FENÔMENOS, FATOS E PROVAS
Ainda
durante o século XIX, junto com o movimento espírita, surgiu uma abordagem para
o estudo da morte, da sobrevivência espiritual e dos chamados fatos
sobrenaturais. Junto ao conhecimento e ao estudo das religiões, filosofias
orientais e da Antiguidade, aliaram-se os avanços da ciência positiva para identificar,
sob um ponto de vista objetivo, os acontecimentos sobrenaturais. Indagava-se a
História; antigas religiões e filosofias eram estudadas ao lado das ciências
empíricas e experimentais. Acreditava-se que esta conjugação de saber levaria à
certeza final, ao conhecimento definitivo do que era a morte e os destinos da
alma.
A partir da segunda metade do século
XIX, a fé e a razão pareciam ter entrado em colisão definitiva. Muita gente
acreditava que a segunda salvaria a humanidade e traria o conhecimento da
natureza humana e de todo o Universo. Velhas certezas eram desmontadas e novas
verdades tentavam ocupar seu lugar. Uma sensibilidade repleta de
potencialidades infinitas sobre a capacidade humana de tudo conhecer e
transformar impunha-se como centro vitorioso, credo e fé da sociedade e da
cultura emergente, revelando um novo aspecto da cultura, da produção
intelectual, artística e científica durante os séculos XIX e XX (1).
O darwinismo implicava na idéia de que
o homem não sofrera uma "queda" espiritual por perder a "graça
divina", mas, simplesmente, evoluira a partir de formas inferiores de
vida, assim como todos os seres vivos. Intelectualmente, a Bíblia estava sendo
analisada como uma peça literária, uma parte da imensa cultura religiosa da
época. O conhecimento intelectual e científico elevava os homens à imagem e
semelhança de Deus. A religião, se quisesse sobreviver, deveria adotar os
métodos da ciência para "provar" suas doutrinas, sobretudo da
imortalidade da alma.
A ênfase materialista no domínio do
pensamento contrastava com o furor da crença na sobrevivência após a morte e
nas possibilidades de comunicação entre mortos e vivos. Em certos casos, nos
meios intelectuais e científicos, chegou-se a pensar que, através de um
conhecimento objetivo e científico destes fenômenos, assim como das capacidades
mentais dos seres humanos, haveria a possibilidade de unir racionalismo e
crença, associando os novos métodos da ciência aos mais antigos enigmas
metafísicos. O surgimento, difusão e ascensão do espiritismo e espiritualismo
forneceu a solução a todos aqueles incomodados com a crescente onda de
materialismo e ateismo que se fortalecia à sombra do "rigor
científico", ensejando o substrato para "práticas e condutas
socialmente reprováveis", pois o "freio" religioso, posto em
dúvida pelas práticas e critérios assumidos, mal se sustentava. Era uma saída
para demonstrar a natureza espiritual do homem sobre as bases científicas
requeridas à época dentro de um contexto do conhecimento filosófico e religioso.
Impossível dizer quão longo foi o
percurso percorrido desde a dúvida, a crença, silenciosa, familiar, oculta e
temerosa da repressão dos mecanismos religiosos e sociais. Porém, o que a
princípio mal ousava se expor, lenta e timidamente foi ganhando corpo, irônicamente
por membros das camadas científicas e religiosas, pessoa honestas, de bem,
tomadas pelo real desejo de conhecer e intentar uma explicação razoável para os
fenômenos com que por vezes se defrontavam, aos quais não se podia fingir
ignorar e pressentiam no novo o surgimento de algo, que apesar de não muito bem
compreendido, talvez ocultasse a manifestação mais coerente da vontade divina.
Eram eles padres, pastôres protestantes e intelectuais.
Porém, com o passar do tempo, já se
podia identificar claramente a necessidade urgente de progredir mais no âmbito
exclusivo do conhecimento científico como a única forma honrosa possível de
estabelecer uma prova clara, definitiva e insofismável da realidade dos
fenômenos paranormais, da continuação da existência após a morte e, mais tarde,
da reencarnação.
Em 1852, o futuro arcebispo anglicano
de Westminster, Edmund White Benson, num gesto de grande ousadia, fundou a
Ghost Society, onde pretendia instalar o estudo dos fenômenos supranormais de
forma isenta a qualquer postulado ritualiístico, religioso ou
"espírita", de forma rigorosamente científica. Posteriormente, a
sociedade transformou-se na Dialectical Society para, em 1882, tornar-se a
Society for Psychical Research, como é conhecida até os dias de hoje,
congregando cientistas de renome, médicos, psiquiatras, psicólogos, entre
outros. A sua correspondente americana, American Society for Psychical
Research, foi criada em 1885. Precisamente, na mesma época em que Freud
iniciava seus estudos de psicanálise, começaram as pesquisas científicas dos
fenômenos psíquicos (2).
Ficou clara a tentativa de demarcar uma
linha entre o espiritualismo e o Espiritismo com feição religiosa de uma
abordagem francamente científica. Alguns anos mais tarde, o médico francês Charles
Richet chamou estes estudos de metapsiquia, quando da publicação, em 1925, do
seu Tratado de Metapsiquia. Alguns anos mais tarde prevaleceu o termo
Parapsicologia. Ao que parece, este termo foi utilizado pela primeira vez pelo
alemão Max Dessoir em 1889 para designar o estudo dos fenômenos
transcendentais. Este termo progressivamente incorporou-se na comunidade
científica durante o século XX (3).
A origem dos estudos parapsicológicos
liga-se, principalmente ao movimento espírita e espiritualista. A maioria dos
primeiros pesquisadores e investigadores pertenciam ao meio, embora procurassem
dar uma direção ao Espiritismo. A fase metapsíquica prolongou-se em franca
simbiose, com a fenomenologia espírita dos trabalhos sobre a produção de
ectoplasmas, telepatia, curas psíquicas, comunicações espirituais, levitações,
fenômenos luminosos. Os médiuns transformaram-se na matéria prima sobre a qual
debruçaram-se os estudiosos auxiliados pela tecnologia de sua época. As câmeras
fotográficas registravam levitações, aparições, formação de ectoplasmas nas
sessões experimentais durante as quais submetiam-se os médiuns a rigorosos
controles, verdadeiras "torturas" afim de prevenir fraudes.
Afinal, a época dos médiuns da Belle
Époque era também o período dos grandes prestidigitadores, dos mágicos das
fugas impossíveis, além do desenvolvimento dos truques e montagens dos
fotógrafos e cineastas. Nada parecia impossível para homens e máquinas nos
domínios do telégrafo, do rádio, da luz elétrica e do telefone. Como distinguir
a magia dos jogos de luz e sombra, as comunicações a longa distância, prodígios
da eletricidade, as diatribes nas telas de cinema de Méliès, as fugas
dramáticas de Houdini, dos fenômenos produzidos pelos mais famosos médiuns?
Coube um papel fundamental à observação
rigorosa e criteriosa de reconhecidos homens da ciência, transformando aquilo
que poderia ser uma mera demonstração para curiosos, numa oportunidade de
indagar, de forma organizada e coerente, o sobrenatural, despindo-o da tradição
religiosa e mágica das religiões e do pensamento religioso.
Uma das grandes obras deste período, o
Tratado de Metapsiquia de Richet refere-se claramente a esta necessidade dos
tempos modernos, de pesquisar, conhecer e esclarecer estes fenômenos
excepcionais, antes relegados ao domínio do oculto. Para Richet, a ciência
clássica não podia ignorar estes fenômenos, sob pena de escamotear um aspecto
fundamental das leis naturais do Universo.
Assim sendo, propõe uma área de
conhecimento científico, uma ciência voltada para o estudo das forças
inteligentes, desconhecidas e incomuns, suas causas e consequências. Para
tanto, propôs a divisão da Metapsiquia em dois campos: a) A Metapsiquia
objetiva, para analisar e classificar os fenômenos exteriores, mecânicos,
físicos e químicos, tais como casas assombradas, fantasmas, aparições,
materializações, produção de sons e luzes, movimentos de objetos; b) uma
Metapsiquia subjetiva para estudar fenômenos mentais e intelectuais, certas
realidades que só os sentidos e a sensibilidade podiam revelar, como a
cripstetesia, ou seja, a sensibilidade natural, pressentimentos, intuições,
transmissão de pensamentos, telepatias em geral.
A ciência metapsíquica deveria negar
místicas religiosas, inclusive o Espiritismo, pois, historicamente, correspondia
a uma etapa do pensamento científico. Para Richet, o conhecimento dos fenômenos
psíquicos dividia-se em quatro períodos: 1. O período mítico, da Antiguidade
até Mesmer (1778); 2. O período magnético, de Mesmer às irmãs Fox (1847); 3. O
período espírita, das Fox a William Crookes (1847-1872); 4. O período
científico de Crookes, prolongando-se pelo século XX.
De um modo geral, os cientistas
dedicados aos estudos dos fenômenos psíquicos, relutaram em aceitar e defender
a sobrevivência espiritual e as comunicações dos mortos. No máximo, colocavam
esta questão como hipótese significativa, uma forte probabilidade. Neste ponto
divergiam dos espíritas, com sua crença absoluta na imortalidade da alma e nas
comunicações entre mortos e vivos, da orgulhosa e inabalável assepsia cética da
emergente ciência dos fenômenos paranormais. Mas esta separação talvez tenha
sido a força necessária para a continuação e atualização dos estudos dos temas
incomuns, inclusive a moderna Tanatologia e Parapsicologia, separados de uma tradição
que se tornava cada vez mais mística e religiosa, sem avanços significativos.
A demarcação entre os dois campos
cresceu no século XX, de forma quase oficial. Em alguns casos, os estudos
parapsicológicos transformaram-se em áreas de conhecimento acadêmico em
Universidades e Centros de Pesquisas, interessados, motivados e entusiasmados
auto-didatas, devoradores de filmes livros e "cursos",ou até mesmo,
questão de estado durante a Guerra Fria. Pensava-se poder utilizar o
conhecimento dos fenômenos paranormais na espionagem entre EUA e URSS, até
mesmo como arma psiquica. Aliás, os estudos de Parapsicologia nos países da
antiga cortina de ferro revelam o quanto se avançou nesta área sob o domínio do
materialismo (4).
Atualmente, o estudo dos fenômenos paranormais
vêm marcados por certas tendências. De um lado uma corrente mais
espiritualizada, que procura nos simbolismos religiosos, na sabedoria
transcendental, principalmente a oriental, elementos de reflexão filosófica e
psicológica, uma abordagem mais mística, sem perder de vista uma atitude
prática, racional e objetiva. De um modo geral, os envolvidos com esta
tendência tem um passado pessoal ou familiar comprometido com o pensamento
religioso, numa visão espiritualizada, embora não aceitem os pressupostos das
religiões institucionais e oficiais. Por outro lado, identifica-se uma corrente
estritamente cientificista na abordagem dos fenômenos paranormais, sem qualquer
forma de contato com religião ou misticismo, corrente esta minoritária.
Nas últimas décadas os estudos
avançaram sobre as pesquisas do limiar da morte, a sobrevivência da consciência
e do espírito. Se nas décadas de cinquenta a sessenta predominava uma visão do
mundo dentro da ortodoxia científica, uma espécie de dogma oficial que relegava
os pesquisadores a uma condição de, no mínimo, excêntricos, nos últimos dez
anos, este panorama veio se alterando, fortalecendo uma série de argumentações
novas sobre temas "espirituais". Neste campo temos, inclusive em
meios respeitáveis, o predomínio das hipóteses de que a consciência humana
realmente sobrevive à morte. (5)
A CIÊNCIA NO UMBRAL DA ESPIRITUALIDADE
Inicialmente, as pesquisas
parapsicológicas, sobretudo no final do século XIX e início do vinte,
dedicavam-se a experiências expontâneas da natureza paranormal. Centenas de
pessoas e milhares de casos foram estudados, análises minuciosas foram feitas e
um volumoso estudo foi acumulado e publicado. Os efeitos mentais e físicos
produzidos por médiuns famosos, os casos relatados ou observados, depois de
submetidos a rigorosas análises quanto a sua veracidade e idoneidade, foram a
matéria prima para os estudos parapsicológicos desta época. Havia uma questão
muito importante sobre a qual se colocavam os pesquisadores: os médiuns eram
efetivamente visitados por espíritos ou atuavam através da telepatia? Eram
poderes extra-sensoriais da mente ou atuação de inteligências externas?
