Índia

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भारत गणराज्य (híndi)
(Bhārat Gaṇarājya)
Republic of India (inglês)

República da Índia
Bandeira da Índia
Brasão de armas da Índia
BandeiraBrasão de armas
Lema"Satyameva Jayate" (Sânscrito)
सत्यमेव जयते  (Devanāgarī)
"A verdade, só, triunfa"[1]
Hino nacionalজন গণ মন (Jana Gana Mana)
("És o soberano das mentes de todos")


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[2]Canção nacionalवन्दे मातरम् (Vande Mātaram)
("Curvo-me a ti, Mãe")[3]
Gentílico: Indiano(a)

Localização da Índia

Localização da Índia em verde escuro.
Território disputado da Caxemira (que inclui reivindicações de Paquistão e China) em verde-claro.
CapitalNova Deli
Cidade mais populosaBombaim
Língua oficialHindiinglês
e mais 21 línguas nacionais
GovernoRepública federal[4]
Democracia parlamentar[5]
 - PresidentePranab Mukherjee
 - Vice-presidenteMohammad Hamid Ansari
 - Primeiro-ministroNarendra Modi
Independênciado Reino Unido 
 - Declarada15 de agosto de 1947 
 - República26 de janeiro de 1950 
Área
 - Total3 287 590 km² (7.º)
 - Água (%)9,56
 FronteiraPaquistãoRepública Popular da ChinaNepal,ButãoMyanmar eBangladesh
População
 - Estimativa de 20111 210 193 422[4] hab. (2.º)
 - Censo 20011 027 015 248 hab. 
 - Densidade329 hab./km² 
PIB (base PPC)Estimativa de 2015
 - TotalUS$ 7 965 trilhões * [6] (3.º)
 - Per capitaUS$ 6 161[6]  (133.º)
PIB (nominal)Estimativa de 2015
 - TotalUS$ 2 090 trilhões *[6] (10.º)
 - Per capitaUS$ 1 617[6]  (143.º)
IDH (2014)0,609 (130.º) – médio[7]
Gini (2004)36,8
MoedaRupia indiana (Indian Rupee symbol.svg) (INR)
Fuso horárioIST (UTC+5:30)
Org. internacionaisONU (OMC), G5
Cód. Internet.in
Cód. telef.+91
Website governamentalindia.gov.in

Mapa da Índia
Índia (em hindiभारतBhāratpronunciado: [ˈbʱaːrət̪]; em inglêsIndiapronunciado: [ˈɪndiə]), oficialmente denominadaRepública da Índia (em hindiभारत गणराज्यBhārat Gaṇarājya; em inglêsRepublic of India), é um país da Ásia Meridional. É o segundo país mais populoso, o sétimo maior em área geográfica e a democracia mais populosa domundo. Delimitada ao sul pelo Oceano Índico, pelo mar da Arábia a oeste e pela Baía de Bengala a leste, a Índia tem uma costa com 7 517 km de extensão.[8] O país faz fronteira com Paquistão a oeste;[nota 1] República Popular da China,Nepal e Butão ao norte e Bangladesh e Mianmar a leste. Os países insulares do Oceano Índico — Sri Lanka e Maldivas— estão localizados bem próximo da Índia.
Lar da Civilização do Vale do Indo, de rotas comerciais históricas e de vastos impérios, o subcontinente indiano é identificado por sua riqueza comercial e cultural de grande parte da sua longa história.[9] Quatro grandes religiões —hinduísmobudismojainismo e sikhismo — originaram-se no país, enquanto o zoroastrismo, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo chegaram no primeiro milênio d.C. e moldaram a diversidade cultural da região. Anexada gradualmente pelaCompanhia Britânica das Índias Orientais no início do século XVIII e colonizada pelo Império Britânico a partir de meados do século XIX, a Índia tornou-se uma nação independente em 1947, após uma luta social pela independência que foi marcada pela extensão da resistência não violenta.[10]
A Índia é uma república composta por 28 estados e sete territórios da união, com um sistema de democracia parlamentar. O país é a sétima maior economia do mundo em Produto Interno Bruto (PIB) nominal, bem como a terceira maior do mundo em PIB medido em Paridade de Poder de Compra. As reformas econômicas feitas desde 1991 transformaram o país em uma das economias de mais rápido crescimento do mundo;[11] no entanto, a Índia ainda sofre com altos níveis depobreza,[12] analfabetismodoenças e desnutrição. Uma sociedade pluralistamultilíngue e multiétnica, a Índia também é o lar de uma grande diversidade de animais selvagens e de habitats protegidos.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome Índia é derivado de Indus, que por sua vez é derivado da palavra Hindu, em persa antigo. Do sânscrito Sindhu, a denominação local histórica para o rio Indus.[13] Os gregos clássicos referiam-se aos indianos como Indoi (Ινδοί), povos do Indus[14] A Constituição da Índia e o uso comum em várias línguas indianas igualmente reconhecem Bharat como um nome oficial de igual status.[15] Hindustão (ou Indostão), que é a palavra persa para a “terra do Hindus” e historicamente referida ao norte da Índia, é também usada ocasionalmente como um sinônimo para toda a Índia.[16]

