IMPERIALISMO ANGLO-SAXÃO E O CRISTIANISMO

  





  Home




PESQUISA BIBLIOGRÁFICA CIENTÍFICA (com IAC)
investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
uma das atuações do seu Pastorado4





IMPERIALISMO ANGLO-SAXÃO E O CRISTIANISMO







o conteúdo original que inclui este estudo está 




 


Atualmente, em Maio 2025, estamos pesquisando e escrevendo este livro


<<< >>>

ÍNDICE

001   OS POVOS BÁRBAROS

FATORES PARA O IMPERIALISMO CRISTÃO
DOS ANGLO-SAXÕES

XXXXX
017   018   019   020   

012   HERANÇA ANGLO-SAXÔNICA DE EXPANSÃO TERRITORIAL

013   REFORMA PROTESTANTE COMO JUSTIFICATIVA DE SUPERIORIDADE

014   MENTALIDADE DE ELEIÇÃO DIVINA (CALVINISMO)

015   DESENVOLVIMENTO NAVAL E TECNOLÓGICO PRECOCE

016   VITÓRIA CONTRA A ARMADA ESPANHOLA (1588)

6. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A liderança inglesa na Revolução Industrial deu-lhe vantagem econômica e militar para conquistar e dominar territórios.

7. APOIO DO CAPITALISMO MERCANTIL
A expansão colonial foi financiada por burgueses e companhias comerciais, como a Companhia das Índias Orientais.

8. DOMÍNIO SOBRE OS MARES
A supremacia naval inglesa garantiu acesso, proteção e dominação sobre rotas comerciais e colônias.

9. COLONIALISMO DE POVOAMENTO
Diferente de outros impérios, Inglaterra e EUA incentivaram migração em massa para colonizar, especialmente EUA, Canadá, Austrália e África do Sul.

10. USO DA LÍNGUA COMO INSTRUMENTO DE PODER
A imposição do inglês como língua oficial em colônias consolidou a dominação cultural e administrativa.

11. ESTRATÉGIA DE DIVIDIR PARA CONQUISTAR
Promoveram divisões étnicas e religiosas em colônias para controlar populações (como na Índia e na África).

12. EDUCAÇÃO COLONIAL ANGLO-SAXÔNICA
Implantaram sistemas de ensino baseados nos valores ingleses e americanos, formando elites locais subordinadas.

13. IMPOSICIONISMO RELIGIOSO MISSIONÁRIO
Missionários protestantes atuaram em sincronia com interesses coloniais, convertendo povos e desmontando culturas locais.

14. MITO DA “MISSÃO CIVILIZADORA”
Difundiram a ideia de que eram portadores de civilização, liberdade e progresso, legitimando a dominação.

15. RACISMO CIENTÍFICO E EVOLUCIONISMO SOCIAL
Utilizaram teorias pseudo-científicas para justificar a superioridade branca anglo-saxônica.

16. DESTINO MANIFESTO (EUA)
Ideologia que afirmava que os EUA tinham o dever divino de expandir sua civilização cristã e democrática.

17. CONTROLE SOBRE MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Dominaram a produção de livros, jornais, rádio e, depois, televisão e cinema, propagando seus valores.

18. INFLUÊNCIA SOBRE A ECONOMIA GLOBAL
A supremacia econômica permitiu impor regras comerciais, moedas fortes (libra e dólar) e mercados dependentes.

19. RELAÇÃO SIMBIÓTICA ENTRE IGREJA E IMPÉRIO
Igrejas protestantes atuaram como braço ideológico do imperialismo, com apoio militar e econômico.

20. DOUTRINA MONROE (1823)
Nos EUA, essa doutrina proclamou o continente americano como esfera de influência exclusiva, abrindo caminho para o domínio hemisférico.

21. GUERRAS DE OCUPAÇÃO COM APOIO RELIGIOSO
Conquistas militares foram justificadas como “guerras justas” contra tiranias e infiéis.

22. APOIO ÀS ELITES COLONIAIS LOCAIS
Alianças com aristocracias e burguesias locais garantiram submissão em troca de manutenção de privilégios.

23. CONTROLE DOS SISTEMAS FINANCEIROS LOCAIS
Implantaram bancos, sistemas de crédito e investimentos sob controle inglês ou americano.

24. CRIAÇÃO DE IMPÉRIOS CULTURAIS
Exportaram literatura, arte e ciência como instrumentos de influência cultural.

25. CONSTRUÇÃO DE INFRAESTRUTURA CONTROLADA
Ferrovias, portos e estradas eram construídas para facilitar exportação de riquezas e deslocamento militar.

26. INFLUÊNCIA SOBRE A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DOS PAÍSES
Impostos e leis foram adaptadas à lógica colonial anglo-saxônica, formando estados subordinados.

27. DOMÍNIO SOBRE UNIVERSIDADES E EDUCAÇÃO SUPERIOR
Oxford, Cambridge, Harvard e Yale influenciaram profundamente elites do mundo inteiro.

28. EXPORTAÇÃO DO SISTEMA JURÍDICO
O common law inglês foi imposto ou adotado em muitas ex-colônias, garantindo controle legal e cultural.

29. AÇÕES DE INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM
Inglaterra e EUA criaram redes de espionagem para controlar governos e movimentos locais.

30. CONTROLE SOBRE OS MEIOS DE PRODUÇÃO EM COLÔNIAS
Plantations, minas e fábricas coloniais estavam sob domínio britânico/americano, com mão de obra local explorada.

31. COOPTAÇÃO DAS RELIGIÕES INDÍGENAS OU CATÓLICAS
Em muitos lugares, os missionários tentaram adaptar ou absorver crenças locais dentro de moldes protestantes.

32. CENSURA RELIGIOSA E REPRESSÃO A CULTOS LOCAIS
Cristianismo protestante foi usado para proibir rituais indígenas, africanos ou católicos populares.

33. PARTICIPAÇÃO NA DIVISÃO DA ÁFRICA (1884-1885)
Inglaterra participou do Congresso de Berlim que dividiu a África entre potências europeias.

34. APROPRIAÇÃO DE TERRITÓRIOS SAGRADOS
Tomaram locais sagrados de outras religiões, impondo igrejas cristãs ou centros administrativos.

35. USO DE ESCOLAS MISSIONÁRIAS COMO FERRAMENTAS DE DOMÍNIO
Estas escolas formaram intelectuais convertidos e submissos aos valores ocidentais.

36. PROMOÇÃO DE GUERRAS E GOLPES COM APOIO RELIGIOSO
Utilizaram a ideia de "salvar a civilização cristã" para intervir militarmente (Ex: Vietnã, Afeganistão).

37. EXCLUSÃO SISTEMÁTICA DE LIDERANÇAS LOCAIS
Destruíram ou marginalizaram autoridades indígenas, africanas ou asiáticas, substituindo-as por “convertidos”.

38. EXPLORAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS SOB PRETEXTO MORAL
O domínio de petróleo, ouro, prata e diamantes foi justificado por necessidade de "desenvolvimento".

39. EXPORTAÇÃO DO CONSUMISMO CRISTÃO
A ideia de progresso material abençoado por Deus favoreceu o capitalismo imperialista.

40. UTILIZAÇÃO DO TEMOR AO COMUNISMO PARA INTERVENÇÃO
Durante a Guerra Fria, usaram a defesa da “civilização cristã” contra o ateísmo comunista para manter influência global.

41. PRESENÇA MILITAR PERMANENTE EM REGIÕES ESTRATÉGICAS
Bases militares em ex-colônias e aliados garantiram imposição de políticas externas.

42. CRIAÇÃO DO CONCEITO DE “MUNDO LIVRE” SOB LIDERANÇA CRISTÃ
Protestantes anglo-americanos posicionaram-se como guardiões do “mundo livre” contra “bárbaros”.

43. EXPORTAÇÃO DE MODELOS DE FAMÍLIA CRISTÃ OCIDENTAL
Imposição de valores morais e familiares conforme o modelo protestante euro-americano.

44. ALIANÇAS COM O VATICANO QUANDO CONVENIENTE
Apesar de protestantes, aliaram-se à Igreja Católica em diversas ocasiões, sobretudo na luta anticomunista.

45. CONTROLE DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Inglaterra e EUA influenciaram criação e condução da ONU, FMI, OTAN, Banco Mundial.

46. DOMÍNIO SOBRE A MÍDIA INTERNACIONAL
Agências de notícias como Reuters, BBC, CNN moldaram a percepção global conforme os interesses anglo-saxões.

47. EXPORTAÇÃO DE VALORES JURÍDICO-MORAIS PROTESTANTES
Como o individualismo, liberdade religiosa, propriedade privada e trabalho como virtude.

48. CRIAÇÃO DE PACTOS INTERNACIONAIS SOB SEUS TERMOS
Tratados comerciais e diplomáticos foram construídos em moldes que favoreciam sua hegemonia.

49. SUPORTE A GOVERNOS SUBMISSOS EM TROCA DE FAVORES ECONÔMICOS
Financiamento, armas, apoio político e diplomático eram oferecidos a líderes subservientes.

50. DOMÍNIO SIMBÓLICO DO MUNDO COMO “NAÇÕES ESCOLHIDAS”
Ambos os países se viam como “eleitos por Deus” para liderar o mundo — uma teologia imperial disfarçada de progresso.



