A PERDA DO OLFATO


 
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19.03.2017, 23:04

UMA SÍNDROME RARA E POUCO CONHECIDA

Numerosos fatores, doenças ou traumatismos, podem provocar a incapacidade de perceber os odores e os sabores. Sentido fundamental, primitivo, considerado o mais importante para a sobrevivência do homem nos tempos pré-historicos, A anosmia (perda total do olfato) ainda é um fenômeno médico pouco conhecido.


Por: Damien Mascret  - Le Figaro Santé

“O olfato é, sem dúvida, o sentido mais injustamente negligenciado. A perda dessa capacidade significa apenas 2% de handicap nas listas que tentam estabelecer uma hierarquia mais ou menos oficial das deficiências mais importantes”, diz com espanto Bernard Perroud, francês de 55 anos, que se tornou anósmico (incapaz de sentir os odores) há dez anos após sofrer um traumatismo craniano. “É horrível saber que nunca mais iremos sentir algum cheiro”, diz ele. “Nós vemos as coisas, mas como elas não têm mais nenhum cheiro, elas não mais nos atraem. O isolamento social, o mergulho em si mesmo, a depressão estão sempre por perto em um mundo que se tornou fantasmagórico, cinzento, fátuo.”
Bernard Perroud, amante da boa cozinha, marinheiro de longo curso desde os 17 anos, não fazia a menor ideia de que, um dia, “os cheiros do porto de Saint-Jean-de-Luz, com seus odores de peixes, de maresia e de querosene” iriam lhe fazer tanta falta. “Eu nem sequer sabia que podemos perder nosso olfato do dia para a noite”, ele contou para a plateia do Terceiro Congresso de Questões Olfativas promovido recentemente pelo Isipca (Instituto superior internacional do perfume, da cosmética e da aromatização alimentar, que aconteceu em Versalhes.
O bulbo olfativo é um córtex
As fibras nervosas que captam no nariz as moléculas odorantes devem atravessar o osso que as separa do bulbo olfativo, primeiro plexo nervoso antes que as mensagens sensoriais sejam conduzidas até o cérebro. “O bulbo olfativo é um córtex, embora se trate de um paleocórtex”, explica Anne Didier,  professora de neurociências em Lyon, o que de mostra a importância desse sentido no processo da evolução humana.
As agressões às vias olfativas não são apenas mecânicas. Perdas do olfato persistentes foram descritas após infecções virais, quimioterapias ou até mesmo traumatismos afetivos. Mas, no âmbito médico, até agora poucas soluções foram propostas. “A pesquisa a respeito do olfato ainda é a prima pobre da investigação sensorial”, lamenta o médico Arnaud Aubert, do departamento de psicologia e neurociências da Universidade de Tours.


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