MITOS E VERDADES SOBRE ALIMENTOS "ANTICÂNCER"

LeFigaro
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08.10.2015, 12:24


Peixes, cogumelos e crucíferas são extremamente úteis para prevenir algum tipo de câncer; por outro lado, devemos tomar cuidado com a erva-doce, o café, o chá e a soja; a soja, por exemplo, segundo o professor Jean-Marie Bourre pode favorecer na formação do câncer de mama

A cúrcuma longa é uma planta amarela da família do gengibre que seria, de acordo com os adeptos de seu consumo, um milagre alimentar com verdadeiras propriedades anti-câncer (especialmente no cólon e no sistema digestivo). A curcumina, uma das moléculas da cúrcuma, das mais biologicamente ativas (encontrada no caril) teria propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas. Se David Servan-Schreiber a recomenda «ao natural» ou combinada com pimenta do reino, o Dr Chevallier prefere combiná-la com caril, devido à piperina, uma molécula presente também na pimenta do reino preta, para melhorar sua absorção instetinal (aporte potencializado pela combinação com brócolis ou repolho). Há dois anos, o National Cancer Institute (NCI-USA) também tinha reconhecido a cúrcuma ao lhe dedicar um editorial. Pois em oncologia, alguns efeitos antiproliferativos teriam sido observados. Sua ação preventiva estaria especialmente relacionada aos cânceres de bexiga, do colo do útero, do estômago e da pele. Tendo em vista que esta especiaria está onipresente na culinária indiana, a Previdência Social estaria contribuindo para a salubridade pública ao reembolsar as notas de restaurantes exóticos.
As crucíferas têm bastante sucesso
Da vitamina C e dos ácidos fólicos contra os cânceres do pâncreas, do esôfago, do cólon, da próstata... Os brócolis e couve-flores que são crucíferas, estão a nosso favor. Pesquisadores doRoswell Park Institute em Nova Iorque testaram as virtudes do brócolis no câncer de bexiga do camundongo com sucesso : em dose elevada, o brócolis reduziria significativamente os riscos de contrair esta doença. Além disso, um amplo estudo americano realizado de 1993 a 2001 com 30 000 homens com idades entre 55 e 74 anos, colocou em evidência a sua ação sobre a forma agressiva do câncer da próstata. Na sua forma clássica, com evolução lenta, os benefícios das crucíferas não estão comprovados, mas, de modo geral, sabe-se que os derivados de glucosinolatos que eles contêm, limitariam a proliferação das células malignas ou a sua migração para outros órgãos, e que seriam particularmente eficazes na prevenção do câncer de cólon e do reto. Um estudo canadense com 1 338 indivíduos com câncer de próstata demonstrou também que o consumo de crucíferas em grandes quantidades, evitou a propagação de tumores em outros órgãos dos pacientes.
Os cogumelos promissores
Pesquisadores australianos estudaram os hábitos alimentares e o estilo de vida de mais de 2.000 mulheres chinesas e destacaram o papel preventivo do cogumelo sobre o câncer de mama. As consumidoras (com pelo menos 10 gramas por dia) encontraram 64% de riscos a menos que aquelas que nunca comeram. É preciso dizer que as espécies asiáticas shiitake, maitake, reishi... (assim como os cogumelos ostra) são genuínos magic mushrooms, e mantêm um lugar de honra na farmacopeia chinesa e japonesa. Elas contêm uma quantidade elevada de polissacarídeos, da qual o lentinano, que fortalecem o sistema imunológico. Os Japoneses são os principais produtores e, alguns dos principais centros de oncologia do país acompanham os tratamentos com extratos destes cogumelos. Consumir estes alimentos ajuda a prevenir o risco de câncer do estômago e melhorar a cura, especialmente em caso de câncer do cólon. Resta encontrar estas raridades conosco ou, na falta delas, consumir o cogumelo ostra. A desvantagem: não é aconselhável colher cogumelos localizados perto das estradas, áreas industriais, rios poluídos... Porque eles absorvem metais pesados.
O meu peixe está uma delícia!
Ao contrário de cânones femininos, o bom peixe deve ser gorduroso (salmão, sardinha, cavala...), pois o magro não tem as qualidades de seu alter adiposo. Uma sardinha pode conter 20 a 30 vezes mais ômega 3 que um linguado ou um bacalhau. Estes ácidos graxos ômega 3 de origem animal, mais eficazes que os de origem vegetal, representam um trunfo essencial para nossa saúde. Uma pesquisa sueca realizada ao longo de quinze anos por pesquisadores do Karolinska Institutet de Estocolmo sobre os hábitos alimentares de mais de
60.000 mulheres, com idades entre 40 a 76 anos, tende a demonstrar sua ação preventiva sobre o câncer do rim, ao inibir o crescimento de células cancerígenas e a formação de metástases. Os resultados falam por si: aquelas que incluíram pelo menos uma vez por semana peixe gordo em sua dieta, viram o câncer de rim diminuir em mais de 40%. As que realizaram um consumo excessivo chegaram a ver este risco diminuir em 75% em comparação com mulheres que nunca comeram. A desvantagem: algumas pessoas continuam cautelosas sobre as virtudes dos peixes, possivelmente contaminados com metais pesados e recomendam evitar algumas espécies como o lúcio, o tubarão, o peixe-espada, o alabote ou o atum. Por seu lado, a Afssa * (que acaba de lançar um estudo sobre os níveis de PCB em peixes de água doce) recomenda que as mulheres grávidas ou lactantes não consumam peixes predadores mais do que uma vez por semana, mas diz que não há perigo para que outras pessoas comam mais peixes.
*Agência francesa de Vigilância Sanitária de Alimentos.
Café ou chá
Estudos têm focado sobre os benefícios do café para a saúde, especialmente sobre o câncer da próstata. Entre 1986 e 2006, um estudo realizado por pesquisadores da faculdade de medicina de Harvard, analisou os hábitos de consumo de 50.000 homens, dos quais, cerca de 10% desenvolveram um câncer desse tipo. Os maiores consumidores de café (mais de seis xícaras por dia, portanto, não recomendado!) viram o perigo de desenvolver este câncer em sua forma virulenta, diminuir de 60% em comparação com aqueles que nunca beberam café. É preciso destacar que os pesquisadores descobriram que este benefício se aplica também a bebedores de café descafeinado. A desvantagem: se por muito tempo o café foi recompensado com virtudes contra o câncer de cólon, uma pesquisa sueca recente questionou a existência de uma proteção contra este tumor. Em relação ao chá, uma equipe de pesquisadores do Roswell Park Cancer Institute de Nova Iorque publicou no International Journal of Cancer que as mulheres amantes de chá (especialmente o verde) ou de café, reduzem o risco de câncer do endométrio em 53%, com uma quantidade mínima de quatro xícaras diárias de café. O chá, particularmente rico em antioxidantes (flavonóides, catequinas, isoflavonas...), oferece às mulheres, uma verdadeira proteção contra este tipo de doença: as que consomem pelo menos duas xícaras por dia reduziram o risco em 44% contra 29% apenas para o café em quantidades iguais. Mas é preciso relativizar estes resultados: as consumidoras frenéticas de chá e de café são muitas vezes mais magras e o peso não é irrelevante para a ocorrência de câncer. A desvantagem: consumido muito quente, o chá poderia, de acordo com um estudo publicado no British Medical Journal, promover o câncer de esôfago!
A erva-doce controversa
Um alimento muito popular por estar muito presente no famoso regime dos centenários de Okinawa no Japão. Rico em fibras, minerais (potássio e magnésio), em betacaroteno, em ferro, em vitaminas C, E, e B9 (ou ácido fólico) e em antioxidantes, a erva-doce é um concentrado de saúde pura. Como tal, ela voltou a assumir seu lugar em nossos pratos. Estes elementos agem em conjunto para formar um tipo de escudo das células, protegendo o desenvolvimento de alguns tipos de câncer: esófago, pele... Os folatos, em particular, são submetidos a muitos estudos que tendem a provar que um consumo elevado diminuiria o risco de câncer colorretal de modo significativo, «uma pista de pesquisa», adverte o Ministério da Saúde. A desvantagem: pesquisas argumentam que por causa de seus fitoestrógenos (nutrientes de origem vegetal) a erva-doce é contra indicada em caso de câncer comprovado de mama ou de próstata.
A soja impugnada
Nos últimos anos, a soja se estabeleceu no top 10 dos alimentos de saúde como o melhor amigo da mulher. E é verdade que muitos estudos epidemiológicos ou ecológicos tendem a demonstrar sua influência positiva sobre certos tipos de câncer. Assim, um estudo realizado em Xangai mostra que o consumo regular reduziria significativamente os riscos de desenvolver um câncer do colo do útero e, em geral, do endómetrio entre as mulheres com excesso de peso. Outro estudo realizado durante três anos por epidemiologistas americanos em mil mulheres, metade delas saudáveis, a outra metade sofrendo de câncer de mama, sugeria por sua vez que a ingestão da soja, especialmente na adolescência, reduziria significativamente o câncer de mama. Os defensores desta tese se baseiam no fato de que os Asiáticos, grandes consumidores de soja, apresentam taxas mais baixas de cânceres hormônio-dependentes (mama e próstata) que os Ocidentais. A desvantagem: há algum tempo, vozes discordantes, mas altamente científicas, se manifestam para denunciar os efeitos negativos da soja no mesmo câncer de mama. Envolvidos, os fitoestrógenos (hormônios femininos vegetais), incluindo o estradiol contido em grandes quantidades no leite de soja, que perturbam o equilíbrio hormonal das mulheres. O Dr. Laurent Chevallier ou ainda o Prof. Jean-Marie Bourre são críticos fervorosos da teoria da soja milagrosa, argumentando que este estradiol representa "perturbador potencial entre as mulheres", suscetíveis de "favorecer o desenvolvimento de cânceres hormônio-dependentes, como o da mama".



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