Tecnologia medieval


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Avanços arquitetônicos possibilitaram o estilo gótico.
Tecnologia medieval trata das descobertas tecnológicas no período da Idade Média, que é o período intermédio numa divisão esquemática da História da Europa em quatro "eras", a saber: a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea. Essa "era" durou aproximadamente mil anos que se caracterizaram pelo predomínio do Cristianismo em todas as esferas da vida humana na Europa. O período também pode ser chamado de medievo e o adjetivo relacionado com ele é medieval.

O legado tecnológico medieval[editar | editar código-fonte]

A arquitetura cisterciense, seguida da gótica, lançaram os fundamentos técnicos sem os quais não seriam possíveis as construções renascentistas. A invenção da prensa móvel terá grande efeito na sociedade européia. A disseminação mais fácil da palavra escrita democratizou o aprendizado e permitiu a propagação mais rápida de novas idéias, e facilitou o caminho para a Revolução científica. A tecnologia das grandes navegações permitirá não apenas a expansão marítimo-comercial Européia, mas ocasionará avanços científicos pela descoberta de um número extraordinário de novas espécies de animais e plantas, além de novas formações geológicas e climáticas.

Tecnologia militar[editar | editar código-fonte]

Os inventos militares pouco avançaram no Ocidente medieval (Europa), permanecendo parecidos, na maioria das vezes, com os da Antiguidade clássica. O uso de armas, como as manganelas, as balistas (posibilitando a criação de trabucos), o arco e flecha (possibilitando futuramente a invenção da besta), as espadas e, ainda, infantaria montada (cavalaria). Isso mostra uma sociedade ainda muito "romana", se podemos assim dizer, graças a enorme quantidade de armas iguais.
Porém, com a chegada de Marco Polo da Ásia, houve significativas mudanças, graças à pólvora, que seria usada para a confecção de novas armas (agora, armas de fogo), uma verdadeira revolução para armas da época, mas ainda armas muito precárias, sem precisão e que atiravam poucos projeteis em um grande espaço de tempo, quando ainda não matavam os próprios atiradores, com uma explosão súbita. É marcado ainda nesta mesma época, o fim do uso de armas de cerco medievais, como o trabuco, e a partir de então, a implementação de canhões. Porém ainda se utilizaria os arcos e as bestas até meados do século XVIII, as espadas até o início do século XIX, quando se implanta uma "espada" na frente da arma de fogo (a baioneta) e a cavalaria até o século passado, com a introdução de "cavalaria moderna" (os tanques de guerra). A tecnologia militar medieval deu bases para a tecnologia militar atual, pois é o período medieval que se implanta o uso de armas de fogo.
Os europeus do final da idade média provavelmente não suspeitavam como os eventos futuros seriam grandiosos. Muito em breve aquele povo que herdara um império em frangalhos iria ter a ousadia de tentar dominar o mundo e, por mais que os homens do renascimento e de momentos históricos subseqüentes às vezes fizessem questão de esquecer, muito disso foi possibilitado pelas conquistas medievais.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Wikipedia-pt-hist-cien-logo.pngPortal de história da ciência. Os artigos sobre história da ciência, tecnologia e medicina.


https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia_medieval

CRISE. UMA OPORTUNIDADE DE TRANSFORMAÇÃO




Bruno Tolentino


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Bruno Tolentino
Tolentino à esquerda, Miguel Reale ao centro e à direita Olavo de Carvalho
Nascimento12 de novembro de 1940
Rio de JaneiroBrasil
Morte27 de junho de 2007 (66 anos)
São PauloBrasil
NacionalidadeBrasil brasileira
ParentescoAntonio Candido de Mello e Souza e Bárbara Heliodora(primos)
OcupaçãoEscritorprofessor
PrêmiosPrêmio Jabuti, Prêmio Senador José Ermírio de Morais
Magnum opusO Mundo como Ideia
Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino (Rio de Janeiro12 de novembro de 1940 — São Paulo27 de junho de 2007) foi um poeta e intelectual brasileiro, notório por sua forte oposição ao movimento modernista, à cultura popular e à poesia concreta.[1] Bruno foi um defensor das formas clássicas e tradicionais na poesia, e tido como um dos intelectuais conservadores mais importantes de sua geração.[2] Seu trabalho foi agraciado com o Prêmio Jabuti em três ocasiões, 1994, 2000 e 2007.

