https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
भारत गणराज्य (híndi) (Bhārat Gaṇarājya) Republic of India (inglês) República da Índia | |
Lema: "Satyameva Jayate" (Sânscrito) सत्यमेव जयते (Devanāgarī) "A verdade, só, triunfa"[1] | |
Hino nacional: জন গণ মন (Jana Gana Mana) ("Curvo-me a ti, Mãe")[3] | |
Gentílico: Indiano(a) | |
Localização da Índia em verde escuro. Território disputado da Caxemira (que inclui reivindicações de Paquistão e China) em verde-claro. | |
Capital | Nova Deli |
Cidade mais populosa | Bombaim |
Língua oficial | Hindi, inglês e mais 21 línguas nacionais |
Governo | República federal[4] Democracia parlamentar[5] |
- Presidente | Pranab Mukherjee |
- Vice-presidente | Mohammad Hamid Ansari |
- Primeiro-ministro | Narendra Modi |
Independência | do Reino Unido |
- Declarada | 15 de agosto de 1947 |
- República | 26 de janeiro de 1950 |
Área | |
- Total | 3 287 590 km² (7.º) |
- Água (%) | 9,56 |
Fronteira | Paquistão, República Popular da China, Nepal,Butão, Myanmar eBangladesh |
População | |
- Estimativa de 2011 | 1 210 193 422[4] hab. (2.º) |
- Censo 2001 | 1 027 015 248 hab. |
- Densidade | 329 hab./km² |
PIB (base PPC) | Estimativa de 2015 |
- Total | US$ 7 965 trilhões * [6] (3.º) |
- Per capita | US$ 6 161[6] (133.º) |
PIB (nominal) | Estimativa de 2015 |
- Total | US$ 2 090 trilhões *[6] (10.º) |
- Per capita | US$ 1 617[6] (143.º) |
IDH (2014) | 0,609 (130.º) – médio[7] |
Gini (2004) | 36,8 |
Moeda | Rupia indiana () (INR ) |
Fuso horário | IST (UTC+5:30) |
Org. internacionais | ONU (OMC), G5 |
Cód. Internet | .in |
Cód. telef. | +91 |
Website governamental | india.gov.in |
Índia (em hindi: भारत, Bhārat, pronunciado: [ˈbʱaːrət̪]; em inglês: India, pronunciado: [ˈɪndiə]), oficialmente denominadaRepública da Índia (em hindi: भारत गणराज्य, Bhārat Gaṇarājya; em inglês: Republic of India), é um país da Ásia Meridional. É o segundo país mais populoso, o sétimo maior em área geográfica e a democracia mais populosa domundo. Delimitada ao sul pelo Oceano Índico, pelo mar da Arábia a oeste e pela Baía de Bengala a leste, a Índia tem uma costa com 7 517 km de extensão.[8] O país faz fronteira com Paquistão a oeste;[nota 1] República Popular da China,Nepal e Butão ao norte e Bangladesh e Mianmar a leste. Os países insulares do Oceano Índico — Sri Lanka e Maldivas— estão localizados bem próximo da Índia.
Lar da Civilização do Vale do Indo, de rotas comerciais históricas e de vastos impérios, o subcontinente indiano é identificado por sua riqueza comercial e cultural de grande parte da sua longa história.[9] Quatro grandes religiões —hinduísmo, budismo, jainismo e sikhismo — originaram-se no país, enquanto o zoroastrismo, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo chegaram no primeiro milênio d.C. e moldaram a diversidade cultural da região. Anexada gradualmente pelaCompanhia Britânica das Índias Orientais no início do século XVIII e colonizada pelo Império Britânico a partir de meados do século XIX, a Índia tornou-se uma nação independente em 1947, após uma luta social pela independência que foi marcada pela extensão da resistência não violenta.[10]
A Índia é uma república composta por 28 estados e sete territórios da união, com um sistema de democracia parlamentar. O país é a sétima maior economia do mundo em Produto Interno Bruto (PIB) nominal, bem como a terceira maior do mundo em PIB medido em Paridade de Poder de Compra. As reformas econômicas feitas desde 1991 transformaram o país em uma das economias de mais rápido crescimento do mundo;[11] no entanto, a Índia ainda sofre com altos níveis depobreza,[12] analfabetismo, doenças e desnutrição. Uma sociedade pluralista, multilíngue e multiétnica, a Índia também é o lar de uma grande diversidade de animais selvagens e de habitats protegidos.