021   022   023   024   025   026   027   028   029   030   

031   032   033   034   035   036   037   038   039   040   

041   042   043   044   045   046   047   048   049   050   

051   052   053   054   055   056   057   058   059   060   

061   062   063   064   065   066   067   068   069   070    

071   072   073   074   075   076   077   078   079   080   

081   082   083   084   085   086   087   088   089   090   

091   092   093   094   095   096   097   098   099   100   

101   102   103   104   105   106   107   108   109   110   




'1<<< >>> ÍNDICE     zzz


OS POVOS BÁRBAROS
e suas histórias em relação ao cristianismo

002   GODOS     003   VÂNDALOS

004   FRANCOS     005   SAXÕES

006   ALAMANOS     007   HUNOS

008   ANGLOS     009   LOMBARDOS

010   SUEVOS     011   ESCITOS






'2<<< >>> ÍNDICE      zzz

OS GODOS     facebook

1. OS GOTHS – RELIGIÃO PAGÃ E TRIBALISMO GUERREIRO
Antes de se converterem ao cristianismo no século IV, os godos – divididos em visigodos e ostrogodos – praticavam religiões politeístas germânicas centradas em deuses da natureza, da guerra e da fertilidade. Cultuavam divindades como Wodan (Odin) e Donar (Thor). Suas práticas religiosas influenciavam fortemente a organização social tribal, com os chefes sendo também líderes religiosos. A economia era baseada na agricultura, pilhagem e comércio com o Império Romano. As rivalidades com outras tribos bárbaras, como vândalos e francos, frequentemente resultavam em guerras por território e poder. A origem dos godos remonta ao norte da Europa, provavelmente Escandinávia, por volta do século II d.C.

2. OS GOTHS – CRISTIANIZAÇÃO ARIANA E REINOS HÍBRIDOS
Os godos foram os primeiros bárbaros a entrarem em contato direto com o cristianismo, por volta do século IV. O bispo Ulfilas traduziu a Bíblia para a língua gótica e os converteu ao arianismo, uma forma de cristianismo considerada herética por Roma. Após o saque de Roma em 410 d.C. pelos visigodos de Alarico, eles se estabeleceram no sul da Gália e na Península Ibérica. Os ostrogodos, por sua vez, fundaram um reino na Itália após 493, com Teodorico, mas continuaram arianos. Embora mantivessem relações diplomáticas com o papado, resistiram à plena submissão à Igreja Católica até o século VI, quando os visigodos, sob Recaredo I, converteram-se ao catolicismo no Concílio de Toledo (589).

3. OS GÓTICOS – ESPANHA E ITÁLIA COM TRADIÇÃO CATÓLICA E MODERNIDADE SECULAR
Os visigodos originaram o Reino Visigótico, que se tornou a base histórica da futura Espanha. Após a Reconquista (séculos VIII a XV), a Espanha moderna consolidou-se em 1492, extremamente ligada ao catolicismo romano, tornando-se um bastião da Contrarreforma. Já os ostrogodos influenciaram o norte da Itália, posteriormente unificado como Reino da Itália em 1861. Ambos os países mantiveram-se majoritariamente católicos até o século XX. A Itália abriga o Vaticano, centro mundial do catolicismo, e a Espanha foi sede da Inquisição. Hoje, ambas convivem com o secularismo, crescimento do ateísmo e pluralismo religioso, mas o catolicismo ainda é culturalmente dominante.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "History of the Goths" – Herwig Wolfram (1988)

  2. "The Visigoths in Gaul and Spain" – E. A. Thompson (1969)

  3. "The Goths" – Peter Heather (1996)

  4. "The Visigothic Kingdom in Spain" – Roger Collins (2004)

  5. "The Visigoths: From the Migration Period to the Seventh Century" – Peter Heather (1999)

  6. "The Visigothic Code (Forum Judicum)" – S. P. Scott (1910)

  7. "The Barbarian Conversion: From Paganism to Christianity" – Richard Fletcher (1997)

  8. "The Fall of the Roman Empire" – Peter Heather (2005)

  9. "The Visigoths in the Time of Ulfila" – E. A. Thompson (1966)

  10. "The Visigothic Kingdom: The Negotiation of Power in Post-Roman Iberia" – Sabine Panzram (2012)

5. BIBLIOGRAFIA

  1. "A History of the Ostrogoths" – Thomas S. Burns (1991)

  2. "The Ostrogoths from the Migration Period to the Sixth Century" – Sam J. Barnish (2007)

  3. "Theoderic the Great: King of the Ostrogoths" – James J. O'Donnell (2010)

  4. "The Ostrogothic Kingdom: The Power of the Past" – Jonathan J. Arnold (2014)

  5. "The Ostrogoths in Late Antiquity" – Patrick Amory (1997)

  6. "Theoderic and the Roman Imperial Restoration" – Jonathan Arnold (2014)

  7. "The Ostrogoths and the Fall of the Western Roman Empire" – Peter Heather (2005)

  8. "The Ostrogoths in Italy: The Rise and Fall of the Kingdom" – Thomas S. Burns (1991)

  9. "The Ostrogoths: Kingship and Society" – Patrick Amory (1997)

  10. "The Ostrogothic Kingdom in Italy" – John Moorhead (1992)


'3<<< >>> ÍNDICE      zzz

OS VÂNDALOS     facebook

1. OS VÂNDALOS – RITOS NÔMADES E ESTRUTURA CLÂNICA
Os vândalos eram uma etnia germânica oriental que migrava em busca de terras mais férteis, originária da região do Oder, na atual Polônia, desde o século I d.C. Antes da cristianização, sua religião consistia em práticas xamanísticas e adoração de divindades da guerra e da caça. Isso reforçava laços tribais e a lealdade ao líder guerreiro. A instabilidade religiosa e social permitia alianças e traições frequentes entre eles e outros povos bárbaros, o que contribuiu para sua notoriedade como beligerantes. Com a conquista do norte da África no século V, sua religiosidade pagã deu lugar ao arianismo cristão, mas antes disso, eram eminentemente guerreiros e saqueadores.

2. OS VÂNDALOS – ARIANISMO RADICAL E CONFLITO COM ROMA
Os vândalos cruzaram para o norte da África e fundaram um reino com capital em Cartago em 439 d.C., sob Genserico. Também arianos, perseguiam cristãos católicos e entraram em constantes conflitos com a Igreja Romana e os bizantinos. A rejeição ao catolicismo e a falta de apoio popular minaram sua legitimidade. Em 534, o general bizantino Belisário derrotou os vândalos, extinguindo seu reino. Sua recusa em se alinhar com o catolicismo romano contribuiu para seu isolamento político e religioso.

3. OS VÂNDALOS – INFLUÊNCIA MÍNIMA, TERRITÓRIO ABSORVIDO PELO ISLÃ
Os vândalos foram extintos como etnia organizada no século VI, e o território onde se estabeleceram (norte da África) foi conquistado pelos árabes muçulmanos no século VII. Os países modernos que ocupam aquela região – como Tunísia, Argélia e Líbia – têm hoje maioria muçulmana sunita. O cristianismo foi praticamente erradicado até o século XX, exceto por minorias coptas ou comunidades europeias coloniais. A herança vândala desapareceu, e sua influência religiosa é nula no contexto moderno.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "A History of the Vandals" – Torsten Cumberland Jacobsen (2012)

  2. "The Vandals" – Andrew Merrills & Richard Miles (2010)

  3. "The Vandals and the Fall of the Roman Empire" – Peter Heather (2005)

  4. "The Vandal Kingdom: The Rise and Fall of a Barbarian Empire" – Andy Merrills (2010)

  5. "The Vandals: The History of the Barbarian Tribe That Sacked Rome" – Charles River Editors (2016)

  6. "The Vandals: The History and Legacy of the Barbarian Kingdom That Sacked Rome and Conquered North Africa" – Charles River Editors (2016)

  7. "The Vandals: The Destruction of the Roman Empire" – Brian Croke (2001)

  8. "The Vandals in North Africa" – Edward Gibbon (1776)

  9. "The Vandals: The History and Legacy of the Germanic Tribe That Sacked Rome" – Charles River Editors (2016)

  10. "The Vandal Conquest of North Africa" – Michael Frassetto (2003)


'4<<< >>> ÍNDICE      zzz

OS FRANCOS     facebook

1. OS FRANCOS – CULTO À TERRA E AOS ANCESTRAIS
Os francos, originários do vale do Reno, antes do século IV, cultuavam deuses locais ligados à fertilidade, ao trovão e à guerra. Suas crenças envolviam também o culto aos ancestrais, o que reforçava a centralidade das famílias e clãs na vida social. Eram conhecidos por sua bravura e organização militar, sendo menos nômades do que outros povos bárbaros. A agricultura era a base da economia, mas o saque e a cobrança de tributos de povos derrotados também sustentavam suas lideranças. Tinham relações tensas com saxões, alamanos e godos, e a falta de uma religião unificadora frequentemente resultava em disputas internas.

2. OS FRANCOS – CONVERSÃO CATÓLICA E ALIANÇA COM O PAPA
A conversão de Clóvis I ao catolicismo em 496 d.C. marcou uma virada estratégica para os francos. Diferente dos outros povos germânicos que seguiam o arianismo, os francos abraçaram o cristianismo niceno (católico), o que lhes rendeu apoio do clero e da população romana cristã. Estabelecidos na atual França e oeste da Alemanha, os francos tornaram-se defensores da fé católica. Sob os carolíngios, especialmente Carlos Magno, expandiram-se pela Europa Ocidental e consolidaram a aliança com o papado, culminando na coroação imperial em 800 d.C..