Nas sessões de estudos, as mesas
moviam-se, assobios, pancadas, campainhas, instrumentos musicais enchiam o
local de ruído e, em casos de alguns médiuns, uma estranha substância
esbranquiçada, o ectoplasma, ou bioplasma, que podia ser gelatinosa,
semi-sólida, vaporosa ou mesmo líquida, formava figuras. Mãos espectrais
tateavam mesas, membros falsos brotavam do corpo dos médiuns, Espíritos diziam
seus nomes e assumiam a responsabilidade pelas manifestações visíveis,
inclusive da psicografia. Mágicos famosos como o próprio Houdini eram chamados
para "desmascarar" fraudes, o que acontecia com relativa frequência.
Neste período, principalmente após 1925, o furor destas sessões foi tanto que a
adesão da massa, entre curiosa, necessitada e mística, aumentou sobremaneira as
difuldades dos cientistas idôneos e ilustres inviabilizando um trabalho sério,
honesto e criterioso, expondo-os a terem o seu prestígio e credibilidade
abalados. Abandonaram aos poucos, desta forma, seu engajamento às pesquisas,
terminando estes fenômenos por ficarem associados ao Espiritismo como uma
crença religiosa e a médiuns e sessões por vezes fraudulentos.
Sobretudo nos países anglo-saxões esta
separação entre a necessidade de se estudar objetivamente os fenônemos
psíquicos e uma atitude mais religiosa revelou-se desde cedo. A Sociedade de
Pesquisas Psíquicas na Inglaterra e sua similar americana distanciaram-se do Espiritismo
popular e religioso. Grupos de cientistas começaram a investigar,
experimentalmente, os fenômenos mentais e mediúnicos, acumulando dados e provas
objetivas que permitissem uma visão real, sem crenças extra-científicas,
marcando uma posição diferenciada do espiritismo, desenvolvido em torno dos
chamados "livros espirituais" revelados pelos espíritos dos mortos,
ao estilo de Kardec. Isto fica bem claro num artigo de 1904 publicado pela
Sociedade de Parapsicologia intitulado "Twenty Years of Psychical
Research":
"Os espíritas não podem duvidar
qual será objetivo - não podem duvidar de que, com o tempo, a SPR dará provas
tão claras e insofismáveis de clarividência, de escrita mediúnica, de aparições
de espíritos, e de várias formas de fenômenos físicos, do mesmo modo que as deu
sobre a transmissão de pensamentos. Há, porém, um certo conhecimento - em
relação aos fatos, a respeito dos quais a SPR não pode confessar, possuir
qualquer conhecimento. A SPR está preocupada apenas com fenômenos, buscando
provas de sua realidade... Para eles, a idéia de comunicação com os espíritos,
de uma conversa suave com os mortos queridos - tão preciosos para os espíritas,
não apresenta interesse atual."
Muitas tentativas de estudar os
fenômenos psíquicos de uma forma extritamente científica esbarravam na
impossibilidade de repetição das observações, na dificuldade de controlar o
processo de produção dos fenômenos, e nos problemas enfrentados com os próprios
médiuns, a matéria-prima das investigações. O movimento espiritualista ficou
marcado por abordagens diferentes, que se mantiveram e até mesmo acentuaram nas
primeiras décadas do século vinte.
Nos
primeiros anos do século, as investigações dos interessados pelo tema,
começaram a voltar-se para experiências de laboratório, na necessidade de
repetição dos fenômenos observados para um estudo cada vez mais detalhado e
isento, em detrimento das experiências expontâneas, visando sua aceitação no
círculo científico.
A
Parapsicologia, principalmente na década de 30, introduziu-se nas
universidades, tanto americanas quanto européias e nos países da Cortina de
Ferro. Surgiram investigações metódicas e, em alguns casos, aceitaram-se em
departamentos teses relacionadas a temas da parapsicologia. Em 1957, criou-se
uma organização internacional de estudiosos da Parapsicologia, a
Parapsychological Association que foi admitida, em 1969, na American
Association for the Advancement of Science. (6)
Em realidade, podemos pensar que a
Parapsicologia procurou atender certas indagações de ordem mais objetiva, sem
implicações de natureza religiosa ou metafísica, diferentemente do espiritismo
com uma feição consoladora, emotiva, ligada aos sentimentos e sensibilidades
das relações entre os mortos e os vivos. Grupos de estudos, experiências de
laboratórios, pesquisas sobre formas de energias, poderes da mente foram
grandemente exploradas fora do movimento espírita. (7)
Durante décadas estas duas formas de
abordar os fenômenos paranormais caminharam em trilhos distintos. Nos anos
sessenta, as religiões orientais, vertidas num estilo californiano,
misturaram-se ao espiritualismo e à Parapsicologia. Técnicas de meditação,
tecnologias do êxtase, "drogas" iniciáticas, comunidades, terapias,
gurus "legítimos"importados do oriente, influenciaram diversas áreas
do conhecimento, sobretudo a psicologia. Surgiu uma tecnologia voltada para
aparelhos que induziam ao êxtase, auxiliavam na meditação, promoviam o
relaxamento, tiravam fotos da aura, mediam ondas cerebrais, detectavam energias
negativas, aliados a toda uma parafernália de recursos eletrônicos de luz e
som, cursos e livros. Estes foram os resultados práticos, e imensamente
lucrativos, do atual "espiritualismo" e da Parapsicologia.
Avançando como uma área de
conhecimento, atualmente a Parapsicologia científica vem se expandindo,
ampliando e ratificando os limites teóricos e metodológicos dos fenômenos
supranormais, também chamados de paranormais, parapsicológicos, metapsíquicos
ou psíquicos, e genericamente conhecidos como fenômenos PSI. Estes fenômenos
têm dois tipos de efeitos: ESP e PK, que podem ser subdivididos da seguinte
maneira (8):
1. ESP
ou Percepção Extra-Sensorial: dividida em Telepatia, Telestesia e Fenômenos de
Ego-Expansão.
À TELEPATIA:
Transmissão de pensamento. Se ocorre de maneira consciente e voluntária é o
chamado "comando mental'. A telepatia propriamente dita é a captação ou
recepção de pensamento. Pode ser subdividida em pré-cognição ou premonição;
cognição ou monição; retrocognição ou retromonição. Estes fenômenos telepáticos
são subjetivos, predominantemente intelectuais, e caracterizam-se por
pensamentos, sentimentos, sensações, eventos, objetivos, expansão da
consciência no tempo e no espaço. Seu dinamismo é absolutamente inconsciente.
Neste campo estão o profetismo intuitivo, as diferentes mancias (quiromancia,
necromancia, etc.), a psicografia, a xenoglossia e as comunicações espíritas.
À TELESTESIA:
temos aqui uma gama de fenômenos tais como vidência através de diversos
instrumentos (bolas de cristal, copos de água, espelhos, etc.), psicometria,
visão da aura dos seres e coisas, profetismo telestésico, radiestesia,
percepção de vibrações através de manifestações olfativas, gustativas,
auditivias. Seu dinamismo é também inconsciente. São fenômenos subjetivos,
predominantemente sensoriais de pensamentos, acontecimentos e coisas. Ocorre
sempre quando da expansão sensorial e exteriorização da sensibilidade.
À FENÔMENOS
DE EGO-EXPANSÃO: São as experiências fora do corpo (out-of-the-body-experience)
e acontecem vivências de expansão do Eu. Caracteriza os chamados estados
místicos como transes, união transformadora, os êxtases, samadhis, satori ou
nirvana. Provisóriamente, para a moderna Parapsicologia este estado é de
natureza alucinatória ou ilusória, sendo acompanhados de profundos estados emocionais,
com a expansão do Eu e dos fenômenos afetivos. Também obedecem a dinamismo
inconsciente.
2. PK
ou PSICOCINESE: neste efeito temos os fenômenos de movimento de objetos, a
manipulação de dados, a sensibilidade das plantas e animais (9), as curas
orgânicas, a memória extra-cerebral, os fenômenos de Poltergeist, a gravação em
cassetes, vídeos ou computadores de vozes e imagens do "além", a
moderna Transcomunicação instrumental, etc..
Este conjunto de fenômenos coloca à
tona o problema da sobrevivência após a morte e os fenômenos mediúnicos, os
chamados fenômenos THETA ou de sobrevivência, característicos das
incorporações, aparições, indícios de reencarnação e de existência após a
morte.
Aparentemente, estes fenômenos tem um
dinamismo intencional e inteligente, mesmo que partam de outras formas de vida
ou dimensões "espirituais'. Alguns tendem a colocar a questão dos UFOS e
OVNIS neste campo de estudo, apesar das controvérsias e ceticismo.
Interessa-nos ver de que forma a
Parapsicologia vem trabalhando a questão da morte, do pós-morte, das
comunicações entre mortos e vivos, além de discutir a questão da sobrevivência
espiritual, o destino após a morte e a reencarnação. Estudaremos alguns autores
mais importantes nos rumos desta forma de conhecimento contemporânea.
A CIÊNCIA DA PARANORMALIDADE
Os fenômenos espíritas estudados, da
segunda metade do século XIX em diante pela emergente Metapsiquia e posterior
Parapsicologia, eram de tal forma considerados fantásticos e incríveis,
colidindo com as tradicionais categorias de espaço, tempo, matéria,
causalidade; em suma em relação à concepção tridimensional e empirista do mundo
científico e racional, uma vez que apontavam na direção da necessidade de
revisão do enfoque, parâmetros e metodologia da "ciência",as reações
foram (e são) muitas e violentas por alas conservadoras confortavelmente
assentadas. Diante de fatos, no mínimo estranhos e complexos, são comuns as
reações, sobretudo de natureza emocional, tolerantes, favoráveis, entusiasmadas
ou completamente desestimulantes.
Desta maneira, com grande persistência
e convicção, todos aqueles que resolveram aprofundar o conhecimento sobre os
fenômenos viram-se obrigados a apurar, cada vez mais, a sua técnica e
metodologias dentro dos mais estritos pressupostos da ciência objetiva.
Por volta de 1930, o grande organizador
da Parapsicologia dentro de moldes relativamente aceitos na comunidade
científica e responsável pela organização de áreas específicas de pesquisas
dentro de universidades americanas foi o Dr. Joseph Banks Rhine, psicólogo e
responsável pelo Laboratório de Parapsicologia da Universidade de DUKE, North
Caroline E.U.A.. (10)
Dr. Rhine estudou o mundo da PES
(percepção extra-sensorial) de forma multidisciplinar, sobretudo a telepatia,
clarividência e precognição, por meio de experiências científicas, discutindo
os resultados obtidos à luz das provas recolhidas nos seus laboratórios através
de testes matemáticamente irrefutáveis e comprovados, com ampla utilização da
tecnologia, estatística e modelos matemáticos, além dos pressupostos de outras
áreas científicas, como a biologia, a física, a química e a própria psicologia.
Rhine inaugurou técnicas básicas para
os estudos desta natureza. Ampliou, cientificamente, o conceito de mente, seu
funcionamento e capacidade. Em 1934, publicou o resultado de três anos de
pesquisas e mais de 100 mil testes individuais, numa monografia intitulada
"Percepção Extra-Sensorial". Com a publicação deste artigo a pesquisa
da paranormalidade foi dissociada do misticismo do século XIX, do aspecto
religioso (11).