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: História da Índia

Antiguidade[editar | editar código-fonte]

Os primeiros restos de humanos anatomicamente modernos encontrados na Ásia Meridional datam de aproximadamente 30 mil anos atrás.[17] Sítios arqueológicos com arte rupestre do período Mesolítico foram encontrados em muitas partes do subcontinente indiano, como nos abrigos na Rocha de Bhimbetka, em Madhya Pradesh.[18] Por volta de 7 000 a.C., os primeiros assentamentos neolíticos conhecidos apareceram no subcontinente em locais como Mehrgarh e outros noPaquistão ocidental.[19] Estes locais gradualmente desenvolveram a Civilização do Vale do Indo,[20] a primeira culturaurbana da Ásia Meridional;[21] essa civilização floresceu entre 2 500 e 1 900 a.C. no Paquistão e na região oeste da Índia.[22] Centrada em torno de cidades como Mohenjo-daroHarappaDholavira e Kalibangan, e contando com variadas formas de subsistência, a cultura desenvolveu uma produção robusta de artesanatos e um amplo comércio.[21]
Durante o período de 2000-500 a.C, culturas de muitas regiões do subcontinente fizeram a transição do Calcolítico para aIdade do Ferro.[23] Os Vedas, as escrituras mais antigas do hinduísmo,[24] foram compostas durante esse período[25] e os historiadores têm conectado os textos à cultura védica, localizada na região do Panjabe e na Planície Indo-Gangética.[23]A maioria dos historiadores também considera que este período abrangeu várias ondas migratórias indo-arianas no subcontinente, de norte a oeste.[26] [24] [27] O sistema de castas, que criou uma hierarquia de sacerdotesguerreiros ecamponeses livres, mas excluiu os povos indígenas ao rotular suas ocupações como "impuras", surgiu durante este período.[28] Sobre o planalto do Decão, evidências arqueológicas deste período sugerem a existência de um estágiopatriarcal de organização política.[23] No sul da Índia, uma progressão para a vida sedentária é indicada pelo grande número de monumentos megalíticos que datam deste período,[29] bem como por vestígios de agricultura, tanques deirrigação e de tradições de artesanato.[29]