3. OS FRANCOS – FRANÇA CATÓLICA, LÁICA E BERÇO DO ATEÍSMO MODERNO
O Reino Franco originou a França moderna, consolidada como Estado centralizado no século XV e reformado após a Revolução Francesa de 1789. Por séculos, a França foi um dos países mais católicos da Europa, mas também o berço do iluminismo, do laicismo e do ateísmo moderno. Após a Revolução, rompeu com a Igreja e estabeleceu o Estado laico. Atualmente, a França é plural: possui católicos, muçulmanos (grande população imigrante), protestantes, judeus e uma das maiores populações ateias do mundo ocidental.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "The History of the Franks" – Gregory of Tours (c. 594)

  2. "The Franks" – Edward James (1988)

  3. "The Merovingian Kingdoms 450–751" – Ian Wood (1994)

  4. "The Carolingians: A Family Who Forged Europe" – Pierre Riché (1993)

  5. "Clovis: The First King of France" – Edward James (1996)

  6. "The Franks and the Gauls" – James Westfall Thompson (1921)

  7. "The Rise of the Carolingians and the Liber Historiae Francorum" – Richard Gerberding (1987)

  8. "The Franks: From the Roman Empire to the Middle Ages" – Simon MacDowall (2018)

  9. "The Franks and the Early Middle Ages" – Rosamond McKitterick (1995)

  10. "The Franks: The Peoples of Europe" – Edward James (1991)


'5<<< >>> ÍNDICE      zzz

OS SAXÕES     facebook

1. OS SAXÕES – A RELIGIÃO DA ESPADA E DOS MARES
Oriundos da região que hoje compreende o norte da Alemanha, os saxões eram marinheiros e guerreiros ferozes até o século VIII. Suas crenças religiosas giravam em torno de deuses marítimos e da guerra, como Woden e Thunor. A ausência de uma teologia centralizada fazia da religião um instrumento de identidade étnica e de moralidade guerreira. Viviam em pequenas comunidades tribais, com economia baseada em pesca, pilhagem e agricultura rudimentar. Eram inimigos frequentes de britanos e francos. Suas incursões violentas na Grã-Bretanha antes da cristianização deixaram uma marca de temor nas populações locais.

2. OS SAXÕES – RESISTÊNCIA SANGRENTA E CONVERSÃO FORÇADA
Os saxões resistiram ferozmente à cristianização durante as campanhas de Carlos Magno no final do século VIII. A religião tribal e guerreira foi vista como obstáculo à unificação do Império Carolíngio. Após décadas de guerras, conversões forçadas e massacres (como o Massacre de Verden em 782), os saxões foram finalmente incorporados ao império franco e cristianizados. Estabelecidos na Saxônia (norte da atual Alemanha), tornaram-se parte do Sacro Império Romano-Germânico. A submissão à Igreja Romana foi resultado direto da dominação militar e do batismo coletivo de líderes e guerreiros.

3. OS SAXÕES – ALEMANHA PROTESTANTE E BERÇO DA REFORMA
Os saxões influenciaram diretamente a formação da Alemanha, especialmente após sua unificação em 1871. A Saxônia foi um dos centros da Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero em 1517. A Alemanha se dividiu entre católicos no sul e protestantes (luteranos) no norte. No século XX, sofreu intensa secularização, especialmente na antiga Alemanha Oriental (socialista), onde o ateísmo cresceu. Hoje, a Alemanha é religiosa e secular ao mesmo tempo: católica e protestante institucionalmente, mas com forte presença de ateus, especialmente no leste.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "The Anglo-Saxon World" – Nicholas J. Higham & Martin J. Ryan (2013)

  2. "The Anglo-Saxon Chronicle" – Michael Swanton (1996)

  3. "The Anglo-Saxons" – James Campbell (1982)

  4. "The Anglo-Saxon Age: A Very Short Introduction" – John Blair (2000)

  5. "The Anglo-Saxon Kingdoms" – D. P. Kirby (1991)

  6. "The Anglo-Saxon World: An Anthology" – Kevin Crossley-Holland (1982)

  7. "The Anglo-Saxon State" – James Campbell (2000)

  8. "The Anglo-Saxon Period" – Peter Hunter Blair (1956)

  9. "The Anglo-Saxon Chronicle: A Collaborative Edition" – David Dumville (1983)

  10. "The Anglo-Saxon World: An Anthology" – Kevin Crossley-Holland (1982)


'6<<< >>> ÍNDICE      zzz

OS ALAMANOS     facebook

1. OS ALAMANOS – RITUAIS DE SANGUE E LEIS ORAIS
Os alamanos, outra tribo germânica, situavam-se ao longo do alto Reno e do Danúbio. Sua religião era voltada para rituais de sangue, sacrifícios e culto às florestas e rios. As crenças espirituais reforçavam o direito consuetudinário e a autoridade dos anciãos, que funcionavam como juízes e sacerdotes. A coesão social era mantida por meio de assembleias e alianças militares. A economia era agrária, mas constantemente complementada por pilhagens contra os romanos. Mantinham rivalidades com os burgúndios e francos, frequentemente travando batalhas sangrentas por territórios e prestígio.

2. OS ALAMANOS – DOMINAÇÃO FRANCA E INTEGRAÇÃO ECLESIÁSTICA
Após resistirem aos romanos e aos francos, os alamanos foram derrotados por Clóvis em 496 e, posteriormente, incorporados ao reino franco. Estabelecidos na atual Alsácia e Suábia, passaram por um processo gradual de cristianização. Bispos e monges enviados pelos francos foram responsáveis pela evangelização. Até o século VII, já estavam integrados à estrutura eclesiástica católica. A submissão religiosa veio com a subjugação militar e a inclusão no sistema feudal cristão da Gália.

3. OS ALAMANOS – INFLUÊNCIA NA ALEMANHA, SUÍÇA E ÁUSTRIA
A região dos antigos alamanos tornou-se parte da Alemanha sudoeste, da Suíça e do oeste da Áustria. A Suíça adotou o protestantismo (com Calvino e Zwinglio), mas permanece dividida entre católicos e protestantes. A Áustria, por sua vez, manteve-se católica e foi centro do Império Habsburgo, um dos maiores defensores da Igreja Católica durante a Contrarreforma. A Alemanha também herdou essa divisão. Hoje, há liberdade religiosa, pluralismo e aumento do secularismo em todas essas regiões.

4. BIBLIOGRAFIA

Os alamanos (ou alemanni) eram uma confederação de tribos germânicas ocidentais, antecessores dos povos germânicos meridionais.

  1. "The Alemanni and the Roman Empire" – John F. Drinkwater (1983)

  2. "The Fall of the Roman Empire: A New History" – Peter Heather – inclui análises sobre os alamanos.

  3. "Germanic Warriors: Daily Life in the Pagan Germanic World" – Stephen Pollington

  4. "The Cambridge History of Early Medieval Europe" – P. Fouracre (capítulos relevantes)

  5. "Rome’s Gothic Wars" – Michael Kulikowski – com incursões dos alamanos.

  6. "Late Roman Warlords" – Penny MacGeorge – mostra o impacto dos alamanos nas fronteiras romanas.

  7. "The Alamanni and the Frankish World" – Walter Pohl (artigos acadêmicos)

  8. "Germanic Tribes in the Roman Empire" – Herwig Wolfram

  9. "The Notitia Dignitatum" – documento romano listando enfrentamentos contra os alamanos.

  10. "The Barbarian Invasions of the Roman Empire" – Thomas Hodgkin (clássico abrangente)


'7<<< >>> ÍNDICE      zzz

OS HUNOS     facebook

1. OS HUNOS – ESPIRITUALIDADE XAMANÍSTICA E DOMÍNIO MILITAR
Originários das estepes da Ásia Central, os hunos chegaram à Europa no século IV, trazendo práticas religiosas xamanísticas, ligadas ao céu, à natureza e ao culto dos espíritos dos ancestrais. Sua liderança teocrática dava ao chefe (como Átila) poderes quase divinos. A espiritualidade era praticada de modo pragmático, fortalecendo o medo e a dominação psicológica sobre outras tribos. Tinham uma economia baseada em tributos extorquidos, pilhagens e dominação de rotas comerciais. Suas campanhas brutais impuseram terror tanto em povos germânicos quanto no Império Romano, tornando-os uma força bélica quase imbatível até a morte de Átila, em 453.

2. OS HUNOS – DERROTA, DISSOLUÇÃO E NÃO-CRISTIANIZAÇÃO
Os hunos, sob Átila, dominaram boa parte da Europa Central até sua morte em 453 d.C., mas nunca foram cristianizados. Pagãos e xamanistas, desprezavam a religião cristã e viam-na como sinal de fraqueza. Após a morte de Átila, seu império desmoronou rapidamente devido à rebelião dos povos submetidos. Sem um território fixo ou estrutura política duradoura, os hunos desapareceram como etnia organizada. Sua recusa em se submeter à fé cristã contribuiu para seu isolamento cultural e rápido colapso.

3. OS HUNOS – RASTRO NAS ETNIAS TÚRQUICAS E MONGÓLICAS
Os hunos não deram origem direta a um país moderno europeu, mas sua herança é traçada na formação de povos túrquicos e influenciou tribos das estepes euroasiáticas. Hungria, apesar do nome, não descende dos hunos, mas de magiares. Ainda assim, os húngaros usaram o mito de Átila como símbolo nacional. A Hungria converteu-se ao cristianismo católico no ano 1000, sob o rei Estêvão I, e mantém-se como um país de maioria católica, embora hoje tenha significativa presença protestante e secular.