Nos estudos de Rhine e de acordo com
seus pressupostos, que não deixaram de sofrer muitas críticas e
questionamentos, ficou demonstrado que as noções de tempo, espaço, matéria e
causalidade assim como a entendemos, eram apreciações decorrentes na nossa
limitação sensorial e devia-se procurar novas explicações para o mundo e a
existência em sua totalidade e não somente a partir do sentido físico.
Para Rhine existia um Novo Mundo que a
ciência parapsicológica descobriu, uma nova área de pesquisas, daquilo
comumente chamado de região do espírito, do inconsciente, além dos cinco
sentidos e de realidade distintamente mental, porém capaz de ser conhecida,
testada, submetida e provada em bases objetivas e extritamente científicas, ampliando
os limites do conhecimento humano:
"É que, parece-me, o conceito de
psi amplia, ao invés de contrair os limites da vida humana; dilata mais do que
restringe a visão do lugar do homem na natureza; sugere potencialidade humana
e, finalmente, vem em apoio com a própria ciência ao conceito de uma força
espiritual no homem, e tal é, sem dúvida, o conceito em que se baseiam os
valores e as instituições sociais" (12).
Com relação à sobrevivência após a
morte, as possibilidades de contatos entre mortos e vivos e a reencarnação,
Rhine foi bastante discreto. Embora tenha reconhecido que, historica e
popularmente estas questões foram muito importantes para a Psicologia como área
de pesquisa, apontou diversos problemas para a realização de estudos objetivos e
a formação de um conhecimento sistemático, sobretudo se as suas bases
dependessem, exclusivamente, de mensagens mediúnicas (13).
Segundo Rhine, a questão da
sobrevivência ainda não havia recebido uma resposta cientificamente aceitável e
nos círculos de pesquisa da parapsicologia dedicados ao trabalho experimental,
a mediunidade e as comunicações dos mortos não faziam parte das preocupações
importantes, pelo menos até os anos sessenta. Embora não descartem a
possibilidade de futuros estudos, não via porque separá-los da pesquisa
parapsicológica em geral.
A PARAPSICOLOGIA NO UMBRAL DA MORTE
Apesar das opiniões do organizador da
moderna Parapsicologia, Dr. Rhine, o tema da sobrevivência continuou, avançou e
cresceu no próprio meio de pesquisas parapsicológicas, dentro e fora dos EUA.
Estudos sobre o que acontecia com a consciência humana depois da morte, a
continuidade de algum tipo de experiência após a morte do corpo e o tipo de
processo envolvendo a sobrevivência espiritual, progrediram, sobretudo a partir
da década de setenta.
Um conhecido parapsicólogo sueco Nils
O. Jacobson, psiquiatra e professor da Universidade de Lund, na Suécia,
publicou um livro intitulado Vida sem Morte? Introdução à Parapsicologia,
Misticismo, Possessão Demoníaca e Fenômenos Sobrenaturais (14). Nesta obra
apresentou a questão da sobrevivência espiritual com hipóteses, sobretudo a da
sobrevivência da consciência individual (15).
Apoiado nas descobertas das pesquisas
parapsicológicas, sobretudo sobre a existência efetiva da percepção extra-sensorial
e dos fenômenos paranormais, o autor procurou mostrar como, através de inúmeros
relatos comprovados, certas pessoas descreviam suas experiências
extracorpóreas, seja durante o sonho ou em certos contextos específicos, como
cirurgias ou pacientes gravemente enfermos:
"Caso 31. Durante a noite eu fazia
exercícios de meditação e contemplação e, quando ia para a cama, sentia o corpo
cansado e fraco. Depois de ler um pouco, apagava a luz e adormecia calmamente.
Uma vez, de súbito - bem no meio da noite -, senti que estava completamente
acordada e me levantava para o teto branco. Senti-me incrivelmente leve, como
se fosse uma pena iluminada, e fiquei maravilhada ao ver meu corpo deitado.
Mas, logo em seguida fui tomada de tremor. Medo do desconhecido e da natureza
estranha desse tipo de situação. Mas antes que soubesse o que acontecia, voltei
ao meu corpo. Fiquei lá deitada no escuro, sentido-me horrorizada. A ocorrência
não me era totalmente desconhecida, pois já me familiarizara com alguma coisa de
parapsicologia. (...) (16).
Estudando diversos casos de projeção
consciente fora do corpo, à semelhança do caso descrito acima, Jacobson sugeriu
um estudo mais aprofundado deste tipo de processo, durante o qual havia uma
quebra temporária do corpo físico e do plano "espiritual'. Tal estudo
poderia levar a uma maior compreensão da morte e do depois dela, a natureza das
aparições e dos fantasmas (17). Ele também colocou a necessidade de realizar
pesquisas com auxílio de aparelhos sobre o campo magnético e energético dos
seres vivos e o que acontecia com eles no momento da morte e no pós-morte, no
sentido de ampliar as possibilidades objetivas e científicas de conhecimento.
Analisando casos envolvendo médiuns,
sessões espíritas, relatos comprovados de manifestações com a presença de
mortos e de suas comunicações, seja através de pessoas ou de aparelhos,
Jacobson passou a acreditar que, se os estudos sérios e científicos
continuassem, bases sólidas para certas hipóteses espiritualistas poderiam
surgir, inclusive para a hipótese da reencarnação:
"A ocorrência de fenômenos
paranormais implica que os seres humanos são algo mais que máquinas
complicadas. O homem pode se comunicar com o mundo que o cerca e com os demais
além de suas limitações sensoriais. Ele não está completamente isolado, imune
ao contato e aos envolvimentos. O ser humano está ligado ao mundo que o cerca
de uma maneira mais profunda, potente e misteriosa. Isto não precisa significar
algo "sobrenatural', mas apenas que o nosso conhecimento da natureza não
está completo. (18)
Mas o que descobrimos até agora acerca
da vida após a morte? Estudamos diversos tipos de fenômenos e experiências:
separações, aparições, projeção de PES, visões do leito de morte, experiências
de médiuns, vozes do espaço. Não basta um desses fenômenos para provar-nos que
haja vida após a morte. Seria absurdo esperar que problema tão complexo pudesse
ser resolvido pelo estudo de um único grupo de fenômenos. Mas, atacando o
problema por uma frente ampla, de todos os ângulos possíveis, podemos esperar
chegar um pouco mais perto da verdade. Talvez a única maneira de provar que há
vida após a morte seja experimentando-a: levantando-nos após a própria morte e
encontrando-nos cônscios, possivelmente dentro de um outro tipo de corpo. Mas então,
talvez seja tarde demais para comunicar isto a outra pessoa: talvez seja
impossível entrar em contato com os que vivem na Terra.
Os diferentes fenômenos e experiências
mencionados até agora alinham-se com a hipótese da existência após a morte.
Alguns parecem estar mais de acordo com ela do que com qualquer outra hipótese.
O material de base da tal hipótese é hoje tanto que se pode aceitá-lo como uma
consciência científica tranquila, ainda que falte uma prova definitiva.
Para Jacobson, a idéia da sobrevivência
após a morte de uma maneira racional, numa contribuição independente baseada
não em obsoletos dogmas religiosos mas num material de testemunhos verídicos e
estudos sérios, podia trazer uma mudança sensível na qualidade de vida do homem
contemporâneo, enriquecendo a existência, ampliando as possibilidades de ajuda
a pessoas atormentadas, sofrendo com a perda de parentes, que meditam sobre a
morte ou apenas a temem. Com o apoio de um copioso material em apoio à
sobrevivência, as pessoas teriam a oportunidade de construir uma sólida
convicção pessoal e mudar sua perspectiva social. Da mesma forma, os estudos
sérios sobre a veracidade do fenômeno da reencarnação influiriam,
decisivamente, sobre a existência humana. (19)
Restavam ainda várias perguntas: se a
sobrevivência era possível, o que sobrevive e como? Como é o "outro lado'?
O que sobrevivia era de natureza psíquica, sujeita a controle intelectual e
podia ser utilizada de maneira ativa, ligada aos conhecimentos adquiridos ou
esta forma de existência semelhava-se aos sonhos, sem controle crítico? Era
possível continuar adquirindo experiências e novas perspectivas após a morte?
Os contatos com outras psiques ocorriam telepaticamente? Pode-se continuar a
pensar e a sentir? Pode-se aprender? É possível se receber recompensa ou
punição? Pode-se manter contato com os vivos? E com os mortos? Existem desejos
de comer, beber, dormir e fazer sexo? Existem sexos definidos?
Estas perguntas, segundo os
parapsicólogos, só podem sair do terreno da fé, das crenças, do campo do
subjetivismo e serem respondidas no âmbito da investigação e da pesquisa árdua,
afim de que se possa determinar com exatidão e conhecimento. E põe pesquisa
nisso!!!. Para Jacobson, embora todo o farto material existente sobre os
fenômenos relacionados não pudesse, ainda, provar a sobrevivência, ele era rico
e abrangente, podendo motivar uma crença baseada no fato de pelo menos a
consciência individual viver além da morte e o indivíduo estar dentro de uma
unidade maior e ser parte integrante e indissolúvel dela (20). Esta crença
diferia dos pressupostos religiosos, pois estava sedimentada no material
testemunhal, pessoal e verídico (21).
INDO ALÉM DA BARREIRA DA MORTE
Entre 1959 e 1972, dois pesquisadores:
Dr. Karlis Osis e E. Haraldsson, divulgaram o resultado de suas investigações
sobre os relatos de paciente agônicos e pré-agônicos. Dado o elevado sucesso de
suas pesquisas, esta área de estudo começou a revelar-se profícua na discussão
da sobrevivência (22).
Na década de setenta, diversas obras
sobre o tema ficaram famosas entre o público,merecendo amplo destaque em todos
os meios de comunicação e obtendo considerável sucesso nas livrarias, fatoo
este indicativo de uma nova mentalidade e interêsse diante do tema da morte e
da sobrevivência (23). Alguns e mais importantes divulgadores do tema foram
Michael Sabom, Elizabeth Kubler-Ross e Raymond Moddy Jr. Estes autores
publicaram suas pesquisas depois de estudarem centenas de relatos de pacientes
moribundos ou com morte clínica declarada.
Dr. Sabom, médico e cético diante da
questão da sobrevivência, realizou 116 entrevistas com pacientes que haviam
tido experiências durante o período de morte clínica e publicadas no livro
Reflection of Death: a Medical Investigation. Alguns afirmaram ter a impressão
de que o tempo deixara de existir, tiveram consciência da própria morte e uma
forte sensação de realidade. Em vários depoimentos, foi constatada a eliminação
do sofrimento e da dor física além de uma imensa sensação de tranquilidade.
Muitos dos entrevistados afirmaram ter visto o próprio corpo assim como o
ambiente e as pessoas que o cercavam. De acordo com as pesquisas de Sabom,
durante e após a morte, a consciência continuava viva e atuante, ou seja, a
pessoa deparava com a sua consciência em profundidade e, se estivesse preparada
para o que estava acontecendo, sentia a experiência de uma forma construtiva.
Caso contrário, a experiência seria ruim e muito negativa.
Uma das mais divulgadas de todas as
pesquisas sobre o fenômeno da sobrevivência à morte física foi realizada pelo
psiquiatra e Doutor em Filosofia Raymond Moody Jr., em seu livro Vida depois da
Vida.(24) Todos os pacientes declararam a sensação de flutuar fora do corpo no
meio de uma profunda sensação de paz e totalidade. Muitos tinham a plena consciência
da ajuda de outras pessoas na passagem para um outro plano de existência.
