Luís Carlos Prestes
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Luís Carlos Prestes[1] | |
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Foto de Luís Carlos Prestes, tirada durante a sua visita à Alemanha, em dezembro de 1959 | |
Senador pelo Distrito Federal | |
Período | 1946 até 1948 |
Vida | |
Nascimento | 3 de janeiro de 1898 Porto Alegre, Rio Grande do Sul |
Morte | 7 de março de 1990 (92 anos) Rio de Janeiro, Rio de Janeiro |
Nacionalidade | brasileiro |
Dados pessoais | |
Alma mater | Escola Militar do Realengo |
Cônjuge | Olga Benário (1934-1942) Maria Prestes (1950-1990) |
Partido | PCB (1934-1982) |
Profissão | Engenheiro militar e político |
Serviço militar | |
Anos de serviço | 1919-1936 |
Graduação | Capitão |
Luís Carlos Prestes (Porto Alegre, 3 de janeiro de 1898 [2]— Rio de Janeiro, 7 de março de 1990[2] ) foi um militar epolítico comunista brasileiro.[3] Foi secretário-geral doPartido Comunista do Brasil - PCB e foi companheiro deOlga Benário, morta na Alemanha, na câmara de gás, pelos nazistas. Foi eleito um dos 100 maiores brasileiros de todos os tempos, por concurso realizado pelo SBT e pela BBC em 2012.[4]
Índice
[esconder]- 1 Formação e início de carreira
- 2 O início do movimento rebelde
- 3 Os estudos na Bolívia e na União Soviética
- 4 O comando da ANL e a deportação de Olga
- 5 O fim do Estado Novo, anistia, e a volta à clandestinidade
- 6 Ditadura militar
- 7 Os últimos anos
- 8 Representações na cultura
- 9 Referências
- 10 Bibliografia
Formação e início de carreira[editar | editar código-fonte]
Filho de Antonio Pereira Prestes e Maria Leocádia Felizardo Prestes,[2] formou-se no secundário no Colégio Militar e em Engenharia Militar pela Escola Militar do Realengo [2] no Rio de Janeiro, em 1919, atual Academia Militar das Agulhas Negras. Foi engenheiro ferroviário na Companhia Ferroviária de Deodoro, como tenente, até ser transferido para o Rio Grande do Sul.
O início do movimento rebelde[editar | editar código-fonte]
Preocupado em prover uma boa alimentação para a tropa, contratou um padeiro e um cozinheiro, também organizou as atividades e o tempo dos seus subordinados de maneira que todos pudessem estudar (em três meses, não havia analfabetos na companhia), receber educação física e instrução militar, além de trabalharem na construção da linha férrea que ligaria Santo Ângelo a Giruá.[5]
Em outubro de 1924, já capitão, Luís Carlos Prestes liderou um grupo de rebeldes na região missioneirado Rio Grande do Sul. Saiu de Santo Ângelo e se dirigiu para São Luís Gonzaga, onde permaneceu por dois meses aguardando munições do Paraná, que não vieram. Aos poucos, foi formando o seu grupo de comandados que vieram de várias partes da região. Rompendo o famoso "Anel de ferro" propagado pelos governistas, rumou com sua recém-formada coluna para o norte até Foz do Iguaçu. Na região sudoeste do estado do Paraná, o grupo se encontrou e juntou-se aos paulistas, formando o contingente rebelde chamado de Coluna Miguel Costa-Prestes, com 1 500 homens, que percorreu por dois anos e cinco meses 25 000 km. Em toda esta volta, as baixas foram em torno de 750 homens devido à cólera, à impossibilidade de prosseguir por causa do cansaço e dos poucos cavalos que tinham, e ainda poucos homens que morreram em combate.[3]
Os estudos na Bolívia e na União Soviética[editar | editar código-fonte]
Prestes, apelidado de "Cavaleiro da Esperança", passou a estudarmarxismo na Bolívia, para onde havia se transferido no final de1928, quando a maioria dos integrantes da Coluna Miguel Costa-Prestes havia se exilado. Lá travou contato com os comunistasargentinos Rodolfo Ghioldi e Abraham Guralski, este último dirigente da Internacional Comunista (IC).