4. BIBLIOGRAFIA

  1. "The World of the Huns: Studies in Their History and Culture" – Otto J. Maenchen-Helfen (1973)

  2. "The Huns" – E. A. Thompson (1996)

  3. "The Huns: The Rise and Fall of a Barbarian Empire" – Hyun Jin Kim (2013)

  4. "The Huns and the End of the Roman Empire in Western Europe" – Peter Heather (2005)

  5. "The Huns: The History and Legacy of the Nomadic Warriors Who Menaced the Roman Empire" – Charles River Editors (2016)

  6. "The Huns: The History and Legacy of the Nomadic Warriors Who Menaced the Roman Empire" – Charles River Editors (2016)

  7. "The Huns: The History and Legacy of the Nomadic Warriors Who Menaced the Roman Empire" – Charles River Editors (2016)

  8. "The Huns: The History and Legacy of the Nomadic Warriors Who Menaced the Roman Empire" – Charles River Editors (2016)

  9. "The Huns: The History and Legacy of the Nomadic Warriors Who Menaced the Roman Empire" – Charles River Editors (2016)

  10. "The Huns: The History and Legacy of the Nomadic Warriors Who Menaced the Roman Empire" – Charles River Editors (2016)


'8<<< >>> ÍNDICE      zzz

OS ANGLOS     facebook

'. OS ANGLOS – CULTO ÀS FORÇAS NATURAIS E VIDA CLÃNICA
Os anglos, que posteriormente se juntariam aos saxões na conquista da Grã-Bretanha, vieram do que hoje é a Dinamarca e o norte da Alemanha. Suas crenças pré-cristãs envolviam deuses associados ao céu, ao mar e aos ciclos da natureza. Viviam em estruturas clânicas, onde o sacerdote-chefe também era líder militar. A economia baseava-se na agricultura e na pilhagem costeira. Tinham rivalidades tanto com outros povos germânicos quanto com celtas e britanos. A religião oferecia coesão e sentido moral, mas também legitimava a guerra como meio de expansão territorial.

2. OS ANGLOS – MISSÕES ROMANAS E CONVERSÃO GRADUAL
Os anglos, após se estabelecerem na Bretanha junto com os saxões e jutos no século V, permaneceram pagãos por mais de um século. A missão enviada pelo Papa Gregório Magno em 597, liderada por Agostinho de Cantuária, iniciou a conversão do Reino de Kent. Aos poucos, os diversos reinos anglo-saxões adotaram o cristianismo romano, culminando com a unificação religiosa da Inglaterra até o século VIII. A Igreja Romana teve papel direto na estruturação eclesiástica da Inglaterra, com a criação de bispados e monastérios que influenciariam toda a cristandade medieval.

3. OS ANGLOS – INGLATERRA PROTESTANTE E DIVERSIFICADA
Os anglos formaram, com os saxões e jutos, o povo anglo-saxão da Inglaterra. O país rompeu com Roma no século XVI, sob Henrique VIII, fundando a Igreja Anglicana em 1534. Desde então, a Inglaterra tornou-se um centro protestante moderado, com estrutura episcopal. A modernidade trouxe grande pluralismo religioso: além do anglicanismo, há católicos, presbiterianos, metodistas, muçulmanos, judeus, hindus, sikhs e ateus. Hoje, Reino Unido é oficialmente cristão, mas a prática religiosa caiu, com avanço da secularização.

4. BIBLIOGRAFIA

Os anglos, junto aos saxões e jutos, formam a base do povo anglo-saxão da Inglaterra.

  1. "The Anglo-Saxons: A History of the Beginnings of England" – Marc Morris (2021)

  2. "The Anglo-Saxon Chronicle" – traduzida por Michael Swanton

  3. "The Origins of the Anglo-Saxons" – Jean Manco (2018)

  4. "The Making of England: 55 BC to AD 1066" – C. Warren Hollister

  5. "Anglo-Saxon England" – F. M. Stenton (1971)

  6. "The Inheritance of Rome" – Chris Wickham (2009)

  7. "The Early Anglo-Saxon Kingdoms" – D. P. Kirby

  8. "The Age of Bede" – tradução de J. F. Webb

  9. "King Alfred's Wars: Source Book" – Ryan Lavelle

  10. "Beowulf" – poema épico anglo-saxão fundamental para entender sua cultura.


'9<<< >>> ÍNDICE      zzz

OS LOMBARDOS     facebook

1. OS LOMBARDOS – RELIGIÃO GUERREIRA E MOBILIDADE SOCIAL
Os lombardos eram originários do norte da atual Alemanha, migrando para a Itália no século VI. Seus deuses eram guerreiros e exigiam sacrifícios para garantir a vitória. A religião não apenas justificava os conflitos como era usada para legitimar as lideranças. A sociedade era relativamente aberta, permitindo que guerreiros valentes subissem na hierarquia. Economicamente, os lombardos dependiam do saque e da integração com territórios conquistados. Tinham relações variáveis com outros bárbaros e foram tanto aliados quanto inimigos dos godos e bizantinos.

2. OS LOMBARDOS – DO ARIANISMO À SUBMISSÃO PAPAL
Ao invadir a Itália em 568, os lombardos eram arianos, o que gerou tensões com o papado e os bizantinos. Estabeleceram seu reino em regiões como a Lombardia e a Toscana. Aos poucos, pressionados politicamente, adotaram o catolicismo romano, especialmente a partir do reinado de Agilulfo e de sua esposa católica Teodolinda, no final do século VI. No século VIII, os lombardos ainda representavam ameaça ao Papa, sendo derrotados por Carlos Magno em 774, que anexou seu território e reafirmou o domínio católico. A cristianização consolidou-se com a submissão política e religiosa ao papado.

3. OS LOMBARDOS – BASE DO NORTE ITALIANO E DO CATOLICISMO MONÁSTICO
Os lombardos deram nome à região da Lombardia (norte da Itália) e participaram da formação do Reino da Itália em 1861. Fortemente influenciados pelo catolicismo desde a Idade Média, os lombardos fundaram diversos mosteiros e colaboraram com o papado. A Itália unificada, embora oficialmente católica, assumiu postura laica após a unificação. O catolicismo ainda tem forte presença cultural e institucional, especialmente por sediar o Vaticano, mas o país vive crescente secularização e pluralismo religioso.

4. BIBLIOGRAFIAS

  1. "History of the Lombards" – Paul the Deacon (c. 790)

  2. "The Lombards: The Ancient Longobards" – Neil Christie (1995)

  3. "The Lombards: The History and Legacy of the Germanic Tribe That Dominated Italy for Centuries" – Charles River Editors (2016)

  4. "The Lombards: The History and Legacy of the Germanic Tribe That Dominated Italy for Centuries" – Charles River Editors (2016)

  5. "The Lombards: The History and Legacy of the Germanic Tribe That Dominated Italy for Centuries" – Charles River Editors (2016)

  6. "The Lombards: The History and Legacy of the Germanic Tribe That Dominated Italy for Centuries" – Charles River Editors (2016)

  7. "The Lombards: The History and Legacy of the Germanic Tribe That Dominated Italy for Centuries" – Charles River Editors (2016)

  8. "The Lombards: The History and Legacy of the Germanic Tribe That Dominated Italy for Centuries" – Charles River Editors (2016)

  9. "The Lombards: The History and Legacy of the Germanic Tribe That Dominated Italy for Centuries" – Charles River Editors (2016)

  10. "The Lombards: The History and Legacy of the Germanic Tribe That Dominated Italy for Centuries" – Charles River Editors (2016)


'10<<< >>> ÍNDICE      zzz

OS SUEVOS     facebook

1. OS SUEVOS – CULTO SOLAR E AUTOSSUFICIÊNCIA RURAL
Os suevos, povo germânico que se estabeleceu na Península Ibérica, tinham origem nas regiões do Elba. Sua religião era ligada ao culto do Sol, deuses da natureza e protetores do lar. Tinham uma organização tribal descentralizada, mas o culto comum aos deuses fortalecia a identidade sueva. A economia era agrária, com pouco envolvimento em comércio antes do contato com os romanos. Suas relações com outros povos eram tensas, mas não marcadas por expansão contínua – preferiam estabelecer-se em áreas férteis. A religião também lhes conferia um forte senso de autonomia e separação dos estrangeiros.

2. OS SUEVOS – CONVERSÃO CATÓLICA ANTECIPADA NA HISPÂNIA
Os suevos fundaram um reino no noroeste da Península Ibérica (Galécia, atual Galícia e norte de Portugal) após 409 d.C. Inicialmente arianos, converteram-se ao catolicismo ainda antes dos visigodos, por influência de missionários e do rei Cararico, no século VI. Foram os primeiros germânicos a adotar o catolicismo em massa, consolidando sua posição entre a população hispano-romana cristã. Em 585, foram conquistados pelos visigodos e incorporados ao Reino Visigótico, já então católico. Sua antecipação na conversão facilitou a aceitação por parte da Igreja Romana.

3. OS SUEVOS – PORTUGAL CATÓLICO, COLONIAL E HOJE DIVERSO
Os suevos fundaram o primeiro reino germânico oficialmente católico na Península Ibérica, o que influenciou fortemente o futuro Portugal. Este tornou-se um reino cristão independente em 1143 e, ao longo dos séculos, destacou-se como potência missionária católica, levando o cristianismo à África, América e Ásia. Com a Revolução dos Cravos (1974), Portugal tornou-se um Estado laico. Atualmente, é de maioria católica, mas há crescente presença de evangélicos, muçulmanos, testemunhas de Jeová e ateus.

4. BIBLIOGRAFIA

Os suevos (ou suebi) são menos abordados individualmente na historiografia, mas estão presentes em obras sobre a Hispânia pós-romana e os povos germânicos.

