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Araújo Porto-Alegre | |
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Retrato por Ferdinand Krumholz (1848), acervo do Museu Nacional de Belas Artes | |
Nome completo | Manuel José de Araújo Porto-Alegre |
Pseudônimo(s) | Tibúrcio do Amarante |
Outros nomes | barão de Santo Ângelo; Pitangueira; Manuel de Araújo Porto-alegre |
Nascimento | 29 de novembro de 1806 Rio Pardo |
Morte | 30 de dezembro de 1879 (73 anos) Lisboa |
Nacionalidade | Brasileiro[1] |
Progenitores | Mãe: Francisca Antônia Viana[1] Pai: Francisco José de Araújo[1] |
Cônjuge | Paulina Delamare |
Filho(s) | Carlota Porto-Alegre, Paulo Porto-Alegre |
Alma mater | Academia Imperial de Belas Artes |
Ocupação | Escritor, político, jornalista, pintor, caricaturista, arquiteto, professor, diplomata |
Período de atividade | século XIX |
Influências | |
Cargo | Vereador do Rio de Janeiro (ca. 1854) |
Escola/tradição | Romantismo |
Título | barão de Santo Ângelo , recebido em 1874 |
Armas do barão de Santo Ângelo, as mesmas do ramonobre português da família Araújo. |
Manuel José de Araújo Porto-Alegre,[2] primeiro e único barão de Santo Ângelo (Rio Pardo, 29 de novembro de 1806 —Lisboa, 30 de dezembro de 1879), foi um escritor do romantismo, político e jornalista (fundador de várias revistas, dentre elas a Nitheroy, revista brasiliense, divulgadora do gênero literário romântico e Lanterna Mágica, publicação de humor político),pintor, caricaturista, arquiteto, crítico e historiador de arte, professor e diplomata brasileiro.
Índice
[esconder]Biografia[editar | editar código-fonte]
Filho de Francisco José de Araújo e de Francisca Antônia Viana.[1] Seu nome de batismo era Manuel José de Araújo, modificado para Pitangueira por espírito nativista, quando da Independência e, mais tarde, chegando à forma definitiva: Manuel de Araújo Porto-Alegre[3] Começou a trabalhar como ourives, onde logo se destacou pelo seu refinado gosto artístico.[4]
Porto-Alegre estudou pintura inicialmente com o francês François Thér e com os cenógrafos Manuel José Gentil e João de Deus.[5] Mudou para o Rio de Janeiro em janeiro de 1827, para matricular-se na Escola Militar do Rio de Janeiro.[4] Estando, porém, a escola fechada, em férias, e como tinha noções de pintura e desenho (tendo sido, inclusive, pintor de cenários deteatro), matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes, na qual foi aluno de Jean Baptiste Debret.[4]
Em 25 de julho de 1831, graças a uma subscrição de Evaristo da Veiga[1] , Porto-Alegre viaja para Paris, em companhia de seu mestre e amigo Debret, que deixava definitivamente o Brasil[5] . Na Europa, estuda na Escola de Belas Artes de Paris[5] e viaja pela Itália, onde estuda com o arqueólogo Antonio Nibby.[5] Viaja para a Inglaterra, Países Baixos e Bélgica com o poetaGonçalves de Magalhães.[5] Volta para o Rio de Janeiro em maio de 1837 e passa a desenvolver atividades variadas como professor de desenho, poeta e, inclusive, crítico e historiador de arte, área na qual também é considerado como fundador da disciplina no Brasil.[5]
Em 1840 foi nomeado pintor da Câmara Imperial e foi responsável pelos trabalhos de decoração para a coroação do imperador D. Pedro II e seu casamento com D. Teresa Cristina. [5] Como arquiteto executou diversos projetos no Rio de Janeiro, dos quais destacam-se as obras no Paço Imperial, o plano arquitetônico da antiga sede do Banco do Brasil, da Escola de Medicina e do prédio da Alfândega.[5]
Manuel de Araújo Porto-Alegre foi vereador no Rio de Janeiro, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e nomeado diretor da Imperial Academia de Belas Artes em 1854, cargo que ocupou até 1857. [5] Como diretor da Academia promoveu a ampliação da área construída, anexando o Conservatório de Música e a Pinacoteca, além de estabelecer uma série de reformas no seu currículo e seus métodos de ensino.[5]
Em 1857 iniciou sua carreira diplomática, primeiramente na Prússia, em Berlim, depois em Dresden(1860) e Lisboa, onde chegou em 1866 e permaneceu até sua morte[1] . Em Lisboa recebeu oimperador do Brasil D. Pedro II, quando este saiu em viagem de férias pelo mundo.
