Johann Sebastian Bach 3

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Obra[editar | editar código-fonte]

Visão geral[editar | editar código-fonte]

Bach foi um dos mais prolíficos compositores do ocidente. O número exato de suas obras é desconhecido, mas o catálogo BWV assinala mais de mil composições, entre elas inúmeras peças com vários movimentos e para extenso conjunto de executantes. A vastidão de sua Obra fica ainda mais óbvia quando se sabe que possivelmente metade dela se perdeu ao longo do tempo. Entretanto, é difícil imaginar que qualquer redescoberta que venha a acontecer altere significativamente o imenso prestígio de que desfruta na atualidade. De fato, Bach era infatigável, tanto em seu estudo e cópia da produção europeia antiga e coeva - especialmente de italianos e franceses, construindo uma considerável biblioteca musical privada - como em seu trabalho autoral, em suas atribuições oficiais e em suas várias peregrinações a pé para ouvir músicos importantes. Com modéstia, certa feita declarou que qualquer um que se esforçasse como ele se esforçou atingiria os mesmos resultados.[36]
Os ingredientes do gênio são de análise problemática, mas as fontes do seu estilo são bem conhecidas. A primeira delas é, naturalmente, a tradição de música polifônicaalemã do século XVII, que para muitos de seus contemporâneos - adeptos do novo "estilo galante", como também é apelidado o Rococó - era já ultrapassada e por demais complexa e impopular. Entre os autores alemães que lhe foram forte referência se contam Buxtehude, ReinckenBruhnsLübeckBöhmPachelbelKriegerKuhnau,ZachowFroberger e Kerll. Embora o contraponto seja um elemento fundamental em seu estilo, Bach conseguiu, segundo Hindley, uma notável e inigualada síntese entre a polifonia e a homofonia.[22] [37] Outras fontes vitais para Bach foram a produção francesa e a italiana, em particular através das obras de MaraisRaisonCouperinGrigny,AlbinoniFrescobaldiBattiferri e Bonporti.[1] [22] Além de um grande dom para amelodia, suas harmonias são ricas, audaciosas e sutis, e ele tinha um poderoso senso de arquitetura e forma, possibilitando-lhe construir estruturas de largo fôlego, com impressionante capacidade de controlar a evolução do discurso musical para conduzi-lo a um clímax impactante e expressivo, muitas vezes conseguido por uma sucessão cumulativa de pequenos elementos repetidos e variados.[37] Seu interesse em novos resultados sonoros ficou patenteado em inúmeras ocasiões, quando transcreveu e arranjou obras suas ou de outros compositores de um meio para outro muito diferente.[38]

Monograma pessoal de Bach, entrelaçando as iniciais de seu nome
O teclado foi a base do aprendizado de Bach, e também o meio preferencial pelo qual instruiu seus alunos. Tornou-se um requisitado professor ainda em Weimar, e em Leipzig suas atividades docentes se aprofundaram. H. N. Gerber, que estudara com ele, disse que seu método de ensino introduzia gradualmente uma enorme variedade de técnicas de composição geral, ao mesmo tempo em que educava o gosto e aperfeiçoava as capacidades de interpretação do aluno. Costumava, segundo este relato, iniciar o ensino com suas Invenções e Suítes Francesas eInglesas, e concluía o curso com os prelúdios e fugas doCravo Bem Temperado. Estas coleções constituem o núcleo estilístico da música bachiana.[22]
Tem sido muito citado gosto de Bach pelo uso desimbologias numéricas de conotações esotéricas e religiosas em intervalos, proporções e na construção de melodias e estruturas, e embora isso tenha sido provado em alguns casos, a matéria é extremamente polêmica, dá margem a uma variedade infinita de conclusões, quase todas hipotéticas e muitas vezes contradizendo-se mutuamente, e de acordo com Geck demorar-se neste tópico, tentando-se decifrar as minúcias de cada frase musical ou de cada intervalo em termos de combinações matemáticas não acrescenta muito à compreensão de suas intenções musicais. Numa abordagem mais ampla do assunto, porém, a pesquisa é válida, pois a concepção da música como uma ciência matemática ainda fazia parte do espírito do século XVIII e seguia uma tradição que remontava a Pitágoras. Na história da polifonia ocidental as formas rigorosas do contraponto sempre foram vistas como uma expressão no mundo da ordem divina daCriação. Em seu tempo essa ideia começava a se fragmentar rapidamente em prol de uma concepção mais subjetiva e humana. A estruturação do discurso musical já dava grande importância à harmonização vertical dos sons sobre uma base fornecida pelobaixo contínuo, enfatizando a melodia da voz superior e abandonando a estruturação horizontal típica da antiga polifonia, onde todas as vozes tinham igual relevo. Neste sentido, Bach é uma figura de transição entre duas eras, sintetizando ambas as tendências, mas sua insistência nas formas polifônicas densas e complexas foi parte do motivo pelo qual sua música madura encontrou uma receptividade relativamente fraca e foi vista por alguns de seus contemporâneos como antiquada.[39]
Mas é fato que Bach era um luterano devoto e nenhuma análise de sua Obra será completa sem levarmos em conta a sua profunda religiosidade. Em muitas partituras encontram-se as inscrições Jesu juva (Ajuda, Jesus!) ou Soli Deo gloria (Para a glória deDeus somente); sua biblioteca privada continha mais de oitenta obras teológicas, que não apenas lia mas comentava em anotações marginais,[40] e a despeito dos muitos elementos operísticos de suas cantatas, de origem profana, elas se erguem como monumentos à fé. Ainda mais marcantes nesse sentido são a Paixão segundo São Mateus e a Missa em si menor. Lembre-se também que grande parte de sua produção para órgão nasceu com a função de ser executada durante o culto religioso. Por isso, mesmo sendo a fase mais difícil de sua vida, o período que passou em Leipzig, quando suas obras religiosas avultam e ele atinge a maturidade artística, pode ser visto como o seu momento de apogeu.[37]