Vida e obra[editar | editar código-fonte]

Nascido em 1940, numa tradicional família carioca, conviveu desde criança com intelectuais e escritores próximos à família, entre eles Cecília Meireles (a quem sempre se referiu carinhosamente como Tia Cecília), Manuel BandeiraCarlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto. Primo do crítico literário brasileiro Antonio Candido e da crítica teatral Bárbara Heliodora, seu trisavô, Antônio Nicolau Tolentino, foi conselheiro do Império e fundador da Caixa Econômica Federal.[3] À moda já antiga das preceptoras, foi instruído em inglês e francês ao mesmo tempo de sua alfabetização no português.
Publicou em 1963 seu primeiro livro, Anulação e outros reparos, trazendo, entre outros, a famosa litania "Ao Divino Assassino", poema longo em Terza Rima em que o poeta se volta contra Deus e o "Seu Anjo terrível" à época da morte de sua ex-namorada Anecy Rocha, irmã caçula do cineasta Glauber Rocha. Com o advento do golpe militar de 1964, mudou-se para a Europa a convite do poeta Giuseppe Ungaretti, onde viveu trinta anos tendo residido na Inglaterra, Bélgica, Itália e França. Lecionou nas universidades de OxfordEssex e Bristol e trabalhou como tradutor-intérprete junto à Comunidade Econômica Europeia. Publicou em 1971, em língua francesa, o livro Le vrai le vain e, em 1979, em língua inglesa, About the Hunt, ambos bem recebidos pela crítica literária europeia. Sucedeu o poeta e amigo W. H. Auden na direção da revista literária Oxford Poetry Now. Tendo por pano de fundo as acusações de plágio feitas a Marilena Chauí por José Guilherme Merquior, na década de 80 do Século XX, Bruno Tolentino escreveu o poema “A Xeroxona”, em que trata do assunto e das explicações dadas por Chauí.
Em 1987, sob a acusação de porte de drogas, foi condenado a 11 anos de prisão. Cumpriu apenas 22 meses da pena, em Dartmoor, no Reino Unido, com o perdão do governo inglês, que reconheceu ter ele sido ele vítima de uma injustiça.[4] "Adorei a experiência e procurei tirar o máximo de proveito", Bruno declarou sobre os dias de encarceramento, numa entrevista em agosto de 2006.[5] Aos companheiros de prisão, organizou aulas de alfabetização e de literatura, estas últimas nomeadas de "Seminars of Drama and Literature", que, conforme posteriormente relatado por Bruno, "em cujas sessões avançadas chegaram a comparecer psicanalistas de renome, ao lado de personalidades do mundo das Letras tais como Harold Carpenter, o estudioso e biógrafo de Ezra Pound e Auden, o dramaturgo Harold Pinter, ou Antonia Fraser".[6]
Tolentino retornou ao Brasil em 1993, publicando o livro As horas de Katharina, escrito durante o período de 22 anos (1971-1993), ganhando com ele o Prêmio Jabuti[7] de melhor livro de poesia de 1994. Em 1995 publicou Os Sapos de Ontem, uma coletânea de textos, artigos e poemas originados de uma polêmica intelectual com os irmãos Haroldo de Campos e Augusto de Campos, que nesse livro serão os principais alvos de sua "língua ferina entortada pelo vício da ironia", frase que Bruno usou durante uma entrevista em que lhe foi pedido "um perfil abrangente de si mesmo".[8] Ainda em 1995 publicou Os Deuses de Hoje, e, em 1996, A Balada do Cárcere, livro nascido da experiência de sua prisão pouco menos de dez anos antes. Ainda nesse ano, foi publicada uma polêmica entrevista com Bruno para a revista Veja,[9] onde o poeta critica, entre outras coisas, a então atual situação intelectual e cultural do Brasil, a educação brasileira entregue às mesquinharias das cátedras universitárias, em especial da Universidade de São Paulo, o Concretismo, a concepção e aceitação da letra de música enquanto poesia e do show business enquanto cultura. Essa postura crítica, comum a intelectuais brasileiros como Elomar ou Olavo de Carvalho, acompanhou Bruno ao longo dos anos de atividade intelectual no período que foi do seu retorno ao Brasil até sua morte (1993-2007). Entre os anos de 2000 e 2002 morou no Santuário Estadual de Nossa Senhora da Piedade em Caeté na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG, onde viveu sua fé Católica e contribuiu com o Movimento Eclesial de Comunhão e Libertação. Nesta época terminava a revisão de sua obra "O mundo como ideia".
Bruno publicou derradeiramente em 2002 e 2006, respectivamente, os livros que considerou como a culminação de sua obra poética: O Mundo Como Ideia, escrito durante quarenta anos (1959-1999), e A Imitação do Amanhecer, escrito durante 25 anos (1979-2004). Ambos lhe renderam o Prêmio Jabuti, já conquistado pelo autor em 1993 com As Horas de Katharina, tornando-o assim um dos únicos escritores a ganhar três edições do prêmio, considerado o mais importante da literatura brasileira. Bruno também recebeu, por O Mundo Como Ideia, o Prêmio Senador José Ermírio de Morais, prêmio nunca antes dado a um escritor, em sessão da Academia Brasileira de Letras,[10] com saudação proferida pelo acadêmico, filósofo, poeta e teórico do Direito Miguel Reale, seu amigo.

Doença e morte[editar | editar código-fonte]

Tolentino era portador de AIDS e já havia superado um câncer. Esteve internado durante um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, onde veio a falecer, aos 66 anos de idade, por falência múltipla de órgãos, em 27 de junho de 2007.