Índice
[esconder]Etimologia[editar | editar código-fonte]
O nome Índia é derivado de Indus, que por sua vez é derivado da palavra Hindu, em persa antigo. Do sânscrito Sindhu, a denominação local histórica para o rio Indus.[13] Os gregos clássicos referiam-se aos indianos como Indoi (Ινδοί), povos do Indus[14] A Constituição da Índia e o uso comum em várias línguas indianas igualmente reconhecem Bharat como um nome oficial de igual status.[15] Hindustão (ou Indostão), que é a palavra persa para a “terra do Hindus” e historicamente referida ao norte da Índia, é também usada ocasionalmente como um sinônimo para toda a Índia.[16]
História[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: História da Índia
Antiguidade[editar | editar código-fonte]
Os primeiros restos de humanos anatomicamente modernos encontrados na Ásia Meridional datam de aproximadamente 30 mil anos atrás.[17] Sítios arqueológicos com arte rupestre do período Mesolítico foram encontrados em muitas partes do subcontinente indiano, como nos abrigos na Rocha de Bhimbetka, em Madhya Pradesh.[18] Por volta de 7 000 a.C., os primeiros assentamentos neolíticos conhecidos apareceram no subcontinente em locais como Mehrgarh e outros noPaquistão ocidental.[19] Estes locais gradualmente desenvolveram a Civilização do Vale do Indo,[20] a primeira culturaurbana da Ásia Meridional;[21] essa civilização floresceu entre 2 500 e 1 900 a.C. no Paquistão e na região oeste da Índia.[22] Centrada em torno de cidades como Mohenjo-daro, Harappa, Dholavira e Kalibangan, e contando com variadas formas de subsistência, a cultura desenvolveu uma produção robusta de artesanatos e um amplo comércio.[21]
Durante o período de 2000-500 a.C, culturas de muitas regiões do subcontinente fizeram a transição do Calcolítico para aIdade do Ferro.[23] Os Vedas, as escrituras mais antigas do hinduísmo,[24] foram compostas durante esse período[25] e os historiadores têm conectado os textos à cultura védica, localizada na região do Panjabe e na Planície Indo-Gangética.[23]A maioria dos historiadores também considera que este período abrangeu várias ondas migratórias indo-arianas no subcontinente, de norte a oeste.[26] [24] [27] O sistema de castas, que criou uma hierarquia de sacerdotes, guerreiros ecamponeses livres, mas excluiu os povos indígenas ao rotular suas ocupações como "impuras", surgiu durante este período.[28] Sobre o planalto do Decão, evidências arqueológicas deste período sugerem a existência de um estágiopatriarcal de organização política.[23] No sul da Índia, uma progressão para a vida sedentária é indicada pelo grande número de monumentos megalíticos que datam deste período,[29] bem como por vestígios de agricultura, tanques deirrigação e de tradições de artesanato.[29]
No período védico, por volta do século V a.C., as pequenas tribos do Planalto do Ganges e de regiões do noroeste haviam se consolidado em 16 grandesoligarquias e monarquias que eram conhecidas como os mahajanapadas.[30] [31] A urbanização crescente e as ortodoxias desta época também criaram os movimentos de reforma religiosa do budismo e do jainismo,[32] sendo que ambos se tornaram religiões independentes.[33] O budismo, com base nos ensinamentos de Gautama Buda, atraiu seguidores de todas asclasses sociais, com exceção da classe média; as narrações da vida de Buda foram fundamentais para o início do registro da história indiana.[32] [34] [35] O jainismo entrou em destaque na mesma época durante a vida de seu "Grande Herói", Mahavira.[36] Em uma época de crescente riqueza urbana, ambas as religiões levantaram a renúncia aos bens materiais como um ideal[37] e estabelecerammonastérios de longa duração.[30] Politicamente, por volta do século III a.C., o Reino de Mágada tinha anexado ou reduzido outros Estados para emergir como o Império Máuria.[30] Já se acreditou que esse império controlou a maior parte do subcontinente com exceção do extremo sul, mas agora acredita-se que as suas regiões centrais eram separadas por grandes áreas autônomas.[38] [39] Os reis máurias são conhecidos tanto pela construção do seu império e determinação na gestão da vida pública, quanto pela renúncia de Asoca, o Grande (r. 273–232 a.C.) do militarismo e de sua promoção do darma budista.[40] [41]