Pinturas nas Grutas de Ajanta emAurangabadMaharashtra, do século VI
No período védico, por volta do século V a.C., as pequenas tribos do Planalto do Ganges e de regiões do noroeste haviam se consolidado em 16 grandesoligarquias e monarquias que eram conhecidas como os mahajanapadas.[30] [31] A urbanização crescente e as ortodoxias desta época também criaram os movimentos de reforma religiosa do budismo e do jainismo,[32] sendo que ambos se tornaram religiões independentes.[33] O budismo, com base nos ensinamentos de Gautama Buda, atraiu seguidores de todas asclasses sociais, com exceção da classe média; as narrações da vida de Buda foram fundamentais para o início do registro da história indiana.[32] [34] [35] O jainismo entrou em destaque na mesma época durante a vida de seu "Grande Herói", Mahavira.[36] Em uma época de crescente riqueza urbana, ambas as religiões levantaram a renúncia aos bens materiais como um ideal[37] e estabelecerammonastérios de longa duração.[30] Politicamente, por volta do século III a.C., o Reino de Mágada tinha anexado ou reduzido outros Estados para emergir como o Império Máuria.[30] Já se acreditou que esse império controlou a maior parte do subcontinente com exceção do extremo sul, mas agora acredita-se que as suas regiões centrais eram separadas por grandes áreas autônomas.[38] [39] Os reis máurias são conhecidos tanto pela construção do seu império e determinação na gestão da vida pública, quanto pela renúncia de Asoca, o Grande (r. 273–232 a.C.) do militarismo e de sua promoção do darma budista.[40] [41]
A literatura sangam, escrita em tâmil, revela que entre 200 a.C. e 200 d.C. o sul da península estava sendo governado pelas dinastias CherasCholas e Pandias, que comercializavam extensivamente com o Império Romano e com o Sudoeste e o Sudeste da Ásia.[42] [43] Nesse período o território do país também se tornou parte da Rota da Seda, uma rede de rotas comerciais que ligava o Extremo Oriente à Europa. Por essas estradas os comerciantes indianos vendiam tecidos e especiarias para mercados da Ásia Central, enquanto monges e peregrinos budistas vinham da China, até o período das Grandes Navegações, quando ligações comerciais marítimas foram criadas entre o Ocidente e o Oriente.[44] No norte da Índia, o hinduísmo afirmou controle patriarcal familiar, o que levou ao aumento da subordinação das mulheres.[45] [30] Até os séculos IV e V, o Império Gupta havia criado um complexo sistema fiscal e de administração nos grandes planaltos do Ganges, que se tornou um modelo para reinos indianos posteriores.[46] [47] Sob os governos dos Guptas, um hinduísmo renovado baseado na devoção ao invés da gestão ritualística começou a se estabelecer.[48] A renovação se refletiu em um florescimento da escultura e da arquitetura, que encontrou patronos entre uma elite urbana.[47] A literatura sânscrita clássica floresceu e ciência, astronomiamedicina e matemática indianas tiveram avanços significativos.[47]

Idade média[editar | editar código-fonte]


A grande gopura de granito no Templo de Brihadisvara em Thanjavur foi concluída em 1010 d.C. porRaja Raja Chola I
A idade medieval indiana, de 600 a 1200 d.C., é definida por reinos regionais e pela diversidade cultural.[49] Quando o imperador Harxa(r. 606–647) de Canauje, que governou grande parte da Planície do Ganges de 606 a 647 d.C., tentou expandir seu território para o sul, ele foi derrotado pelo governante Chaluca do Decão.[50] Seu sucessor, na tentativa de expandir para o leste, foi derrotado pelo rei Pala de Bengala.[50]Quando os Chalucas tentaram se expandir para o sul, eles foram derrotados pelos Palavas, que por sua vez se opunham aos Pandias e aos Cholas, de ainda mais ao sul.[50] Nenhum governante desse período foi capaz de criar um império unificado e os territórios sob seu controle geralmente não passavam muito além de sua região central.[49] Durante este tempo, povos de pastoreio cujas terras tinham sido liberadas para abrir caminho para a crescente economia agrícola foram acomodados dentro do sistema de castas, assim como as novas classes dominantes não tradicionais.[51] O sistema de castas, consequentemente, começou a mostrar as diferenças regionais.[51]
Nos séculos VI e VII, os primeiros hinos devocionais foram criados na língua tâmil.[52] Eles foram imitados por toda a Índia e levaram ao ressurgimento do hinduísmo e ao desenvolvimento de todas as línguas modernas do subcontinente.[52] A realeza indiana, grande e pequena, e os templos por ela frequentados, atraíram cidadãos em grande número para as principais cidades, que tornaram-se também importantes centros econômicos.[53] Templos em cidades de vários tamanhos começaram a aparecer em todos os lugares ao mesmo tempo que a Índia passava por outra era de urbanização.[53] Pelos séculos VIII e IX, os efeitos disso foram sentidos no Sudeste da Ásia, conforme os sistemas culturais e políticos do sul da Índia eram exportados para terras que se tornaram parte dos atuais MyanmarTailândiaLaosCambojaVietnãMalásia eJava (Indonésia).[54] Comerciantes, estudiosos e às vezes exércitos indianos envolveram-se nesta transmissão cultural; os asiáticos do sudeste do continente também tomaram a iniciativa e organizaram muitas peregrinações para os seminários indianos, além de terem traduzido os textos budistas e hindus para os seus respectivos idiomas.[54]
Após o século X, clãs nômades muçulmanos do centro da Ásia usaram cavalaria de guerra e organizaram vastos exércitos unidos pela etnia e religião para invadir repetidamente as planícies do noroeste da Ásia Austral, levando à criação do islâmico Sultanato de Déli em 1206.[55] O sultanato controlou grande parte do norte da Índia e fez muitas incursões ao sul do subcontinente. Embora tenha sido perturbador para as elites indianas, o sultanato deixou a vasta população não muçulmana sujeita às suas próprias leis e costumes.[56] [57] Ao repelir repetidamente os invasores mongóis no século XIII, o sultanato salvou a Índia da devastação experimentada pela Ásia Central e Ocidental, criando o cenário para séculos de migração de soldados, homens instruídos, místicos, comerciantes, artistas e artesãos que vinham em fuga daquelas regiões para o subcontinente indiano, criando assim uma cultura indo-islâmica sincrética no norte do país.[58] [59] A invasão do sultanato e o enfraquecimento dos reinos da região do sul da Índia abriram o caminho para o Império de Bisnaga.[60] Abraçando uma forte tradição xivaísta e construído sobre a tecnologia militar do sultanato, o império passou a controlar a maior parte da Índia peninsular[61] e foi influente na sociedade do sul do país por muito tempo.[60]