Em 1930 retornou clandestinamente a Porto Alegre onde chegou a ter dois encontros com Getúlio Vargas. Convidado a comandar militarmente a Revolução de 30, recusou-se a apoiar ao movimento, colocando-se contra a aliança entre os tenentistas e as oligarquias dissidentes.
Em 1931, mudou-se para a União Soviética a convite do país. Lá, trabalhou como engenheiro e dedicou-se a estudos marxistas-leninistas. Por pressão do Partido Comunista da União Soviética, foi aceito como filiado pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), em agosto de 1934.
Sendo eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista, voltou como clandestino aoBrasil em dezembro de 1934, acompanhado pela alemã Olga Benário, também membro da IC. Seu objetivo era liderar uma revolução armada no Brasil, conforme decidido em Moscou.
O comando da ANL e a deportação de Olga[editar | editar código-fonte]
Comunismo |
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No Brasil, Prestes encontrou o recém-constituído movimentoAliança Nacional Libertadora (ANL), de cunho antifascista e anti-imperialista, que congregava tenentes, socialistas e comunistasdescontentes com o Governo Vargas.[3] Mesmo clandestino, oCavaleiro da Esperança foi calorosamente aclamado presidente de honra da ANL em sua sessão inaugural no Rio de Janeiro.
Prestes procurou então aliar o enorme crescimento da ANL com a retomada de antigos contatos no meio militar, para criar as bases que julgava capazes de deflagrar a tomada do poder no Brasil. Em julho de 1935 divulgou um manifesto exigindo "todo o poder" à ANL e a derrubada do governo Vargas.
Vargas aproveitou a oportunidade e declarou a ANL ilegal, o que não impediu Prestes de continuar a organizar o que acabou por ficar conhecido como a Intentona Comunista.
Em novembro, eclodiu a insurreição nas guarnições do exército de Natal, Recife e Rio de Janeiro (então Distrito Federal), mas foi debelada por Vargas, que desencadeou um violento processo de repressão e prisões.
Na época, Moscou criara em Montevidéu, Uruguai, o Secretariado Latino-Americano, que operava clandestinamente e queria aproximar as organizações comunistas da América Latina de Moscou. Olga e Prestes eram apoiados financeira e logisticamente através desta organização. Após o fracasso daIntentona Comunista e a descoberta destas operações, o Uruguai rompeu relações com a União Soviética, no final de 1935. [6]
Em março de 1936, Prestes foi preso, perdeu a patente de capitão e iniciou uma pena de prisão que durou nove anos. Sua companheira Olga Benário, grávida, foi presa e depois deportada para seu país de origem. Foi assassinada na câmara de gás no campo de concentração nazista de Ravensbrück. A criança,Anita Leocádia Prestes, nasceu em uma prisão na Alemanha, mas foi resgatada pela mãe de Prestes, após intensa campanha internacional.[7]
O fim do Estado Novo, anistia, e a volta à clandestinidade[editar | editar código-fonte]
Com o fim do Estado Novo, Prestes foi anistiado, elegendo-se Senador. Foi Senador de 1946 a 1948.[2]
Assumiu a secretaria geral do Partido Comunista do Brasil (PCB), mas o registro do partido foi cassado, e novamente Prestes foi perseguido e voltou à clandestinidade.
Na Assembleia Constituinte de 1946, Prestes liderava a bancada comunista de 14 deputados composta por, entre outros, Jorge Amado, eleito pelos paulistas, Carlos Marighella, pelos baianos, João Amazonas, o mais votado do país, escolha de 18.379 eleitores do Rio, e o sindicalista Claudino Silva, único constituinte negro, também eleito pelo Rio.