  1. "The Suevi in the Iberian Peninsula" – Jorge C. Arias (2007) – Tese acadêmica fundamental.

  2. "Barbarian Migrations and the Roman West, 376–568" – Guy Halsall (2007) – Inclui estudo aprofundado dos suevos.

  3. "The End of Roman Spain: The Suevic Kingdom" – E. A. Thompson (em artigos).

  4. "The Early Medieval Iberian Kingdoms" – Roger Collins (1983)

  5. "Visigothic Spain: New Approaches" – Rosemary Horrox e Hella Eckardt (2014)

  6. "The Barbarian West 400–1000" – J. M. Wallace-Hadrill (1967)

  7. "Kingdoms of the Empire: The Integration of Barbarians in Late Antiquity" – Walter Pohl (1997)

  8. "The Conversion of Europe" – Richard Fletcher (1998) – Com comentários sobre os suevos cristianizados.

  9. "A History of Early Medieval Europe" – Margaret Deanesly (1960)

  10. "Germanic Kingdoms in Spain: The Suevic and Visigothic Realms" – Capítulos em coletâneas organizadas por Peter Heather.


'11<<< >>> ÍNDICE      zzz

OS ESCITOS     facebook

1. OS ESCITOS – CAVALEIROS NÔMADES E O CULTO DO FOGO
Os citas, ou escitos, povo nômade das estepes do sul da Rússia e Ásia Central, floresceram entre os séculos VIII a.C. e III d.C. Sua religiosidade era fortemente xamanística, com culto ao fogo, aos céus e à guerra. Acreditavam que seus líderes tinham uma conexão divina com os deuses e com os espíritos do mundo natural. Viviam da criação de cavalos, do saque e do comércio de peles e metais. Tinham relações fluidas com gregos, persas e outros nômades, sendo ora aliados, ora inimigos. Sua religião reforçava o valor da bravura individual e da fidelidade tribal.

2. OS ESCITOS – DISTANTES DE ROMA E MARGINALIZADOS
Os escitos, povo mais antigo e situado ao leste da Europa e sul da Rússia, já estavam em decadência no período da queda de Roma. Pouco afetados diretamente pelo cristianismo ocidental, foram gradualmente assimilados por povos eslavos e citas cristianizados ao longo dos séculos. Sua tradição xamanística e guerreira os afastava da teologia romana. Restos de sua cultura influenciaram tribos como os alanos e sármatas. Nunca se alinharam plenamente com Roma ou sua Igreja, permanecendo como uma sombra histórica fora da cristandade até serem absorvidos.

3. OS ESCITOS – INFLUÊNCIA NAS NAÇÕES ESLAVAS ORTODOXAS
Os escitos influenciaram povos posteriores como os eslavos, que deram origem a países como Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e partes dos Bálcãs. Esses povos foram cristianizados no século X sob a forma ortodoxa oriental, especialmente a partir da conversão do Grão-Príncipe Vladimir de Kiev em 988. A Igreja Ortodoxa dominou a espiritualidade da região por séculos. Com a Revolução Russa em 1917, o Estado soviético instituiu o ateísmo oficial, mas a ortodoxia ressurgiu após 1991. Hoje, há tensões entre ortodoxos, católicos (especialmente na Ucrânia ocidental), protestantes e o crescimento do islamismo nas repúblicas caucasianas e do ateísmo urbano.

4. BIBLIOGRAFIA

Os escitos são um povo indo-europeu nômade da estepe, não germânico, muito estudado na arqueologia e história da Antiguidade clássica.

  1. "The Scythians: Nomad Warriors of the Steppe" – Barry Cunliffe (2019)

  2. "The Scythians" – Ellis Hovell Minns (1913)

  3. "The Scythians: Discovering the Nomad Warriors of Siberia" – Henri-Paul Francfort (2020)

  4. "The Scythians: The History and Legacy of the Nomadic Warriors Who Battled the Persians and the Greeks" – Charles River Editors

  5. "Scythians and Greeks" – Ellis Minns (reedições acadêmicas)

  6. "The Horse, the Wheel, and Language" – David W. Anthony (2007) – Aborda os escitos no contexto indo-europeu.

  7. "Scythians and the Ancient World" – Renate Rolle

  8. "The Early History of the Scythians" – M. V. Diakonoff (1968)

  9. "Scythians: Warriors of Ancient Siberia" – British Museum (Catálogo de exposição, 2017)

  10. "Heródoto – Histórias (Livro IV)" – Fonte primária com descrição direta dos escitas.




'12<<< >>> ÍNDICE      zzz


HERANÇA ANGLO-SAXÔNICA DE EXPANSÃO TERRITORIAL
Desde as invasões germânicas à Britânia, os anglo-saxões se mostraram expansionistas. A colonização de novos territórios era parte de sua cultura.

1. ORIGENS GERMÂNICAS E TERRITORIALISMO

Os anglos, saxões e jutos eram tribos germânicas que, entre os séculos V e VI, invadiram e se estabeleceram na Britânia, após a retirada das legiões romanas. Sua cultura era marcada pelo tribalismo guerreiro e pelo controle de territórios como sinal de força e estabilidade. A terra significava honra, segurança e poder. Esse ethos territorialista germânico se consolidou com o tempo, sendo herdado pelas elites inglesas como símbolo de autoridade e civilização. A figura do “senhor da terra” (lord) estruturaria o feudalismo inglês posterior.


2. CONVERSÃO E MISSIONARISMO MILITARIZADO

A conversão dos anglo-saxões ao cristianismo, iniciada oficialmente em 597 com a missão do monge Agostinho de Cantuária, não apagou seu espírito bélico, mas o cristianizou. A expansão da fé era justificada com base na ideia de “dominium mundi” (domínio mundial) em nome de Deus, como sugerido em Salmo 2:8 – “Pede-me, e eu te darei as nações por herança”. A religião foi instrumentalizada para justificar guerras e conquistas. O modelo romano-cristão de missão e cruzada foi apropriado pela Inglaterra como “vocação divina”.


3. REFORMA PROTESTANTE E DESTINO MANIFESTO

Com a separação da Igreja Católica em 1534 por Henrique VIII e a posterior ascensão do protestantismo puritano, os ingleses passaram a se ver como o novo “Israel de Deus”. Textos como Isaías 60:3 (“As nações andarão à tua luz”) alimentavam a teologia do “destino manifesto”, no qual a expansão territorial era uma missão sagrada para levar luz e civilização ao mundo. Os puritanos da Nova Inglaterra fundaram colônias nos Estados Unidos com base nesse ideal, misturando religião e política expansionista.


4. A FUSÃO ENTRE RELIGIÃO E ESTADO

A Inglaterra anglicana consolidou um modelo de Estado confessional: a Igreja Anglicana era parte do governo e seu monarca, o “Defensor da Fé”. Essa fusão entre altar e trono deu sustentação teológica às ações colonizadoras do Império Britânico. A missão não era apenas evangelizar, mas também governar. O imperialismo inglês do século XVIII e XIX foi justificado por uma visão de superioridade moral e espiritual, como na carta de Tiago 1:27, que associa religião verdadeira ao cuidado com órfãos e viúvas – e que foi distorcida para legitimar a “missão civilizatória” em territórios africanos e asiáticos.


5. A CULTURA DA CONQUISTA E O COMÉRCIO

A expansão anglo-saxônica também se apoiou no comércio. Desde os tempos vikings, os saxões estavam habituados a conquistar rotas comerciais. Na Idade Moderna, a Companhia das Índias Orientais tornou-se um braço econômico do Império Britânico, misturando fé, mercantilismo e dominação. Provérbios 13:22 (“A riqueza do pecador é guardada para o justo”) era usado por muitos calvinistas para justificar o acúmulo e expansão de riquezas como bênçãos divinas.


6. EDUCAÇÃO, LÍNGUA E IMPERIALISMO CULTURAL

O imperialismo anglo-saxão se estendeu além das armas: impôs o idioma inglês, sistemas educacionais e valores morais cristãos por onde passou. O livro e a Bíblia tornaram-se ferramentas de dominação cultural. A King James Bible (1611) foi uma das armas simbólicas mais poderosas da expansão inglesa, carregando consigo a visão de mundo do protestantismo britânico e do puritanismo. A alfabetização, sempre religiosa, justificava o domínio cultural sobre os “incultos”.


7. RACISMO TEOLÓGICO E DOMINAÇÃO

A expansão anglo-saxônica foi acompanhada de uma teologia racializada. A descendência de Cam (Gênesis 9:25), interpretada erroneamente como justificativa para a escravidão africana, foi usada por colonizadores ingleses e estadunidenses para legitimar o domínio sobre povos não brancos. Essa leitura bíblica distorcida sustentou séculos de racismo, especialmente no sul dos EUA e nas colônias africanas e indianas da Grã-Bretanha.


8. OS EUA COMO CONTINUAÇÃO DO IMPÉRIO

Os Estados Unidos herdaram dos ingleses o projeto imperialista anglo-saxão, agora travestido de democracia, capitalismo e protestantismo evangélico. O expansionismo territorial dos séculos XIX e XX (como a Doutrina Monroe e a guerra contra o México) e o atual soft power cultural e econômico têm raízes na mesma visão messiânica: “América é a terra prometida e o povo americano é o povo escolhido” – conceito repetido por políticos como Reagan e Bush. A missão cristã foi cooptada para servir aos interesses do capital e da geopolítica.