Era moderna[editar | editar código-fonte]

 Mais informações: Império Mogol e Índia Britânica

Taj Mahal, em Agra, construído entre 1632 e 1653 pelo imperador mogol Xá Jeã (r. 1628–1658). O edifício é uma das mais belas expressões arquitetônicas do Império Mogol e uma das sete maravilhas do mundo moderno.
No início do século XVI, o norte da Índia, na época sob domínio principalmente muçulmano,[62] caiu novamente para a superioridade da mobilidade e do poder de fogo de uma nova geração de guerreiros da Ásia Central.[63] O subsequente Império Mogol não erradicou as sociedades locais que passou a governar, mas as equilibrou e pacificou através de novas práticas administrativas[64] [65] e de elites dominantes diversas e inclusivas,[66] levando a uma lei mais sistemática, centralizada e uniforme por todo o império.[67] Evitando sua identidade tribal e islâmica, especialmente durante o governo de Acbar, o Grande (r. 1556–1605), os mogóis uniram seus reinos distantes através da lealdade, expressa através de uma cultura influenciada pela Pérsia e de um imperador que tinha importância quase divina.[66] As políticas econômicas do Estado Mogol tiravam a maior parte das receitas do império do setor agrícola[68] e determinavam que os impostos deviam ser pagos em moedas de prata oficiais,[69] o que causou a entrada de camponeses e artesãos em mercados maiores.[67] A relativa paz mantida pelo império durante grande parte do século XVII foi um dos fatores que ajudaram na expansão econômica da Índia nesse período,[67] o que resultou em investimentos maiores em pintura, além de obras literárias, têxteis e de arquitetura.[70] Novos grupos sociais homogêneos no norte e no oeste da Índia, como os maratas, os rajputs e os sikhs, ganharam ambições militares e de governo durante o domínio mogol, que, através da colaboração ou da adversidade, deu-lhes reconhecimento e experiência militar.[71] A expansão do comércio durante o governo mogol deu origem à novas elites comerciais e políticas ao longo das costas do sul e do leste do país.[71] À medida que o império se desintegrou, muitas dessas elites foram capazes de manter seus negócios sob controle.[72]
Em 1498 o navegador português Vasco da Gama chega a Calecute, na costa ocidental do subcontinente indiano, o marco inicial de uma relação luso-indiana que duraria cerca de 500 anos.[73] Em 1510, o explorador português Afonso de Albuquerque amplia os territórios portugueses com a conquista de Goa, que rapidamente se tornaria a capital doEstado Português da Índia (uma entidade política parte do Império Português). A Índia Portuguesa, como a colônia lusitana também era conhecida, inicialmente abrangia todos os territórios conquistados pelos portugueses no Oceano Índico, mas depois ficou restrita à Costa do Malabar, em territórios como Goa, DamãoDiuIlha de AngedivaDadrá e Nagar HaveliSimbor e Gogolá.[74] No início do século XVIII, com a linha entre a dominação comercial e política cada vez mais tênue, uma série de empresas comerciais europeias, como a Companhia Britânica das Índias Orientais, haviam estabelecido postos nas regiões costeiras do país.[75] [76] O controle dos mares, maiores recursos, treinamento militar e tecnologia mais avançados levaram a Companhia Britânica das Índias Orientais a flexionar cada vez mais a sua força militar e tornar isso atraente para uma parcela da elite indiana; esses dois fatores foram cruciais para permitir que a Companhia Britânica ganhasse o controle sobre a região de Bengala em 1765 e marginalizasse as outras empresas europeias concorrentes[77] [75] [78] [79] O acesso maior às riquezas da Bengala e o subsequente aumento da força e do tamanho de seu exército permitiram à Companhia das Índias Orientais anexar ou subjugar a maior parte do subcontinente indiano durante os anos 1820.[80] A Índia então parou de exportar bens manufaturados e, em vez disso, passou a abastecer o Império Britânico com matérias-primas. Esse momento é considerado por muitos historiadores o início do período colonial no país.[75] Por esta altura, com seu poder econômico severamente restringido pelo parlamento britânico, a Companhia começou a entrar mais conscientemente em áreas não econômicas, como educação, reforma social e cultura.[81]