Livros publicados[editar | editar código-fonte]

  • Anulação e outros reparos (São Paulo: Massao Ohno1963)
  • Le vrai le vain (Paris: Actuels, 1971)
  • About the hunt (Oxford: OPN, 1979)
  • As horas de Katharina (São Paulo: Companhia das Letras, 1994)
  • Os deuses de hoje (Rio de Janeiro: Record, 1995)
  • Os sapos de ontem (Rio de Janeiro: Diadorim, 1995)
  • A balada do cárcere (Rio de Janeiro: Topbooks, 1996)
  • O mundo como Ideia (São Paulo: Globo, 2002)
  • A imitação do amanhecer (São Paulo: Globo, 2006)

Citações sobre sua obra[editar | editar código-fonte]

(Publicadas na edição de "As Horas de Katharina", Companhia das Letras)
"Um dos melhores poetas da atualidade, ele é sem dúvida um 'daqueles poucos' que fazem a cultura de uma época." (Yves Bonnefoy)
"Há muitos anos admiro em Bruno Tolentino um poeta de raro talento respaldado por uma vasta cultura, que abrange diversas línguas e diversas literaturas. Tanto esse conhecimento como essa experiência fazem da sua uma das mentes mais bem equipadas para abordar o problema da poesia em nosso tempo." (Jean Starobinski)
"Seus poemas exalam uma dor tão justa que só sua perfeição formal torna suportável." (Saint-John Perse)

Referências

  1. Ir para cima "Banquete de Ossos: a poética modernista é subproduto de subpoetas" ("Banquet of bones: Modernist poetics is a subproduct concocted by subpoets"), 2007
  2. Ir para cima Bruno Tolentino, interview
  3. Ir para cima (28 de junho de 2007) "Morre o poeta carioca Bruno Tolentino, 66" (HTM). Folha de S.Paulo. São Paulo: Folhapress. Visitado em 2 de setembro de 2016.
  4. Ir para cima «Morre o poeta Bruno Tolentino»OGlobo. São Paulo. 27 de junho de 2007. Consultado em 2 de setembro de 2016.
  5. Ir para cima Entrevista registrada em vídeo acessível gratuitamente no site do programa. «Sempre um papo». Sempreumpapo.com.br.
  6. Ir para cima Prefácio de seu livro "A balada do cárcere", lançado em 2006 pela editora Topbooks.
  7. Ir para cima «Vencedor de dois prêmios Jabuti, morre aos 66 anos o poeta Bruno Tolentino». Gazeta do Povo. Consultado em 9 de Abril de 2016.
  8. Ir para cima Cláudia Cordeiro Reis. «Bruno Tolentino - A sagração do poeta maldito»Entrevista concedida publicada na revista Continente Multicultural e disponibilizada integralmente no site. Plataforma.paraapoesia.nom.br.
  9. Ir para cima Entrevista acessível no site. «Jornal de Poesia». Revista.agulha.nom.br.
  10. Ir para cima O texto integral da saudação de Miguel Reale, em conjunto com o subsequente discurso de Bruno Tolentino. «Nessa página» (PDF)Academia Brasileira de Letras. Academia.org.br.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Acesso em 28 de dezembro de 2011. DOHLNIKOFF, L. Bruno Tolentino e a realização do entardecer (2007)
  • MERQUIOR, José Guilherme. Prefácio (1963). In: TOLENTINO, B. Anulação e outros reparos: edição definitiva. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998. p. 23-33.
  • MILTON, John. “Augusto de Campos e Bruno Tolentino: a guerra das traduções” Cadernos de Tradução (UFSC), v. I, p. 13-26, 1997
  • PÉCORA, Alcir. O livro de horas de Bruno Tolentino. In: TOLENTINO, B. As horas de Katharina. Com a peça inédita A andorinha, ou: A cilada de Deus. Edição comentada. Rio de Janeiro: Record, 2010.
  • PEREZ, J. P. O mundo como idéia: paixão pelo real e crítica do pensamento moderno. In: MAGALHÃES, J..; RIBEIRO, I.; FERNANDES, J. (Org.). Literatura e Intersecções Culturais. Uberlândia: EDUFU, 2008, v., p. 919-929.
  • PEREZ, J. P. “Os deuses de hoje: poesia e visões sobre o Brasil” . In: Segundo Coloquio Latinoamericano de Literatura y Teología: Identidad Latinoamericana y Cristianismo, 2009, Santiago do Chile (em formato PDF)
  • PEREZ, J. P. Andorinha antiga, horas modernas. Configurações do sagrado em As horas de Katharina, de Bruno Tolentino. In: SPERBER, S. F. (Org.). Presença do sagrado na literatura. Campinas: IEL-Unicamp/Publiel, 2011. p. 115-124. (Coleção Work in Progress, 4).
  • VASQUES DA CUNHA, Martim. A amante do exílio. In: Dicta & Contradicta N. 5 (2010), p. 38-56.
  • SIMAS, Felipe. O papel das seqüências de sonetos na obra A imitação do amanhecer de Bruno Tolentino. 2009. Dissertação (Mestrado em Letras). Faculdade de Letras. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2009.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]




https://pt.wikipedia.org/wiki/Bruno_Tolentino