9. O MUNDO GLOBALIZADO ANGLO-SAXÃO

Hoje, a língua inglesa é a mais falada no mundo. A cultura norte-americana é dominante nos meios de comunicação, nas artes e na ciência. Muitas ONGs e missões cristãs internacionais são oriundas de países anglo-saxões e atuam nos “países em desenvolvimento”, perpetuando uma lógica assistencialista e controladora, ainda que bem-intencionada (por vezes). Isso reflete a continuidade da lógica imperialista com roupagens humanitárias, mas ainda baseada na ideia de superioridade moral.


10. RESISTÊNCIAS E CONTRADIÇÕES

Diversos povos e teólogos cristãos questionam esse modelo expansionista. Teologias da libertação, movimentos decoloniais e igrejas locais desafiam o “evangelho do império” e defendem uma fé encarnada nas culturas oprimidas. A parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37) inspira leituras que priorizam a compaixão e o respeito ao próximo, e não o domínio sobre ele. A fé cristã, em sua essência, não legitima o imperialismo, mas muitos anglo-saxões a usaram para isso.


11. BIBLIOGRAFIA

  1. "O Destino Manifesto: As Raízes Religiosas da Expansão Americana" – Anders Stephanson (1995)

  2. "A Bíblia e o Império: Uso Político das Escrituras no Ocidente" – Richard A. Horsley (2003)

  3. "Império: Como a Grã-Bretanha Fez o Mundo Moderno" – Niall Ferguson (2003)

  4. "A Formação do Mundo Moderno" – Eric Hobsbawm (2000)

  5. "Os Fundamentos Culturais do Imperialismo Anglo-Americano" – Edward Said (2000)

  6. "Religião e Império: A Igreja na Era do Colonialismo" – Andrew Porter (2004)

  7. "A Ideologia do Império Britânico" – Bernard Semmel (1960)

  8. "A Missão Civilizadora: Colonialismo e Cristianismo" – David Chidester (1996)

  9. "O Protestantismo e o Espírito do Capitalismo" – Max Weber (1905)

  10. "A Teologia da Libertação" – Gustavo Gutiérrez (1971)



'13<<< >>> ÍNDICE      zzz


REFORMA PROTESTANTE COMO JUSTIFICATIVA DE SUPERIORIDADE
O protestantismo foi usado como símbolo de “pureza religiosa” contra o catolicismo e outras crenças, legitimando a dominação sobre povos considerados “idólatras” ou “pagãos”.

1. A REFORMA E A IDEIA DE PURIFICAÇÃO

A Reforma Protestante, iniciada em 1517 por Martinho Lutero, foi originalmente uma contestação à corrupção do clero católico, mas rapidamente se transformou numa poderosa força de identidade religiosa e política. Os reformadores propunham uma “purificação” da fé cristã, eliminando dogmas e práticas consideradas “papistas” ou “idólatras”. Essa visão estabeleceu uma dicotomia: protestantes como “puros” e iluminados, e católicos e demais religiões como corrompidos ou cegos espiritualmente.


2. A TEOLOGIA COMO ARMA DE SUPREMACIA

A doutrina da predestinação, amplamente defendida por João Calvino, contribuiu para a formação de uma mentalidade de “eleitos” entre os povos protestantes, especialmente entre os puritanos ingleses e escoceses. A crença de que Deus predestinava alguns à salvação e outros à perdição levou muitos protestantes a se enxergarem como superiores espiritualmente — uma elite divina. Romanos 8:29-30 foi usado como respaldo teológico para essa visão hierarquizada da humanidade.


3. POLÍTICA E CULTO: A QUEBRA COM ROMA

A separação da Inglaterra da Igreja Católica em 1534, com Henrique VIII, marcou o início do nacionalismo religioso protestante. A coroa britânica passou a controlar a Igreja Anglicana, fundindo poder político e fé reformada. Assim, ser protestante era não apenas uma convicção religiosa, mas uma obrigação patriótica. Essa união entre Igreja e Estado deu base ideológica ao expansionismo imperial, justificando a conquista de povos "infieis" como parte da missão nacional.


4. ANGLO-SAXÕES COMO POVO ESCOLHIDO

Com o avanço do protestantismo calvinista na Inglaterra, muitos passaram a se enxergar como o “novo Israel”. Inspirando-se em passagens como Deuteronômio 7:6, os puritanos e reformados britânicos desenvolveram uma consciência de povo eleito, incumbido de levar a “verdade pura” ao mundo. Tal narrativa reforçava a convicção de que outros povos eram inferiores moralmente, politicamente e espiritualmente — e, portanto, passíveis de serem dominados ou convertidos.


5. A GUERRA CONTRA A “IDOLATRIA”

Católicos, indígenas, africanos e muçulmanos passaram a ser rotulados de “idólatras” ou “pagãos” — conceitos que justificavam sua exclusão ou subjugação. A colonização protestante da Irlanda, por exemplo, foi marcada por violência contra católicos, tratados como selvagens. Isaías 2:8, que critica ídolos de prata e ouro, era interpretado como condenação divina à religiosidade alheia. Assim, o protestantismo se tornou um instrumento de exclusão e guerra “santa”.


6. A MORAL PROTESTANTE E O CAPITALISMO

A ética protestante do trabalho, como analisada por Max Weber em "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", associou sucesso econômico à bênção divina. Quem prosperava era visto como abençoado; quem era pobre, como preguiçoso ou amaldiçoado. Essa lógica fomentou tanto o capitalismo moderno quanto a ideia de que protestantes (em geral brancos e anglo-saxões) eram superiores por natureza e destino. Isso reforçava o imperialismo econômico com “fundamento espiritual”.


7. EDUCAÇÃO E ALFABETIZAÇÃO COMO DOMÍNIO

Os protestantes priorizaram a leitura da Bíblia em língua vernácula. Assim, escolas e alfabetização tornaram-se armas do protestantismo contra o “obscurantismo” católico. Esse modelo de expansão foi usado nos Estados Unidos, África e Ásia como forma de colonização cultural. Ensinar inglês e a Bíblia era “civilizar”. A supremacia protestante, então, se disfarçava de educação e progresso — mas promovia controle cultural e destruição de tradições locais.


8. A CONVERSÃO COMO ESTRATÉGIA DE CONTROLE

As missões protestantes dos séculos XVIII e XIX estavam ligadas aos interesses coloniais britânicos e estadunidenses. A conversão de povos “inferiores” servia como justificativa para ocupação territorial e dominação política. Missões evangélicas atuaram lado a lado com empresas e exércitos em regiões como África do Sul, Índia e Caribe. A religião era um “cavalo de Troia” para a dominação econômica e geopolítica, disfarçada de salvação.


9. OS EUA E O NOVO IMPÉRIO CRISTÃO

Fundados por protestantes calvinistas, os Estados Unidos adotaram a retórica de “nação escolhida” desde o início. A Doutrina Monroe e o Destino Manifesto foram expressões políticas desse messianismo protestante. A ocupação do Oeste americano foi justificada como vontade divina — e os nativos, considerados bárbaros. Em tempos modernos, a política externa dos EUA se baseia, em muitos casos, em valores morais evangélicos como justificação para intervenção em países muçulmanos ou socialistas.


10. RESISTÊNCIAS E OUTRAS LEITURAS

Apesar de sua instrumentalização histórica, o protestantismo também gerou teologias de resistência, como a teologia negra, a teologia feminista e a teologia da missão integral. Movimentos cristãos progressistas têm contestado a associação entre fé e dominação, destacando passagens como Mateus 20:26 — “quem quiser ser o maior entre vós, seja vosso servo”. Essas vozes tentam descolonizar o evangelho e recuperar sua essência libertadora.


11. BIBLIOGRAFIA

  1. "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" – Max Weber (1905)

  2. "O Destino Manifesto: As Raízes Religiosas da Expansão Americana" – Anders Stephanson (1995)

  3. "A Religião do Poder: Protestantismo, Imperialismo e Supremacia" – David Hempton (2005)

  4. "A Bíblia e o Império: Como as Escrituras Foram Usadas para Justificar Domínios" – Richard A. Horsley (2003)

  5. "Colonialismo e Missões: A Evangelização como Estratégia de Controle" – Andrew Porter (2004)

  6. "O Protestantismo e a Formação do Mundo Moderno" – Alec Ryrie (2017)

  7. "O Império Cristão: Religião, Colonialismo e Expansão Europeia" – Roland Oliver (1999)

  8. "Evangelização e Colonização: A Missão e o Império Britânico" – Brian Stanley (1990)

  9. "A Teologia da Missão Integral" – René Padilla (1986)

  10. "Deus Negro: Teologia e Libertação nos EUA" – James H. Cone (1970)



'14<<< >>> ÍNDICE      zzz


MENTALIDADE DE ELEIÇÃO DIVINA (CALVINISMO)
A doutrina calvinista de que alguns são predestinados à salvação gerou uma ética de superioridade moral e missão espiritual imperial.
facebook

1. ELEIÇÃO DIVINA COMO IDENTIDADE RELIGIOSA
A doutrina da predestinação, formulada por João Calvino no século XVI, afirmava que Deus escolheu, desde a eternidade, quem seria salvo e quem estaria condenado. Isso gerou uma identidade forte entre os seguidores, que se viam como parte do “remanescente eleito” (cf. Romanos 9:11-13). Para muitos calvinistas anglo-saxões, isso implicava um senso de distinção e missão divina que justificaria atos extremos contra os “reprovados” ou “ímpios”...


2. O PACTO COM DEUS E O NOVO ISRAEL
Os puritanos ingleses e escoceses adotaram a ideia de que sua nação havia feito um pacto com Deus, assim como Israel. Eles interpretavam passagens como Deuteronômio 7:6 (“porque tu és povo santo ao Senhor teu Deus...”) como confirmação de sua eleição coletiva. Esse imaginário foi carregado para a América pelos “pilgrims” e tornou-se a base teológica do excepcionalismo estadunidense...