Alguns afirmavam ter visto parentes e amigos já falecidos. Em outros casos, a
pessoa dizia ter sido saudada por alguma figura religiosa, coincindindo com
suas crenças.
Dr. Moody acabou sistematizando as
experiências relatadas numa espécie de modelo exemplar onde todas as
semelhanças e pontos foram colocados juntos:
"Um homem está morrendo e, quando
chega ao ponto de maior aflição física, ouve seu médico declará-lo morto. Começa
a ouvir um ruído desagradável, um zumbido alto ou toque de campainhas, e ao
mesmo tempo se sente movendo muito rapidamente através de um longo e escuro
túnel. Depois disso, repentinamente, encontra-se fora de seu corpo físico, e vê
seu próprio corpo à distância, como se fosse um espectador. Assiste às
tentativas de ressurreição deste ponto de vista inusitado em um estado de
perturbação emocional.
Depois de algum tempo, acalma-se e vai
se acostumando à estranha condição. Observa que ainda tem um "corpo', mas
de natureza diferente e com capacidades muito diferentes das do corpo físico
que deixou para trás. Logo outras coisas começam a acontecer. Outros vem ao seu
encontro e o ajudam. Vê de relance os espíritos de parentes e amigos que já
morreram e aparece diante dele um caloroso espírito de uma espécie que ele
nunca encontrou antes - um espírito de luz. Este ser pede-lhe, sem usar
palavras, que reexamine sua vida e o ajuda, mostrando uma recapitulação
panorâmica e instantânea dos principais acontecimentos de sua vida. Em algum
ponto encontra-se chegando perto de uma espécie de barreira ou fronteira,
representando aparentemente, o limite entre a vida terrena e a vida seguinte.
No entanto, descobre que precisa voltar para a Terra, que o momento de sua morte
não chegou. A esta altura oferece resistência, pois está agora tomado pelas
suas experiências no após-vida e não quer voltar. Está agora inundado de
sentimentos de alegria, amor e paz. Apesar dessa atitude, porém, de algum modo
se reúne com seu corpo físico e vive.
Mais tarde tenta contar a outras
pessoas, mas tem dificuldade em fazê-lo. Em primeiro lugar, não consegue
encontrar palavras humanas adequadas para descrever estes episódios
não-terrenos. Descobre também que os outros caçoam dele, e então pára de dizer
estas coisas. Ainda assim, a experiência altera profundamente a sua vida,
especialmente suas opiniões sobre a morte e as relações dela com a vida"
(25).
Apesar de extrema recorrência de
experiências e figuras nos diferentes relatos, nem todos passaram por todas as
situações descritas no relato "modelo". Contudo, dado o número
elevado de relatos de pacientes que "foram e voltaram", alguns
estágios pareciam comuns a todos os sobreviventes:
1. As
sensações foram indescritíveis. Proporcionavam uma inexprimível sensação fora
do tempo, do espaço e dos sentidos.
"Bem, é para mim um verdadeiro
problema tentar lhe contar isso, porque todas as palavras que conheço são
tridimensionais. (...) E naturalmente, o nosso mundo - aquele em que estamos
vivendo agora - é tridimensional, mas o próximo, certamente que não. E é por
isso que é difícil lhe contar isso. É o melhor que posso fazer, mas não é
verdade bastante. Não posso lhe dar um quadro completo."(26)
2. As
pessoas falavam que ouviram quando foram declaradas mortas pelos médicos,
parentes ou conhecidos, conservando a lucidez:
"De repente, senti o aperto de
dores que me comprimiam o peito, como se uma barra de ferro tivesse sido
enrolada no meio de tórax e apertada. Meu marido e um amigo nosso me ouviram
cair e correram para ajudar. Eu me encontrava numa profunda escuridão, e
através dela ouvia meu marido, como se ele estivesse muito longe, dizendo:
"Chegou a hora, desta vez chegou a hora!'E meu pensamento era: "Sim,
chegou'" (27).
3. Muitas
eram as descrições de estados de paz, alívio, relaxamento e quietude,
extremamente agradáveis.
"Comecei a experimentar as mais
maravilhosas sensações. Não sentia coisa alguma, exceto paz, conforto,
tranquilidade - só quietude. Sentia que todos os meus problemas tinham
desaparecido e pensava comigo mesma: "Que paz e quietude, e não dói
nada'" (28).
4. Foram
relatadas diversas sensações auditivas na morte ou próximo a seu desfecho.
Estas sensações algumas vezes eram desagradáveis e semelhantes a campainhas,
zumbidos, assobios. Em alguns casos, os pacientes faziam menção a uma espécie
de música bastante agradável.
" (...) um zumbido muito ruim
vinha de dentro de minha cabeça. Me fez sentir muito mal... Nunca vou esquecer
aquele zumbido" (29).
"Ouvia o que pareciam ser sons de
sinos repicando ao longe, como que trazidos pelo vento. Soavam como harpas
eólicas, essas sinetas de vento japonesas... Este era o único som que às vezes
eu podia ouvir." (30).
5. Muita
gente tinha a sensação de estar dentro de um espaço escuro, sem saber ao certo
se subindo ou descendo. Este espaço era descrito como túnel, caverna, poço,
funil, buraco, vale, cilindro, etc. Uma sensação vertiginosa, alguma espécie de
movimento:
"Tive uma reação muito má a uma
anestesia local, e parei de respirar - tive uma parada respiratória. A primeira
coisa que aconteceu - foi muito rápido - era que eu estava passando por este
vácuo negro, escuro, com uma supervelocidade. Talvez possa ser comparado com um
túnel, acho. Me sentia como se estivesse rolando por uma montanha russa em um
parque de diversões, indo por este túnel com uma velocidade tremenda"
(31).
6. Uma
das experiências mais comuns relatadas fazia referência à sensação de estar
flutuando fora do corpo, imediatamente após a vertigem de locomoção dentro do
"espaço' escuro. A pessoa encontrava-se como um espectador dos
acontecimentos, inclusive das tentativas de ressuscitação, do movimento das
pessoas. Alguns relatavam terem sido tomados por um desejo irresistível de
voltar ao corpo sem saber como proceder; outros falavam de medo e pânico diante
da situação. Porém, em alguns casos as reações podiam ser positivas:
"Quando sai do meu corpo físico
foi como se tivesse saído do meu corpo e entrado em algo diverso. Não achei que
fosse apenas no nada. Era um outro corpo... mas não um outro corpo humano
comum. Era um pouquinho diferente. Não era exatamente como um corpo humano, mas
também não era qualquer pedaço grande, globular, de matéria, não. Tinha forma,
mas não tinha cores. E ainda sei se tinha alguma coisa que se podia chamar de
mãos.
Não dá para descrever. Estava mais
fascinado com tudo em volta - vendo meu próprio corpo ali e tudo em volta - por
isso não pensei em que tipo de corpo estava. E tudo parecia ir tão rápido. Na
realidade o tempo não era um elemento - e no entanto era. As coisas parecem
andar mais depressa depois que você sai do seu corpo" (33).
7. Muitas
vezes o moribundo dizia ter visto pessoas conhecidas e desconhecidas já
falecidas. Aparentemente, estas pessoas vinham ajudar o paciente que estava
morrendo na sua passagem para o "outro lado' ou para avisar que o momento
da morte ainda não tinha chegado:
" (...) o médico deu-me por
perdida e disse aos meus parentes que eu estava morrendo. No entanto, eu estava
alerta o tempo todo, e mesmo quando estava ouvindo ele dizer tudo isto senti
que estava voltando. Neste momento percebi toda esta gente que estava lá,
parecia quase uma multidão parada em volta do teto do quarto. Eram todas
pessaos que eu tinha conhecido na minha vida e que já tinham morrido. Percebi
minha avó e uma menina que eu conheci na escola, e muito parentes e amigos.
Parecia-me ver, especialmente, suas faces e sentir sua presença. Todos pareciam
felizes. Era uma ocasião muito feliz, e senti que tinham vindo me proteger e
guiar. Era como se estivesse voltando para casa e eles estivessem lá para me
saudar ou receber com boas vindas. Nesta ocasião, tive a sensação de que tudo
era luz e beleza. Foi um momento lindo e glorioso." (33).
8. Um
elemento comum dos relatos fazia referência ao encontro com uma luz de brilho
muito intenso, indescritível. Todos que tiveram a experiência falavam de um ser
pessoal, uma personalidade específica dentro desta grande luminosidade, que
emanava calor e amor para as pessoas que estavam morrendo. Este "ser de
luz' rodeava os moribundos e os atraia magneticamente, envolvendo-os em uma
sensação de aceitação e bem estar, comunicando-se telepaticamente. A
identificação com esta "personalidade luminosa' variava de acordo com os
antecedentes religiosos, culturais ou crença de cada pessoa, sendo um anjo,
Cristo, Deus, etc. (34)
"Ouvi os médicos dizerem que eu
estava morto e foi aí que senti como se estivesse vagando, mais como se
estivesse flutuando por essa escuridão, que era uma espécie de lugar fechado.
Não há na verdade palavras que descrevam isto. Tudo era bem negro, exceto que,
bem ao longe de mim eu podia ver esta luz. Era uma luz, bem brilhante, mas no
início não muito grande. Foi crescendo à medida que eu ia chegando mais perto.
Eu estava tentado chegar até aquela luz
lá no fundo, porque achava que era o Cristo, e eu estava tentando alcançar
aquele ponto. Não foi uma experiência assustadora. Foi mais uma coisa
agradável, pois, sendo cristão, imediatamente liguei a luz com Cristo, que
disse: "Eu sou a luz do mundo'. E eu disse a mim mesmo: "Se chegou a
hora, se vou morrer, então já sei quem é que espera por mim lá no fundo, lá
naquela luz" (35).
9. As
descrições da aparição da grande luz eram seguidas pela recapitulação
instantânea da vida, num fenômeno semelhante ao da memória, rapidamente, em
alguns casos, como um flash que abrangesse imagens vívidas e reais, com suas
emoções e sentimentos, num relance mental dos pontos principais como os mais
prosáicos da vida:
"As coisas recapituladas vieram na
ordem em que aconteceram na minha vida, e eram tão vívidas! As cenas eram bem
como se você ficasse de lado e as olhasse, completamente tridimensionais e em
cor. E tinham movimento. Era como se eu as estivesse olhando da perspectiva do
tempo. Era como se a menininha que eu via fosse outra pessoa, como no cinema.
Mas, era eu. Via-me fazendo as mesmas coisas, como criança, e eram exatamente
as que eu tinha feito, porque me lembrava delas. (...)
Bem, toda a experiência foi muito
estranha. Eu estava lá, estava realmente vendo a recapitulação; estava na
verdade caminhando no meio dela; tudo era muito rápido, mas suficientemente
lento para que pudesse assimilar tudo. Ainda assim, acho que a duração temporal
não foi grande. Parece que veio a luz, e aí passei pelas recapitulações, e a
luz sumiu. (...)" (36).
10. Em
uns poucos casos a experiência de quase morte conduziu a um momento em que se
tinha a impressão de estar diante de uma espécie de barreira, fronteira ou
limite. As formas descritas eram as de uma extensão de água, névoa cinza, uma
porta, uma cerca ou uma linha. Normalmente, diante dessa barreira, acontecia o
retorno à vida:
"Nesta ocasião, perdi a
consciência, e ouvi um zumbido desagrádavel, um som ressonante. Quando me dei
por mim outra vez parecia que eu estava em um navio ou em um pequeno barco
navegando para o outro lado de uma grande extensão da água. Na margem distante
eu via todos os meus entes queridos que já tinham morrido - minha mãe, meu pai,
minha irmã e os outros. Podia vê-los, podia ver os seus rostos bem como eram
quando os conheci na Terra. Pareciam estar me chamando para ir até lá, e o
tempo todo eu estava dizendo: "Não, não, ainda não estou pronta para me
reunir a vocês. Não quero morrer. Não estou pronta para ir'.
