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François Marie Arouet | |
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Voltaire com 28 anos, por Nicolas de Largillière. | |
Pseudônimo(s) | Voltaire |
Nascimento | 21 de novembro de 1694 Paris |
Morte | 30 de maio de 1778 (83 anos) Paris |
Nacionalidade | Francês |
Ocupação | Filósofo |
Influências | |
Influenciados | |
Magnum opus | Cândido, ou O Otimismo, Cartas Filósoficas |
François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire (Paris, 21 de novembro de 1694 — Paris, 30 de maio de 1778), foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluministafrancês.[1]
Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio, é uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto da Revolução Francesa quanto da Americana. Escritor prolífico, Voltaire produziu cerca de 70 obras[2] em quase todas as formas literárias, assinando peças de teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, mais de 20 mil cartas e mais de 2 mil livros e panfletos.
Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Um polemista satírico, ele frequentemente usou suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Voltaire é o patriarca de Ferney. Ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reisabsolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova prisão, refugiou-se na Inglaterra. Durante os três anos em que permaneceu naquele país, conheceu e passou a admirar as ideias políticas de John Locke.[2]
Índice
[esconder]Ideias[editar | editar código-fonte]
Voltaire foi um pensador que se opôs à intolerância religiosa[3] e à intolerância de opinião existentes na Europa no período em que viveu. Suas ideias reformistas acabaram por fazer com que fosse exilado de seu país de origem, a França. O conjunto de ideias de Voltaire constitui uma tendência de pensamento conhecida como Liberalismo. Exprime na maioria dos seus textos a preocupação da defesa da liberdade, sobretudo do pensar, criticando a censura e a escolástica, como observamos na seguinte frase, escrita por Evelyn Beatrice Hall como tentativa de descrever o espírito de Voltaire: " Posso não concordar com nenhuma palavra do que você disse, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo ".
Destaca-se que Voltaire, em sua vida, também foi "conselheiro" de alguns reis, como é o caso de Frederico II, o grande, da Prússia, um déspota esclarecido.
- Voltaire foi influenciado pelo cientista Isaac Newton e pelo filósofo John Locke;
- Defendia as liberdades civis (de expressão, religiosa e de associação);
- Criticou as instituições políticas da monarquia, combatendo o absolutismo;
- Criticou o poder da Igreja Católica e sua interferência no sistema político;
- Foi um defensor do livre comércio, contra o controle do estado na economia;
- Foi um importante pensador do iluminismo francês e suas ideias influenciaram muito nos processos da Revolução Francesa e de Independência dos Estados Unidos.
Primeiros anos[editar | editar código-fonte]
Voltaire nasceu em uma família abastada, burguesa e aristocrata, em Paris, em 21 de novembro de 1694. Sua mãe morreu depois do parto.[2] Estudou com os jesuítas[4] no Colégio Collège Louis-le-Grand onde revelou-se um aluno brilhante. Frequentou a Societé du Temple, de libertinos e livres pensadores. Por causa de versos irreverentes contra os governantes, foi preso na Bastilha (1717-1718), onde iniciou a tragédia Édipo (1718) e o Poema da Liga (1723).
Logo tornou-se rico e célebre, mas uma discussão com o príncipe de Rohan-Chabot valeu-lhe nova prisão e foi obrigado a exilar-se na Inglaterra (1726-1728). Ali, orientou definitivamente sua obra e seu pensamento para uma filosofia reformadora. Celebrou a liberdade em uma tragédia (Brutus, 1730), criticou a guerra (História de Carlos XII, 1731), os dogmas cristãos (Epístola a Urânio, 1733), as falsas glórias literárias (O templo do gosto, 1733) e escreveu um dos livros que mais o projetaram, as Cartas Filósoficas ou “Cartas sobre os ingleses”, que criticava o regime político francês, fazendo espirituosas comparações entre a liberdade inglesa e o atraso da França absolutista, clerical e obsoleta.
Casou-se esse livro pelas suas autoridades, refugiou-se no Castelo de Cirey, onde procurou rejuvenescer a tragédia (Zaire, 1732; A morte de César, 1735; Mérope, 1743). Logrou obter um lugar na Academia Francesa (1746) graças a algumas poesias (Poema de Fontenoy, 1745), e, no mesmo ano, foi para a corte na condição de historiógrafo real. Convidado por Frederico II, o Grande, da Prússia, foi viver na corte de Potsdam, onde publicou inicialmente o conto Zadig (1747) e posteriormente O século de Luís XIV (1751) e Micrômegas (1752). Em 1753, depois de um conflito com o rei, retirou-se para uma casa perto de Genebra. Ali, chocou ao mesmo tempo os católicos (A donzela de Orléans, 1755), os protestantes (Ensaio sobre os costumes, 1756) e criticou o pensamento de Rousseau (Poema sobre os desastres de Lisboa, 1756).
Início de carreira[editar | editar código-fonte]
Replicando seus opositores com o conto Cândido (1759), refugiou-se em seguida em Ferney que em sua honra se passou a chamar Ferney-Voltaire.
Prosseguiu sua obra escrevendo tragédias (Tancredo, 1760), contos filosóficos dirigidos contra os aproveitadores (Jeannot e Colin, 1764), os abusos políticos (O ingênuo, 1767), a corrupção e a desigualdade das riquezas (O Homem de Quarenta Escudos, 1768),[2] denunciou o fanatismo clerical e as deficiências da justiça, celebrou o triunfo da razão (Tratado sobre a tolerância, 1763; Dicionário Filosófico, 1764).
Iniciado maçom no dia 7 de abril de 1778[5], mesmo ano de sua morte, na Loja Les Neuf Sœurs, Paris, ingressando no Templo apoiado no braço de Benjamin Franklin, embaixador dos EUA na França na época. A sessão foi dirigida pelo Venerável Mestre Lalande na presença de 250 irmãos. O Venerável Ancião foi revestido com o avental que pertenceu a Helvétius e que fora cedido para a ocasião pela sua viúva.
Chamado a Paris em 1778, foi recebido em triunfo pela Academia e pela Comédie-Française, onde lhe ofereceram um busto. Esgotado, morreu a 30 de maio de 1778.
Voltaire foi um teórico sistemático, mas um propagandista e polemista, que atacou com veemência alguns abusos praticados pelo Antigo Regime. Tinha a visão de que não importava o tamanho de um monarca, deveria, antes de punir um servo, passar por todos os processos legais, e só então executar a pena, se assim consentido por lei. Se um príncipe simplesmente punisse e regesse de acordo com o seu bem-estar, seria apenas mais um "salteador de estrada ao qual se chama de 'Sua Majestade'".
As ideias presentes nos escritos de Voltaire estruturam uma teoria coerente, mas por vezes contraditória, que em muitos aspectos expressa a perspectiva do Iluminismo.
Defendia a submissão ao domínio da lei, baseava-se em sua convicção de que o poder devia ser exercido de maneira liberal e racional, sem levar em conta as tradições.
Por ter convivido com a liberdade inglesa, não acreditava que um governo e um Estado liberais, tolerantes fossem utópicos. Não era um democrata, e acreditava que as pessoas comuns estavam curvadas ao fanatismo e à superstição. Para ele, a sociedade deveria ser reformada mediante o progresso da razão e o incentivo à ciência e tecnologia. Assim, Voltaire transformou-se num perseguidor ácido dos dogmas, sobretudo os da Igreja Católica, que afirmava contradizer a ciência, no entanto, muitos dos cientistas de seu tempo eram padres jesuítas.
Sobre essa postura, o catedrático de filosofia Carlos Valverde escreve um surpreendente artigo, no qual documenta uma suposta mudança de comportamento do filósofo francês em relação à fé cristã, registrada no tomo XII da famosa revista francesa Correpondance Littérairer, Philosophique et Critique (1753-1793). Tal texto traz, no número de abril de 1778, páginas 87-88, o seguinte relato literal de Voltaire:
"Eu, o que escreve, declaro que havendo sofrido um vômito de sangue faz quatro dias, na idade de oitenta e quatro anos e não havendo podido ir à igreja, o pároco de São Suplício quis de bom grado me enviar a M. Gautier, sacerdote. Eu me confessei com ele, se Deus me perdoava, morro na Santa Religião Católica em que nasci esperando a misericórdia divina que se dignará a perdoar todas minhas faltas, e que se tenho escandalizado a Igreja, peço perdão a Deus e a ela. Assinado: Voltaire, 2 de março de 1778 na casa do marqués de Villete, na presença do senhor abade Mignot, meu sobrinho e do senhor marqués de Villevielle. Meu amigo."[6][7]
Este relato foi reconhecido como autêntico por alguns, pois seria confirmado por outros documentos que se encontram no número de junho da mesma revista, esta de cunho laico, decerto, uma vez que editada por Grimm, Diderot e outros enciclopedistas. Já outros questionam a necessidade de alguém que já acredita em Deus ter que se converter a uma religião específica, como o catolicismo. No caso de Voltaire não teria ocorrido reconversão.
Morte[editar | editar código-fonte]
Voltaire morreu em 30 de maio de 1778. A revista lhe exalta como "o maior, o mais ilustre e talvez o único monumento desta época gloriosa em que todos os talentos, todas as artes do espírito humano pareciam haver se elevado ao mais alto grau de sua perfeição".
A família quis que seus restos repousassem na abadia de Scellieres. Em 2 de junho, o bispo de Troyes, em uma breve nota, proíbe severamente ao prior da abadia que enterre no Sagrado o corpo de Voltaire. Mas no dia seguinte, o prior responde ao bispo que seu aviso chegara tarde, porque - efetivamente - o corpo do filósofo já tinha sido enterrado na abadia. Livros históricos afirmam que ele tentou destruir a Igreja a favor da maçonaria.
A Revolução trouxe em triunfo os restos de Voltaire ao Panteão de Paris[8] - antiga igreja de Santa Genoveva - , dedicada aos grandes homens. Na escura cripta, frente a de seu inimigo Rousseau, permanece até hoje a tumba de Voltaire com este epitáfio:
"Aos louros de Voltaire. A Assembleia Nacional decretou em 30 de maio de 1791 que havia merecido as honras dadas aos grandes homens".
Legado[editar | editar código-fonte]
Voltaire introduziu várias reformas na França, como a liberdade de imprensa, tolerância religiosa, tributação proporcional e redução dos privilégios da nobreza e do clero. Mas também foi precursor da Revolução Francesa, ela que instaurou a intolerância, a censura e o aumento dos impostos para financiar as guerras, tanto coloniais, quanto napoleônicas (Europa).[2] Se, em uma obra tão diversificada, Voltaire dava preferência a sua produção épica e trágica, foi, entretanto morreu em 100a.c nos contos e nas cartas que se impôs. Como filósofo, foi o porta voz dos iluministas.
Não seria exagero dizer que Voltaire foi o homem mais influente do século XVIII. Seus livros foram lidos por toda a Europa e vários monarcas pediam seus conselhos.
Obras[editar | editar código-fonte]
As principais obras de Voltaire:[2]
- Édipo, 1718
- Mariamne, 1724
- La Henriade, 1728
- História de Charles XII, 1730
- Brutus, 1730
- Zaire, 1732
- Le temple du goût, 1733
- Cartas Filósoficas, 1734
- Adélaïde du Guesclin, 1734
- Le fanatisme ou Mahomet, (escrita em 1736, representada em 1741)
- Mondain (Voltaire), 1736
- Epître sur Newton, 1736
- Tratado de Metafísica, 1736
- L'Enfant prodigue, 1736
- Essai sur la nature du feu, 1738
- Elementos da Filosofia de Newton, 1738
- Zulime, 1740
- Mérope, 1743
- Zadig ou o destino, 1748,
- Sémiramis 1748
- Le monde comme il va, 1748
- Nanine, ou le Péjugé vaincu, 1749
- Le Siècle de Louis XIV, 1751
- Micrômegas, 1752,
- Rome sauvée, 1752
- Poème sur le désastre de Lisbonne, 1756
- Essai sur les mœurs et l'esprit des Nations, 1756
- Histoire des voyages de Scarmentado écrite par lui-même, 1756
- Cândido ou o otimismo, 1759
- Le Caffé ou l'Ecossaise, 1760
- Tancredo, 1760
- Histoire d'un bon bramin, 1761
- La Pucelle d'Orléans, 1762
- Tratado sobre a tolerância, 1763
- Ce qui plait aux dames, 1764
- Dictionnaire philosophique portatif, 1764
- Jeannot et Colin, 1764
- De l'horrible danger de la lecture, 1765
- Petite digression, 1766
- Le Philosophe ignorant, 1766
- L'ingénu, 1767
- L'homme aux 40 écus, 1768
- A princesa da Babilônia, 1768
- Canonisation de saint Cucufin, 1769
- Questions sur l'Encyclopédie, 1770
- Les lettres de Memmius, 1771
- Il faut prendre un parti, 1772
- Le Cri du Sang Innocent, 1775
- De l'âme, 1776
- Dialogues d'Euhémère, 1777
- Irene, 1778
- Agathocle, 1779
- Correspondance avec Vauvenargues, établie en 2006
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ «Voltaire». Info Pensador. Consultado em 3 de fevereiro de 2012
- ↑ ab c d e f «Voltaire». UOL - Educação. Consultado em 20 de novembro de 2012
- ↑ «Voltaire». Sua Pesquisa. Consultado em 2 de fevereiro de 2012
- ↑ «Voltaire (François Marie Arouet)». Net Saber. Consultado em 2 de fevereiro de 2012
- ↑ Mackey's Encyclopedia of Freemasonry (1 de julho de 2011). «Voltaire». Mason Dictionary. Consultado em 3 de fevereiro de 2012
- ↑ O Cândido, os Idiotas e os Hereges Defensores dos Direitos Humanos Giancarla Brunetto - acessado em 24 de outubro de 2015
- ↑ Spinoza, Voltaire e Renan Coluna Roberto Corrêa - Itu Notícias - acessado em 24 de outubro de 2015
- ↑ Voltaire (em inglês) no Find a Grave
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
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