Música instrumental solo[editar | editar código-fonte]

Cravo e similares[editar | editar código-fonte]


Capa do Cravo Bem Temperadovol. I
Um dos elementos essenciais da arte de Bach como compositor para teclado é a atenção que ele deu, desde o início, às qualidades idiomáticas dos vários instrumentos com que trabalhou, respeitando as diferenças entre os vários membros da família do cravo: o cravo propriamente dito, o clavicórdio, o Lautenwerk(cravo-alaúde) e o pianoforte, às vezes deixando instruções específicas para o uso de cada um, e manteve um interesse ativo nas experiências deGottfried Silbermann no desenvolvimento do pianoforte durante a década de 1730-1740. Entretanto, o significado da palavra Klavier(teclado), engloba todos os tipos de instrumento de tecla, os cravos, o pianoforte e também o órgão, o que permite muitas vezes interpretar uma mesma peça em instrumentos diferentes sem prejuízo. Existe uma associação óbvia entre a notoriedade de Bach como um virtuose e professor de teclado e o fato de que sua música para teclado está entre a mais acessível de toda a sua produção, sendo também a mais amplamente divulgada.[22]
Suas primeiras composições para cravo compartilham de algumas características estilísticas com sua produção organística inicial e, como aquelas, sua datação é difícil. Entre 1700 e 1713 sem dúvida compôs muitas tocatas, prelúdios e fugas, além de peças em outros formatos como a variação e o capricho, onde se conjugam influências germânicas, francesas e italianas, exemplificadas por obras como o capricho BWV 992[22] e as tocatas BWV 910-916, obras alentadas em vários movimentos e de contraponto livre, que estão entre as mais perfeitas obras num gênero antigo cujas raízes se perdem na história.[41] Depois de 1712 a influência italiana se torna mais forte. Nos últimos anos em Weimar e os primeiros em Köthen produziu obras como as Suítes Inglesas e a conhecida Fantasia Cromática e Fuga BWV903, e também o Clavier-Büchlein de Wilhelm Friedemann, que é uma coleção essencialmente didática e lançou os fundamentos para o ciclo do Cravo Bem Temperado e das Invenções e Sinfonias a duas e três vozes.[22]
As Invenções e Sinfonias também possuem um propósito didático, objetivando adestrar o estudante na interpretação correta de música a duas e três vozes. Mas de todas as coleções de longe a mais importante e influente são os dois volumes de O Cravo Bem Temperado. Cada volume apresenta uma série de 24 prelúdios e fugas em todas as tonalidades maiores e menores, superando em termos de lógica, forma e qualidade musical todas as tentativas de seus antecessores e abrindo novas perspectivas para o futuro.[22] Segundo Goodall,
"A publicação (do primeiro volume) de O Cravo bem Temperado de Bach, em 1722, é um dos marcos da história da música europeia. Mesmo durante a vida de Bach, sua influência foi rápida e dramática; mais tarde, tanto Mozart como Beethoven pagaram tributo ao brilhantismo e à importância da coleção".[42]
O título da coleção faz referência às pesquisas que então se faziam sobre a afinaçãodos instrumentos de afinação fixa como os teclados, a fim de possibilitar que se tocasse música em todas as tonalidades. A afinação anteriormente usada era desigual, ou seja, cada tonalidade produzia um efeito distinto porque os intervalos entre os semitons não eram iguais. Naquele tempo um dó sustenido, por exemplo, não equivalia a um ré bemol. Instrumentos de cordas e sopro podiam produzir qualquer afinação desejada, mas os de tecla não, resultando que certas tonalidades não resultavam bem, e tampouco as modulações entre as várias tonalidades. "Bem temperado", nesse contexto, significava uma ligeira diminuição ou ampliação artificial dos intervalos naturais.[43] [44] Qual teria sido a exata afinação usada por Bach, contudo, ainda é motivo de muita discussão.[45] A coleção é mais notável por sua variedade do que por sua unidade. Isso fica mais evidente nos prelúdios, cuja forma é livre. Alguns usam uma estrutura de tocata ou improviso, outros, a de arioso ou fantasia. As fugas também são variadas, podendo inclusive usar ritmos de dança, embora sigam regras compositivas mais rigorosas. A maioria é em duas ou três vozes, mas suas texturas podem chegar a cinco vozes.[46]
Outras obras de grande importância para o cravo, cada uma representando a culminância em seu gênero durante o período Barroco, são suas seis trio-sonatas para cravo com pedal BWV 525-530, que podem ser executadas também em um órgão;[38]as partitas BWV 825-30, suítes de danças; o Concerto no estilo italiano BWV 971, que apesar do nome é uma peça para cravo solo e é como que um resumo de sua arte de transcrição de concertos instrumentais para o teclado; e as Variações Goldberg BWV 988, uma obra de estrutura cíclica que, em sua concepção monotemática e enfaticamente contrapontística, criou o cenário para as últimas grandes obras de Bach: a Oferenda Musical e A Arte da Fuga.[22]
Sinfonia nº 1 das Sinfonias e Invenções
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Interpretado por Randolph Hokanson (versão para piano)
Prelúdio e Fuga em mi maior do II volume do Cravo Bem Temperado
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Interpretado por Randolph Hokanson (versão para piano)
Primeiro movimento do Concerto no estilo italiano BWV 971
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Interpretado por Martha Goldstein
Allegro para Lautenwerk BWV 998
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Interpretado por Martha Goldstein

