIVERGÊNCIAS
Jesus, em sua missão, corrigiu e completou as limitações das tradições anteriores, sem condená-las. Assim como reinterpretou Moisés e os profetas (Mt 5:17-20), ele também teria iluminado o pensamento de Akenáton, mostrando que o Deus único não é apenas criador, mas também Pai amoroso e pessoal. Da mesma forma que não rejeitou o judaísmo, Jesus não rejeitaria o esforço espiritual do faraó, pois este buscou sinceramente a unidade divina. A história do cristianismo mostra que Deus sempre se revela progressivamente, adaptando-se à cultura e ao tempo, e em Akenáton houve um prenúncio da luz que Cristo revelaria plenamente séculos depois (Jo 1:9).

...

(6) O CONVENCIMENTO DO ESPÍRITO SANTO E A ESPIRITUALIDADE DE AKENÁTON
Akenáton e sua religião, assim como todos nós, foram tocados pelo “convencimento do Espírito Santo” (Jo 16:8), que opera em todas as épocas e culturas. O faraó respondeu com fé, devoção e um senso de adoração à luz divina — reflexo da ação do Espírito que move o coração humano em busca da verdade. Sua espiritualidade está presente em seus cânticos, na humildade diante do cosmos e no desejo de adorar o Criador verdadeiro. Assim, embora de religião diferente, Akenáton é também um irmão na caminhada espiritual da humanidade, um homem que buscou a Deus com o entendimento que possuía.

...

(7) BIBLIOGRAFIA

  1. Freud, Sigmund – Moisés e o Monoteísmo. 1939.

  2. Redford, Donald B. – Akhenaten: The Heretic King. 1984.

  3. Hornung, Erik – Akhenaten and the Religion of Light. 1999.

  4. Reeves, Nicholas – Akhenaten: Egypt’s False Prophet. 2001.

  5. Assmann, Jan – Egyptian Solar Religion in the New Kingdom. 1995.

  6. Aldred, Cyril – Akhenaten: King of Egypt. 1988.

  7. Breasted, James H. – Ancient Records of Egypt, Vol. II. 1906.

  8. Silverman, David P. – Akhenaten and Tutankhamun: Revolution and Restoration. 2006.

  9. Bíblia Sagrada – Tradução Almeida Revista e Atualizada. 1993.

  10. Quirke, Stephen – Ancient Egyptian Religion. 1992.



'8<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'9<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'10<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'11<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'12<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'13<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'14<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'15<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'16<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'17<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'18<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'19<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'20<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'21<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'22<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'23<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'24<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'25<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'26<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'27<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'28<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'29<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'30<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'31<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'32<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'33<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'34<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'35<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'36<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'37<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'38<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'39<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'40<<< >>> ÍNDICE     facebook
'41<<< >>> ÍNDICE     facebook
'42<<< >>> ÍNDICE     facebook