A literatura sangam, escrita em tâmil, revela que entre 200 a.C. e 200 d.C. o sul da península estava sendo governado pelas dinastias Cheras, Cholas e Pandias, que comercializavam extensivamente com o Império Romano e com o Sudoeste e o Sudeste da Ásia.[42] [43] Nesse período o território do país também se tornou parte da Rota da Seda, uma rede de rotas comerciais que ligava o Extremo Oriente à Europa. Por essas estradas os comerciantes indianos vendiam tecidos e especiarias para mercados da Ásia Central, enquanto monges e peregrinos budistas vinham da China, até o período das Grandes Navegações, quando ligações comerciais marítimas foram criadas entre o Ocidente e o Oriente.[44] No norte da Índia, o hinduísmo afirmou controle patriarcal familiar, o que levou ao aumento da subordinação das mulheres.[45] [30] Até os séculos IV e V, o Império Gupta havia criado um complexo sistema fiscal e de administração nos grandes planaltos do Ganges, que se tornou um modelo para reinos indianos posteriores.[46] [47] Sob os governos dos Guptas, um hinduísmo renovado baseado na devoção ao invés da gestão ritualística começou a se estabelecer.[48] A renovação se refletiu em um florescimento da escultura e da arquitetura, que encontrou patronos entre uma elite urbana.[47] A literatura sânscrita clássica floresceu e ciência, astronomia, medicina e matemática indianas tiveram avanços significativos.[47]
Idade média[editar | editar código-fonte]
A idade medieval indiana, de 600 a 1200 d.C., é definida por reinos regionais e pela diversidade cultural.[49] Quando o imperador Harxa(r. 606–647) de Canauje, que governou grande parte da Planície do Ganges de 606 a 647 d.C., tentou expandir seu território para o sul, ele foi derrotado pelo governante Chaluca do Decão.[50] Seu sucessor, na tentativa de expandir para o leste, foi derrotado pelo rei Pala de Bengala.[50]Quando os Chalucas tentaram se expandir para o sul, eles foram derrotados pelos Palavas, que por sua vez se opunham aos Pandias e aos Cholas, de ainda mais ao sul.[50] Nenhum governante desse período foi capaz de criar um império unificado e os territórios sob seu controle geralmente não passavam muito além de sua região central.[49] Durante este tempo, povos de pastoreio cujas terras tinham sido liberadas para abrir caminho para a crescente economia agrícola foram acomodados dentro do sistema de castas, assim como as novas classes dominantes não tradicionais.[51] O sistema de castas, consequentemente, começou a mostrar as diferenças regionais.[51]
Nos séculos VI e VII, os primeiros hinos devocionais foram criados na língua tâmil.[52] Eles foram imitados por toda a Índia e levaram ao ressurgimento do hinduísmo e ao desenvolvimento de todas as línguas modernas do subcontinente.[52] A realeza indiana, grande e pequena, e os templos por ela frequentados, atraíram cidadãos em grande número para as principais cidades, que tornaram-se também importantes centros econômicos.[53] Templos em cidades de vários tamanhos começaram a aparecer em todos os lugares ao mesmo tempo que a Índia passava por outra era de urbanização.[53] Pelos séculos VIII e IX, os efeitos disso foram sentidos no Sudeste da Ásia, conforme os sistemas culturais e políticos do sul da Índia eram exportados para terras que se tornaram parte dos atuais Myanmar, Tailândia, Laos, Camboja, Vietnã, Malásia eJava (Indonésia).[54] Comerciantes, estudiosos e às vezes exércitos indianos envolveram-se nesta transmissão cultural; os asiáticos do sudeste do continente também tomaram a iniciativa e organizaram muitas peregrinações para os seminários indianos, além de terem traduzido os textos budistas e hindus para os seus respectivos idiomas.[54]