Bem, foi a mais estranha experiência
porque todo este tempo eu podia ver também os médicos e as enfermeiras
trabalhando no meu corpo, mas era como se eu fosse espectador e não aquela
pessoa - aquele corpo - na qual eles estavam trabalhando. Eu estava tentando
com todas as forças comunicar ao meu médico: "Eu não vou morrer', mas
ninguém podia me ouvir. Tudo - os médicos, as enfermeiras, a sala de parto, o
barco, a água e a margem distante - era uma espécie de conglomerado só.
Misturava tudo junto, como se uma cena estivesse superposta a outra.
Finalmente, quando o barco estava
alcançando a margem distante, um pouco antes de chegar, fez meia volta e
começou a retornar. Eu estava tentando com todas as minha forças comunicar ao
meu médico: "Não vou morrer', mas ninguém podia me ouvir. Acho que foi
neste momento que voltei a mim (...) (37).
Nestas experiências descritas, o Dr.
Moody reconheceu fortes indícios apontando a necessidade de uma área de
pesquisa para ampliar os conhecimentos objetivos sobre a morte. Traçando um
paralelo entre registros de antigas tradições religiosas como a Bíblia, O Livro
Tibetano dos Mortos, os trabalhos de Swedenborg e a semelhança do que eles
colocavam com as experiências descritas, sugeriu uma atenção redobrada sobre os
fenômenos e a questão da sobrevivência.
Embora o autor não tenha desenvolvido
nenhuma prova da doutrina da sobrevivência após a morte corporal, o seu
trabalho em forma de livro alcançou grande divulgação e representou um marco
muito importante para reacender um intenso interêsse sobre o tema. No campo da
investigação e da pesquisa reafirmou as evidências experimentais acerca da
sobrevivênciabem como a necessidade de se promover, investir e incentivar o
aprofundamento das pesquisas iniciadas visto que se afiguram proveitosos e
promissores resultados para breve.(38)
OS MÉDIUNS ELETRÔNICOS
Embora a questão dos contatos entre
mortos e vivos estudados pela Parapsicologia ainda continue, na maioria dos
casos, passando pela intermediação dos médiuns e da veracidade comprovada pelos
relatos exibidos, desde a década de sessenta uma novidade apareceu: as
mensagens de "mortos' captadas por processos eletrônicos. Se inicialmente
as investigações parapsicológicas exploravam as potencialidades mediúnicas e
paranormais de certos indivíduos na realização de seus estudos, com os avanços
da tecnologia de comunicação à longa distância, colocaram sob novas bases as
pesquisas apoiadas em instrumentos, a modernamente conhecida Transcomunicação
Instrumental (40).
A utilização de aparelhos e
instrumentos elétricos e eletrônicos apresentava-se como uma possibilidade de
superar a subjetividade das experiências mediúnicas e dos relatos pessoais,
alterando os aspectos aleatórios e místicos dos fenômenos produzidos,
frequentemente, sob condições alteradas de consciência. Afinal,
"incorporações", experiências no limiar da morte sob efeito de
medicamentos ou comoção intensa, relatos de mortos psicografados, sempre estão
sujeitos a critérios humanos, a sensibilidades religiosas, aos estados mentais,
sendo, portanto, passíveis de interpretações duvidosas.
Em 1959, na Suécia, Friedrich
Juergenson, um pintor sem crenças ou religião, muito menos credo político,
preparava-se para gravar gorjeios de pássaros em Mohlno, localidade próxima de
Estolcomo, Suécia. Ao ouvir a gravação obtida, descobriu, para sua surpresa, vozes
humanas misturadas ao trinado de pássaros. Estudando atentamente o conteúdo das
gravações e descartando qualquer interferência natural, inclusive a de
emissoras de rádio, percebeu que as vozes provinham de pessoas já falecidas
tentando alguma forma de comunicação (40).
Embora ele não tenha sido o primeiro a
tentar comunicação com os mortos através de gravadores, seu trabalho tornou-se
o mais conhecido (41). Das palavras e pequenas frases obtidas no início das
gravações Juergenson passou a conseguir frases inteiras, dotadas de sentido,
mensagens objetivas e dirigidas para pessoas ou situações determinadas,
emitidas por pessoas já falecidas. Os instrumentos eletrônicos, além de mais
sensíveis a impulsos de natureza energética, não estariam sujeitos a interferências
mentais como no caso dos médiuns (42).
As mensagens recebidas por Juergenson
lembravam um confuso quebra-cabeça formado por frases curtas e sintéticas.
Somente a análise destas frases agrupadas em categorias devidamente organizadas
de forma a interligá-las, era o que permitia algumas noções do "mundo
espiritual", sobre as condições reinantes em determinadas dimensões
espirituais.
Em primeiro lugar, aparecia a descrição
de uma determinada região do Além compreendendo diversos planos de existência
espiritual, inclusive aquele onde estavam os autores das vozes. Descreviam
também uma dimensão inferior onde ficavam os que morriam com deformações mais
graves, um mundo fantástico formado por cavernas ocas e trevas. As mensagens
falavam também do "despertar dos mortos" como resultado da propagação
das ondas de rádio, empregadas como uma nova forma de terapia espiritual para
estimular os "espirítos" encarcerados nas cavernas, presos de seus
próprios pesadelos (43).
De acordo com as mensagens recebidas
por Juergensen, as condições descritas sobre os mortos e a sua situação
psíquica, referiam-se a regiões astrais inferiores. A ação das ondas de rádio
permitiam destruir aquele círculo vicioso, constituído de repetições de imagens
e sentimentos fluídicos. Porém, o aceleramento desta ação libertadora dependia
da colaboração dos vivos, com forte convicção interior e boa vontade suficiente
para ajudar os vivos.
No desenvolver de seus contatos,
Juergensen percebeu dois caminhos. Um primeiro ligado ao microfone do gravador
e com a subsequente produção de sons. Um outro caminho, mais limpo e direto, se
estabelecia pelo rádio. Mas, as gravações de qualquer forma de manifestação
eram imprescindíveis, por constituírem provas objetivas, podendo ser repetidas
e controladas para constatar a existência após a morte. Porém, ao lado da
questão das provas sobre a existência após a morte, a possibilidade dos
contatos afetivos entre as duas dimensões e a transposição da barreira do
"mundo invisível" eram uma esperança para os enlutados e solitários.
Desnecessário dizer que junto ao espanto, logo seguido pela curiosidade e
entusiasmo despertado, iniciaram os céticos, "cientistas" e
"religiosos"a despejar sua carga de incredulidade e críticas,
feridos, quiçá, em suas conveniências.
A comunicação tecnológica com os mortos
ganhou repercussão e continuadores na trilha aberta pelos gravadores. Um outro
pesquisador neste mesmo caminho foi o filósofo e escritor letônio, Dr.
Konstantin Raudive. Nascido em Paris, em 1909, estudou ali e em Salamanca. Após
a Segunda Guerra, radicou-se com sua esposa em Upsala, onde tornou-se professor
na Universidade local. Em 1956 foi para a Alemanha, onde viveu até sua morte,
em 1974.
O Dr. Raudive, em 1965, começou a
trabalhar com o fenômeno das vozes gravadas em fitas. O resultado de suas
pesquisas foram publicadas pela primeira vez em 1968, num chamado Breakthrough,
junto com um disco que trazia exemplos das vozes. A este livro, seguiram-se
mais dois outros, Uberleben win den Tod? (Sobrevivemos à morte) e Der Fall
Wellensittich (O caso do Passarinho) (44). Dr. Raudive, em colaboração com um
físico suíço, Alex Schneider, aperfeiçoou a técnica de comunicação, descobrindo
que, certas vozes inaudíveis, podiam ser detectadas nas fitas, passando-as em
play-back. Desta forma, foram registradas e analisadas 72.000 frases, nas mais
diversas línguas. A maior parte dos resultados de suas pesquisas foram
publicadas. Uma parte das fitas está arquivada na Inglaterra, outra no Liceu e
o restante em Munster na Alemanha.
No ano de 1970, o conceituado Trinity
College de Cambridge concedeu uma bolsa de estudos ao jovem químico David Ellis
para pesquisar as vozes de Raudive. Na edição de fevereiro de 1974 Ellis
revelou certas conclusões à revista Psychic:
"Com o Dr. Raudive presente as
vozes referiam-se diretamente aos outros participantes, mas em outras ocasiões
falavam principalmente ao Dr. Raudive (cujo apelido era "Kosti'). Há
alguns comentários interessantes quando ele está ausente. A gravação pode
começar com " - Precisamos de Kosti' ou " - Precisamos de Kosti aqui'
ou uma voz pode explicar "Vocês esconderam Kosti'" (45).
As pesquisas com Dr. Raudive
continuaram assim como o desenvolvimento e aprimoramento dos recursos
tecnológicos, a chamada Psicotrônica. O Dr. Franz Seidl, engenheiro austríaco e
colaborador de Raudive desenvolveu um aparelho chamado psicofone - um receptor
em miniatura de rádio de larga frequência acoplado a um amplificador. Destes
aparelhos psicotrônicos, o caso mais conhecido é o do Dr. George Meek,
engenheiro e diretor da Metascience Foundation Inc, e sua máquina Spiricom
(termo formado Spirit + Comunication), um aparelho destinado a possibilitar e
facilitar a comunicação entre mortos e vivos (46). Os parapsicólogos também
passaram a pesquisar os fenômenos dos chamados telefonemas dos mortos".
Inúmeros casos estão sendo arrolados nas pesquisas do Dr. Scott Rogo e Raymond
Bayless.
Estes fenômenos de comunicações de
vozes através de aparelhos eletrônicos tiveram uma denominação em inglês como
"Eletronic Voice Phenomenom" ou EVP. Apesar das dificuldades, muitos
pesquisadores tentaram, e tentam, aprimorar equipamentos para facilitar o
sistema de obtenção dos sons provenientes de outras dimensões, na captação de
energias de natureza paranormal. Foi George Meek, na Metasciense Foundation,
quem desenvolveu os equipamentos tecnológicos mais precisos. Cabe ressaltar um
fato interessante: o Professor Meek foi estimulado a desenvolver este sistema
especial de comunicação depois de receber a comunicação de um médium que um cientista
inglês, chamado Dr. William Francis Gray Swann, físico da Carnegie Institution
e professor de física em Yale, já falecido, iria trabalhar para ajudar a
estabelecer um sistema de comunicação entre o plano físico e o espiritual.
Em 1975, Dr. Meek, o técnico em
eletrônica William O'Neil e os ajudantes espirituais desenvolveram um
complicado engenho, cheio de componentes, baterias, para criar as condições
necessárias que, além de poder fornecer as provas definitivas da sobrevivência
e das possibilidades de contatos entre mortos e vivos, deveria mudar o
comportamento humano, e garantir o acesso contínuo à memória e conhecimento dos
antepassados.
A galeria de pesquisadores é grande e
não cessa de crescer em progressão geométrica nos últimos vinte anos.
Em 1985, o técnico em segurança contra
incêndio Klaus Schreider, que havia perdido quase todos os membros de sua
família de forma trágica, inicia suas tentativas de comunicação através de
aparelhos com o "Além'. Inicialmente, com gravadores, psicofone, para finalmente
chegar à gravação em vídeo de imagens transmitidas pela televisão. Imagens com
contornos mais ou menos imprecisos, paisagens, configurações humanas, sobretudo
rostos, tanto de pessoas famosas como de ilustres desconhecidos ou familiares
do Sr. Schreiber foram sendo captadas e gravadas para posterior divulgação nos
meios de comunicação.