--------------------------------------------------------
*XXXXXXXXXXX*
------------------------

xxxxxx


'43<<< >>> ÍNDICE     facebook
'44<<< >>> ÍNDICE     facebook
'45<<< >>> ÍNDICE     facebook
'46<<< >>> ÍNDICE     facebook
'47<<< >>> ÍNDICE     facebook
'48<<< >>> ÍNDICE     facebook
'49<<< >>> ÍNDICE     facebook
'50<<< >>> ÍNDICE     facebook
'51<<< >>> ÍNDICE     facebook
'52<<< >>> ÍNDICE     facebook
'53<<< >>> ÍNDICE     facebook
'54<<< >>> ÍNDICE     facebook
'55<<< >>> ÍNDICE     facebook
'56<<< >>> ÍNDICE     facebook
'57<<< >>> ÍNDICE     facebook
'58<<< >>> ÍNDICE     facebook
'59<<< >>> ÍNDICE     facebook
'60<<< >>> ÍNDICE     facebook
'61<<< >>> ÍNDICE     facebook
'62<<< >>> ÍNDICE     facebook
'63<<< >>> ÍNDICE     facebook
'64<<< >>> ÍNDICE     facebook
'65<<< >>> ÍNDICE     facebook
'66<<< >>> ÍNDICE     facebook
'67<<< >>> ÍNDICE     facebook
'68<<< >>> ÍNDICE     facebook
'69<<< >>> ÍNDICE     facebook
'70<<< >>> ÍNDICE     facebook
'71<<< >>> ÍNDICE     facebook
'72<<< >>> ÍNDICE     facebook
'73<<< >>> ÍNDICE     facebook
'74<<< >>> ÍNDICE     facebook
'75<<< >>> ÍNDICE     facebook
'76<<< >>> ÍNDICE     facebook
'77<<< >>> ÍNDICE     facebook
'78<<< >>> ÍNDICE     facebook
'79<<< >>> ÍNDICE     facebook
'80<<< >>> ÍNDICE     facebook
'81<<< >>> ÍNDICE     facebook
'82<<< >>> ÍNDICE     facebook
'83<<< >>> ÍNDICE     facebook
'84<<< >>> ÍNDICE     facebook
'85<<< >>> ÍNDICE     facebook
'86<<< >>> ÍNDICE     facebook
'87<<< >>> ÍNDICE     facebook
'88<<< >>> ÍNDICE     facebook
'89<<< >>> ÍNDICE     facebook
'90<<< >>> ÍNDICE     facebook
'91<<< >>> ÍNDICE     facebook
'92<<< >>> ÍNDICE     facebook
'93<<< >>> ÍNDICE     facebook
'94<<< >>> ÍNDICE     facebook
'95<<< >>> ÍNDICE     facebook
'96<<< >>> ÍNDICE     facebook
'97<<< >>> ÍNDICE     facebook
'98<<< >>> ÍNDICE     facebook
'99<<< >>> ÍNDICE     facebook
'100<<< >>> ÍNDICE     facebook
'101<<< >>> ÍNDICE     facebook
'102<<< >>> ÍNDICE     facebook
'103<<< >>> ÍNDICE     facebook
'104<<< >>> ÍNDICE     facebook
'105<<< >>> ÍNDICE     facebook
'106<<< >>> ÍNDICE     facebook
'107<<< >>> ÍNDICE     facebook
'108<<< >>> ÍNDICE     facebook
'109<<< >>> ÍNDICE     facebook
'110<<< >>> ÍNDICE     facebook
'111<<< >>> ÍNDICE     facebook
'112<<< >>> ÍNDICE     facebook
'113<<< >>> ÍNDICE     facebook
'114<<< >>> ÍNDICE     facebook
'115<<< >>> ÍNDICE     facebook
'116<<< >>> ÍNDICE     facebook
'117<<< >>> ÍNDICE     facebook
'118<<< >>> ÍNDICE     facebook
'119<<< >>> ÍNDICE     facebook
'120<<< >>> ÍNDICE     facebook
'121<<< >>> ÍNDICE     facebook
'122<<< >>> ÍNDICE     facebook
'123<<< >>> ÍNDICE     facebook
'124<<< >>> ÍNDICE     facebook
'125<<< >>> ÍNDICE     facebook
'126<<< >>> ÍNDICE     facebook
'127<<< >>> ÍNDICE     facebook
'128<<< >>> ÍNDICE     facebook
'129<<< >>> ÍNDICE     facebook
'130<<< >>> ÍNDICE     facebook
'131<<< >>> ÍNDICE     facebook
'132<<< >>> ÍNDICE     facebook
'133<<< >>> ÍNDICE     facebook
'134<<< >>> ÍNDICE     facebook
'135<<< >>> ÍNDICE     facebook
'136<<< >>> ÍNDICE     facebook
'137<<< >>> ÍNDICE     facebook
'138<<< >>> ÍNDICE     facebook
'139<<< >>> ÍNDICE     facebook
'140<<< >>> ÍNDICE     facebook
'141<<< >>> ÍNDICE     facebook
'142<<< >>> ÍNDICE     facebook
'143<<< >>> ÍNDICE     facebook
'144<<< >>> ÍNDICE     facebook
'145<<< >>> ÍNDICE     facebook
'146<<< >>> ÍNDICE     facebook
'147<<< >>> ÍNDICE     facebook
'148<<< >>> ÍNDICE     facebook
'149<<< >>> ÍNDICE     facebook
'150<<< >>> ÍNDICE     facebook
'151<<< >>> ÍNDICE     facebook
'152<<< >>> ÍNDICE     facebook
'153<<< >>> ÍNDICE     facebook
'154<<< >>> ÍNDICE     facebook
'155<<< >>> ÍNDICE     facebook
'156<<< >>> ÍNDICE     facebook
'157<<< >>> ÍNDICE     facebook
'158<<< >>> ÍNDICE     facebook
'159<<< >>> ÍNDICE     facebook
'160<<< >>> ÍNDICE     facebook
'161<<< >>> ÍNDICE     facebook
'162<<< >>> ÍNDICE     facebook
'163<<< >>> ÍNDICE     facebook
'164<<< >>> ÍNDICE     facebook
'165<<< >>> ÍNDICE     facebook
'166<<< >>> ÍNDICE     facebook
'167<<< >>> ÍNDICE     facebook
'168<<< >>> ÍNDICE     facebook
'169<<< >>> ÍNDICE     facebook
'170<<< >>> ÍNDICE     facebook
'171<<< >>> ÍNDICE     facebook
'172<<< >>> ÍNDICE     facebook
'173<<< >>> ÍNDICE     facebook
'174<<< >>> ÍNDICE     facebook
'175<<< >>> ÍNDICE     facebook
'176<<< >>> ÍNDICE     facebook
'177<<< >>> ÍNDICE     facebook
'178<<< >>> ÍNDICE     facebook
'179<<< >>> ÍNDICE     facebook
'180<<< >>> ÍNDICE     facebook
'181<<< >>> ÍNDICE     facebook
'182<<< >>> ÍNDICE     facebook
'183<<< >>> ÍNDICE     facebook
'184<<< >>> ÍNDICE     facebook
'185<<< >>> ÍNDICE     facebook
'186<<< >>> ÍNDICE     facebook
'187<<< >>> ÍNDICE     facebook
'188<<< >>> ÍNDICE     facebook
'189<<< >>> ÍNDICE     facebook
'190<<< >>> ÍNDICE     facebook
'191<<< >>> ÍNDICE     facebook
'192<<< >>> ÍNDICE     facebook
'193<<< >>> ÍNDICE     facebook
'194<<< >>> ÍNDICE     facebook
'195<<< >>> ÍNDICE     facebook
'196<<< >>> ÍNDICE     facebook
'197<<< >>> ÍNDICE     facebook
'198<<< >>> ÍNDICE     facebook
'199<<< >>> ÍNDICE     facebook
'200<<< >>> ÍNDICE     facebook



011   012   013   014   015   016   017   018   019   020   

021   022   023   024   025   026   027   028   029   030   

031   032   033   034   035   036   037   038   039   040   

041   042   043   044   045   046   047   048   049   050   

051   052   053   054   055   056   057   058   059   060   

061   062   063   064   065   066   067   068   069   070    

071   072   073   074   075   076   077   078   079   080   

081   082   083   084   085   086   087   088   089   090   

091   092   093   094   095   096   097   098   099   100   

101   102   103   104   105   106   107   108   109   110