Durante a Constituinte, Prestes fechou questão a favor da emenda nº 3 165, de autoria do deputado carioca Miguel Couto Filho, que dizia: "É proibida a entrada no país de imigrantes japoneses de qualquer idade e de qualquer procedência".[8]
Em 1950, conheceu sua segunda companheira, a pernambucana Maria, que passou a se chamar Maria Prestes. Maria era mãe de dois meninos, Pedro e Paulo. Da união com Prestes nasceram outros sete filhos: João, Rosa, Ermelinda, Luís Carlos, Zoia, Mariana e Yuri. Prestes e Maria viveram juntos por 40 anos, até a morte de Prestes.
Em 1958, Prestes teve sua prisão decretada, porém foi revogada por mandado judicial.
Ditadura militar[editar | editar código-fonte]
Após o golpe militar de 1964, com o AI-1, Prestes teve seus direitos de cidadão novamente revogados por dez anos. Foi perseguido pelo Governo, mas conseguiu fugir. Ao revistar sua casa, a polícia encontrou uma série de cadernetas que deram base a inquéritos e processos, como o que condenou Giocondo Dias.
Exilou-se na União Soviética no final dos anos 1960, regressando ao Brasil devido à Anistia de 1979.
Os últimos anos[editar | editar código-fonte]
Nos anos 80, Prestes foi insistentemente assediado por grupos e personalidades de esquerda para que liderasse um novo partido revolucionário. Mas, na sua posição, esse partido surgiria das lutas do povo, dos quadros que daí se forjariam.[9] Neste período, apoiou as candidaturas de Leonel Brizola a Governador do Rio de Janeiro e, em 1989, à Presidência da República. Embora o PDT o tivesse considerado simbolicamente "presidente de honra" do partido, Prestes nunca foi filiado ao PDT e defendia a necessidade de se criarem as condições para a construção de um partido comunista efetivamente revolucionário.[10]
Em 7 de março de 1990, Luís Carlos Prestes morreu no Rio de Janeiro. Seu enterro foi acompanhado por uma expressiva multidão.
Representações na cultura[editar | editar código-fonte]
Cinema e televisão[editar | editar código-fonte]
Em 1985, participou da histórica estreia do programa Tribunal do Povo, debatendo sobre socialismo e capitalismo com Roberto Campos.
Luís Carlos Prestes já foi retratado como personagem no cinema e na televisão. No cinema, o filme "O País dos Tenentes" (João Batista de Andrade/1987), onde Prestes foi interpretado por Cassiano Ricardo, que depois o representou também na novela Kananga do Japão (1989) e Caco Ciocler no filme Olga(2004).
Em 1997, foi lançado o documentário Prestes, o cavaleiro da esperança e, em 1998, no ano do centenário de seu nascimento, a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio o homenageou em seu desfile no grupo especial do carnaval do Rio de janeiro com enredo Cavaleiro da Esperança, obtendo o 8° posto.
Também em 1997, foi lançado o documentário O Velho - A História de Luís Carlos Prestes de Toni Venturi, com a participação de diversas personalidades da política, jornalismo e outros que fizeram parte da vida de Prestes.
Música[editar | editar código-fonte]
O cantor e compositor Taiguara, que foi um grande amigo e seguidor de Prestes, fez a canção Cavaleiro da Esperança em sua homenagem; a banda pernambucana Subversivos também fez uma canção em sua homenagem com o mesmo nome.
Poesia[editar | editar código-fonte]
O poeta chileno Pablo Neruda, em seu livro mais aclamado, Canto Geral (obra que remonta a história da América Latina do ponto de vista dos povos explorados), dedicou um poema a Luís Carlos Prestes. Nele, Prestes é chamado por Neruda de "claro capitão". O poema foi lido em visita ao Brasil do poeta comunista no ano de 1945, no estádio do Pacaembu: "Quantas coisas quisera hoje dizer, brasileiros…". Também no livro Confesso que vivi, cita em duas passagens Carlos Prestes: a primeira quando relata sua viagem à China na companhia de Jorge Amado, fazendo referência à mudança no estilo de texto de Jorge Amado devido, entre alguns fatores, ao histórico de Carlos Prestes, e a segunda quando relata sua passagem pelo Rio de Janeiro em que, supostamente, se esqueceu de um almoço que tinha marcado com Carlos Prestes, porque confundiu o dia do encontro devido aos nomes dos dias da semana em português.