Em 1865, exercendo função diplomática em Dresden, Alemanha, Porto-Alegre escreveu uma cartaa seu amigo Joaquim Manuel de Macedo, que era professor dos filhos da princesa Isabel de Bragança, na qual ele se declara espírita e fala de suas psicografias recebidas do Plano Espiritual, revelando que a princesa Isabel, católica, lhe perguntou "quem é meu espírito protetor?". A carta se encontra arquivada no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, e contém 12 páginas manuscritas, correspondência esta que foi publicada na íntegra, com análise circunstanciada, no livro "Barão de Santo Ângelo, O Espírita da Corte" (Editora Lorenz), de autoria do jornalista Paulo Roberto Viola.[6]
Em 1874, Porto-Alegre foi agraciado pelo imperador do Brasil D. Pedro II com o título nobiliárquico de barão de Santo Ângelo, com brasão de armas.[5] O brasão utiliza as mesmas armas do ramo nobre português da família Araújo,[7] [8] da qual Porto-Alegre descendia. Todos os descendentes do barão de Santo Ângelo não utilizam mais osobrenome Araújo, vindo a adotar Porto-Alegre como sobrenome.
Seus restos mortais foram trazidos ao Brasil em 1922. Patrono da cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, Araújo Porto-Alegre ganhou nome de rua na cidade do Rio de Janeiro, justamente a rua onde fica a sede da histórica Associação Brasileira de Imprensa.
A primeira charge e a carreira nas letras[editar | editar código-fonte]
Porto-Alegre foi o primeiro artista a publicar uma caricatura no Brasil, em 1837.[5] Entre 1837 e 1839, de volta de sua viagem à Europa, Manuel de Araújo Porto-Alegre produziu uma série de litografias satíricas que eram vendidas em unidades separadas nas ruas do Rio de Janeiro. A primeira, intitulada A campainha e o cujo, circulou em 14 de dezembro de 1837, vendida por 160 réis, mas não fora assinada (sua autoria só seria reconhecida posteriormente) e apresentava Justiniano José da Rocha, diretor do jornal Correio Oficial, ligado ao governo, recebendo um saco de dinheiro.
Nesse mesmo ano, o artista escreveria a peça Prólogo dramático, podendo, pois, ser considerado, sem grande margem de erro, o primeiro dramaturgo brasileiro, já que tanto o Barroco como o Arcadismo, além da fase inicial do próprio Romantismo, foram, na literatura, movimentos eminentemente poéticos. Ajudou Gonçalves de Magalhães na criação da Nitheroy, revista brasiliense, em 1836, e fundou com Joaquim Manuel de Macedo e Gonçalves Dias a revista Guanabara, em 1849, que abrigaram os grupos iniciais doRomantismo no Brasil.[1]
Porto-Alegre lançou ainda, em 1844, a revista Lanterna Mágica[5] , primeira publicação de humor político da imprensa brasileira, que circulou por onze edições, incorporando a charge e a caricatura, que deixaram assim de ser vendidas separadamente. A publicação, que tinha o subtítulo Periódico plástico-filosófico, apresentava dois personagens que criticavam as situações do momento, Laverno e Belchior, à semelhança dos tipos Robert Macaire e Bertrand, criados pelo caricaturista francês Honoré Daumier e que tinha em Rafael Mendes de Carvalho seu principal desenhista.
Também deixou outras obras, entre elas, Colombo, Brazilianas (onde escreveu com o pseudônimo Tibúrcio do Amarante)[1] e a Estátua Amazônica.[4]
Obras[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ ab c d e f g h Perfil no sítio oficial da Academia Brasileira de Letras (em português)
- ↑ Pela grafia original do nome, Manoel Joze de Araujo Porto-alegre.
- ↑ Alguns biógrafos utilizam a grafia Manuel de Araújo Porto-alegre.
- ↑ ab c d PORTO-ALEGRE, Achylles. Homens Illustres do Rio Grande do Sul. Livraria Selbach, Porto Alegre, 1917.
- ↑ ab c d e f g h i j k l m Porto Alegre (1806 - 1879): Biografia na Enciclopédia do Itaú Cultural. (em português)
- ↑ Revista Além da Vida, edição n. 30. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro
- ↑ Armorial Lusitano.
- ↑ Arquivo Nobiliárquico Brasileiro.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_de_Ara%C3%BAjo_Porto-Alegre