Após o século X, clãs nômades muçulmanos do centro da Ásia usaram cavalaria de guerra e organizaram vastos exércitos unidos pela etnia e religião para invadir repetidamente as planícies do noroeste da Ásia Austral, levando à criação do islâmico Sultanato de Déli em 1206.[55] O sultanato controlou grande parte do norte da Índia e fez muitas incursões ao sul do subcontinente. Embora tenha sido perturbador para as elites indianas, o sultanato deixou a vasta população não muçulmana sujeita às suas próprias leis e costumes.[56] [57] Ao repelir repetidamente os invasores mongóis no século XIII, o sultanato salvou a Índia da devastação experimentada pela Ásia Central e Ocidental, criando o cenário para séculos de migração de soldados, homens instruídos, místicos, comerciantes, artistas e artesãos que vinham em fuga daquelas regiões para o subcontinente indiano, criando assim uma cultura indo-islâmica sincrética no norte do país.[58] [59] A invasão do sultanato e o enfraquecimento dos reinos da região do sul da Índia abriram o caminho para o Império de Bisnaga.[60] Abraçando uma forte tradição xivaísta e construído sobre a tecnologia militar do sultanato, o império passou a controlar a maior parte da Índia peninsular[61] e foi influente na sociedade do sul do país por muito tempo.[60]
Era moderna[editar | editar código-fonte]
Mais informações: Império Mogol e Índia Britânica
No início do século XVI, o norte da Índia, na época sob domínio principalmente muçulmano,[62] caiu novamente para a superioridade da mobilidade e do poder de fogo de uma nova geração de guerreiros da Ásia Central.[63] O subsequente Império Mogol não erradicou as sociedades locais que passou a governar, mas as equilibrou e pacificou através de novas práticas administrativas[64] [65] e de elites dominantes diversas e inclusivas,[66] levando a uma lei mais sistemática, centralizada e uniforme por todo o império.[67] Evitando sua identidade tribal e islâmica, especialmente durante o governo de Acbar, o Grande (r. 1556–1605), os mogóis uniram seus reinos distantes através da lealdade, expressa através de uma cultura influenciada pela Pérsia e de um imperador que tinha importância quase divina.[66] As políticas econômicas do Estado Mogol tiravam a maior parte das receitas do império do setor agrícola[68] e determinavam que os impostos deviam ser pagos em moedas de prata oficiais,[69] o que causou a entrada de camponeses e artesãos em mercados maiores.[67] A relativa paz mantida pelo império durante grande parte do século XVII foi um dos fatores que ajudaram na expansão econômica da Índia nesse período,[67] o que resultou em investimentos maiores em pintura, além de obras literárias, têxteis e de arquitetura.[70] Novos grupos sociais homogêneos no norte e no oeste da Índia, como os maratas, os rajputs e os sikhs, ganharam ambições militares e de governo durante o domínio mogol, que, através da colaboração ou da adversidade, deu-lhes reconhecimento e experiência militar.[71] A expansão do comércio durante o governo mogol deu origem à novas elites comerciais e políticas ao longo das costas do sul e do leste do país.[71] À medida que o império se desintegrou, muitas dessas elites foram capazes de manter seus negócios sob controle.[72]
Em 1498 o navegador português Vasco da Gama chega a Calecute, na costa ocidental do subcontinente indiano, o marco inicial de uma relação luso-indiana que duraria cerca de 500 anos.[73] Em 1510, o explorador português Afonso de Albuquerque amplia os territórios portugueses com a conquista de Goa, que rapidamente se tornaria a capital doEstado Português da Índia (uma entidade política parte do Império Português). A Índia Portuguesa, como a colônia lusitana também era conhecida, inicialmente abrangia todos os territórios conquistados pelos portugueses no Oceano Índico, mas depois ficou restrita à Costa do Malabar, em territórios como Goa, Damão, Diu, Ilha de Angediva, Dadrá e Nagar Haveli, Simbor e Gogolá.