Inferno é um termo usado por diferentes religiões, mitologias e filosofias, representando a morada dos mortos, ou lugar de grande sofrimento e de condenação. A origem do termo é latina: infernum, que significa "as profundezas" ou o "mundo inferior".
Etimologia
A palavra inferno, que hoje conhecemos, origina-se da palavra latina pré-cristã inferus "lugares baixos", infernus.[1-6]. Na Bíblia latina, a palavra é usada para representar o termo hebraico Seol e os termos gregos Hades e Geena, sem distinção.A maioria das versões em idioma Português seguem o latim, e eles não fazem distinção do original hebraico ou grego.Das palavras Hades e Sheol, ambas com mesmo significado, tendo conotação clara de um lugar para onde os mortos vão. Em versículos bíblicos onde se menciona tais palavras, é possível perceber que se trata de um só lugar (Ou estado espiritual).Com o passar do tempo, muitas religiões interpretaram o inferno, como o destino de apenas alguns; pessoas que não assumiram uma conduta louvável no ponto de vista religioso, e que por isso, foram condenadas ao sofrimento jamais visto pelo mundo material.[7]
Alguns teólogos observaram, contraditoriamente, que o inferno não poderia ser um lugar desagradável, afirmando que um personagem bíblico que estava em sofrimento no mundo real, almejou “esconder-se no inferno”, para aliviar sua dor.Porém, o próprio Jesus fez uma narrativa de uma situação de uma pessoa que se encontrava no inferno, essa pessoa implorava a Abraão que mandasse um conhecido que não estava no inferno lhe refrescasse a língua com pelo menos a ponta do dedo molhado em água, pois em chamas era atormentado (Ver Lucas, capítulo 16, versículos de 19 ao 31).[8]Obviamente tal relato não foi em sentido literal, pois uma gota de água não alivia dor de quem está em chamas ou num calor intenso, mas queria dizer que pelo enorme sofrimento precisaria aliviar-se de qualquer jeito.A crença na existência de um lugar de tormento para o significado das palavras Hades e Sheol, foi muitas vezes confundida com a palavra “Geena”, traduzida para “lago de fogo”, uma forma simbólica para destruição eterna.Alguns teólogos concluem que todos que morrem vão para o inferno (Hades e Sheol), lugar onde até o próprio Jesus foi, a sepultura, sua câmara mortuária.Como a própria Bíblia menciona, ele não foi esquecido no Inferno, foi ressuscitado ao terceiro dia conforme relatam os evangelhos. Porém deve-se salientar que outros teólogos veem que essa ida de Cristo ao lugar de tormento foi para tomar o lugar de cada ser humano que estava destinado à morte eterna pelo pecado original de Adão, e sendo Jesus tido como o consumador da fé serviu de cordeiro expiatório apesar de não ter visto corrupção.
Mudanças no Sentido da Palavra Inferno
O Dicionário Expositivo de Palavras do Velho e do Novo Testamento diz a respeito do uso de inferno para traduzir as palavras originais do hebraico Sheol e do grego Hades (Bíblia): Hades Corresponde a Sheol no Antigo Testamento. Na Versão Autorizada do A.T. e do N. T., foi vertido de modo infeliz por Inferno.[9]A Enciclopédia da Collier diz a respeito de Inferno: Primeiro representa o hebraico Seol do Antigo Testamento, e o grego Hades, daSeptuaginta e do Novo Testamento. Visto que Seol, nos tempos do Antigo Testamento, se referia simplesmente à habitação dos mortos e não sugeria distinções morais, a palavra ‘inferno’, conforme entendida atualmente, não é uma tradução feliz.[10] O Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster diz: Devido ao entendimento atual da palavra inferno (Latim Infernus) é que ela constitui uma maneira tão infeliz de verter estas palavras bíblicas originais. A palavra inferno não transmitia assim, originalmente, nenhuma idéia de calor ou de tormento, mas simplesmente de um lugar coberto ou oculto (de helan, esconder).[11]
A Enciclopédia Americana diz: Muita confusão e muitos mal-entendidos foram causados pelo fato de os primitivos tradutores da Bíblia terem traduzido persistentemente o hebraico Seol e o grego Hades e Geena pela palavra inferno. A simples transliteração destas palavras por parte dos tradutores das edições revistas da Bíblia não bastou para eliminar apreciavelmente esta confusão e equívoco.[12] O significado atribuído à palavra inferno atualmente é o representado em A Divina Comédia de Dante[13], e no Paraíso Perdido de Milton[14], significado este completamente alheio à definição original da palavra. A idéia dum inferno de tormento ardente, porém, remonta a uma época muito anterior a Dante ou a Milton.
