FELICIDADE É TRANSMISSÍVEL

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26.04.2017, 03:06

NOSSA ALEGRIA DEPENDE, EM BOA PARTE, DA ALEGRIA DOS OUTROS

Um estudo realizado com 5 mil pessoas mostra que a felicidade se espalha através de redes sociais, vizinhas ou amigos, de acordo com padrões bem específicos. A alegria é um fenômeno coletivo que se propaga em ondas através de redes sociais, como uma emoção contagiosa e transmissível.


Por: Le Figaro Santé
  
"Para viver feliz, viva escondido”, diz um antigo ditado francês. Mas essa pretensa lição e sabedoria pode ser falsa. Como já foi demonstrado por pesquisadores norte-americanos que amigos de pessoas obesas tendem a ser obesos, os vizinhos de fumantes tendem a consumir cigarros, bem como os familiares de alcoólatras costumam beber além da conta, da mesma forma, parece que os amigos de pessoas felizes tendem a ser felizes também. Uma pesquisa muito bem documentada, publicada há pouco no British Medical Journal revelou que a alegria é um fenômeno coletivo que se propaga em ondas através de redes sociais, como uma emoção contagiosa e transmissível.
Para alcançar tal demonstração, Nicolas Christakis (Universidade de Harvard) e James Fowler (Universidade da Califórnia) nos Estados-Unidos focaram no estudo realizado na cidade de Framingham. Esta pesquisa gigantesca foi iniciada em 1948, com amostragem inicial de mais de 5.200 pessoas. Seu objetivo era compreender a origem das doenças cardiovasculares a partir dos comportamentos habituais das pessoas. Tabagismo, álcool, dieta, estresse, felicidade foram os fatores mais levados em consideração. Mais de 5.200 descendentes dos voluntários de Framingham foram inclusos em um novo grupo em 1971. Um terceiro grupo, a “terceira geração”, com mais de 4 mil pessoas foi criado em 2002.


Todos os voluntários de 1971 foram interrogados três vezes entre 1983 e 2003 sobre seu sentimento de felicidade: «Você já se sentiu confiante sobre o futuro na semana passada? Alegre ? Feliz de viver?», assim como seus vizinhos, amigos, irmãos e irmãs.
Com estes dados acumulados e informatizados, a organização da vida social em Framingham foi recriada virtualmente, no espaço e no tempo. Os laços familiares, as redes de vizinhança, os grupos de amigos, as comunidades profissionais foram reformuladas . A possível transmissão de felicidade foi examinada através de mais de 50 mil links.
Após análises algorítmicas complexas, a ideia de disseminação social da felicidade impôs-se claramente.
Assim, os autores calcularam que quando uma pessoa se torna feliz, um de seus amigos que mora a menos de um quilômetro tem 25% a mais de chances de se tornar feliz por sua vez, um de seus irmãos ou irmãs tem 14 % de chances, o vizinho no mesmo andar tem 34 %; quando a esposa está feliz, a esposa de um  vizinho tem 8 % de chance por sua vez. Quando uma pessoa faz um amigo feliz, o amigo deste amigo terá 10 % de chance de ser mais feliz. Mais o amigo está por perto, mais o contágio é intenso.
Este trabalho destaca a importância da proximidade física. Se as crianças ou amigos moram longe, o sentimento de felicidade não será transmitido.


Pessoas felizes são mais generosas
A alegria dos vizinhos não tem impacto quando eles vivem a mais de 25 metros de distância. Quanto à tristeza, ela parece ser transmitida com um pouco menos facilidade: em média, cada amigo próximo que se torna feliz oferece 9 % de chance de sê-lo; mas cada amigo que se torna infeliz aumenta esse risco em 7 %. Curiosamente, os autores não encontraram um contágio da felicidade entre colegas de trabalho.
Que mecanismos são subjacentes a este fenômeno? Se os autores deixam a questão em aberto, eles avançam o impacto das expressões faciais e as emoções positivas que poderiam transmitir a alegria. E as pessoas felizes poderiam ser mais generosas na amizade, tempo, dinheiro… Em 1984, pesquisadores norte-americanos calcularam que o fato de ganhar 5 mil dólares na loteria aumentou a felicidade em apenas 2 %. «Neste contexto, o poder dos outros sobre você é incrivelmente superior, pois o amigo de um amigo que você não conhece e que se torna feliz age sobre você como se você tivesse 5 vezes 5 mil dólares!, resume James Fowler . Há muitas implicações neste trabalho. Em primeiro lugar, devemos ter maior responsabilidade em face de nossa própria felicidade, pois ela afeta os outros. A busca da felicidade não é um objetivo solitário. Estamos conectados e nossa alegria depende, em boa parte, da alegria dos outros.»


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