[74] No início do século XVIII, com a linha entre a dominação comercial e política cada vez mais tênue, uma série de empresas comerciais europeias, como a Companhia Britânica das Índias Orientais, haviam estabelecido postos nas regiões costeiras do país.[75] [76] O controle dos mares, maiores recursos, treinamento militar e tecnologia mais avançados levaram a Companhia Britânica das Índias Orientais a flexionar cada vez mais a sua força militar e tornar isso atraente para uma parcela da elite indiana; esses dois fatores foram cruciais para permitir que a Companhia Britânica ganhasse o controle sobre a região de Bengala em 1765 e marginalizasse as outras empresas europeias concorrentes[77] [75] [78] [79] O acesso maior às riquezas da Bengala e o subsequente aumento da força e do tamanho de seu exército permitiram à Companhia das Índias Orientais anexar ou subjugar a maior parte do subcontinente indiano durante os anos 1820.[80] A Índia então parou de exportar bens manufaturados e, em vez disso, passou a abastecer o Império Britânico com matérias-primas. Esse momento é considerado por muitos historiadores o início do período colonial no país.[75] Por esta altura, com seu poder econômico severamente restringido pelo parlamento britânico, a Companhia começou a entrar mais conscientemente em áreas não econômicas, como educação, reforma social e cultura.[81]
Era contemporânea[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: História da República da Índia e Movimento de independência da Índia
Os historiadores consideram que a era contemporânea da Índia começou em algum momento entre 1848 e 1885. A nomeação, em 1848, de James Broun-Ramsay, Lord Dalhousie, como governador-geral do Companhia das Índias Orientais preparou o palco para alterações essenciais na transição do país para um Estado moderno. Estas mudanças incluíram a consolidação e a demarcação da soberania, a vigilância da população e a educação dos cidadãos. Mudanças tecnológicas — como as ferrovias, os canais e o telégrafo — foram introduzidas no país não muito tempo depois de sua introdução na Europa.[82] [83] [84] [85] No entanto, a insatisfação com a Companhia também cresceu durante este período e definiu a Revolta dos Sipais, em 1857. Alimentada por diversos ressentimentos e percepções entre a população, como as invasivas reformas sociais ao estilo britânico, altos impostos sobre propriedades e o tratamento sumário de alguns príncipes e fazendeiros ricos, a revolta abalou muitas regiões do norte e do centro da Índia e sacudiu os alicerces do governo da Companhia.[86] [87] Embora a rebelião tenha sido reprimida em 1858, ela levou à dissolução da Companhia das Índias Orientais e a administração da Índia passou a ser exercida diretamente pelo governo britânico. Além de proclamarem um Estado unitárioe um sistema parlamentarista limitado, inspirado pelo parlamento britânico, os novos governantes também protegeram príncipes e aristocratas como uma salvaguarda contra uma possível agitação feudal futura.[88] [89] Nas décadas seguintes, a vida pública emergiu gradualmente em toda a Índia, levando à fundação do partido Congresso Nacional Indiano, em 1885.[90] [91] [92] [93]
A corrida tecnológica e a comercialização da agricultura na segunda metade do século XIX foi marcada por muitos contratempos econômicos — muitos pequenos produtores tornaram-se dependentes dos caprichos de mercados distantes.[94] Houve um aumento no número de grandes crises de fome[95] e, apesar dos riscos do desenvolvimento de uma infraestrutura suportada pelos contribuintes indianos, pouco emprego industrial foi gerado para a população.[96] Houve também efeitos salutares: cultivos comerciais, especialmente na região recém-canalizada do Punjabe, levaram a um aumento da produção de comida para o consumo interno.[97] A rede ferroviária, desde o alívio da crise de fome,[98] ajudou a reduzir o custo dos bens móveis[98] e auxiliou a nascente indústria indiana.[97]