O Inferno de Fogo e a Igreja
O conceito sobre o inferno de fogo começou a ser adotado pelos cristãos principalmente a partir do 2.° século EC, bem depois da época dos primitivos cristãos, segundo a “Apocalypse of Peter (Apocalipse de Pedro do 2.° século EC) foi a primeira obra cristã apócrifa a descrever apunição e as torturas de pecadores no inferno”.[15]
No entanto, os primeiros Pais da Igreja discordavam na questão do inferno. Justino, o Mártir, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Cipriano acreditavam que o inferno era um lugar de fogo. Orígenes e o teólogo Gregório de Nissa achavam que o inferno era um lugar de separação de Deus, de sofrimento espiritual. Agostinho de Hipona, por outro lado, sustentava a idéia de que o sofrimento no inferno era tanto espiritual como físico, conceito que passou a ser aceito.Por volta do quinto século a rigorosa doutrina de que os pecadores não terão uma segunda oportunidade após a vida, e que o fogo que os devorará jamais se extinguirá, prevalecia em toda a parte.[16]
No século XVI, reformadores protestantes tais como Martinho Lutero e João Calvino entenderam que o tormento ardente do inferno simbolizava passar a eternidade separado de Deus.No entanto, a idéia de o inferno ser um lugar de tormento ressurgiu nos dois séculos seguintes.O pregador protestante Jonathan Edwards costumava aterrorizar o coração dos colonos americanos no século XVIII com a descrição vívida do inferno.Pouco depois, porém, as chamas do inferno começaram a diminuir lentamente. “O inferno quase morreu no século 20”.[17]
Inferno como arquétipo contemporâneo:
A fusão entre paixão, desejo, pecado e condenação envolvida na imagem do Inferno permitiram ao imaginário contemporâneo imaginar antes lugar de prazer e de servidão ao prazer do que propriamente de sofrimento ou purificação.O fenômeno é bem observado na cultura cristã que, no seguimento dos esforços aplicados às ideias de purificação do monoteísmo, condenou as divindades mais materiais da fertilidade, das paixões e da energia sexual, o que literalmente as transformou em demônios. Assim, os arquétipos da paixão e do prazer ficaram associados ao do inferno, com a conseqüente mudança de sentido e de atração sobre a imaginação.
Outras correntes de pensamento atuais, curiosamente também com base na cultura católica-cristã, demonstram a sua opinião de inferno não como um local físico, mas antes como um estado de espírito, indo ao encontro da ideia preconizada por diversas correntes filosófico-religiosas partidárias da reencarnação.
No Politeísmo
Mitologia grega - Na mitologia grega, as profundezas correspondiam ao reino de Hades, para onde iam os mortos. Daí ser comum encontrar-se a referência de que Hades era deus dos Infernos. O uso do plural,infernos indica mais o caráter de submundo e mundo das profundezas do que o caráter de lugar de condenação, em geral dado pelo singular, inferno.Distinguindo o lugar dos mortos - o Hades - a mitologia grega também concebeu um lugar de condenação ou de prisão, o Tártaro. A Grolier Universal Encyclopedia(Enciclopédia Universal Grolier, 1971, Vol. 9, p. 205), sobre “Inferno”, diz:
“Os hindus e os budistas consideram o inferno como lugar de purificação espiritual e de restauração final. A tradição islâmica o considera como um lugar de castigo eterno.”
O conceito de sofrimento após a morte é encontrado entre os ensinos religiosos pagãos dos povos antigos da Babilônia e do Egito.As crenças dos babilônios e dos assírios retratavam o “mundo inferior, como lugar cheio de horrores,presidido por deuses e demônios de grande força e ferocidade”. Embora os antigos textos religiosos egípcios não ensinem que a queima de qualquer vítima individual prosseguiria eternamente, eles deveras retratam o “Outro Mundo” como tendo “covas de fogo” para “os condenados”. — The Religion of Babylonia and Assyria (A Religião de Babilônia e Assíria), de Morris Jastrow Jr., 1898, p. 581; The Book of the Dead (O Livro dos Mortos), com apresentação de E. Wallis Budge, 1960, pp. 135, 144, 149, 151, 153, 161, 200.