Órgão[editar | editar código-fonte]


Capa do Orgel-Büchlein

Réplica do grande órgão Silbermann sobre o altar da Frauenkirche, Dresden, onde Bach apresentou pela primeira vez peças de sua coleção Clavier-Übung III
A maior parte da produção organística de Bach data da primeira parte de sua carreira, quando ocupou vários postos como organista. Depois de 1717 essa função não foi mais exercida oficialmente, ainda que seu interesse pelo instrumento jamais desaparecesse. Boa parte parece ter sido música de ocasião, dada a maneira precária e dispersa que chegou a nós, sem datação, sem indicações de registros e muitas vezes em cópias de baixa qualidade, gerando muitos problemas para seu estudo moderno. Somente no final de sua vida se preocupou em revisar, organizar e publicar diversos trabalhos em coleções. Convencionou-se dividir em dois grupos principais essa parte de sua produção: um de peças baseadas em hinos luteranos, e outro de peças de livre inspiração, mas isso não implica a separação entre o seu uso litúrgico e não-litúrgico, havendo sobreposição neste aspecto.[47]
Das composições baseadas em hinos, cerca de noventa foram reunidas em quatro coleções: oOrgel-Büchlein, o Clavier-Übung III, os Corais Schübler e a Coleção de Leipzig. Sessenta outras permanecem em sua maioria avulsas ou em grupos menores. O Orgel-Büchlein (Pequeno Livro de Órgão) foi planejado para ser um grande ciclo didático de 164 arranjos corais seguindo o uso no calendário religioso, e instruindo o estudante como trabalhar sobre as antigas melodias luteranas, mas ele só completou 46. Em sua maioria são peças curtas, mal chegando a vinte compasso. A melodia pode recebe um tratamento bastante ornamental na mão direita enquanto a esquerda e o pedal fornecem um acompanhamento. Outras peças são construídas à maneira de cânone, que conduz a uma conclusão em polifonia livre ou homofonia. A fórmula mais típica da coleção, porém, é uma textura a quatro vozes com a melodia original no soprano, em valores de nota mais longos e sem hiatos entre as frases, enquanto as outras constroem um tecido contrapontístico livre ou com motivos derivados da melodia, com valores menores. Também é comum a "pintura de palavras" (vide Doutrina dos afetos), um recursoretórico padrão do período Barroco, pois embora se trate de música instrumental, os textos originais dos hinos eram conhecidos de todos na época, e o seu significado era ilustrado sonoramente. Exemplifica este tipo a peça mais conhecida da coleção, Durch Adams Fall ist ganz verderbt, com suas passagens de sétimas descendentes e sua tonalidade ambígua, ilustrando a queda de Adão no pecado.[48]
Clavier-Übung III (III Volume dos Exercícios para Teclado), a primeira coleção a ser impressa (1739), é considerada de todas a mais importante e complexa,[49] e é também conhecida como Missa alemã de órgão, pois consiste de uma série de prelúdios coraissobre melodias da missa e do catecismo luteranos. Inicia com um prelúdio sobre o hinoWas mein Gott will das e conclui com um prelúdio e fuga tripla a cinco vozes, a chamadaFuga de Santa Ana. O conjunto também usa uma grande variedade de recursos técnicos para a ilustração expressiva dos textos, mas, segundo Boyd, comparado ao grupo anterior, é muito mais austero e arcaizante, em parte por causa das melodias escolhidas, derivadas de antigos fragmentos de canto gregoriano, e suas 27 peças individuais são bem mais extensas.[50] [51] Justamente por essa origem, muitas vezes a melodia do hino é tratada à maneira de cantus firmus, porém quatro peças são do tipomoteto, três na forma de paráfrase, e outras usam os modelos do cânone, da fuga ou da trio-sonata. Duas peças introduzem uma segunda melodia principal.[52]