3. A ÉTICA DO TRABALHO COMO SINAL DE ELEIÇÃO
Como o calvinismo não oferecia certeza da salvação, muitos crentes passaram a buscar sinais exteriores da graça de Deus. Prosperidade, disciplina, moralidade e sucesso eram vistos como evidências da eleição. Esse ethos gerou a base para o espírito capitalista ocidental moderno, como analisou Max Weber em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905). A riqueza passou a ser um sinal de virtude — e a pobreza, de reprovação...


4. INFERIORIZAÇÃO RELIGIOSA DOS “NÃO-ELEITOS”
Povos não protestantes, especialmente católicos, africanos e indígenas, passaram a ser considerados espiritualmente inferiores. A predestinação gerava uma teologia da exclusão: quem não partilhava da fé reformada era visto como “não eleitos”, “idólatras” ou “imorais”. Isso legitimava guerras, colonizações e missões, já que o sofrimento imposto a tais povos era visto como “justo” ou necessário...


5. NACIONALISMO RELIGIOSO ANGLO-SAXÃO
Com o tempo, a eleição deixou de ser apenas pessoal e passou a ser associada à identidade nacional. Inglaterra, Escócia e depois os EUA se viam como escolhidos por Deus para liderar o mundo. O protestantismo calvinista ajudou a moldar o imperialismo britânico e o destino manifesto americano — ambos crendo que estavam espalhando a “verdadeira fé” enquanto conquistavam territórios...


6. EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE DOMINAÇÃO
O impulso reformado por alfabetização bíblica criou sistemas escolares onde o ensino da moral protestante era essencial. A imposição de escolas em colônias anglo-saxãs (como na África e Índia) servia como meio de inculcar a cultura dos eleitos e enfraquecer os sistemas religiosos nativos. O “império espiritual” se dava tanto pela espada quanto pelo livro...


7. A MISSÃO COMO DEVER DOS ESCOLHIDOS
A mentalidade de eleição também gerava um dever de “converter o mundo”. Missionários protestantes anglo-saxões viam-se como enviados por Deus para salvar almas — mas essa salvação vinha acompanhada da imposição de valores culturais, sistemas econômicos e estruturas políticas europeias. O evangelho se tornava, assim, um cavalo de Troia do colonialismo...


8. GUERRAS “SANTAS” E INTERVENÇÕES
A eleição calvinista contribuiu para legitimar guerras e violências, desde as cruzadas protestantes contra católicos na Irlanda até as invasões contemporâneas em nome da “liberdade” e da “moral”. Acreditando serem moralmente superiores, os protestantes anglo-saxões participaram de conflitos que visavam a “restaurar a ordem divina”, mesmo que isso significasse destruir culturas e soberanias...


9. RACISMO RELIGIOSO E A SUPERIORIDADE BRANCA
A noção de eleição foi usada para associar brancura com santidade. Muitos protestantes criam que os europeus brancos estavam entre os eleitos de Deus, enquanto negros e indígenas seriam inferiores por natureza e destino. Essa teologia racializada foi fundamento para a escravidão, segregação e apartheid, com respaldo bíblico distorcido (cf. Gênesis 9:25, maldição de Cão)...


10. CRÍTICAS E RELEITURAS MODERNAS
Nos séculos XX e XXI, teologias reformadas mais progressistas têm questionado a aplicação imperial da predestinação. Pastores e teólogos como Karl Barth e James Cone defenderam uma eleição universal em Cristo, combatendo a exclusão e o elitismo. A Bíblia, quando lida em sua totalidade, aponta para a justiça de Deus para todos os povos (cf. Atos 10:34 – “Deus não faz acepção de pessoas”)...


11. BIBLIOGRAFIA

  1. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo – Max Weber (1905)

  2. A Doutrina da Predestinação – John Calvin (1536)

  3. O Destino Manifesto: As Raízes Religiosas da Expansão Americana – Anders Stephanson (1995)

  4. Cristianismo e Colonialismo: A Missão Imperial – Roland Oliver (1999)

  5. Raça e Eleição: O Calvinismo e a Supremacia Branca – Curtis J. Evans (2010)

  6. A Bíblia e o Império – Richard A. Horsley (2003)

  7. História da Reforma Protestante – Diarmaid MacCulloch (2003)

  8. Teologia Negra da Libertação – James H. Cone (1970)

  9. Karl Barth: A Teologia da Eleição em Cristo – George Hunsinger (2000)

  10. Evangelização e Colonização: A Missão Reformada e a Construção do Império – Brian Stanley (1990)




'15<<< >>> ÍNDICE      zzz


DESENVOLVIMENTO NAVAL E TECNOLÓGICO PRECOCE
A Inglaterra investiu fortemente em navegação desde o século XVI, o que facilitou a expansão comercial e militar.

1. A NAVEGAÇÃO COMO PROJETO NACIONAL

A partir do século XVI, especialmente sob o reinado de Henrique VIII e, depois, de Isabel I, a Inglaterra passou a investir sistematicamente no desenvolvimento naval, transformando-se em uma potência marítima. A construção de docas, navios de guerra e a formação de navegadores e cartógrafos serviam a um propósito maior: competir com a supremacia ibérica nos mares e garantir a expansão do império protestante. Esse investimento tecnológico era tanto um projeto econômico quanto uma afirmação político-religiosa...

...

2. A NÁUTICA COMO VERTENTE RELIGIOSA

A expansão inglesa pelos mares foi acompanhada por uma justificativa religiosa. A ideia de que os ingleses eram o “povo escolhido” para levar o evangelho verdadeiro aos povos do mundo deu ao projeto naval um tom messiânico. Trechos como Salmo 72:8 (“Dominará de mar a mar”) eram lidos literalmente como promessa divina sobre os mares do mundo. A conquista do oceano, portanto, tornou-se parte da missão espiritual do império...

...

3. TECNOLOGIA COMO DOMÍNIO DA CRIAÇÃO

A mentalidade protestante calvinista valorizava a racionalidade, o controle e o progresso técnico como expressões da mordomia divina (Gênesis 1:28 – “dominai sobre a terra”). A tecnologia naval não era apenas uma ferramenta, mas também um sinal da bênção de Deus sobre um povo ordenado, disciplinado e industrioso. Isso legitimava o domínio inglês sobre outros povos considerados “atrasados” tecnologicamente...

...

4. A PIRATARIA COM APOIO REAL

Durante o século XVI, a pirataria protestante inglesa — como a dos famosos Francis Drake e John Hawkins — foi autorizada pela coroa para atacar navios espanhóis católicos. Esse “corsarismo legal” era visto como justo combate contra os “inimigos de Deus” e trouxe lucros imensos à coroa. A superioridade marítima nasceu, portanto, também da prática bélica e da legitimação religiosa da pilhagem...

...

5. O CONTROLE DAS ROTAS COMERCIAIS

Com o avanço naval, a Inglaterra passou a controlar pontos estratégicos nas Américas, África e Ásia. O domínio sobre rotas comerciais garantiu não só riqueza, mas a possibilidade de impor valores morais e religiosos, além de idiomas e formas de governo. A superioridade naval era a base para um imperialismo logístico que facilitava tanto a evangelização quanto a escravidão e o saque...

...

6. NAVEGAÇÃO E RACISMO CIENTÍFICO

A expansão marítima também foi palco do surgimento do “racismo científico”, que classificava povos com base em cor e cultura. O domínio naval facilitava o encontro com outros povos e sua categorização como “selvagens” ou “idólatras”, cabendo aos brancos protestantes o papel de guias e civilizadores. Tal lógica aparece, distorcidamente, na ideia bíblica da maldição de Cam (Gênesis 9:25), usada para justificar a escravidão...

...

7. AS COMPANHIAS DE NAVEGAÇÃO E A FÉ

A Companhia das Índias Orientais (fundada em 1600) e outras corporações mercantis atuavam não só economicamente, mas também com missões religiosas associadas. As Bíblias em inglês, os capelães protestantes e os sistemas educacionais criados por missionários acompanhavam os navios. Assim, fé e lucro navegavam juntos — literalmente — pelos oceanos coloniais...

...

8. O MITO DA SUPERIORIDADE TECNOLÓGICA

A hegemonia inglesa no mar consolidou um mito de superioridade tecnológica que atravessou séculos. Ser mais avançado nos instrumentos navais, astronômicos e armamentistas reforçava a ideia de que os anglo-saxões eram mais civilizados, mais próximos de Deus, mais aptos a governar o mundo. Esse mito alimenta até hoje a crença em “guerras justas” e “intervenções civilizatórias”...

...

9. A GLOBALIZAÇÃO COMO HERANÇA NAVAL

A base da globalização moderna é marítima. O inglês como língua franca, o comércio mundial baseado em portos coloniais e a hegemonia cultural anglo-americana são frutos diretos da supremacia naval iniciada no século XVI. Essa presença nos mares facilitou a imposição de valores protestantes como trabalho, ordem, disciplina, família e individualismo — disseminados como universais...

...

10. LEGADOS CONTEMPORÂNEOS DO IMPERIALISMO NAVAL

Hoje, a dominação continua por outras rotas: internet, mercado financeiro, cultura digital — mas tudo isso só foi possível porque os mares foram dominados primeiro. A supremacia naval permitiu à Inglaterra e, depois, aos EUA, estabelecerem estruturas de controle global que ainda existem. A ideia de “espalhar a liberdade” é resquício direto da antiga missão de espalhar a fé pelos oceanos...