No Judaísmo
No judaísmo, o termo Gehinom (ou Gehena) designa a situação de purificação necessária à alma para que possa entrar no Paraíso - denominado por Gan Eden. Nesse sentido, o inferno na religião e mitologia judaica não é eterno, mas uma condição finita, após a qual a alma está purificada.Outro termo designativo do mundo dos mortos é Sheol, que apresenta essa característica de desolação, silêncio e purificação.A palavra vem de Ceeol, que mais tarde dá origem ao termo sheol, não confundindo com "Geena" que era o nome dado a uma ravina profunda ao sul de Jerusalém, onde sacrifícios humanos eram realizados na época de doutrinas anteriores.Mais tarde, tornou-se uma espécie de lixão da cidade de Jerusalém, frequentemente em chamas devido ao material orgânico.O uso do termo Sheol indica lugar de inconsciência e inexistência, conforme o contexto nos mostra e não um lugar de punição.
No Cristianismo
No Cristianismo existem diversas concepções a respeito do inferno, correspondentes às diferentes correntes cristãs.A idéia de que o inferno é um lugar de condenação eterna, tal como se apresenta hoje para diversas correntes cristãs, nem sempre foi e ainda não é consenso entre os cristãos.Nos primeiros séculos do cristianismo, houve quem defendesse que a permanência da alma no inferno era temporária, uma vez que inferno significa "sepultura", de onde, segundo os Evangelhos, a pessoa pode sair quando da ressurreição. Essa idéia é defendida hoje por várias correntes cristãs.
No Catolicismo
Para a corrente Cristã católica, conduzida pela Igreja Católica Apostólica Romana, o inferno é eterno e corresponde a um dos chamados novíssimos ensinamentos de caráter dogmático, ou seja, irrevogáveis: a morte, o juízo final, o inferno e o paraíso.
Baseando-se em textos bíblicos como quando Jesus disse que o homem que desprezar seu irmão “incorrerá no fogo da Gehenna” (Mt 5,22).Jesus também advertiu, “não temais os que matam o corpo mas não podem matar a alma. Antes, temei quem pode destruir tanto corpo como alma na Gehenna” (Mt 10,28).Jesus disse, “Se tua mão te faz cair, corta-a. Melhor você entrar na vida com uma só mãos que manter ambas as mãos e ir para a Gehenna com seu fogo inextinguível” (Mc 9,43).Usando a parábola do joio e do trigo para descrever o juízo final, Jesus disse, “os anjos lançarão [os pecadores] na fornalha inflamável onde prantearão e moerão os seus dentes (Mt 13,42).Também, quando Jesus fala sobre o juízo final onde a ovelha será separada dos lobos, Ele dirá ao pecador, “afastai-vos de mim, malditos, para o fogo perpétuo preparado para o demônio e seus anjos (Mt 25,41).No Livro da Revelação, é relatado que cada pessoa é julgada individualmente e os pecadores são lançados em uma “fosso de fogo, a segunda morte”(20,13-14).
"O inferno é real? O inferno é eterno?"
Resposta: O inferno é real - Estudos mostram que mais de 90% das pessoas no mundo crêem em um “céu”, enquanto menos de 50% crêem em um inferno eterno. De acordo com a Bíblia, o inferno é sim real. A punição dos ímpios no inferno é tão eterna como a felicidade dos justos no Céu. A punição dos perdidos mortos em pecado é descrita através da Escritura como “fogo eterno” (Mateus 25:41), “fogo que nunca se apagará” (Mateus 3:12), “vergonha e desprezo eterno” (Daniel 12:2), um lugar “onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Marcos 9:44-49), um lugar de “tormentas” e “chamas” (Lucas 16:23-24), “eterna perdição” (II Tessalonicenses 1:9), um lugar de tormento com “fogo e enxofre” onde “a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre” (Apocalipse 14:10-11) e “lago de fogo e enxofre” onde os ímpios “de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Apocalipse 20:10). O próprio Jesus indica que a punição no inferno é eterna, e não meramente a fumaça e as chamas (Mateus 25:46).
Aqueles que estiverem no inferno reconhecerão a perfeita justiça de Deus (Salmos 76:10). Aqueles que estiverem no inferno, real como é, saberão que sua punição é justa e que eles sozinhos têm a culpa (Deuteronômio 32:3-5).
O INFERNO CONFORME O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA:
Definição do inferno:
§1033 Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".