Após a Primeira Guerra Mundial, onde alguns milhares de indianos serviram,[99] um novo período começou. Ele foi marcado por reformas britânicas, mas também por uma legislação mais repressiva; pelas reivindicações cada vez mais estridentes da população indiana por independência e pelo começo de um movimento não violento de não cooperação, do qual Mohandas Karamchand Gandhi se tornaria o líder e símbolo de resistência.[100] Durante os anos 1930, uma lenta reforma legislativa foi promulgada pelos britânicos e o Congresso Nacional Indiano saiu vitorioso nas eleições seguintes.[101] A década posterior foi cheia de crises: a participação indiana na Segunda Guerra Mundial, o impulso final do Congresso para a não cooperação com os britânicos e uma onda de nacionalismo muçulmano. Todos foram coroados com o advento da independência em 1947, mas ao custo de uma sangrenta divisão do subcontinente em dois Estados: Índia e Paquistão.[102]
Vital para a autoimagem da Índia como uma nação independente foi a sua constituição, concluída em 1950, que colocou no lugar da antiga colônia britânica uma república secular e democrática.[103] Nos 60 anos seguintes, a Índia teve um resultado misto de sucessos e fracassos.[104] Manteve-se uma democracia com liberdades civis, uma Suprema Corte ativista e uma imprensa, em grande parte, independente.[104] A liberalização econômica, que teve início na década de 1990, criou uma grande classe média urbana e transformou a Índia em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo, o que aumentou a influência geopolítica do país. Filmes, músicas e ensinamentos espirituais indianos desempenham um papel cada vez maior na cultura mundial.[104] No entanto, o país também tem sido oprimido por uma pobrezaaparentemente inflexível, tanto no meio rural quanto no urbano;[104] pela violência religiosa e entre castas;[105] por grupos insurgentes de inspiração maoista chamadosnaxalitas;[106] e pelo separatismo em Jammu e Caxemira e no Nordeste da Índia.[107] O país tem disputas territoriais não resolvidas com a China, que se deterioraram até aguerra sino-indiana de 1962;[108] e com o vizinho Paquistão, em guerras travadas em 1947, 1965, 1971 e 1999.[108] A rivalidade nuclear entre a Índia e o Paquistão veio à tona em 1998.[109] As liberdades democráticas sustentadas da Índia são únicas entre as novas nações do mundo; no entanto, apesar de seus sucessos econômicos recentes, a liberdade de sua população desfavorecida continua a ser um objetivo a ser alcançado.[110]
Geografia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Geografia da Índia
A Índia ocupa a maior parte do subcontinente indiano, encontrando-se por cima da placa indiana, uma placa tectônica que faz parte daplaca indo-australiana.[111] Os processos geológicos que definiram a atual situação geográfica da Índia começaram há 75 milhões de anos, quando o subcontinente indiano, então parte do sul do supercontinente Gondwana, começou a se mover para nordeste através do que posteriormente se converteria no Oceano Índico.[111] A colisão superior do subcontinente com a placa euro-asiática e a subducçãodebaixo dela deram lugar à cordilheira do Himalaia, o sistema montanhoso mais alto do planeta, que atualmente é a fronteira da Índia a norte e a noroeste.[111] O antigo leito marinho que emergiu imediatamente ao sul do Himalaia fez com que o movimento da placa criasse uma grande depressão, que foi sendo levada pouco a pouco por sedimentos propagados por rios,[112] o que atualmente constitui aPlanície Indo-Gangética.[113] A oeste desta planície encontra-se o deserto do Thar, separado pela cordilheira Avarali.[114]
A placa original indiana corresponde hoje ao subcontinente indiano, sendo também a parte mais antiga e estável da Índia, que se estende desde o norte, com as cordilheiras Satpura e Vindhya no centro. Estas cordilheiras paralelas vão desde a costa do mar Arábico, no estado de Gujarat, até o planalto de Chota Nagpur, no estado de Jharkhand.[115] No sul, o planalto do Decão contém à esquerda e à direita os Gates Ocidentais e Orientais;[116] o planalto contém as formações rochosas mais antigas do território, algumas com mais de umbilhão de anos de idade. Os pontos extremos do país se localizam a 6° 43' e 39° 26 'de latitude norte[c] e 68°7' e 89°25' de longitude leste.[117]