Era contemporânea[editar | editar código-fonte]


Gravura da Índia Britânica de uma edição de 1909 da The Imperial Gazetteer of India. As áreas diretamente governadas pelos britânicos estão sombreadas em rosa; os principados sob suserania britânica estão em amarelo.
Os historiadores consideram que a era contemporânea da Índia começou em algum momento entre 1848 e 1885. A nomeação, em 1848, de James Broun-Ramsay, Lord Dalhousie, como governador-geral do Companhia das Índias Orientais preparou o palco para alterações essenciais na transição do país para um Estado moderno. Estas mudanças incluíram a consolidação e a demarcação da soberania, a vigilância da população e a educação dos cidadãos. Mudanças tecnológicas — como as ferrovias, os canais e o telégrafo — foram introduzidas no país não muito tempo depois de sua introdução na Europa.[82] [83] [84] [85] No entanto, a insatisfação com a Companhia também cresceu durante este período e definiu a Revolta dos Sipais, em 1857. Alimentada por diversos ressentimentos e percepções entre a população, como as invasivas reformas sociais ao estilo britânico, altos impostos sobre propriedades e o tratamento sumário de alguns príncipes e fazendeiros ricos, a revolta abalou muitas regiões do norte e do centro da Índia e sacudiu os alicerces do governo da Companhia.[86] [87] Embora a rebelião tenha sido reprimida em 1858, ela levou à dissolução da Companhia das Índias Orientais e a administração da Índia passou a ser exercida diretamente pelo governo britânico. Além de proclamarem um Estado unitárioe um sistema parlamentarista limitado, inspirado pelo parlamento britânico, os novos governantes também protegeram príncipes e aristocratas como uma salvaguarda contra uma possível agitação feudal futura.[88] [89] Nas décadas seguintes, a vida pública emergiu gradualmente em toda a Índia, levando à fundação do partido Congresso Nacional Indiano, em 1885.[90] [91] [92] [93]
A corrida tecnológica e a comercialização da agricultura na segunda metade do século XIX foi marcada por muitos contratempos econômicos — muitos pequenos produtores tornaram-se dependentes dos caprichos de mercados distantes.[94] Houve um aumento no número de grandes crises de fome[95] e, apesar dos riscos do desenvolvimento de uma infraestrutura suportada pelos contribuintes indianos, pouco emprego industrial foi gerado para a população.[96] Houve também efeitos salutares: cultivos comerciais, especialmente na região recém-canalizada do Punjabe, levaram a um aumento da produção de comida para o consumo interno.[97] A rede ferroviária, desde o alívio da crise de fome,[98] ajudou a reduzir o custo dos bens móveis[98] e auxiliou a nascente indústria indiana.[97]