Capa da Coleção Schübler
Os Corais Schübler são uma transcrição para órgão de cinco árias de cantatas, e mais uma peça cuja origem é incerta. A versão publicada deixou o baixo contínuo incompleto. Todas as peças fazem uso do recurso do cantus firmus, e sua organização, segundo Williams, sugere um propósito ilustrativo de um conceito de vida cristã, já que os títulos apresentados narram sequencialmente a preparação para o Advento, uma profissão de fé, uma declaração de esperança, a expressão de júbilo da alma por seu Salvador, uma expressão de confiança diante da morte e uma súplica pela salvação contra as ameaças do Inferno. Estudiosos têm encontrado na partitura indícios de simbologias numéricas associadas, mas isso é objeto de disputa, embora uma progressão orgânica e sua estrutura simétrica sejam claramente discerníveis. O resultado é uma coleção de características únicas em sua produção, um tanto difícil de tocar mas de melodismo mais acessível ao grande público, pelo que foi louvada pelos críticos da época, e é possível que sua intenção com ela tivesse sido de fato oferecer um produto popular e rendoso.[53] O retorno não foi tão bom quanto o esperado, mas a coleção teve um profundo impacto sobre a geração seguinte, sendo imitada por muitos outros organistas até o fim do século XVIII.[54]
Coleção de Leipzig é composta de dezessete arranjos corais, mas a organização do conjunto, feita em torno de 1749, não é inteiramente de Bach, já parcialmente incapacitado. Sobrevivem versões bastante diferentes de várias peças, e tampouco sua datação é segura, provavelmente são peças compostas em seus primeiros anos e revistas mais tarde. Sem uma estrutura lógica e um propósito claro, o que distingue a coleção é seu idioma musical, empregando um estilo retrospectivo reminiscente de Buxtehude, Pachelbel e outros da geração anterior, uma grande quantidade de escrita ornamental e texturas e contraponto mais simples do que as outras coleções, sem que isso lhes prive de altas qualidades estéticas. As duas últimas, porém, são obras mais pobres e é possível que não fizessem parte das intenções do autor, pois foram acrescentadas por seu discípulo Altnikol.[55] [56]