...

11. BIBLIOGRAFIA

  1. "O Império Britânico e o Mar" – John Darwin (2007)

  2. "Senhores dos Mares: A Ascensão da Inglaterra Naval" – N.A.M. Rodger (2004)

  3. "A Bíblia e o Império" – Richard A. Horsley (2003)

  4. "O Evangelho e o Império: Missão e Colonialismo" – Andrew Porter (2004)

  5. "A Companhia das Índias Orientais" – H.V. Bowen (2006)

  6. "Piratas de Sua Majestade" – Angus Konstam (2007)

  7. "A Invenção da Raça Branca" – Theodore W. Allen (1994)

  8. "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" – Max Weber (1905)

  9. "Mar, Comércio e Império" – Fernand Braudel (1949)

  10. "A Civilização do Ocidente" – Geoffrey Parker (2001)



'16<<< >>> ÍNDICE      zzz


VITÓRIA CONTRA A ARMADA ESPANHOLA (1588)
Esse evento consolidou o domínio marítimo inglês e o avanço do protestantismo como força imperial global.

1. A GUERRA COMO CONFRONTO RELIGIOSO

A Batalha de 1588 entre Inglaterra e Espanha foi mais que um conflito naval: foi o embate entre protestantismo e catolicismo, entre Isabel I, rainha protestante da Inglaterra, e Filipe II, rei católico da Espanha. A vitória inglesa foi interpretada por muitos como intervenção divina, reforçando a crença na predestinação nacional e na superioridade da fé reformada. Textos como Salmo 20:7 (“uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós confiamos no nome do Senhor”) eram usados para simbolizar o triunfo do “povo eleito”.

...

2. ISABEL I E A CONSAGRAÇÃO DO PODER PROTESTANTE

Após a vitória, a rainha Isabel I foi elevada quase à condição messiânica entre os ingleses. Ela foi vista como protetora da verdadeira fé contra o catolicismo “corrupto” de Roma. Esse evento solidificou o nacionalismo religioso protestante, onde fé e pátria se fundiram num só corpo político. O protestantismo deixou de ser apenas doutrina e passou a ser também bandeira de identidade e missão imperial.

...

3. DOMÍNIO DOS MARES COMO VOCAÇÃO DIVINA

A derrota da Armada Espanhola permitiu à Inglaterra iniciar sua ascensão como potência marítima. A teologia anglicana, já fortemente influenciada pelo calvinismo, interpretou isso como sinal do “favor de Deus” ao protestantismo inglês. Essa vitória pavimentou a noção de que o domínio sobre os mares era parte da vocação divina da Inglaterra — ecoando textos como Salmo 72:8 (“dominará de mar a mar”)...

...

4. FRACASSO CATÓLICO E LEGITIMAÇÃO DO IMPÉRIO

A Espanha, vista como braço militar do catolicismo, sofreu grande abalo com a derrota. Isso reforçou no imaginário inglês a percepção de que o protestantismo era teologicamente superior e, portanto, chamado a liderar o mundo. O fracasso da Armada serviu como legitimação moral e religiosa para a expansão imperial inglesa, agora amparada por uma suposta justiça divina...

...

5. SURGIMENTO DO MITO DA ELEIÇÃO NACIONAL

A vitória de 1588 intensificou o mito da “nação eleita por Deus”, difundido entre puritanos, anglicanos e calvinistas. Esse mito atravessaria séculos, sendo exportado para os EUA, onde daria origem à teologia do Destino Manifesto. Desde então, as elites anglo-saxãs passaram a ver suas vitórias militares e comerciais como provas da bênção divina, formando uma ética imperial com raízes teológicas...

...

6. ESTÍMULO AO MERCANTILISMO IMPERIAL

A derrota da Espanha abriu espaço para o crescimento do comércio marítimo inglês. O imperialismo inglês passou a se sustentar economicamente na colonização e exploração de territórios ultramarinos. O acúmulo de riqueza passou a ser justificado por uma ética protestante, como notou Max Weber, onde o sucesso material era sinal da eleição divina — reforçando a dominação dos “ricos justos” sobre os “pobres ímpios”...

...

7. EDUCAÇÃO, RELIGIÃO E INGLÊS COMO INSTRUMENTOS DE PODER

A vitória naval também levou à exportação da cultura inglesa: idioma, educação, moralidade protestante. Escolas e igrejas nas colônias passaram a ensinar que os valores britânicos eram superiores. A Bíblia na versão King James (1611) tornou-se símbolo dessa supremacia moral e linguística. A missão civilizatória fundia linguagem, fé e controle cultural...

...

8. CONSTRUÇÃO DO HEROÍSMO NACIONAL PROTESTANTE

A batalha contra a Armada foi mitificada por séculos. Figuras como Sir Francis Drake foram celebradas como heróis não apenas militares, mas também cristãos. A literatura e os sermões da época exaltavam esses homens como instrumentos de Deus. Esse tipo de heroísmo militar-protestante seria repetido nas guerras coloniais, nas cruzadas britânicas e nas campanhas dos EUA...

...

9. CONSOLIDAÇÃO DO ANGLOCENTRISMO RELIGIOSO

Com a vitória de 1588, formou-se um anglocentrismo religioso, onde tudo que fosse anglo-saxão era tido como superior: língua, fé, governo, economia. Esse etnocentrismo justificava o domínio sobre outras culturas, vistas como “atrasadas” ou “pervertidas”. O império britânico cresceu sustentado nessa ideia, reproduzida nos EUA e difundida como “padrão de civilização”...

...

10. CONTINUIDADE IMPERIALISTA NO MUNDO MODERNO

A herança da vitória contra a Armada permanece até hoje. Os países anglo-saxões, especialmente EUA e Reino Unido, ainda se posicionam como “guardiões da liberdade”, muitas vezes intervindo em outras nações com justificativas morais e religiosas. As guerras no Oriente Médio, por exemplo, são herdeiras desse imaginário de missão moral iniciada no século XVI...

...

11. BIBLIOGRAFIA

  1. "A Armada: A Batalha Naval Que Mudou o Mundo" – Garrett Mattingly (1959)

  2. "Império: Como a Grã-Bretanha Fez o Mundo Moderno" – Niall Ferguson (2003)

  3. "A Bíblia e o Império" – Richard A. Horsley (2003)

  4. "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" – Max Weber (1905)

  5. "O Destino Manifesto: As Raízes Religiosas da Expansão Americana" – Anders Stephanson (1995)

  6. "Rainha do Mundo: Isabel I e o Nascimento do Império Inglês" – John Guy (2000)

  7. "Piratas de Sua Majestade" – Angus Konstam (2007)

  8. "Deus e o Ouro: A Grã-Bretanha, a América e o Destino do Ocidente" – Walter Russell Mead (2007)

  9. "A Guerra dos Povos Eleitos" – Mark Juergensmeyer (2000)

  10. "A Civilização do Ocidente" – Geoffrey Parker (2001)



'17<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook




'18<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook




'19<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook




'20<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook




'21<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook





'22<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'23<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'24<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'25<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'26<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'27<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'28<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'29<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'30<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'31<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'32<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'33<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'34<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'35<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'36<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'37<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'38<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'39<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'40<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'41<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'42<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'43<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'44<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'45<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'46<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'47<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'48<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'49<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook






'50<<< >>> ÍNDICE      zzz


XXXXXXXXXXX
facebook



'51<<< >>> ÍNDICE     
'52<<< >>> ÍNDICE     
'53<<< >>> ÍNDICE     
'54<<< >>> ÍNDICE     
'55<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'56<<< >>> ÍNDICE     
'57<<< >>> ÍNDICE     
'58<<< >>> ÍNDICE     
'59<<< >>> ÍNDICE     
'60<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'61<<< >>> ÍNDICE     
'62<<< >>> ÍNDICE     
'63<<< >>> ÍNDICE     
'64<<< >>> ÍNDICE     
'65<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'66<<< >>> ÍNDICE     
'67<<< >>> ÍNDICE     
'68<<< >>> ÍNDICE     
'69<<< >>> ÍNDICE     
'70<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'71<<< >>> ÍNDICE     
'72<<< >>> ÍNDICE     
'73<<< >>> ÍNDICE     
'74<<< >>> ÍNDICE     
'75<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'76<<< >>> ÍNDICE     
'77<<< >>> ÍNDICE     
'78<<< >>> ÍNDICE     
'79<<< >>> ÍNDICE     
'80<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'81<<< >>> ÍNDICE     
'82<<< >>> ÍNDICE     
'83<<< >>> ÍNDICE     
'84<<< >>> ÍNDICE     
'85<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'86<<< >>> ÍNDICE     
'87<<< >>> ÍNDICE     
'88<<< >>> ÍNDICE     
'89<<< >>> ÍNDICE     
'90<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'91<<< >>> ÍNDICE     
'92<<< >>> ÍNDICE     
'93<<< >>> ÍNDICE     
'94<<< >>> ÍNDICE     
'95<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'96<<< >>> ÍNDICE     
'97<<< >>> ÍNDICE     
'98<<< >>> ÍNDICE     
'99<<< >>> ÍNDICE     
'100<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'101<<< >>> ÍNDICE     
'102<<< >>> ÍNDICE     
'103<<< >>> ÍNDICE     
'104<<< >>> ÍNDICE     
'105<<< >>> ÍNDICE     
'106<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook



'107<<< >>> ÍNDICE     
'108<<< >>> ÍNDICE     
'109<<< >>> ÍNDICE     
'110<<< >>> ÍNDICE     


XXXXXXXXXXX
facebook