Jawaharlal Nehru (esquerda) se tornou o primeiro primeiro-ministro da Índia, em 1947. Mahatma Gandhi(direita) liderou o movimento pela independência.
Após a Primeira Guerra Mundial, onde alguns milhares de indianos serviram,[99] um novo período começou. Ele foi marcado por reformas britânicas, mas também por uma legislação mais repressiva; pelas reivindicações cada vez mais estridentes da população indiana por independência e pelo começo de um movimento não violento de não cooperação, do qual Mohandas Karamchand Gandhi se tornaria o líder e símbolo de resistência.[100] Durante os anos 1930, uma lenta reforma legislativa foi promulgada pelos britânicos e o Congresso Nacional Indiano saiu vitorioso nas eleições seguintes.[101] A década posterior foi cheia de crises: a participação indiana na Segunda Guerra Mundial, o impulso final do Congresso para a não cooperação com os britânicos e uma onda de nacionalismo muçulmano. Todos foram coroados com o advento da independência em 1947, mas ao custo de uma sangrenta divisão do subcontinente em dois Estados: Índia e Paquistão.[102]
Vital para a autoimagem da Índia como uma nação independente foi a sua constituição, concluída em 1950, que colocou no lugar da antiga colônia britânica uma república secular e democrática.[103] Nos 60 anos seguintes, a Índia teve um resultado misto de sucessos e fracassos.[104] Manteve-se uma democracia com liberdades civis, uma Suprema Corte ativista e uma imprensa, em grande parte, independente.[104] A liberalização econômica, que teve início na década de 1990, criou uma grande classe média urbana e transformou a Índia em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo, o que aumentou a influência geopolítica do país. Filmesmúsicas e ensinamentos espirituais indianos desempenham um papel cada vez maior na cultura mundial.[104] No entanto, o país também tem sido oprimido por uma pobrezaaparentemente inflexível, tanto no meio rural quanto no urbano;[104] pela violência religiosa e entre castas;[105] por grupos insurgentes de inspiração maoista chamadosnaxalitas;[106] e pelo separatismo em Jammu e Caxemira e no Nordeste da Índia.[107] O país tem disputas territoriais não resolvidas com a China, que se deterioraram até aguerra sino-indiana de 1962;[108] e com o vizinho Paquistão, em guerras travadas em 194719651971 e 1999.[108] A rivalidade nuclear entre a Índia e o Paquistão veio à tona em 1998.[109] As liberdades democráticas sustentadas da Índia são únicas entre as novas nações do mundo; no entanto, apesar de seus sucessos econômicos recentes, a liberdade de sua população desfavorecida continua a ser um objetivo a ser alcançado.[110]

Geografia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Geografia da Índia

Mapa topográfico da Índia
A Índia ocupa a maior parte do subcontinente indiano, encontrando-se por cima da placa indiana, uma placa tectônica que faz parte daplaca indo-australiana.[111] Os processos geológicos que definiram a atual situação geográfica da Índia começaram há 75 milhões de anos, quando o subcontinente indiano, então parte do sul do supercontinente Gondwana, começou a se mover para nordeste através do que posteriormente se converteria no Oceano Índico.[111] A colisão superior do subcontinente com a placa euro-asiática e a subducçãodebaixo dela deram lugar à cordilheira do Himalaia, o sistema montanhoso mais alto do planeta, que atualmente é a fronteira da Índia a norte e a noroeste.[111] O antigo leito marinho que emergiu imediatamente ao sul do Himalaia fez com que o movimento da placa criasse uma grande depressão, que foi sendo levada pouco a pouco por sedimentos propagados por rios,[112] o que atualmente constitui aPlanície Indo-Gangética.[113] A oeste desta planície encontra-se o deserto do Thar, separado pela cordilheira Avarali.[114]
A placa original indiana corresponde hoje ao subcontinente indiano, sendo também a parte mais antiga e estável da Índia, que se estende desde o norte, com as cordilheiras Satpura e Vindhya no centro. Estas cordilheiras paralelas vão desde a costa do mar Arábico, no estado de Gujarat, até o planalto de Chota Nagpur, no estado de Jharkhand.[115] No sul, o planalto do Decão contém à esquerda e à direita os Gates Ocidentais e Orientais;[116] o planalto contém as formações rochosas mais antigas do território, algumas com mais de umbilhão de anos de idade. Os pontos extremos do país se localizam a 6° 43' e 39° 26 'de latitude norte[c] e 68°7' e 89°25' de longitude leste.[117]