Livros[editar | editar código-fonte]
Jorge Amado em prosa e verso retrata a biografia de Prestes em seu livro O Cavaleiro da Esperança, publicado em 1944.
Em 2012, Anita Leocádia Prestes, filha de Luís Carlos Prestes e Olga Benário, lançou o livro Luís Carlos Prestes - O combate por um partido revolucionário (1958-1990).
Miguel M. Abrahão, em seu romance histórico, adaptado de sua peça teatral homônima A Escola, Ed. Espaço Jurídico, 2007, 312 pgs. e Ed. Vieira e Lent , 2011, 273 pgs., descreve Prestes e os meses que antecedem sua vida política, pouco antes da Intentona Comunista de 1935.
William Waack no livro Camaradas, São Paulo, Cia das Letras, 1983, 416 p., relata a vida de Prestes na URSS e no Brasil dos anos 30, suas relações de amizade e articulações políticas, tendo como base os arquivos soviéticos disponibilizados ao público após a Guerra Fria.
Referências
- ↑ Na grafia arcaica da época de seu nascimento: Luiz Carlos Prestes.
- ↑ a b c d e Senado Federal, Portal Senadores, 38a Legislatura, Luís Carlos Prestes [em linha]
- ↑ a b c Luís Carlos Prestes (em português) Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro (Fundação Getúlio Vargas)UOL - Educação. Visitado em 26 de setembro de 2012.
- ↑ Classificação (em português) BBC SBT. Visitado em 26 de setembro de 2012.
- ↑ PRESTES, Anita Leocádia. A Coluna Prestes- Uma Epopeia Brasileira
- ↑ Ferreira, Luiz Gonçalves Alonso, "Olga: A Verdade Esquecida", Santos: A Tribuna de Santos, 7 de setembro de 2004.
- ↑ Morais, Fernando. Olga, São Paulo: Companhia das Letras, 1994
- ↑ MORAIS, Fernando. Corações Sujos. Companhia das Letras, 2000. ISBN 9788535900743.
- ↑ http://cclcp.org/index.php/pclcp/prestes
- ↑ http://www.marxists.org/portugues/prestes/1981/03/aprender.htm
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- GARCIA, Marco Aurélio. "Prestes (1898-1990): um cavaleiro na esperança" In.: Teoria & Debate, São Paulo, no.10, abr/mai/jun. 1990.
- MEIRELLES, Domingos. "As noites das grandes fogueiras, uma história da Coluna Prestes". Editora Record
- MENEZES, Marcos Vinícius Bandeira de. Estratégias e táticas da revolução brasileira: Prestes versus o Comitê Central do PCB. Campinas, 2002, Dissertação (Mestrado em Ciência Política) --- Universidade de Campinas.
- NERUDA, Pablo. "Canto Geral": Trad. de Paulo Mendes campos. 6. ed. São Paulo: DIFEL, 1984
- MORAES, Denis de (org.) Prestes com a palavra: uma seleção das principais entrevistas do líder comunista. Campo Grande, Letra Livre, 1997.
- PRESTES, Anita Leocádia. Anos tormentosos - Luís Carlos Prestes: correspondência da prisão (1936-1945). Petrópolis, Vozes.
- PRESTES, Maria. Prestes, meu companheiro: 40 anos ao lado de Prestes. Rio de Janeiro, Rocco, 1992.
- REIS FILHO, Daniel Aarão. Luís Carlos Prestes: um revolucionário entre dois mundos. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
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