OS MUITOS TRUQUES DO MIMETISMO
Consegue encontrá-los? As imagens mostram espécies animais que desenvolveram a arte da camuflagem. São mestres do mimetismo: mudam as cores, se confundem com a casca das árvores, com o barro e a areia.
11 DE SETEMBRO DE 2012 ÀS 18:49
Fotos: Divulgação
Nenhuma imaginação se compara à vida quando se trata de auto-preservação. O mimetismo é um dos truques inventados pela Mãe Natureza para possibilitar a sobrevivência de um enorme número de suas criaturas. Há de tudo: peixes que se confundem com corais, insetos que parecem folhas secas ou gravetos, camaleões capazes de mudar de cor e assumir as tonalidades do meio em que se encontra.
Algumas formas de mimetismo são geniais, outras são cômicas, outras ainda teatrais. Confira na galeria de imagens a seguir.
1 Imóvel no ninho
O delicado desenho formado pela plumagem deste bacurau de Belize (Nyctidromus albicollis), primo próximo do curiango brasileiro, fotografado em seu ninho na bacia do rio Cockscom, lhe permite chocar seus ovos sem ser visto. Os bacuraus são pássaros insetívoros noturnos, caracterizados por uma boca enorme que mantêm aberta durante o voo para capturar mariposas e outros insetos.
2 Praticamente invisível
Focalize o olhar nessa flor: sobre ela há algo de estranho? Trata-se de uma mantidae (Hymenopus coronatus, do gênero do nosso louva-a-deus). Esse inseto é um mestre do mimetismo. A sua roupagem é extremamente semelhante às pétalas das flores das florestas pluviais da Indonésia, Malésia e Sumatra, seu habitat original. Ela lhe permite não apenas escapar dos seus predadores mas sobretudo lhe garante a comida. Imóvel sobre a orquídea – salvo um pequeno movimento ondulatório que imita uma planta movida pelo vento – ela espera que os insetos se aproximem da flor para sugar-lhe o néctar. Quando algum incauto pousa na flor, ela o imobiliza com as potentes patas armadas de espinhos. E o destino da presa está selado.
Picture from Ardea/Caters News/Iberpress
3 Lagartixa muito esperta
Parecem dois simples troncos de árvore, mas se aguçar a vista você irá perceber um “hóspede” à espreita à direita. Trata-se de um geco “rabo-de-folha” de Madagascar (Uroplatus sikorae), um primo da nossa lagartixa, fotografado durante um momento de repouso. Para não ser perturbado durante o dia, esse geco do gênero Uroplatus – cujo comprimento varia de 10 a 30 centímetros – se deita sobre a casca das árvores e assume a mesma coloração do ambiente circundante. Sua cauda em forma de folha completa o disfarce. De noite, esses répteis são mais ativos e se dedicam à caça de pequenos insetos. Apesar da sua extraordinária habilidade mimética, tais gecos estão seriamente ameaçados de extinção por causa do desflorestamento e da captura e do comércio ilegais.
4 Um, dois, três... sumiu!
Esse gafanhoto da família dos Tettigoniidae foi surpreendido num tronco na floresta de Sabah, território situado na grande ilha tropical de Bornéo. A postura imóvel e encostada à árvore faz com que o animal não seja visto pelos predadores.
5 O peixe de cara retorcida
O linguado (Solea solea), deitado no fundo do mar, tem a cara retorcida. Parece uma figura saída de um quadro de Picasso. Esse peixe evoluiu dessa forma para se esconder dos predadores – o homem é um deles – que apreciam sua carne delicada. Imóvel no leito marinho, com a pele da cor da areia, ele praticamente desaparece da vista.
Ao nascer, os linguados têm a aparência de um peixe normal, com os olhos dos dois lados da cabeça. Durante o crescimento eles mudam completamente de aspecto. O corpo se torno chato e os olhos se deslocam ambos para o mesmo lado da cabeça.
Ao nascer, os linguados têm a aparência de um peixe normal, com os olhos dos dois lados da cabeça. Durante o crescimento eles mudam completamente de aspecto. O corpo se torno chato e os olhos se deslocam ambos para o mesmo lado da cabeça.