§1034 Jesus fala muitas vezes da "Geena", do "fogo que não se apaga", reservado aos que recusam até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode perder ao mesmo tempo a alma e o corpo. Jesus anuncia em termos graves que "enviar seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade, e os lançarão na fornalha ardente" (Mt 13,41-42), e que pronunciar a condenação: "Afastai-vos de mim malditos, para o fogo eterno!" (Mt 25,41).
Doutrina da Igreja sobre o inferno
§1036 As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do Inferno são um chamado à responsabilidade com a qual o homem deve usar de sua liberdade em vista de seu destino eterno. Constituem também um apelo insistente à conversão: "Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram" (Mt 7,13-14): Como desconhecemos o dia e a hora, conforme a advertência do Senhor, vigiemos constantemente para que, terminado o único curso de nossa vida terrestre, possamos entrar com ele para as bodas e mereçamos ser contados entre os benditos, e não sejamos, como servos maus e preguiçosos, obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.
Inferno e aversão livre e voluntária de Deus
§1037 Deus não predestina ninguém para o Inferno; para isso é preciso uma aversão voluntária a Deus (um pecado mortal) e persistir nela até o fim. Na Liturgia Eucarística e nas orações cotidianas de seus fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, que quer "que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se" (2Pd 3,9): Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda de vossos servos e de toda a vossa família; dai-nos sempre a vossa paz, livrai-nos da condenação e acolhei-nos entre os vossos eleitos.
Pecado mortal causa da morte eterna
§1861 O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo julgar que um ato é em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.
Descida de Cristo aos infernos
§624 "Pela graça de Deus, Ele provou a morte em favor de todos os homens" (Hb 2,9). Em seu projeto de salvação, Deus dispôs que seu Filho não somente "morresse por nossos pecados" (1Cor 15,3), mas também que "provasse a morte", isto é, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado do Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida aos Infernos. É o mistério do Sábado Santo, que o Cristo depositado no túmulo manifesta o grande descanso sabático de Deus depois da realização da salvação dos homens, que confere paz ao universo inteiro.
§631 "Jesus desceu às profundezas da terra. Aquele que desceu é também aquele que subiu" (Ef 4,9-10). O Símbolo dos Apóstolos confessa em um mesmo artigo de fé a descida de Cristo aos Infernos e sua Ressurreição dos mortos no terceiro dia, porque em sua Páscoa é do fundo da morte que ele fez jorrar a vida:Cristo, teu Filho/ que, retomado dos Infernos,/ brilhou sereno para o gênero humano,/ e vive e reina pelos séculos dos séculos. Amem.
§632 As freqüentes afirmações do Novo Testamento segundo as quais Jesus "ressuscitou dentre os mortos" (1Cor 15,20) pressupõem, anteriormente à ressurreição, que este tenha ficado na Morada dos Mortos. Este é o sentido primeiro que a pregação apostólica deu à descida de Jesus aos Infernos: Jesus conheceu a morte como todos os seres humanos e com sua alma esteve com eles na Morada dos Mortos. Mas para lá foi como Salvador, proclamando a boa notícia aos espíritos que ali estavam aprisionados. (1Pd 4,6).
§633 A Escritura denomina a Morada dos Mortos, para a qual Cristo morto desceu, de os Infernos, o sheol ou o Hades, Visto que os que lá se encontram estão privados da visão de Deus. Este é, com efeito, o estado de todos os mortos, maus ou justos, à espera do Redentor que não significa que a sorte deles seja idêntica, como mostra Jesus na parábola do pobre Lázaro recebido no "seio de Abraão"."São precisamente essas almas santas, que esperavam seu Libertador no seio de Abraão, que Jesus libertou ao descer aos Infernos". Jesus não desceu aos Infernos para ali libertar os condenados nem para destruir o Inferno da condenação, mas para libertar os justos que o haviam precedido.
§634 "A Boa Nova foi igualmente anunciada aos mortos..." (1Pd 4,6). A descida aos Infernos é o cumprimento, até sua plenitude, do anúncio evangélico da salvação. É a fase última da missão messiânica de Jesus, fase condensada no tempo, mas imensamente vasta em sua significação real de extensão da obra redentora a todos os homens de todos os tempos e de todos os lugares, pois todos os que são salvos se tomaram participantes da Redenção.
§635 Cristo desceu, portanto, no seio da terra, a fim de que "os mortos ouçam a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem vivam" (Jo 5,25). Jesus, "o Príncipe da vida", "destruiu pela morte o dominador da morte, isto é, O Diabo, e libertou os que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte" (Hb 2,5). A partir de agora, Cristo ressuscitado "detém a chave da morte e do Hades" (Ap 1,18), e "ao nome de Jesus todo joelho se dobra no Céu, na Terra e nos Infernos" (Fl 2,10).Um grande silêncio reina hoje na terra, um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio porque o Rei dorme. A terra tremeu e acalmou-se porque Deus adormeceu na carne e foi acordar os que dormiam desde séculos... Ele vai procurar Adão, nosso primeiro Pai, a ovelha perdida. Quer ir visitar todos os que se assentaram nas trevas e à sombra da morte. Vai libertar de suas dores aqueles dos quais é filho e para os quais é Deus: Adão acorrentado e Eva com ele cativa. "Eu sou teu Deus, e por causa de ti me tornei teu filho. Levanta-te, tu que dormes, pois não te criei para que fiques prisioneiro do Inferno: Levanta-te dentre os mortos, eu sou a Vida dos mortos."
Descida do homem aos infernos
§1035 O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, "o fogo eterno". A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.
Porta dos infernos e Igreja
§552 No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar. Jesus confiou-lhe uma missão única. Graças a uma revelação vinda do Pai, Pedro havia confessado: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16). Nosso Senhor lhe declara na ocasião: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as Portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela" (Mt 16,18). Cristo, "Pedra viva"; garante a sua Igreja construída sobre Pedro a vitória sobre as potências de morte. Pedro, em razão da fé por ele confessada, permanecerá como a rocha inabalável da Igreja. Terá por missão defender esta fé de todo desfalecimento e confirmar nela seus irmãos.
PERGUNTA: Como pode o Pai do Céu, que é infinitamente bom, condenar o homem a um inferno eterno, quando os pais na terra não castigam seus filhos com punições sem fim ? Certamente Deus há de perdoar aos pecadores que se acham no inferno ?
A dificuldade acima provém de uma concepção errônea do inferno: supõe, seja este um castigo que Deus na hora do juízo concebe mais ou menos arbitrariamente para atormentar a criatura; em tal caso, a sentença divina poderia ser reformada ou até cancelada por anistia, à semelhança do que se dá nos tribunais humanos. Na verdade, a condenação ao inferno não depende propriamente de um veredito divino pronunciado após a morte do pecador; é, antes, a consequência muito lógica de certos princípios que caracterizam a existência do ser humano, de modo que se pode dizer que, anteriormente a uma sentença divina positiva, já o pecador lavrou sua sorte infernal; não é preciso que Deus tome alguma deliberação especial para que o inferno se torne realidade para o pecador.Para tal questão, alguns princípios devem ser ob3servados:
1. Todo homem traz em si uma aspiração inata e incoercível ao Bem Infinito, que é Deus (todos querem ser bem- aventurados sem que possam assinalar limites a essa sua sede de bem-aventurança).
2. Para conseguir a felicidade a que aspiram, Deus outorgou às criaturas humanas o livre arbítrio. Este lhes confere dignidade própria, fazendo que se movam, e não sejam simplesmente movidas, em demanda do Fim Supremo.
3. Se o homem, utilizando devidamente a sua liberdade de arbítrio, adere ao infinito ou a Deus, compreende-se que esta atitude se lhe torne fonte de alegria e felicidade imensas; pois então convergem para o mesmo objetivo as aspirações inatas de sua natureza humana e a opção consciente da vontade livre.
4. Admita-se, porém, que a criatura humana livremente preste adesão, e adesão total, a um bem criado (dinheiro, gozo, fama), afastando-se conscientemente de Deus.De tal atitude não pode deixar de resultar tremendo dualismo ou penosa dilaceração dentro da alma humana; a sua natureza, feita para o Bem Infinito, continua a bradar por Deus, enquanto a vontade adere a um bem finito.Convém aqui lembrar que a adesão a um bem finito capaz de provocar tal dilaceração é chamada «pecado mortal», o qual só se dá quando as três seguintes condições são simultaneamente preenchidas:
a) haja matéria grave,
b) haja pleno conhecimento de causa (ato da inteligência),
c) haja vontade deliberada e consciente de aderir ao bem finito.
Caso estas três condições sejam preenchidas, toda a personalidade humana (por suas faculdades características: o intelecto e a vontade) está empenhada.
5. Enquanto o pecador é peregrino neste mundo, pode mitigar o drama que ele traz em seu íntimo: ocupando-se com as tarefas e as diversões da vida cotidiana, vai encobrindo aos seus próprios olhos a dura realidade de sua alma, e esquece, ao menos parcialmente, a dilaceração de sua personalidade.
6. Suponha-se, porém, que tal indivíduo venha a morrer nessa situação: sua alma se separa do corpo e deixa de usufruir, da parte das criaturas sensíveis, os paliativos que a consolavam neste mundo. A consequência será clara: tal alma continuará a trazer dentro de si o desejo profundo e espontâneo de se saciar no Bem infinito; tal desejo está impregnado na natureza humana e é incoercível; nenhuma criatura humana pode ser concebida sem essa aspiração ou sem esse sinete característico. A mesma alma, porém, tomará consciência clara da monstruosidade de seu estado: sim, verificará que a sua vontade livre terá dirigido toda a personalidade do indivíduo para um bem limitado e lacunoso, incapaz de a satisfazer; ao finito terá dado a adesão que devia ter prestado ao infinito. E não lhe será possível «esquecer» essa situação, pois não terá em torno de si algum dos objetos sensíveis que lhe serviam de paliativo neste mundo.Daí redunda a mais profunda dilaceração de que seja capaz a criatura: de um lado, haverá o brado espontâneo da natureza, anterior a qualquer deliberação, brado voltado para Deus, o Infinito; do outro lado, existirá deliberada entrega da vontade a uma criatura, ao finito; estes dois clamores estarão em luta entre si, dividindo ou retorcendo (por assim dizer) a alma.
7. Tal é o estado em que, logo após a morte, entra naturalmente a alma de quem tenha pecado gravemente. Vê-se então como, antes mesmo que Deus profira alguma sentença sobre ela, essa alma já traz dentro de si o inferno, ou o maior tormento possível. O juízo póstumo que o Senhor formula a seu respeito, não vem a ser senão o reconhecimento de tal situação; nada de novo induz na sorte que tal alma ocasionou para si.
Mas porque é que o Senhor reconhece e não muda essa ordem de coisas vigente na alma do réu ?
O Senhor não a muda, porque só o faria forçando ou violentando a livre deliberação da criatura. Ora Deus, que dotou de personalidade livre o ser humano, não lhe retira a dignidade assim outorgada; antes, respeita-a plenamente.Seja lícito lembrar de novo o seguinte: todo pecado grave supõe, da parte do homem, claro conhecimento do mal e pleno desejo de o cometer; supõe, portanto, uma tomada de posição consciente e livre de toda a personalidade humana frente à mais séria das questões, que é a questão do Fim Último. Não se poderá, por conseguinte, tachar de pecado mortal qualquer ação que tenha aspecto de culpa grave, pois nenhum observador humano é capaz de penetrar o íntimo das consciências para lá discernir as possíveis atenuantes da culpabilidade. Não nos é lícito, por conseguinte, em caso algum supor ou afirmar que determinada pessoa está no inferno. Se a justiça humana leva em conta os estados de obsessão e diminuída responsabilidade dos criminosos, muito mais a Justiça Divina os considera, de modo que ninguém padece a triste sorte do inferno sem realmente se ter encaminhado para ela.
8. Contudo talvez insista alguém: afinal, Deus, que é sumamente misericordioso, não poderia perdoar ?
Sim! Deus poderia perdoar, e de fato, perdoa às suas criaturas, desde que, da parte destas, uma condição se verifique: haja repúdio do pecado ou arrependimento; em caso contrário, isto é, se a criatura não o quer receber, vão se torna o perdão. Ora acontece justamente que nenhuma das almas que morrem em pecado mortal e, por conseguinte, nenhum dos réprobos do inferno se quer arrepender e voltar para Deus, por muito tormentosa que seja a sua situação. Com efeito, a alma só muda de disposições ou se arrepende quando unida ao corpo; é só mediante a atividade dos sentidos externos e internos que ela pode conceber novos conhecimentos e desejos; por conseguinte, quando se separa do corpo ou dos sentidos, a alma humana se fixa irrevogavelmente na última disposição que teve durante esta vida (amor ou ódio a Deus). O pecador, portanto, que morra com aversão a Deus e apego apaixonado à criatura, para o futuro sentirá, de um lado, a tremenda dilaceração que este afeto acarreta, mas, de outro lado, não desejará em absoluto voltar para Deus, desfazendo-se do seu amor desregrado ao finito; não o desejando, está claro que o Senhor não o forçará.Vê-se assim algo de aparentemente paradoxal, mas sumamente verídico e significativo: não há quem esteja no inferno e daí queira sair; os réprobos sofrem, mas não querem abandonar o estado que lhes motiva o sofrimento. Se algum deles pedisse perdão, Deus não lho negaria.Esta afirmação é ilustrada pela parábola do filho pródigo (cf. Lc 15, 11-32). Não há dúvida, tal trecho do S. Evangelho visa incutir a suma confiança em Deus cuja misericórdia surpreende a expectativa humana; o Senhor perdoa ultrapassando todas as categorias da benevolência humana. Contudo a parábola bem mostra que esse perdão só é outorgado à criatura que, cheia de arrependimento o deseje e peça: «Pai, pequei contra o céu e contra Ti; já não sou digno de ser chamado teu filho» (Lc 15,18), exclamou o herói da narrativa. Ora foi justamente o fato de se ter reconhecido indigno que lhe mereceu ser recebido como filho bem-amado! Oxalá os homens que se afastam de Deus, procedessem até as últimas instâncias como o filho pródigo! Então seriam sempre tratados como este!
9. Deve-se observar outrossim que o estado aflitivo do réprobo não tem fim, porque a alma humana é, por sua natureza, imortal (não consta de partes que se desgastem e decomponham); cf. «P.R.» 2/1957, qu. 5. Deus poderia, a rigor, aniquilar as criaturas que estão no inferno. Ele não o faz, porém, pois a existência desses seres tem seu sentido no conjunto do universo. Note-se bem que o centro ou o ponto de referência de todas as criaturas não é o homem, mas Deus; todas as criaturas são chamadas a dar glória a Deus; portanto, desde que realizem esta finalidade, sua existência tem valor no grande quadro do universo. Ora o pecador sofre no inferno justamente porque reconhece que Deus é sumamente bom e que ele voluntàriamente se incompatibilizou com o Sumo Bem (se não reconhecesse a Bondade de Deus, o réprobo não sofreria). Vê-se então que o tormento mesmo do pecador é proclamação da perfeição e da santidade de Deus; destarte a existência do réprobo não é vã, mas preenche sua finalidade primária e suprema. A modalidade de que essa existência, para o respectivo sujeito, é infeliz, torna-se secundária; Deus fez o homem para ser, e ser sempre (claro está que… à semelhança do Exemplar Divino, o qual é sempre feliz) ; a modalidade de ser feliz, porém, Deus a quis tornar dependente da livre opção do homem; este a pode frustrar. Contudo, o bem fundamental que é o ser, existir, Deus o quis tomar a seus exclusivos cuidados; o Criador o dá irrevogàvelmente; não o retira, mesmo que o homem não cumpra a sua parte, abusando do dom do Benfeitor. O homem, por conseguinte, existirá sempre, como Deus planejou bondosamente, mesmo que, em consequência de uma livre opção sua, não exista feliz. Sua existência, mesmo nessas circunstâncias, não carecerá de significado e valor.
10. Talvez ainda nos aflore à mente uma última dúvida: Deus, sabendo que tal ou tal criatura se perderia no inferno, não poderia ter deixado de a criar? Não deveria ter feito apenas criaturas que usassem da sua liberdade para o bem? Reflitamos um pouco sobre o valor dessa «sedutora» solução do problema. «Liberdade» diz, por seu conceito mesmo, variedade e multiplicidade de realizações; é natural, portanto, que a liberdade humana se afirme na história com essa multiplicidade de formas que a caracterizam; se tal variedade não se verifica, tem-se estranha liberdade,liberdade artificialmente canalizada numa só direção; ora, isto não sendo normal, não se poderia pretender que Deus procedesse assim. O essencial é que nenhuma das criaturas livres, mesmo usando plenamente da sua liberdade, deixe de ser uma expressão da santidade do Criador; ora isto se verifica também nos réprobos, os quais, por todo o seu ser, no inferno, proclamam a Perfeição e, em particular, a Bondade do Criador. O Senhor não criou seres livres que artificialmente só optassem por um alvitre, como também não criou flores de papel, mas criou flores naturais; é somente o homem que, não podendo produzir flores naturais, fabrica flores artificiais, flores que não murcham,mas flores que parecem ser flores, quando, na verdade, não o são!