A Índia tem 7 517 quilômetros de litoral; destes, 5 423 pertencem ao subcontinente indiano e 2 094 pertencem aos arquipélagos deAndamão e Nicobar e Laquedivas. A costa indiana tem 43% de praias arenosas, 11% de costas rochosas (incluindo falésias) e 46% demarismas ou costas pantanosas.[8] Os principais rios têm sua origem na cordilheira Himalaia, como o Ganges e o Brahmaputra, que desembocam no golfo de Bengala.[118] Entre os afluentes mais importantes do Ganges encontram-se os rios Yamuna e o Kosi, cuja pendente extremamente baixa provoca inundações catastróficas quase todos os anos. Os rios peninsulares mais importantes cujas pendentes evitam inundações são o Godavari, o Mahanadi, o Kaveri e o Krishna, que também desembocam no golfo de Bengala;[119] e os rios Narmada e Tapti, que desembocam no mar Arábico.[120] Na costa oeste, encontram-se também os pântanos do Rann de Kutch, enquanto no leste há a área protegida de Sundarbans, que a Índia divide com Bangladesh.[121] A Índia possui dois arquipélagos: Laquedivas, atóis de corais na costa sudoeste indiana, e as ilhas de Andamão e Nicobar, cadeias de ilhas vulcânicas no mar de Andamão.[122]
O clima indiano é fortemente influenciado pelo Himalaia e pelo deserto do Thar, os quais favorecem o desenvolvimento das monções.[123]O Himalaia barra a entrada de ventos catabáticos frios, vindos da Ásia Central, mantendo a maior parte do subcontinente indiano mais quente do que a maioria das localidades que se localizam em latitudes similares.[124] [125] O deserto do Thar desempenha um papel crucial para atrair ventos de monção carregados de umidade desde o sudoeste, os quais entre junho e outubro proporcionam a maioria das precipitações do país.[123] As zonas climáticas principais que predominam em território indiano são o tropical úmido, tropical semiúmido e o subtropical úmido.[126]
Biodiversidade[editar | editar código-fonte]
O território indiano se encontra dentro da biorregião himalaia, que apresenta grande biodiversidade. Acolhendo 7,6% de todos os mamíferos, 12,6% de todas as aves, 6,2% de todas os répteis, 4,4% de todos os anfíbios, 11,7% de todos os peixes e 6% de todas as espermatófitas do mundo, a Índia é um dos dezoito países megadiversos.[127] Em muitas regiões indianas existem altos níveis de endemismo; em geral, 33% das espécies indianas são endêmicas.[128] [129]
Os bosques da Índia variam de florestas úmidas nas ilhas de Andamão, Gates Ocidentais e noroeste indiano, até florestas temperadas de coníferas do Himalaia. Entre esses extremos encontram-se os bosques caducifólios da Índia Oriental; o bosque caducifólio no centro-sul e o bosque xerófito do Decãocentral e a planície ocidental do Ganges.[130] Estima-se que menos de 12% da massa da Índia Continental esteja coberta por densos bosques.[131]
Muitas espécies da Índia são descendentes de táxons originários de Gondwana, do qual a placa tectônica indiana se separou. O movimento posterior da placa do subcontinente indiano e a sua colisão com a massa de terra da Laurásia deu início a um intercâmbio massivo das espécies. Entretanto, ovulcanismo e as mudanças climáticas registradas há vinte milhões de anos provocaram uma extinção em massa de espécies originárias de Gondwana.[132] A partir de então, mamíferos ingressaram ao subcontinente a partir da Ásia por meio de dois passos zoogeográficos em ambos os lados emergentes do Himalaia.[130] Em consequência, apenas 12,6% dos mamíferos e 4,6% das aves são espécies endêmicas, em contraste com 45,8% dos répteis e 55,8% de anfíbios endêmicos.[127] Na Índia existem 172 espécies ameaçadas, ou 2,9%.[133]Entre elas encontram-se o leão-asiático, o tigre-de-bengala e o abutre-indiano-de-dorso-branco (Gyps bengalensis), que está quase ameaçado de extinção devido à ingestão de carne de gado tratada com diclofenaco.[134]