Estas imagens de "mortos"
foram obtidas por Schreiber, que não tinha conhecimentos técnicos nem ambições
parapsicológicas ou esotéricas, mas uma profunda ligação afetiva com seus
familiares, esposa e filhos falecidos. Foi durante um congresso realizado em
Luxemburgo, em 1985, que Schreiber apresentou suas imagens do "Além".
Eram "pessoas" desconhecidas e alguns "personagens" famosos
como Romy Schneider, Curd Jurgens, Rei Ludwig e o Dr. Raudive. Várias destas
aparições foram observadas por muitas pessoas, inclusive Rainer Holbe, produtor
do programa "Histórias Incríveis" na rádio e televisão de Luxemburgo.
Muitas aparições eram antecipadas por avisos nos gravadores e rádios. O
aprimoramento das comunicações audio-visuais de Schreiber foram feitas pelo
engenheiro Martin Wenzel, divulgando um tipo de aparelhagem necessária assim
como as técnicas que surtiam efeito (47).
Depois dos rádios, gravadores, vídeos,
chegou a vez dos computadores. Em 1988, Manfred Boden, um estatístico e perito
em processamento de dados na cidade de Buhl, Alemanha, começou a perceber
estranhas modificações no seu computador que, após repetidas vezes e devido à
ampliação de textos, puderam ser identificadas como contatos estabelecidos por
formas inteligentes, identificadas como interlocutores do "Além".
As alterações no seu programa de
computador prolongaram-se em outubro de 1980 a outubro de 1981. Entre 1981 e
1984 Manfred Boden recebeu contatos por telefone, em fitas magnéticas, formando
um vasto acervo e abundante material de pesquisas. Mas Boden, embora tenha sido
o primeiro, não foi o único nem o último a presenciar este tipo de fenômeno.
O mesmo fenômeno foi descrito pelo
Boletim Suíço de Psicologia em novembro de 1986 no computador do professor
inglês Ken Webster, residente em Chester, na Inglaterra. Desde 1984, este
professor vem recebendo estranhas mensagens em seu computador doméstico que, em
1988 já somavam 250, surgidas na tela e em disquetes alterados por processos
paranormais.
O caso do professor Ken Webster é muito
interessante. Desde 1984, após a reforma da velha casa onde habitava, uma série
de fenômenos começaram a acontecer: móveis arrastados, objetos desaparecidos e
outros acontecimentos telecinéticos mantinham os moradores em suspense. Após
isto, o seu computador aparentemente começou a enlouquecer. Mensagens surgiam
na tela e em disquetes alterados por processos paranormais. O principal
"interlocutor" espiritual de Webster identificou-se como Thomas
Harden, e afirmava ter vivido à época de Henrique VIII. Este nome foi
verificado e constava nas anotações do Oxford Brasenose College, onde recebeu,
em 1534, um título especial que lhe foi confiscado por ter se recusado a
eliminar o nome do papa dos missais. Nesta época ele era decano da capela desse
colégio em Oxford. Várias outras mensagens transmitiram detalhes históricos. O
analista Peter Trinder analisou as cerca de duas mil palavras das comunicações
e enquadrou-as no inglês medieval dos séculos XIV e XVI. O "espírito"
de Harden afirmou que ele transmitia, pela "caixa de luz", seus
desejos e imaginações, suas lembranças e curiosidades.
A partir de janeiro de 1988, o casal de
pesquisadores luxemburguenses Maggy e Jules Harsch-Fischbach começou a receber
mensagens em seu computador, ligado quando saim de casa e, ao voltar,
encontravam textos gravados que podiam ser impressos. Os conteúdos destas
mensagens vão desde frases soltas, informações e cumprimentos até textos
científicos e filosóficos.
Este casal de parapsicólogos
luxemburguenses esta engajado há alguns anos na comunicação espiritual através
de aparelhos como rádio e gravadores. No dia 17 de junho de 1987, quando o
casal chegou em casa, seu computador e o rádio ligaram-se sózinhos e uma
mensagem havia sido transmitida e pôde ser impressa no computador. Seguiram-se
várias outras mensagens sobre os mais diversos temas, alertando para o fato de
que equipes de cientistas no Além também trabalhavam para ampliar as
possibilidades de comunições entre o mundo espiritual e os vivos (48).
Muitos cientistas e parapsicólogos
dedicam-se agora com particular atenção a este fenômeno. Grupos de pesquisa,
troca de informações, organização de seminários e congressos para discutir o
tema e divulgar os resultados obtidos foram realizados por vários países, além
de, atualmente já existirem publicações dedicadas ao assunto. Os mais
tradicionais são os grupos de Luxemburgo e Darmstadt (49). Esta forma
experimental de transcomunicação está espalhada pela Alemanha, Itália,
Luxemburgo, Suiça, EUA, Inglaterra, França, Espanha e Brasil (50).
Chama a atenção a presença de
religiosos das mais diversas confissões cristãs entre os pesquisadores para os
quais estas pesquisas encaixam-se na questão teológica, em substituir o dogma
de fé da imortalidade da alma pela verdade e comprovação científica. Um dos
mais conhecidos é o Padre Fronçois Brune (51). Para ele, a questão da alma e de
sua imortalidade devem ser indagadas de forma tenaz e isenta de preconceitos:
"Segundo a tradição mais antiga
(que reencontramos assim), a alma é um outro corpo, uma sorte de duplo do nosso
corpo material, um duplo animado e consciente, dotado da mesma personalidade,
mas constituido de uma matéria bem mais sutil e que não podemos habitualmente
perceber aqui por que ele se situa em uma outra dimensão" (52).
Segundo o Padre Brune a sobrevivência
após a morte e a possibilidade de contatos entre mortos e vivos está em vias de
tornar-se em breve uma evidência científica óbvia. A intermediação mediúnica
humana, sujeita a fraudes, influências mentais do médium e tão duramente
criticadas, não será mais necessária. Os contatos podem ser feitos através de
meios eletrônicos como gravadores, rádios, telefones, televisores, vídeos e
computadores, meios científicos e objetivos, independentes das pessoas. Segundo
ele, os melhores técnicos e cientistas acham-se dedicados ao tema e os estudos
sobre a transcomunicação são supervisionados para evitar truques ou fraudes:
"E a conclusão que se impões: são
mesmo os mortos que falam (...) Que posso eu, acrescentar a isto? Todavia se
pelo menos nossos contemporâneos terminassem por se render à nova evidência,
isso seria já um enorme progresso. Sim, existe uma sobrevivência. Sim, existe
um Além. Nós o encontramos". (53)
SIM...NOS SOBREVIVEMOS, FALAMOS E
EXISTIMOS ASSIM COMO SOMOS CAPAZES DE DIZER DO FUNDO DE NOSSAS ALMAS...
SRA. MUITO OBRIGADO!
OBRIGADO POR NOS MANTER VIVOS
AJUDANDO-NOS A SUSTENTAR A OS NOSSOS PRINCÍPIOS E IDEAIS.
Aparentemente, sem alarde, a Igreja se
interessa pelas pesquisas deste gênero, tendo, extra-oficialmente, incentivado
diversos membros como o Padre Leo Schimid que chegou a gravar 12.000 vozes de
pessoas falecidas em fita magnética. Neste caso estão também os padres Karl
Pfegler, Eugênio Ferraroti, Andreas Reschi e os padres Gemelli da Universidade
Católica de Milão, junto com o padre Pellegrino Ernetti, que registrou as
primeiras vozes enviadas ao Vaticano, que certamente deseja manter-se bem
informado a respeito, ainda que discretamente. É deveras expressivo o número de
padres hoje dedicados a pesquisa parapsicológica, com ou sem o aval direto do
Vaticano, até mesmo por entenderem que o papel da igreja diz respeito a
religiosidade, a cristianização, ao desenvolvimento da fé, dos valores éticos,
morais, de amparo, consôlo e fraternidade, enquanto a pesquisa parapsicológica
é, hoje, sem favor, um ramo da ciência ocupado em definir e conhecer com
exatidão como "se dão as coisas" e como se operam certos fenômenos.
Os modernos parapsicólogos comemoram os
resultados obtidos por meios tecnológicos, pesquisados em vários lugares, pelas
mais diferentes pessoas, sem qualquer vinculação com movimentos religiosos. A
comunicação com os "mortos" apoiada nos recursos tecnológicos mais
modernos, é considerada um fato científico por excelência, e através destes
aparelhos os contatos espirituais seriam objetivos e incontestáveis. Não podem
ser negados, e devem inserir-se em várias áreas de conhecimento, inclusive nas
instituições religiosas, para levar a uma reflexão séria e definitiva nos
dogmas e doutrinas. Para alguns, a Transcomunicação Instrumental destes últimos
anos será a mais importante descoberta da Ciência e, de forma pacífica, deverá
trazer benefícios e mudanças nos homens em geral. Pensam alguns que chegará o
dia em que encarnados e desencarnados conversarão à vontade, através dos mais
diferentes instrumentos. Afinal, vivos todos são, ou não seria possível haver a
comunicação ja existente. Caminha-se, na certa, para a comprovaçÇo definitiva
de que a tão temida morte não passa de uma mera transição entre um e outro
estado natural, onde, além da matéria densa, toda a estrutura essencial,
personalidade e individualidade se vêem preservadas.
A REENCARNAÇÃO REENCONTRADA
Nos últimos anos, pesquisadores
dedicados ao estudo da morte e da sobrevivência espiritual reuniram,
confrontaram e verificaram centenas de fatos e experiências relacionadas à
reencarnação, num notável feixe de presunções que poderiam, segundo eles,
sugerir a transmigração como uma séria possibilidade com bases específicas
Em 1961, o catedrático de Psiquiatria
da Escola de Medicina da Universidade de Virginia, o Prof.Dr. Ian Stevenson
começou a estudar vários casos sugestivos que apontavam a existência do
fenômeno da reencarnação. Após 22 anos de estudos, ele investigou, comprovou a
autenticidade e catalogou cerca de dois mil casos que foram publicados em cinco
livros, sendo o mais famoso deles Twenty Suggestive Cases of Reincarnation
(54). O método do professor Stevenson consistia em pesquisar as próprias
pessoas envolvidas, sobretudo crianças que, espontaneamente faziam referências
a vidas anteriores, e que podiam ser investigados cuidadosamente para
estabelecer uma comprovação verdadeira (55). Algumas destas observações
ocorreram em comunidades islâmicas ou cristãs do Próximo Oriente, ou seja, num
meio religioso no qual a reencarnação não era um dogma.
Um caso exemplar das pesquisas de
Stevenson é do Cheikh Maruf. Um menino chamada Emrulah Turnham, nascido em
1949, aos dois anos de idade começou a falar afirmando ser Cheikh Maruf e
fornecendo informações muito precisas sobre sua existência anterior. Em 1954,
alguns camponeses foram contratados para trabalhar nas terras do pai do menino.
Casualmente, um casal destes camponeses conheciam muito bem o dito Cheikh
Maruf, falecido em 1948, e ficaram impressionados com a precisão certeira das
respostas emitidas pelo menino sobre a família do falecido, inclusive sobre uma
pinta na face esquerda da sua esposa, um detalhe absolutamente correto. Alguns
anos mais tarde, o menino, já rapaz, encontra um ofical do exército turco,
mostrando reconhecê-lo e dizendo que este oficial já servira sob as ordens dele
quando era Cheikh Maruf. E relembrou ao oficial detalhes de campanhas, perigos
enfrentados e circunstâncias precisas de um acidente em que os dois quase
morreram. Este caso foi estudado em um aprofundado inquérito pelo professor
Doksat, diretor da clínica psiquiátrica da Faculdade de Medicina de Istambul,
paralelo ao do Dr. Stevenson. Numa confrontação entre o jovem Emrulah e um dos
filhos do Cheikh, membros do parlamento cuja verdadeira identidade havia sido
escondida, o rapaz logo o reconheceu chamando-o pelo nome, evocou detalhes
íntimos do Cheikh, de sua vida e de sua família. Este foi um caso típico, dos
milhares de inquéritos e dossiês estudados pelos pesquisadores do assunto.
Para o Dr. Stevenson, ficou
demonstrado, através de evidências irrefutáveis, a existência de alguma coisa
que retomava outro corpo semelhante e retornava à vida:
"Ulteriores investigações de
aparentes memórias de encarnações prévias podem muito bem colocar a
reencarnação como a mais provável explicação destas experiências. Seguindo esta
linha podemos, no fim, obter testemunho mais convincente acerca da
sobrevivência do homem após a morte física, do que por outro meio de
evidência" (56).
Embora Stevenson tenha afirmado que não
tinha absoluta certeza na reencarnação, ele afirmou que esta era a única
explicação viável e objetiva para todos os casos e problemas estudados ao longo
de sua vida, sentindo-se agora mais confiante do que quando começou a pesquisa.
Um professor indiano, Dr. H. N.
Banerjjee, também realizou pesquisas em todo o mundo, inclusive em países que
não tem a reencarnação como doutrina conhecida, caso, por exemplo, os EUA.
Durante 25 anos entrevistou, observou, indagou, documentou e estudou mais de
1.100 casos de reencarnação, publicados resumidamente em The Once and Future
Life em 1979 (57). Para Banerjee, devido a novos posicionamentos da ciência
moderna, afetados pelos fatos de matureza parapsicológica que apontam para a
existência extrafísica da personalidade humana, independente das funções
orgânicas, a questão da reencarnação tornou-se admissível em bases teóricas e
empíricas.
Trabalhou com a idéia de "memória
extra-cerebral" como o fato científico básico de suas pesquisas.
"Chamo esse tipo de memória de
"memória extra-cerebral", porque as afirmações dos sujeitos de
possuirem lembranças de vidas anteriores parecem ser independentes do cérebro,
principal repositório da memória. É fato científico que ninguém é capaz de
lembrar o que não aprendeu anteriormente. Nos casos de "memória
extra-cerebral", o conhecimento do fato existe, não na vida atual do
sujeito (nas pesquisas controladas que realizei, não houve qualquer
oportunidade para que o sujeito tivesse tido conhecimento na sua vida presente
da pessoa que afirma ter sido), mas somente na vida anterior. Meus estudos
mostram que a personalidade humana é composta de aspectos físicos e psíquicos.
A parte física é destruída com a morte da pessoa, mas a psiquica, de algum
modo, sobrevive e pode se expressar na forma de lembranças de uma ou de várias
vidas passadas. (...)
Acho que a reencarnação é o processo
através do qual a personalidade humana se desenvolve. Cheguei a esta conclusão
não na base de considerações teóricas, como afirmei desde o princípio, mas na
base de pesquisa meticulosa e cuidadosamente controlada. Esta pesquisa
proporcionou-me profunda compreensão do problema de rencarnação e como
resultado passei a acreditar nela (...)" (58).
Para Banerjee o desenvolvimento do
conhecimento cientifico, a correlação das funções mentais e dos processos do
corpo estudados pela neurologia, neuroanatomia, psiquiatria e psicologia
clínica, lançaram as bases fundamentais para a aceitação da profunda relação
entre corpo e mente, entre pensamento e atividade cerebral. As necessidades
contemporâneas de respostas às indagações, ganhariam uma aliança vantajosa
entre ciência e religião (59).
Banerjee mencionou vários casos
pesquisados numa careira de vinte anos começada em 1953. No ano de 1962 deixou
a função de chefe de departamento de filosofia numa Universidade da Öndia para
dedicar-se, exclusivamente, às pesquisas de reencarnação. Alguns de seus
estudos foram conduzidos em associação com o Departamento de Psicologia da
Universidade de Gutemberg, em Mainz e com o Departamento de Psicologia da
Universidade de Nova Delhi. Muitos destes casos foram estudados em comunidades
que não professavam a reencarnação como doutrina religiosa ou crença comum.
Um caso que ele considerou clássico foi
o de David Paladin, um indígena que nasceu numa aldeia Navajo em 1926. Em 1944,
Paladin foi dado como morto na Segunda Guerra Mundial. Inconsciente, foi jogado
num caminhão de cadáveres. Contudo, ele começou a manifestar sinais vitais e
foi conduzido a um hospital do exército onde ficou em coma por dois anos.
Alguns dias antes da "morte" de Paladin, faleceu Wassily Kandinsky ,
na Suiça.
Após dois anos de inconsciência,
Paladin voltou a si e disse para a enfermeira que era um artista. O jovem, que
nunca havia aprendido pintura, começou a fazer pinturas abstratas semelhantes
às de Kandinsky. Este fato chamou a atenção do meio artístico e de críticos da
arte. Vários psiquiatras e psicólogos estudaram o caso, comprovando a
autenticidade de tudo o que acontecia. Para Banerjee, as evidências do caso
eram tantas que ele não hesitou em afirmar que Paladin era a reencarnação de
Kandinsk.
No Brasil, os estudos de reencarnação
foram feitos pelo Prof.engenheiro Hernani Guimarães Andrade e sua equipe do
IBPP - Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas.
O Prof. Hernani é um dos primeiros
parapsicólogos brasileiros reconhecidos e respeitados, principalmente no
exterior, pela grande competência, capacidade, seriedade e dedicação que
imprime a sua pesquisa. Possui um grande acervo de casos práticos cujas
análises e estudos teóricos sugerem a reencarnação num total de sessenta casos,
devidamente investigados e avaliados pelo crivo do seu rigoroso critério
metodológico e publicados em muitos livros, alguns inclusive ja esgotados ou em
várias edições, ao longo de décadas sendo os mais conhecidos os casos de
"Jacira e Ronaldo" e "Simone e Angelina", o jovem Rodrigo
que seria a reencarnação de seu irmão Nandinho, os de Patrícia, que teria sido
a pequena francesa Alex morta durante a Primeira Guerra Mundial, e o de Thomas,
uma criança que aparentemente, era Thomas Merton, o monge trapista que
desapareceu na Tailândia, pouco antes de iniciar um grande estudo o sobre
zen-budismo (60).
De acordo com estes estudos algumas
evidências de reencarnação foram estabelecidas em sete categorias: (61)
1. Recordações
de outras experiências em crianças, que perduram até a puberdade. Esta
evidência é a que traz maior grau de certeza e, em alguns casos, podem ser
marcadas por sinais de nascença ligados a esta recordação, normalmente
ferimentos recebidos na existência anterior.
2. Recordações
em adultos que podem ser espontâneas ou determinadas por certos fatores
desencadeantes da memória tais como: sonhos recorrentes, visões, recordações
espontâneas, sensação de "déjà-vu", reconhecimento de pessoas ligadas
à encarnação anterior, situações similares, doenças graves, conhecimento direto
paranormal, sonhos que desencadeiam a memória.
3. Através
de informações por sonhos, de desencarnados, de pessoas paranormais, da própria
pessoa, antes ou depois de morrer, prometendo voltar.
4. As
características inatas, os chamados "dons"ou pendores da nascença,
que podem ser genialidades, defeitos congênitos, marcas de nascença,
características psicológicas trazidas de encarnações prévias.
5. Em
alguns casos, certas intervenções no psiquismo, acidentais ou intencionais,
como psicanálise, obsessão espiritual, hipnose regressiva, ação de drogas,
desdobramentos espirituais, traumas violentos ou estado pré-agônico, podem
desencadear recordações de existências anteriores.
6. Com
certas experiências místicas como a meditação ou o êxtase religioso.
A idéia de reencarnação também
encontrou outros métodos e fontes de pesquisa. Alguns estudiosos preferiram
empregar a regressão da memória sob o efeito da hipnose. Neste estado, segundo
os estudiosos, a memória mais profunda está livre de barreira, censuras e
bloqueios e a pessoa pode ter acesso ao imenso reservatório de impressões
armazenadas no subconsciente. (62)
A regressão às existências passadas
através da hipnose foi levada experimentalmente por um espiritualista do século
XIX, o coronel De Rochas. Entre 1893 e 1910, ele realizou inúmeras experiências
deste tipo, arquivando-as e catologando seus resultados. Nos anos 60, o
interesse sobre estas pesquisas reapareceu, como por exemplo, os estudos
realizados pelo psiquiatra inglês Denis Kelsey e a médium Joan Grant
Estas experiências conduziram ao
desenvolvimento de uma terapia psicológica de cura para traumas e neuroses
através da regressão a existências anteriores, por acreditar-se que certas
distorções mentais, e até mesmo doenças físicas, podiam ter origem em vidas
pretéritas. De acordo com as propostas destas práticas terapêuticas, o
ressurgimento das antigas personalidades serviria para limpar as profundezas da
psique humana, desmascarando motivações secretas e liberando os anseios mais
profundos herdados de experiências traumatizantes no decurso das sucessivas
encarnações. Desta maneira, poderíamos livrar os nós emocinais do inconsciente,
desenraizando um poder sombrio que governa a atual existência e entendê-la
melhor, através do conhecimento do passado adormecido (63).
Das questões que envolvem a
sobrevivência após a morte, evidentemente, a reencarnação é a mais difícil de
ser colocada num ponto de vista objetivamente científico. Assim, como as
experiências de quase morte dependem de informações subjetivas, resultados de
elaborações mentais, seja na recordação espontânea ou nos estados alterados de
consciência pela hipnose, por medicamentos ou meditação.
O que resta nos estudos contemporâneos
da Parapsicologia são indícios de um grande número de fatos enigmáticos,
fugidios, que abrem possibilidades de indagações. Mas, de um ponto de vista
racional e científico, as abordagens sobre a reencarnação e, até mesmo da
sobrevivência, oferecem verdades subjetivas.
Para todos os pesquisadores envolvidos
com os temas da morte, da sobrevivência após a morte e da reencarnação, a
crescente aceitação do assunto indica uma forte reação da sociedade contra a
impossibilidade de conhecer o mais irreversível destino humano. O
desenvolvimento de pesquisas, cada vez mais efetuadas por círculos respeitáveis
de dedicados estudiosos, embora não esteja isento de críticas e hostilidades
por parte de grupos institucionais e religiosos, significa que, em breve, com
os avanços tanto da ciência como da tecnologia, o conhecimento sobre a morte, o
morrer e o renascer caminharão cada vez menos como crenças religiosas e mais
como uma inquestionável lei da natureza. Tanto as teorias como as tecnologias
colocadas à serviço do conhecimento "verdadeiro" do Outro Lado, será
um grande benefício e a mudança importante de nossa sociedade, pois as
investigações estão produzindo uma quantidade tão grande de evidências que a
sobrevivência espiritual e a reencarnação, a sobrevivência do espírito e o seu
retorno, fatalmente, conduzirão a comprovações inquestionáveis, independentes
de credos religiosos ou filosóficos:
Enquanto as descobertas e o
desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia cresciam vertiginosamente, com
repercussão em todos os setores de atividades, inclusive modificando costumes,
comportamentos e modo de vida das sociedades humanas, silenciosamente se incubava
uma descoberta que deveria começar a ser percebida ainda neste mesmo século XX
em suas últimas décadas. Embora as investigações dessa estranha área de
pesquisa houvessem tido início no século XIX, somente agora começam a surgir os
primeiros sinais de aceitação do objeto de interesse da referida disciplina
científica, "a existência e a sobrevivência da personalidade após a morte
física". Aliás, esta denominação do mencionado objeto de investigação
reflete a timidez daqueles cientistas que se dispuseram a arriscar seu
'status', ao se dedicarem a tão polêmica questão. Na realidade, trata-se mesmo
da pesquisa do Espírito, não como entidade abstrata que equivale a mente, e sim
como um ser real, cuja fração encarnada constitui a alma do indivíduo vivo como
a pele que reveste o corpo ou como a roupa que vestimos. (...) (64)
Mas a descoberta que irá decidir
definitivamente a questão da existência do Espírito como entidade real e
independente será a Transcomunicação Instrumental com os seres dos Planos
Espirituais, entre eles as almas dos que já faleceram (...).