Kangchenjunga, na fronteira entre a Índia e o Nepal, na cordilheira do Himalaia, é o ponto mais alto do país, a uma altitude de 8 586 metros acima do nível do mar.
A Índia tem 7 517 quilômetros de litoral; destes, 5 423 pertencem ao subcontinente indiano e 2 094 pertencem aos arquipélagos deAndamão e Nicobar e Laquedivas. A costa indiana tem 43% de praias arenosas, 11% de costas rochosas (incluindo falésias) e 46% demarismas ou costas pantanosas.[8] Os principais rios têm sua origem na cordilheira Himalaia, como o Ganges e o Brahmaputra, que desembocam no golfo de Bengala.[118] Entre os afluentes mais importantes do Ganges encontram-se os rios Yamuna e o Kosi, cuja pendente extremamente baixa provoca inundações catastróficas quase todos os anos. Os rios peninsulares mais importantes cujas pendentes evitam inundações são o Godavari, o Mahanadi, o Kaveri e o Krishna, que também desembocam no golfo de Bengala;[119] e os rios Narmada e Tapti, que desembocam no mar Arábico.[120] Na costa oeste, encontram-se também os pântanos do Rann de Kutch, enquanto no leste há a área protegida de Sundarbans, que a Índia divide com Bangladesh.[121] A Índia possui dois arquipélagos: Laquedivas, atóis de corais na costa sudoeste indiana, e as ilhas de Andamão e Nicobar, cadeias de ilhas vulcânicas no mar de Andamão.[122]
O clima indiano é fortemente influenciado pelo Himalaia e pelo deserto do Thar, os quais favorecem o desenvolvimento das monções.[123]O Himalaia barra a entrada de ventos catabáticos frios, vindos da Ásia Central, mantendo a maior parte do subcontinente indiano mais quente do que a maioria das localidades que se localizam em latitudes similares.[124] [125] O deserto do Thar desempenha um papel crucial para atrair ventos de monção carregados de umidade desde o sudoeste, os quais entre junho e outubro proporcionam a maioria das precipitações do país.[123] As zonas climáticas principais que predominam em território indiano são o tropical úmidotropical semiúmido e o subtropical úmido.[126]

Biodiversidade[editar | editar código-fonte]

O território indiano se encontra dentro da biorregião himalaia, que apresenta grande biodiversidade. Acolhendo 7,6% de todos os mamíferos, 12,6% de todas as aves, 6,2% de todas os répteis, 4,4% de todos os anfíbios, 11,7% de todos os peixes e 6% de todas as espermatófitas do mundo, a Índia é um dos dezoito países megadiversos.[127] Em muitas regiões indianas existem altos níveis de endemismo; em geral, 33% das espécies indianas são endêmicas.[128] [129]
pavão-indiano (Pavo cristatus), a ave nacional do país
Elefante-asiático no Parque Nacional de Bandipur, em Karnataka.
Os bosques da Índia variam de florestas úmidas nas ilhas de Andamão, Gates Ocidentais e noroeste indiano, até florestas temperadas de coníferas do Himalaia. Entre esses extremos encontram-se os bosques caducifólios da Índia Oriental; o bosque caducifólio no centro-sul e o bosque xerófito do Decãocentral e a planície ocidental do Ganges.[130] Estima-se que menos de 12% da massa da Índia Continental esteja coberta por densos bosques.[131]
Muitas espécies da Índia são descendentes de táxons originários de Gondwana, do qual a placa tectônica indiana se separou. O movimento posterior da placa do subcontinente indiano e a sua colisão com a massa de terra da Laurásia deu início a um intercâmbio massivo das espécies. Entretanto, ovulcanismo e as mudanças climáticas registradas há vinte milhões de anos provocaram uma extinção em massa de espécies originárias de Gondwana.[132] A partir de então, mamíferos ingressaram ao subcontinente a partir da Ásia por meio de dois passos zoogeográficos em ambos os lados emergentes do Himalaia.[130] Em consequência, apenas 12,6% dos mamíferos e 4,6% das aves são espécies endêmicas, em contraste com 45,8% dos répteis e 55,8% de anfíbios endêmicos.[127] Na Índia existem 172 espécies ameaçadas, ou 2,9%.[133]Entre elas encontram-se o leão-asiático, o tigre-de-bengala e o abutre-indiano-de-dorso-branco (Gyps bengalensis), que está quase ameaçado de extinção devido à ingestão de carne de gado tratada com diclofenaco.[134]
Nas últimas décadas, a invasões humanas generalizadas e ecologicamente devastadoras criaram uma ameaça crítica à vida silvestre da Índia. Em resposta, o sistema de áreas protegidas e parques nacionais, estabelecido pela primeira vez em 1935, foi ampliado consideravelmente. Em 1970, o governo indiano decretou a Lei de Proteção da Vida Silvestre[135] e o "Projeto Tigre", para proteger o habitat crucial destes animais, além de em 1980 ter sido decretada a Lei de Conservação dos Bosques.[136] A Índia tem mais de quinhentos santuários de vida selvagem e treze reservas da biosfera,[137] quatro das quais fazem parte da Rede Mundial de Reservas da Biosfera. Vinte e cinco zonas de umidade estão registradas na Convenção sobre as Zonas Úmidas.[138]