6 Ela adora uma abelha
Se o inseto for uma abelha, melhor que não se aventure a sugar o néctar da flor que aparece na foto. Mimetizada sobre as pétalas, uma aranha-caranguejo permanece à espreita, pronto a dar o bote: as abelhas são sua presa preferida. As patas dianteiras dessa aranha são muito poderosas, mas sua verdadeira arma de guerra é a capacidade de ficar totalmente branca ou amarela, segundo a cor da flor onde pousa. A Misumena vatia vive na América do Norte e na Europa. Essa capacidade é totalmente feminina: apenas as fêmeas dessa espécie, com efeito, conseguem transferir para a sua epiderme um líquido pigmentado que pode ficar branco ou amarelo.
7 Um graveto preso ao galho
À primeira vista, parece um graveto seco. Na verdade é um inseto, da ordem Phasmatodea. Ele usa e abusa dessa aparência para se defender dos inimigos e caçar suas presas mais facilmente. Esta é apenas uma das táticas de sobrevivência dos insetos dessa ordem, que compreende mais de 2700 espécies diversas.
8 Caçadores escondidos
Os peixes-sapo (Antennarius pictus) não são bons para nadar. Por isso preferem permanecer imóveis e quase invisíveis nos leitos marinhos. São os reis da espera. Uma incrível capacidade de se mimetizar ao meio ambiente os torna imperceptíveis para suas vítimas. Elas se aproximam, inocentes, e zás, já eram. O peixe-sapo as abocanha e engole num piscar de olhos.
9 Mimetismo proverbial
Os cameleões, como este do Madagascar, são famosos pela sua capacidade de mudar a cor da pele e mimetizar-se com o ambiente. Na verdade, as mudanças de cor são muito lentas, e não dependem das condições externas, mas sim do estado interno do animal, que pode estar assustado, agressivo ou em fase de cortejamento.
10 Camuflagem de barro
Esse hipopótamo (Hippopotamus amphibius) perfeitamente camuflado na poça de lama, talvez esteja se escondendo de algum crocodilo ou de um seu semelhante mais agressivo. A despeito do seu aspecto um tanto pesado e sonolento, os hipopótamos são animais muito agressivos. Combates pela conquista das fêmeas são sangrentos e muito frequentes entre os machos.
11 Graveto vivo
Os geometridae são lepidópteros noturnos cuja coloração é geralmente mimética, marrom ou verde, desde o estado larval. As larvas, nascidas de ovos depositados sobre a casca de árvores, ou pequenos ramos de plantas hospedeiras, já são capazes de se confundir completamente com o ambiente.
12 Caranguejos travestidos
Se você estiver no fundo do mar e ver um coral que caminha, pode ser que esteja vendo na realidade um caranguejo decorador (Dromidia antillensis) escondido sob uma das suas estranhas camuflagens.
Esses crustáceos, que vivem nos mares mais temperados, são demasiado pequenos para se defender dos predadores, e por isso se especializaram na arte da camuflagem, desenvolvendo técnicas muito originais. Primeiro, escolhem no fundo oceânico uma esponja, uma anêmona ou um coral, e depois o carregam nas “costas”, levando-os para todo lado, certos de que não serão reconhecidos. Esses crustáceos possuem uma pelugem especial no dorso capaz de fazer “grudar” a carga como se fosse um velcro natural.
Esses crustáceos, que vivem nos mares mais temperados, são demasiado pequenos para se defender dos predadores, e por isso se especializaram na arte da camuflagem, desenvolvendo técnicas muito originais. Primeiro, escolhem no fundo oceânico uma esponja, uma anêmona ou um coral, e depois o carregam nas “costas”, levando-os para todo lado, certos de que não serão reconhecidos. Esses crustáceos possuem uma pelugem especial no dorso capaz de fazer “grudar” a carga como se fosse um velcro natural.
13 Esconde-esconde embaixo d’água
Quem olha distraído para essa foto vê apenas uma superfície de areia. Mas se aguçar a vista consegue ver o perfil de um peixe muito chato que se mimetiza perfeitamente com o fundo arenoso. Trata-se de um Pleuronectes platessa, um peixe que fez do mimetismo a sua grande arma na luta pela sobrevivência.
A sua forma chata e alongada e a pele marrom com nuances que vão do amarelo ao vermelho e ao verde, lhe possibilitam confundir-se com a areia e as pedras dos leitos marinhos onde vive. Desse modo, ele fica praticamente invisível aos seus muitos predadores (golfinhos, focas, tubarões, camarões e medusas). E não é tudo: como no caso dos linguados, os olhos do platessa estão ambos do mesmo lado, quase sempre o direito. Desse modo, ele pode apoiar no chão o lado incolor e destituído de olhos, mantendo intacta a sua capacidade visiva.
Caters News Agency/Iberpress
A sua forma chata e alongada e a pele marrom com nuances que vão do amarelo ao vermelho e ao verde, lhe possibilitam confundir-se com a areia e as pedras dos leitos marinhos onde vive. Desse modo, ele fica praticamente invisível aos seus muitos predadores (golfinhos, focas, tubarões, camarões e medusas). E não é tudo: como no caso dos linguados, os olhos do platessa estão ambos do mesmo lado, quase sempre o direito. Desse modo, ele pode apoiar no chão o lado incolor e destituído de olhos, mantendo intacta a sua capacidade visiva.
Caters News Agency/Iberpress
14 Perfeita para o teatro
Se o louva-a-deus conhecido como “folha morta” (Deroplatys truncata) pudesse escolher a sua estação preferida, ela seria provavelmente o outono. Nesse período, com efeito, ele poderia facilmente se esconder no meio das folhas caídas com as quais se parece tanto. Essa astuta mantidae – que prefere o clima quente e úmido da Malésia, Bornéo e Indonésia – assumiu tão bem o papel de vegetal que, quando perturbada, oscila levemente como uma folha ao vento. Quando se sente realmente ameaçada, ela se deixa cair ao solo e permanece imóvel, confundindo-se em meio às verdadeiras folhas secas: desse modo, rãs, macacos, pássaros e pequenas serpentes – os seus principais predadores – ficam a ver navios.
15 Falsa planta, verdadeira assassina
Se por um lado o mimetismo das mantidae serve como mecanismo de autodefesa, ele é também usado como efeito surpresa durante o tempo de espreita às próprias vítimas. E’ o caso da mantidae Phillocranya Paradoxa, cuja cor e aspecto lhe permitem mimetizar-se perfeitamente fazendo-a parecer uma planta. Isso a permite estudar a presa com tranquilidade, antes de lançar-se sobre ela e desferir o seu golpe mortal.
16 Os truques da raposa
Para não acabar entre os dentes de algum urso polar, as raposas polares, também chamadas de raposas brancas (Alopex lagopus) possuem uma pelagem espessa que, durante o inverno, se torna branca como a neve, permitindo-lhe mimetizar-se perfeitamente sobre as extensões geladas. Essas raposas possuem também uma camada de pelos sob as patas: elas podem percorrer dezenas de quilômetros sobre o gelo sem as congelar.
17 Rã ou musgo?
Sem a ajuda de uma zoom, essa pequena rã (Theloderma corticale) é praticamente invisível, graças à sua pele verde e marrom que lembra a consistência e as cores do musgo. É a camuflagem ideal para se esconder nas florestas úmidas do Vietnã, onde vive. Vê-la de perto é um evento muito raro, e não apenas por causa das suas habilidades miméticas: o progressivo desflorestamento do seu habitat natural está colocando em sério risco a sobrevivência da espécie. Essa rã que, adulta, chega a medir no máximo 7 centímetros, costuma fazer seu ninho no interior de troncos de árvores, em cavidades onde se acumula água de chuva. Além disso, a estrutura particular da sua pele a torna objeto de caça e comércio ilegais.
18 Escondido na areia
Ele é considerado um peixe muito feio, além de perigoso e maldoso. Esse peixe tropical é dotado de diversos espinhos venenosos posicionados sobre o seu dorso. Não é mortal, mas ser ferido pelos espinhos do Uranoscopus sulphurous provoca dores muito fortes. Por isso, é preciso estar atento quando se caminha sobre a areia do fundo marinho, pois ele passa a maior parte do tempo escondido, recoberto pela areia. Apenas seus olhos permanecem descobertos, para que ele veja as presas quando se aproximam.
19 Uma folha viva
As folhas são a forma preferida pelos animais miméticos, como esse gafanhoto da família Tettigonidae. Além da forma, esse gafanhoto imita também as cores e inclusive as nervuras de uma folha. Como se não bastasse, o inseto se posiciona sobre os galhos como se fosse uma folha.
20 Branco de montanha
A perdiz branca (Lagopus sp.) é uma das espécies alpinas mais miméticas. Durante o inverno, sua plumagem é completamente branca e se confunde com a neve que recobre o topo das montanhas. Durante o verão, as penas mudam se cor e conquistam tonalidades de marrom esverdeado, parecido às cores dos bosques e das pradarias alpinas.
http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/79728/Reis-do-disfarce---Os-muitos-truques-do-mimetismo.htm