Nas últimas décadas, a invasões humanas generalizadas e ecologicamente devastadoras criaram uma ameaça crítica à vida silvestre da Índia. Em resposta, o sistema de áreas protegidas e parques nacionais, estabelecido pela primeira vez em 1935, foi ampliado consideravelmente. Em 1970, o governo indiano decretou a Lei de Proteção da Vida Silvestre[135] e o "Projeto Tigre", para proteger o habitat crucial destes animais, além de em 1980 ter sido decretada a Lei de Conservação dos Bosques.[136] A Índia tem mais de quinhentos santuários de vida selvagem e treze reservas da biosfera,[137] quatro das quais fazem parte da Rede Mundial de Reservas da Biosfera. Vinte e cinco zonas de umidade estão registradas na Convenção sobre as Zonas Úmidas.[138]
Demografia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Demografia da Índia
Ver também: Religiões e criminalidade na Índia
Com uma população de mais de um bilhão de habitantes,[139] a Índia é o segundo país mais populoso do mundo. Desde os anos 1960, o país tem vivido um rápido aumento em sua população urbana devido, em grande parte, aos avanços médicos e aos aumentos massivos da produtividade agrícola devidos à "revolução verde".[140] [141] A população urbana da Índia no fim do século XX era onze vezes superior à do início do século e vem se concentrando cada vez mais nas grandes cidades. Em 2001, 35 cidades indianas tinham população igual ou superior a um milhão de habitantes. Cada uma das três cidades mais populosas (Bombaim, Déli e Calcutá) tinham então mais de dez milhões de habitantes. Porém, nesse mesmo ano, 70% da população indiana vivia em áreas rurais.[142] [143]
A Índia é a segunda entidade geográfica com maior diversidade cultural, linguística e genética do mundo, depois da África.[144] O país é o lar de duas grandes famílias linguísticas: a indo-ária (falada por aproximadamente 74% da população) e a dravídica (falada por aproximadamente 24%). Outras línguas faladas na Índia provêm das línguas austro-asiáticas e tibeto-birmanesas. O hindi (ou híndi) conta com o maior número de falantes[145] e é a língua oficial da república.[146] O inglês é utilizado amplamente em negócios e na administração e tem o status de "idioma oficial subsidiário", sendo também importante na educação, especialmente no ensino médio e superior.[147]
Cada estado e território da união tem seus próprios idiomas oficiais e a constituição reconhece outras 21 línguas, que são faladas por um importante setor da população ou são parte da herança histórica indiana, e que são denominadas "línguas clássicas". Enquanto o sânscrito e o tâmil têm sido consideradas como línguas clássicas por muitos anos,[148] [149]o governo indiano também concedeu o estatuto de língua clássica ao kannada e ao telugu.[150] O número de dialetos na Índia chega a mais de 1 652.[151]
Mais de 800 milhões de indianos (80,5 % da população) são hindus. Outros grupos religiosos com presença importante no país sãomuçulmanos (13,4 %), cristãos (2,3 %), siquistas (1,9 %), budistas (0,8 %), jainistas (0,4 %), judeus, zoroastristas (parsis), entre outros.[152] Os adivasi constituem 8,1 % da população.[153] A Índia tem a terceira maior população muçulmana do mundo e a maior população muçulmana para um país de maioria não muçulmana.[154]
A taxa de alfabetização no país é de 64,8% (53,7% para as mulheres e 75,3% para os homens)[4] O estado com o maior índice de alfabetização é Kerala, com 91%, enquanto Bihar tem a menor taxa, com apenas 47%.[155] [156] A razão sexual é de 944 homens para cada mil mulheres, enquanto que a taxa de crescimento demográfico anual é de 1,38%; a cada ano são registrados 22,01 nascimentos para cada mil pessoas.[4] Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano morrem novecentos mil indianos por beberem água imprópria e por inalarem ar contaminado.[157] A malária é endêmica na Índia.[158] Existem cerca de 60 médicos para cada 100 mil pessoas no país.[159]
Parte1 --- Parte2 --- Parte3 --- Parte4 --- Parte5
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia