Cuidador: Você também precisa de cuidados!
Insegurança, sensação de incapacidade, frustração são alguns dos sentimentos que acometem os cuidadores – familiares ou profissionais – de pessoas dependentes de atenção e cuidados permanentes, como pessoas com doenças graves, pessoas com deficiência, etc. Tão importante quanto cuidar das necessidades do familiar ou paciente, é cuidar das próprias necessidades e da sua saúde mental.
Na medida do possível, buscar envolvimento com grupos de apoio para dividir e trocar experiências, obter suporte emocional e psicológico, que tenha a orientação de um psicólogo, como Rodas de Conversa, por exemplo, é uma alternativa que ajuda muito ao cuidador, já que falar dos seus sentimentos, trocar opiniões e pensamentos pode trazer alívio das tensões, além da possibilidade da identificação com outras pessoas que passam pela mesma situação. É sempre um conforto percebermos que não estamos sozinhos no barco.
A função de cuidador, quando é um profissional, exige que entre em contato com impossibilidades, sofrimentos e morte. Apesar de estar qualificado para a função, é muito comum que as pressões emocionais ligadas a este tipo de trabalho causem estresse, irritabilidade e afetem, até mesmo, sua saúde física.
Além de cuidar do paciente, há a necessidade, muitas vezes, de apoio à família, já que, não é incomum, que vejam neste profissional aquele que tem resposta a todas as suas demandas.
O familiar cuidador também sofre suas pressões. E como! Ele tem a sua rotina, se não totalmente, em grande parte, ligada às necessidades do seu ente querido. Sua agenda se configura de acordo com a agenda de tratamento e outros compromissos do seu familiar e essa dinâmica, muitas vezes, deixa pouco espaço para uma folga, um passeio com os amigos, etc. Mesmo exercendo este papel de forma solidária há, em algum momento, a necessidade de se dar uma parada, olhar para si mesmo e cuidar do seu lado emocional. A questão é que, nem sempre, isto é possível podendo levar o cuidador ao desânimo, frustração, etc.
Um exemplo de situação que ocorre, com frequência, é de uma mãe cuidadora que tem um filho jovem ou adulto deficiente, começar a se preocupar com a sua própria morte.
Quando essa mãe, acostumada a levar seu filho de um lado para o outro na cadeira de rodas, movê-lo para trocar suas roupas, alimentá-lo, etc. Começa a ficar mais velha, sentindo o peso da idade que já não lhe permite se locomover com seu filho com tanta desenvoltura, surgem perguntas como “quem vai cuidar dele quando eu morrer?” começam a fazer parte dos seus pensamentos e podem, sim, gerar um quadro de ansiedade.
E quem pode lhe responder a esta pergunta? Onde buscar o suporte emocional para passar por este momento de forma mais tranquila? É difícil mesmo!
São questões pertinentes que, muitas vezes, não têm resposta certa, porém, precisam ser ouvidas e acolhidas da melhor forma possível. Por essa razão, um grupo de atendimento terapêutico, de conversa, de troca de experiências é indicado, não para responder à pergunta desta mãe, mas para acolhê-la em suas questões emocionais.
É claro que cuidar também é sinônimo de leveza, de prazer, de satisfação. Afinal, quem é que não gosta de dar e de receber amor? Ou de ser solidário e de receber solidariedade? E é exatamente neste lugar positivo do cuidar que se quer chegar quando se enfatiza a importância de se dar importância, também, à saúde mental deste profissional/familiar, oportunizando a ele espaço e condições para que possa realizar suas funções com o máximo de compromisso, amor, respeito, ao mesmo tempo em que cuida de si e das suas necessidades emocionais.
Zelar pela saúde mental do cuidador melhora, inclusive, a sua relação com o familiar/paciente dependente dos seus cuidados e, consequentemente, traz maior bem-estar para os dois, o que é ideal para que o cuidador se sinta mais confiante no exercício da sua função.
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