Rachel de Queiroz


Rachel de Queiroz Academia Brasileira de Letras
Estátua da escritora Rachel de Queiroz em Fortaleza naPraça General Tibúrcio
Data de nascimento17 de novembro de 1910
Local de nascimentoFortaleza Ceará
Nacionalidade Brasileira
Data de morte4 de novembro de 2003 (92 anos)
Local de morteRio de Janeiro Rio de Janeiro
OcupaçãoRomancistacontistatradutora,jornalistacronista
Magnum opusO QuinzeMemorial de Maria Moura
PrémiosPrémio Machado de Assis 1958
Prémio Jabuti 19701992
Prémio Camões 1993
AssinaturaAssinatura de Rachel de Queiroz
Rachel de Queiroz GOIH (Fortaleza17 de novembro de 1910 — Rio de Janeiro4 de novembro de 2003) foi uma tradutora, romancista, escritorajornalista, cronista prolífica e importante dramaturga brasileira.[1]
Autora de destaque na ficção social nordestina. Foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Em 1993, foi a primeira mulher galardoada com o Prêmio Camões.[2] Ingressou na Academia Cearense de Letras no dia 15 de agosto de 1994, na ocasião do centenário da instituição.[3]

Biografia[editar | editar código-fonte]


Rachel de Queiroz com os amigos Adonias Filho(esquerda), e Gilberto Freyre(direita).
Rachel era filha de Daniel de Queiroz Lima e Clotilde Franklin de Queiroz, descendente pelo lado materno da família de José de Alencar.[4]
Em 1917, após uma grande seca, muda-se com seus pais para o Rio de Janeiro e logo depois para Belém do Pará. Retornou para Fortaleza dois anos depois.[2]
Em 1925 concluiu o curso normal no Colégio da Imaculada Conceição. Estreou na imprensa nojornal O Ceará, escrevendo crônicas e poemas de caráter modernista sob o pseudônimo de Rita de Queluz. No mesmo ano lançou em forma de folhetim o primeiro romance, História de um Nome.
Aos vinte anos, ficou nacionalmente conhecida ao publicar O Quinze (1930), romance que mostra a luta do povo nordestino contra a seca e a miséria. Demonstrando preocupação com questões sociais e hábil na análise psicológica de seus personagens, destaca‐se no desenvolvimento do romance nordestino.
Começa a se interessar em política social em 1928-1929 ao ingressar no que restava do Bloco Operário Camponês em Fortaleza, formando o primeiro núcleo do Partido Comunista Brasileiro. Em 1933 começa a dissentir da direção e se aproxima de Lívio Xavier e de seu grupo em São Paulo, lá indo morar até 1934. Milita então com Aristides Lobo,[2] Plínio MelloMário Pedrosa, Lívio Xavier, se filiando ao sindicato dos professores de ensino livre, controlado naquele tempo pelos trotskistas.
Depois, viaja para o norte em 1934, lá permanecendo até 1939. Já escritora consagrada, muda-se para o Rio de Janeiro. No mesmo ano foi agraciada com o Prêmio Felipe d'Oliveira pelo livro As Três Marias. Escreveu ainda João Miguel (1932), Caminhos de Pedras (1937) e O Galo de Ouro (1950).[4]
Foi presa em 1937, em Fortaleza, acusada de ser comunista. Exemplares de seus romances foram queimados. Em 1964, apoiou a ditadura militar que se instalou no Brasil. Integrou o Conselho Federal de Cultura e o diretório nacional da ARENA, partido político de sustentação do regime.[5]

Homenageada em selo postal daSérvia, em 2011.
Lançou Dôra, Doralina em 1975, e depois Memorial de Maria Moura (1992), saga de uma cangaceira nordestina adaptada para atelevisão em 1994 numa minissérie apresentada pela Rede Globo. Exibida entre maio e junho de 1994 no Brasil, foi apresentada emAngolaBolíviaCanadáGuatemalaIndonésiaNicaráguaPanamáPeruPorto RicoPortugalRepública DominicanaUruguai eVenezuela, sendo lançada em DVD em 2004.
Publicou um volume de memórias em 1998. Transforma a sua "Fazenda Não Me Deixes", propriedade localizada em Quixadá, estado doCeará, em reserva particular do patrimônio natural. Morreu em 4 de novembro de 2003, vítima de problemas cardíacos, no seu apartamento no Rio de Janeiro, dias antes de completar 93 anos.[2]
Durante trinta anos escreveu crônicas para a revista semanal O Cruzeiro e com o fim desta para o jornal O Estado de S. Paulo.[6]

Academia Brasileira de Letras[editar | editar código-fonte]

Concorreu contra o jurista Pontes de Miranda para a vaga de Cândido Mota Filho da cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras. Venceu o pleito ocorrido em 4 de agosto de 1977 por 23 votos, contra 15 dados ao opositor e um em branco. Foi empossada em 4 de novembro de 1977.[7] Recebida por Adonias Filho, foi a quinta ocupante da cadeira 5, que tem como patrono Bernardo Guimarães.

Prêmios outorgados (os principais)[editar | editar código-fonte]

  • Prêmio Fundação Graça Aranha para O quinze, 1930
  • Prêmio Sociedade Felipe d' Oliveira para As Três Marias, 1939
  • Prêmio Saci, de O Estado de S. Paulo, para Lampião, 1954
  • Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de obra, 1957
  • Prêmio Teatro, do Instituto Nacional do Livro, e Prêmio Roberto Gomes, da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, para A beata Maria do Egito, 1959
  • Prêmio Jabuti de Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do Livro (São Paulo), para O menino mágico, 1969
  • Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto de obra em 1980
  • Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará, em 1981
  • Medalha Marechal Mascarenhas de Morais, em solenidade realizada no Clube Militar, em 1983
  • Medalha Rio Branco, do Itamarati, 1985;
  • Medalha do Mérito Militar no grau de Grande Comendador, 1986
  • Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais, 1989
  • Prêmio Camões, o maior da Língua Portuguesa, 1993, sendo a primeira mulher a recebê-lo
  • Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual do Ceará - UECE, 1993
  • Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, de Sobral, em 1995
  • Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal, 25 de Março de 1996[8]
  • Prêmio Moinho Santista de Literatura, 1996, dentre outros inúmeros prêmios e títulos
  • Título Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2000
  • Medalha Boticário Ferreira, da Câmara Municipal de Fortaleza, 2001.
  • Troféu Cidade de Camocim em 20 de Julho de 2001 - Academia Camocinense de Letras e Prefeitura Municipal de Camocim

Obras[editar | editar código-fonte]

Principais
  • O quinze, romance 1930, tradução francesa com o título "L'année de la grande sécheresse", Stock, Paris, 1986, ISBN 2-234-01933-8
  • João Miguel, romance (1932)
  • Caminho de pedras, romance (1937)
  • As Três Marias, romance (1939)
  • A donzela e a moura torta, crônicas (1948)
  • O galo de ouro, romance (folhetins na revista O Cruzeiro, 1950)
  • Lampião - peça de teatro (1953)
  • A beata Maria do Egito- peça de teatro (1958)
  • Lampião; A Beata Maria do Egito (livro-2005)
  • Cem crônicas escolhidas (1958)
  • O brasileiro perplexo, crônicas (1964)
  • O caçador de tatu, crônicas (1967)
  • Um Alpendre, uma rede, um açude - 100 crônicas escolhidas
  • O homem e o tempo - 74 crônicas escolhidas
  • O menino mágico, infanto-juvenil (1969)
  • Dôra, Doralina, romance (1975)
  • As menininhas e outras crônicas (1976)
  • O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
  • Cafute e Pena-de-Prata, infanto-juvenil (1986)
  • Memorial de Maria Moura, romance (1992)
  • As terras ásperas (1993)
  • Teatro, teatro (1995)
  • Nosso Ceará, relato, (1997) (em parceria com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
  • Tantos Anos, autobiografia (1998) (com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
  • Não me deixes: suas histórias e sua cozinha, memórias gastronômicas (2000) (com Maria Luiza de Queiroz Salek)
Reunidas de ficção
  • Três romances (1948)
  • Quatro romances (1960)
  • Seleta, seleção de Paulo Rónai; notas e estudos de Renato Cordeiro Gomes (1973)
No dia 4 de dezembro de 2003, um mês depois de sua morte, foi lançado na Academia Brasileira de Letras o livro Rachel de Queiroz, um perfil biográfico da escritora, fruto de uma longa pesquisa realizada pela jornalista Socorro Acioli, publicado pelas Edições Demócrito Rocha.
Sua biografia foi narrada no livro No Alpendre com Rachel, de autoria de José Luís Lira, lançado na Academia Brasileira de Letras em 10 de julho de 2003, poucos meses antes do falecimento da escritora.

Obras traduzidas no exterior[editar | editar código-fonte]

La Terre de la grande soif (O quinze), éditions Anacaona, 2014. Tradução de Paula Anacaona.
Maria Moura (Memorial de Maria Moura), éditions Métailié, 1995.

Traduções[editar | editar código-fonte]

Romances
Biografias e memórias
  • PASSOS, Lucimara dos (2002). Rachel de Queiroz e a sua produção literária na década de 30Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná [S.l.: s.n.]ISBN [[Special:BookSources/Monografia. Consultada em22/02/10 In: [1]|Monografia. Consultada em22/02/10 In: [http://www.utp.br/historia/Tcc/lucimara_passos.pdf]]]Verifique |isbn= (Ajuda).

Referências

  1. Ir para cima Fernando Rebouças (2 de julho de 2008). «Rachel de Queiroz». InfoEscola. Consultado em 17 de novembro de 2012.
  2. ↑ Ir para:a b c d Sabrina Vilarinho. «Rachel de Queiroz»R7. Brasil Escola. Consultado em 17 de novembro de 202.
  3. Ir para cima http://www.ceara.pro.br/acl/Academicosanteriores/RaquelQueiroz.html
  4. ↑ Ir para:a b «Rachel de Queiroz». UOL - Educação. Consultado em 17 de novembro de 2012.
  5. Ir para cima Rachel de Queroz, Heloísa Buarque de Hollanda, Agir Editora, 2005
  6. Ir para cima ABL
  7. Ir para cima Releituras - Rachel de Queiroz
  8. Ir para cima «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Rachel de Queiroz". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 2015-02-17.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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