Capa autógrafa da Tocata e Fuga em ré menor BWV 565
As peças de livre inspiração ocupam um lugar igualmente importante no conjunto de sua produção, compreendendo os tipos tocata,canzonapassacalha, fantasia, prelúdio e fuga, mas como ocorre com grande parte de suas obras, a datação é difícil, e várias delas sobrevivem em versões diferentes. De modo geral apresentam um estilo rapsódico típico dos mestres alemães da geração anterior a ele, mas suas características individuais são extremamente variadas e é impossível analisá-las como um conjunto unificado em termos de estilo e abordagem. As atribuídas à sua primeira fase criativa são, de acordo com Geiringer, fruto de um iniciante ávido por experimentações e em busca de um caminho seu, e se revelam como obras imaturas, com inconsistências na estrutura e estilo e às vezes alguns erros técnicos. Mesmo assim, são obras exuberantes e de grande efeito. Destacam-se desta fase entre outras o Prelúdio e Fuga em sol menor BWV 535, com uma conclusão poderosamente dramática; o Prelúdio e Fuga em sol maior BWV 550, com uma extraordinária passagem para solo de pedal, e sobretudo a célebre Tocata e Fuga em ré menor BWV 565, iniciando e encerrando com trechos rapsódicos que emolduram uma fuga no centro; seu caráter é de improvisação brilhante e fogosa, cheia de passagens virtuosísticas e técnica impecável. Da fase madura são notáveis, por exemplo, a Tocata em dó maiorBWV 564, que mostra a influência italiana e contém entre as passagens de bravura uma longa e melodiosa cantilena; a Tocata e Fuga Dórica BWV 538, toda elaborada em torno de um único motivo simples, enunciado no início; a Tocata e Fuga em fá maior BWV 540, de grande extensão e efeito fulgurante, que levou Mendelssohn a dizer, ao ouvi-la, que parecia que a igreja iria desmoronar; o Prelúdio e Fuga em sol maior BWV 541, que surpreende com uma pausa e um episódio homofônico no meio da fuga, seguido de uma passagem duramente dissonante, mas da sua maturidade talvez a peça mais conhecida seja a Passacalha em dó menor BWV 582, que consiste em vinte variações sobre um baixo ostinato, obra de arquitetura poderosa que parece esgotar as possibilidades do gênero da variação. Também se incluem entre as obras de livre inspiração arranjos para órgão de obras orquestrais de outros compositores, onde amiúde transformou tanto a escrita original que passam a ser obras quase inteiramente suas.[57]
Tocata e Fuga em ré menor BWV 565
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Interpretado por Ashtar Moïra
Fuga do Prelúdio e Fuga em lá menor BWV 543
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Interpretado por Noah Horn

Cordas e flauta[editar | editar código-fonte]


Partitura da Sonata para violino solo nº 1 BWV 1001
As seis Sonatas e Partitas para violino solo BWV 1001-1006, compostas em 1720, mostram sinais de terem sido concebidas como um ciclo unificado, já que as peças seguem uma série lógica de tonalidades de acordo com o ciclo das quintas. A coleção compreende três sonatas com quatro movimentos, e três partitas que agrupam uma série de movimentos de dança estilizados. Nas sonatas, como exigia a tradição da sonata de câmara, há movimentos fugais, explorando as possibilidades polifônicas de um instrumento essencialmente melódico. Nos outros movimentos há passagens em acordes e arpejosa fim de prover ao ouvinte indicações da harmonia subjacente à voz solo. As partitas obedecem à forma da suíte, com seus movimentos distribuídos entre allemandes,courantssarabandesgigues e outras formas. Esta coleção se tornou um favorito e um dos pilares do repertório violinístico moderno, apresentando uma enorme paleta de sonoridades e formas na escrita virtuosística para o instrumento, demonstrando a maestria do compositor, que era ele mesmo um violinista completo. Vários violinistas eminentes as gravaram ao longo do século XX e foram feitos muitos arranjos para outras formações instrumentais. A segunda partita se tornou especialmente memorável por ter como seu movimento final uma majestosa chacona.[58] [59]
As suas Seis Suítes para violoncelo solo BWV 1007-1012 gozam da mesma estima, representando o ápice da escrita para violoncelo do período Barroco, embora não formem uma unidade tão coesa quanto a coleção para violino. Foram compostas provavelmente para o gambista da corte de Köthen, Christian Abel. Cinco delas exigem um instrumento convencional de quatro cordas, e uma delas é para um instrumento de cinco cordas. Todas seguem um mesmo modelo, com uma sequência de danças após um prelúdio, que no caso da suíte 5 é uma abertura francesa, com uma seção fugal.[60][61] Também escreveu uma obra para flauta, a Partita para flauta solo BWV 1013, de grande dificuldade técnica. Bach parece ter levado em pouca conta a necessidade de respirar do executante e escreveu música que flui ininterruptamente, sugerindo que a peça foi composta originalmente para outro instrumento.[62]
Chacona da Partita para violino solo BWV 1004
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Interpretado por Ben Goldstein
Allemande da Suíte n.º 3 para violoncelo solo BWV 1009
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Interpretado por John Michel
Partita para flauta solo BWV 1013
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Interpretado por Alex Murray


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