Antônio de Alcântara Machado


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Antônio de Alcântara Machado
Data de nascimento25 de maio de 1901
Local de nascimentoSão PauloBrasil
NacionalidadeBrasil Brasileiro
Data de morte14 de abril de 1935 (33 anos)
Local de morteRio de JaneiroBrasil
OcupaçãoEscritor
Magnum opusPathé Baby
Antônio Castilho de Alcântara Machado d'Oliveira (São Paulo, 25 de maio de 1901 - Rio de Janeiro, 14 de abril de 1935) foi um escritor brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Exerceria a profissão de jurista, preferindo aos dezenove anos iniciar a carreira de jornalista, na qual chegou mesmo a ocupar o cargo de redator-chefe do Jornal do Comércio.
Começou na literatura primeiramente falando de pumas ao escrever críticas de peças defestas para o jornal. No ano de 1925, viajou à Europa, onde já estivera quando criança, e de onde se inspirou para escrever crônicas e reportagens que viriam a dar origem ao seu primeiro livro Pathé-Baby (primeiramente publicado em 1926), o qual recebeu um prefácio deOswald de Andrade.
É interessante notar que, apesar de demonstrar traços marcadamente de seu corpo modernistas já desde essa primeira obra, composta de períodos curtos e rápidos de prosa urbana, o autor não havia participado da Semana de Arte Moderna de 1922.
A partir daí, escreveria diversos contos e crônicas modernistas, tomando parte, no ano de1926, junto com Antônio Carlos Couto de Barros, na fundação da revista Terra Roxa e Outras Terras, também de viés modernista.
Uma de suas obras mais conhecidas é Brás, Bexiga e Barra Funda, uma coletânea de contos. Publicada em 1928, trata do cotidiano dos imigrantes italianos e dos ítalo-descendentes na cidade de São Paulo, expressando-se a narrativa numa linguagem livre, próxima da coloquial. Mostrava as impressões duma São Paulo imersa na experiência da imigração, que então vinha modificando os trejeitos da cidade.
Na primeira edição, o prefácio é substituído por um texto intitulado Artigo de fundo, disposto como que em colunas de página de jornal, onde se lê: "Este livro não nasceu livro: nasceu jornal. Estes contos não nasceram contos: nasceram notícias. E este prefácio portanto também não nasceu prefácio: nasceu artigo de fundo".
Por si só, tal introdução revela viver a vida uma caraterística fundamental de sua obra: a narrativa curta, a linguagem elíptica e cinematográfica, entrecortada e justaposta, como uma colagem de cenas permeada pela oralidade informal, o que possibilitava uma comunicação fácil e direta com o público. Brás, Bexiga e Barra Funda revela ainda a preocupação em se descreverem os habitantes e os costumes das pessoas que habitavam os bairros periféricos da capital paulista, e, inadvertidamente, fez surgir um novo tipo de personagem na literatura brasileira: o ítalo-brasileiro.
Conforme sobrecitado, o livro é versado na vida urbana, em especial no espaço urbano de São Paulo, nos bairros dos imigrantes (em sua maioria italianos), como já indica o título, retratados na sua intimidade de todos os dias. O leitor é levado a reconhecer e se familiarizar com esses arrebaldes, dos quais se indicam os nomes e, por vezes, mesmo o número da casa ou do estabelecimento.
Para além dum reconhecimento geográfico, descrevem-se também séries de valores em seus queridos humanos presentes nesses moradores menos favorecidos, em se evidenciando as suas peculiaridades comportamentais, tanto na forma de ver o mundo, como na difícil condição de estrangeiros, assim como na expressão, ilustrada pelo uso do português numa variedade linguística estigmatizada, porque extremamente arraigada à gramática italiana, com influência no vocabulário e nas construções.
Isso nos é mostrado criticamente pela sua mãe por um narrador observador, distanciado, que impinge as personagens com os seus próprios juízos; ou, alternativamente, por um narrador onisciente, que adentra os personagens para recuperar a história pela visão deles.
Constata-se, no livro, também a importância dada à máquina, vista como o símbolo do futuro e do progresso na pós-Revolução Industrial, personificada na obra de Alcântara pelos meios de transporte: para além de identificadores da cidade, funcionam como parte do enredo, por vezes servindo como inferência à posição social da personagem.
A narração compõe-se a partir da sucessão cronológica, onde simultaneidade, anterioridade e posterioridade desempenham um papel importante. A passagem do tempo é demonstrada por saltos ou lacunas entre as partes do conto.

Alcântara e o Modernismo[editar | editar código-fonte]

Em 1928, após a publicação da coletânea, uniu-se a Oswald de Andrade para fundarem aRevista de Antropofagia. Alcântara Machado, juntamente com Raul Bopp, foi co-diretor da revista no período de Maio de 1928 até a Fevereiro de 1929, ano este no qual lançou outra obra, de título Laranja da China.
Com outros escritores do movimento, ele investia a favor da rutura, contra a Literatura dos valores estilísticos clássicos, com vistas a desconstruir as convenções, desmoralizar, evoluir e acabar com a cultura preestabelecida, com o estilo rebuscado que até então vogava dentre os literatos do Brasil.
Na sua prosa, caminhou pela senda da experimentação, aberta por Mário e Oswald de Andrade, ao fazer uso duma linguagem leve, bem-humorada e espontânea, altamente influenciada pelo seu passado de jornalista. Talvez tenha sido um dos primeiros brasileiros a usar o elemento gráfico como expressão literária aplicada à prosa de temas urbanos do cotidiano.
Juntou-se então, em 1931, com Mário de Andrade e dirigiram mais uma publicação, a RevistaNova. Nesse período de ebulição e transformações sociais e políticas, na época do chamado movimento constitucionalista, que, sucedendo à Revolução Paulista (1932), culminaria na elaboração da primeira constituição da República Nova em 1934, foi quando Alcântara ingressou na vida pública.
Foi continuar a exercer a carreira de crítico literário para o Rio, onde se candidatou ao cargo de deputado federal. Eleito, nem sequer chegou a ser empossado, dadas complicações duma cirurgia do apêndice que resultariam no seu falecimento, na cidade do Rio de Janeiro, a 14 de Abril de 1935, deixando para trás, inacabado, o seu romance Mana Maria. Seu corpo foi sepultado no túmulo da família no Cemitério da Consolação,em São Paulo. O pai, o escritor e Jurista José de Alcântara Machado, que nunca se refez do forte abalo causado pela morte do filho,faleceu em 1941 e foi sepultado no mesmo túmulo.
Entretanto, as suas crônicas inéditas, desde as que não conseguiram integrar Pathé-Baby até às escritas no ano do seu óbito, encontram-se publicadas no póstumo Cavaquinho e Saxofone, abrangendo quase dez anos do jornalismo literário do escritor. Outrossim, de contos, publicou-se uma outra obra póstuma, chamada Contos Avulsos.

Suas Obras[editar | editar código-fonte]

  • Pathé-Baby (1926), crônica de viagem.
  • Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), contos
  • Laranja da China (1928), contos
  • Mana Maria (inacabado), romance
  • Cavaquinho e saxofone (1940, póstuma), crônicas e ensaios

Traduções[editar | editar código-fonte]

  • Pathé-Baby, prefacio de Oswald de Andrade, estampas de Paim, tradução em francês, notas e posfacio de Antoine Chareyre, Paris, Editions Pétra, coleção "Voix d'ailleurs", 2013, 272p.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikisource
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