Demografia[editar | editar código-fonte]


Mapa da densidade populacional e da rede ferroviária da Índia. A já densamente povoada Planície Indo-Gangética é o principal motor de crescimento da população do país.
Ver artigo principal: Demografia da Índia
Com uma população de mais de um bilhão de habitantes,[139] a Índia é o segundo país mais populoso do mundo. Desde os anos 1960, o país tem vivido um rápido aumento em sua população urbana devido, em grande parte, aos avanços médicos e aos aumentos massivos da produtividade agrícola devidos à "revolução verde".[140] [141] A população urbana da Índia no fim do século XX era onze vezes superior à do início do século e vem se concentrando cada vez mais nas grandes cidades. Em 2001, 35 cidades indianas tinham população igual ou superior a um milhão de habitantes. Cada uma das três cidades mais populosas (BombaimDéli e Calcutá) tinham então mais de dez milhões de habitantes. Porém, nesse mesmo ano, 70% da população indiana vivia em áreas rurais.[142] [143]
A Índia é a segunda entidade geográfica com maior diversidade cultural, linguística e genética do mundo, depois da África.[144] O país é o lar de duas grandes famílias linguísticas: a indo-ária (falada por aproximadamente 74% da população) e a dravídica (falada por aproximadamente 24%). Outras línguas faladas na Índia provêm das línguas austro-asiáticas e tibeto-birmanesas. O hindi (ou híndi) conta com o maior número de falantes[145] e é a língua oficial da república.[146] O inglês é utilizado amplamente em negócios e na administração e tem o status de "idioma oficial subsidiário", sendo também importante na educação, especialmente no ensino médio e superior.[147]

Um peregrino siquista com oHarmandir Sahib (Templo Dourado) emAmritsar, ao fundo.
Cada estado e território da união tem seus próprios idiomas oficiais e a constituição reconhece outras 21 línguas, que são faladas por um importante setor da população ou são parte da herança histórica indiana, e que são denominadas "línguas clássicas". Enquanto o sânscrito e o tâmil têm sido consideradas como línguas clássicas por muitos anos,[148] [149]o governo indiano também concedeu o estatuto de língua clássica ao kannada e ao telugu.[150] O número de dialetos na Índia chega a mais de 1 652.[151]
Mais de 800 milhões de indianos (80,5 % da população) são hindus. Outros grupos religiosos com presença importante no país sãomuçulmanos (13,4 %), cristãos (2,3 %), siquistas (1,9 %), budistas (0,8 %), jainistas (0,4 %), judeuszoroastristas (parsis), entre outros.[152] Os adivasi constituem 8,1 % da população.[153] A Índia tem a terceira maior população muçulmana do mundo e a maior população muçulmana para um país de maioria não muçulmana.[154]
taxa de alfabetização no país é de 64,8% (53,7% para as mulheres e 75,3% para os homens)[4] O estado com o maior índice de alfabetização é Kerala, com 91%, enquanto Bihar tem a menor taxa, com apenas 47%.[155] [156] A razão sexual é de 944 homens para cada mil mulheres, enquanto que a taxa de crescimento demográfico anual é de 1,38%; a cada ano são registrados 22,01 nascimentos para cada mil pessoas.[4] Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano morrem novecentos mil indianos por beberem água imprópria e por inalarem ar contaminado.[157] A malária é endêmica na Índia.[158] Existem cerca de 60 médicos para cada 100 mil pessoas no país.[159]

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