Na verdade, existe uma grande distância
entre as evidências objetivas que sugerem uma sobrevivência espiritual após a
morte da consciência ou qualquer coisa assemelhada onde fica a memória, os
pensamentos e desejos, da possibilidade de encontrar provas científicas
irrefutáveis, pelo menos até agora.
O princípio racionalista acha-se
bastante difundido entre cientistas, filósofos e intelectuais de um modo geral.
Mas isto não acontece com a maioria esmagadora das pessoas. O que se pode
observar é a existência de um grande número de crenças para fornecer
explicações e consolo, sem que haja necessidade de provas suficientes. Afinal,
há milhares de anos tem sido assim e nem todas (na verdade a maioria) das
questões da vida não são puramente acadêmicas ou científicas.
"Há mais coisas entre o céu e a
terra do que sonha a nossa vã filosofia".
"Na natureza, nada se cria, nada
se perde, tudo se transforma".
"Na casa de meu pai há muitas
moradas".
NOTAS
1. V.
Bresciani, M. "Metrópolis: As faces do monstro urbano" in: RHB8/9,
ANPUH/M. Zero, 1985, pp. 36-68.
2. Existe
um excelente trabalho sobre os anos iniciais da organização da Parapsicologia
e, sobretudo, da SPR desde a sua fundação até 1914. Trata-se do trabalho de
Janet Oppenheim, inicialmente uma tese de doutorado que foi publicada como
livro com o título The Other World Spiritualism and Psychical Research in
England - 1850/1914, Cambridge, Cambridge Press, 1988.
3. Lanoire,
M. op cit. p. 78. Richet, C. Traité de Metapsiquie, Paris, pp. 17/-21.
4. Ostrander.
S / Schaffer, L., Experiências Psíquicas além da Cortina de Ferro, Cultrix.
5.1. Ver
Kapra, F. O Tao da Física, SP, Pensamento, 1988. O Ponto de Mutação, SP,
Pensamento, 1989. O Fio de Ariadne, SP, Pensamento, 1991.
5.2. Doore,
G. (org) Explorações Contemporâneas da vida após a morte, SP, Cultrix, 1992.
5.3. Klimo,
J., CHANNELING, investigações sobre a comunicação com fontes paranormais, SP,
Siciliano, 1987.
6. Oppenheim,
J., op. cit.. pp. 23-4. Tyrrel G.M.M. The Personality of Man, London, Penguim
Books, 1963.
7. Hoyt,
E., Foundation of Parapsycology, Boston, Routledge/Kegan Paul, 1986.
8. Como
toda área de conhecimento, a Parapsicologia possui suas divergências teóricas e
metodológicas. Como não havia interesse neste trabalho em analisar estas
questões, optamos por acompanhar a organização de Alberto Lyra em alguns de
seus estudos, mais particularmente, Parapsicologia, Psiquiatria e Religião (SP,
Pensamento, 1968); Parapsicologia e Inconsciente Coletivo. A Questão da
sobrevivência da Alma Humana (SP, Pensamento, 1970) e o trabalho mimeografado
"Parapsicologia no Brasil" gentilmente cedida pelo Prof. Hernani
Guimarães Andrade. IBPP.
9. Tompkins.
P/ Bird, C., A Vida Secreta das Plantas, SP, Círculo do Livro, 1987
10. Rhine,
J.B. O Alcance do Espírito, SP, Bestseller, 1964; O Novo Mundo dos Espíritos,
SP, Best Seller, 1966. Brier A. (org) - Novas Perspectivas da Parapsicologia,
SP Cultrix, 1972.
11. Rhine,
J.B. op. cit. p. 188.
12. idem
- p. 267.
13. idem
- p. 276.
14. Jacobson,
N.O. Vida sem Morte?, RJ, Nórdica, 1973.
15. idem
- pp. 14-5.
16. idem
- p. 118.
17. idem
- pp. 114-8.
18. idem
- pp. 195-6.
19. Stevenson,
I. Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação, SP, Difusão Cultural, 1970
20. Beloff,
J. Chari, A.Price, M. - "Three Essays in: horor of J.J. Ducasse", in:
Journal of the american Society of Psychical Research, 64, 1970, pp. 327-42.
21. Jacobson,
N. op. cit. pp. 323-4
22. Osis,
K/ Haraldsson, E. "Deathbead Observations by Phisicians and Nurses: a
Cross-Cultural Survey", Journal APRS, 71, n. 3, July 1977.
23. Numa
lista sumária poderíamos apontar as seguintes publicações: Toynbee, A/
Koesther, A.(org) La Vida después de la Muerte. Osis, K. / Haraldsson, E.
"A la hora de la Muerte. Madrid, Edar, 1978. Chauchard P./ Choisy, M./
Daniélou, J. A Sobrevivência depois da Morte, SP, Difel, 1969. Oraison, M. La
Mort et puis aprés?, Paris, Fayard, 1967. Ziegler, J. Os Vivos e a Morte, RJ,
Zahar, 1977. Morin, E. El hombre y la Muerte, Barcelona, Kairos, 1974.
Silverstein, A. A Conquista da Morte, SP, Difel, 1978. Kastenbaum, R. Haverá
Vida depois da Morte?, RJ, Nórdica, 1985. Rogo, S. Vida após a Morte, SP,
Ibrasa, 1991. Ring Life at Death, NY, MacCann and Georgehagam, 1983.
24. Moody,
R. Vida depois da vida, RJ, Nórdica, 1978.
25. idem
op. cit.pg 23-4
26. idem
- pp. 26-7
27. idem
- pp. 27-8
28. idem
- pp. 29
29. idem
- pp. 29
30. idem
- pp. 30
31. idem
- pp. 31
32. idem
- pg 34
33. idem
- pg 52
34. idem
- pp. 58
35. idem
- pp. 59
36. idem
- pp. 62-3
37. idem
- pp. 69-70
38. Existem
vários pesquisadores e centros de pesquisa, principalmente nos EUA, dedicados
ao tema, inclusive uma Associação Internacional de Estudos no limiar da Morte,
em Connecticut publicando uma revista Anabiosis. Entre várias outras
publicações cabe destacar Omega - The Journal of Death and Dying dirigido por
R. Kastembaum: THETA 0 a Journal for Research on the Question of Survival after
Death.
39. O
neologismo 'transcomunicação'(comunicação através, além) foi cunhado pelo
físico e parapsicólogo Ernest Senkowski.
40. Juergenson,
F. Telefone para o Além, RJ, Bras., p. 72, pp. 20-1. Juergensen nasceu em 1903
em Odessa. Desde criança dominava os três idiomas familiares, russo, estoniano
e alemão. Mais tarde aprendeu inglês e francês. Foi cantor, pintor, decorador e
fotógrafo. A partir de 1949 teve autorização para pintar a Catedral de São
Pedro, em Roma, Somente em 1963 divulgou os resultados de seus contatos com os
mortos através do rádio e do gravador. No final de sua vida, tornou-se produtor
de documentários científicos e culturais para a TV, inclusive um sobre seu
amigo particular, o Papa Paulo VI, que lhe valeu uma condecoração pontifícia.
Ele faleceu em 1987.
41. Bayless,
R. Carta ao Editor, JASPR, 1959, 53 - pp. 35-9.
42. Juergenson,
op. cit. pp. 105
43. idem
- pp. 81
44. Raudive,
K. Breaktrough, NY, Taplinger, 1971.
45. Rogo,
S. op cit. pp. 111-3
46. Meek,
G.W. Spiricam: an Eletromagnetic - Eletric Systems Approach to Communication
with other Levels of Human Consciousness, Franklin, MetaScience Foundation, 1982.
O prof. eng. George G. W. Meek esteve no Brasil, na UNICAMP proferindo
palestras, demonstrando seu equipamento, metodologia, documentação e os
resultado obtidos com suas pesquisas de ponta. Sobre os aparelhos ver também.
Bacci, M. El Misterio delle Vocci Dall'al dila, Roma, Ed. Mediterranee, 1985.
Bander, P. Os Espíritos se comunicam por Gravadores, SP, Edicel, 1981. Darnell,
S. El Misterio de la Psicofonia, Barcelona, Ed. Fausi, 1978. Locher, T. Harsch,
M. Transcomunicação: a Comunicação com o Além por meios técnicos, SP,
Pensamento, 1992. Schaffer, H. Ponte entre o aqui e o além: Teoria e Prática da
Transcomunicação, SP, Pensamento, 1992. Brune, F. Os mortos nos falam, SP,
Edicel, 1991. Nunes, C. Transcomunicação: Comunicação tecnológica com o Mundo dos
Mortos, DF, Edicel, 1991. Alvise, G. As vozes dos vivos de ontem, Portugal,
Europa-América, 1976.
47. Nunes,
C. op cit pp. 72-3 e 111-122
48. Locher,
T. e Harsch, M. Transcomunicação: A comunicação com o além por meios tecnicos.
Sp, Pensamento, 1992.
49. Periódicos
contemporâneos dedicados ao tema: "Verein fur
Ionhadstimmentforschug", "VTP - Post", CETL Mittelungen",
ØNFO Bulletim fur Parapsychologie", "Unlimited Horizons", OGGI.
Aconteceu o 1o. Congresso Internacional de Transcomunicação Instrumental na Suiça
e o 2o. Congresso foi no Brasil, em São Paulo, em maio de 1992.
50. Sobre
os grupos brasileiros ver a Folha Espírita, Janeiro de 1992, p. 6 e também o
Jornal Espírita de outubro de 1991, p. 5.
51. Brune,
F. op. cit. pp. 119-139. Entre os muitos religiosos dedicados às pesquisas,
temos também o padre suiço Leo Schimid, Karl Pfleger, P. Eugenio Ferrarotti,
Andreas Resch, P. Gemelli, além de vários outros menos conhecidos.
52. Brune,
F. "Et si ces images venaient de l'Au-dela?", entrevista ao Document
Paris-Match em 23 de setembro de 1988.
53. Brune,
F. entrevista em 23.9.92. Ver também a entrevista do casal Harsch-Fischback na
Folha Espírita de Julho de 1992, p. 5 e o Jornal Espírita de outubro de 1991,
p. 5
54. Stevenson,
op. cit. p. 18
55. Um
dos casos estudados foi transformado no belo filme "Manika".
56. Stevenson,
I. The Evidence for Survival from Claimed Memories of Former Incarnation",
1961, citado na Folha Espírita, julho de 1992, p.4
57. Banerjee,
H. Vida Pretérita e Futura: Um impressionante estudo sobre reencarnação, RJ,
Nórdica, 1987 e também Americans who have been reincarnated, NY., MacMillan,
1980.
58. Banerjee,
op. cit. p. 14-6.
59. idem
- p. 34
60. Andrade,
H.G. Um caso que sugere reencarnação: - "Jacira e Ronaldo", SP, IBPP,
1979. Um caso que sugere reencarnação: - "Simone e Angelina", SP,
IBPP, 1979.
61. Goldstein,
K. "Reencarnação", in: Folha Espírita, SP, julho de 1992., p. 4
62. Existe
uma tradução para o português Nossas Vidas Anteriores, RJ, Record, 1973. Ver
também: Aranco, S. Três pontos básicos sobre a reencarnação, Lisboa,
Fraternidade, 1982. Fiore, E. Já vivemos antes, RJ, Europa-América, 1978.
Andrade, H. G. Espírito, Perispírito e Alma, SP, Pensamento, 1988. Morte,
Renascimento e Evolução, SP, Pensamento, 1988. Parapsicologia experimental, SP,
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