Ora, para o inferno só vai quem livremente por suas ações e opções fez por onde merecê-lo, pois o céu é graça, o inferno é mérito. A minha vida de Cristão não gira em torno do medo do inferno, mas em servir a Deus que tanto me tem abençoado sem merecimento algum, pois Ele existe antes de mim, e nada fiz antecipadamente para merecer seu amor.Pergunta que não cala: Se o inferno não existe, seria justo Hitler e Madre Tereza de Calcutá receberem o mesmo prêmio ?
Na Divina comédia de Dante na entrada da Porta do Inferno está a frase: “ Deixa aqui fora toda tua esperança...”Dirá, porém, o incrédulo: “Onde está a justiça de Deus ao castigar com pena eterna um pecado que dura um instante?” E como se atreve o pecador, por um prazer momentâneo, a ofender um Deus de majestade infinita? Ora a resposta é simples: é eterna, porque a relação TEMPO E ESPAÇO já não existe na ETERNIDADE, entramos em estado eterno de decisão que tomamos no TEMPO.E porque o réprobo jamais poderá prestar satisfação por sua culpa. Nesta vida, o pecador penitente pode satisfazer pela aplicação dos merecimentos de Jesus Cristo; mas o condenado não participa desses méritos, e, portanto, não podendo por si satisfazer a Deus, sendo eterno o pecado, eterno também deve ser o castigo (Sl 48, 8-9).
“Ali a culpa disse o Belluacense, poderá ser castigada, mas jamais expiada” (Lib. II, 3p), porque, segundo Santo Agostinho, “ali o pecador é incapaz de arrependimento”.E ainda que Deus quisesse perdoar ao réprobo, este não aceitaria a reconciliação, porque sua vontade obstinada e rebelde está confirmada no ódio contra Deus.
Disse o Papa Inocêncio III:
“Os anjos réprobos e os condenados não se humilharão; pelo contrário, crescerá neles a perseverança do ódio”. São Jerônimo afirma que “nos réprobos, o desejo de pecar é insaciável” (Pr 27, 20). A ferida de tais desgraçados é incurável; porque eles mesmos recusam a cura (Jr 15, 18).” (Santo Afonso de Ligório - Preparação para a morte, edição em PDF, pp. 287-288)
11. Outras questões atinentes ao inferno já foram abordadas em «P. R.» 3/1957, qu. 5. O que interessava, na presente questão, era mostrar que o inferno nada tem de arbitrário da parte de Deus; não é um castigo que o Criador estipule atendendo a um código de penas e sanções, à semelhança do que se dá na justiça humana, código naturalmente reformável. O inferno, em verdade, não é senão a última consequência da violação dos princípios que definem a estrutura do ser humano: quem voluntariamente ingere veneno, morre, simplesmente porque contradisse as leis que regem a vida física do homem (Dom Estêvão Bettencourt - OSB).
No Protestantismo
Para muitas das denominações protestantes, o inferno é o local destituido da presença de Deus, porém não lhe está oculto, sendo que no cumprir das profecias esse inferno será lançado no lago que arde com fogo e enxofre. A interpretação bíblica protestante afirma que, após a morte, a alma, uma vez no inferno, não poderá mais sair, assim como em relação ao paraíso (céu), não existindo forma de cruzar a fronteira que separa estes dois locais.Há ainda outra visão dentro do cristianismo não-católico, que coloca a morte como um sono, um estado sem consciência (Eclesiastes 9:5;Jó 14:21; João 11:11-14), de forma que, conseqüentemente, os ímpios mortos não estão no inferno nem os salvos mortos no céu, mas aguardando a segunda vinda de Cristo, quando então os salvos entrarão para o céu, que é eterno, e os ímpios entrarão no lago de fogo, o inferno, (Apocalipse 20:15), que também será eterno (Miquéias 4:3).Segundo esta interpretação, o inferno é um lugar preparado para a punição de Satanás, seus anjos e seus seguidores (Mateus 25:41), ao contrário da visão comum que coloca Satanás como dominante do inferno.
No Adventismo
Na criação da humanidade, a união do pó da terra com o fôlego de vida produziu uma criatura ou alma vivente. Adão não recebeu uma alma como entidade separada; ele tornou-se alma vivente (Gênesis 2:7). Na morte, ocorre o inverso: o pó da terra menos o fôlego de vida resulta numa pessoa morta ou alma morta, sem qualquer grau de consciência (Jó 34:14-15; Salmo 146:4; Eclesiastes 9:5,6).Os elementos que haviam composto o corpo retornam à terra de onde haviam provindo (Gênesis 3:19), enquanto que fôlego de vida volta a Deus, que o deu (Eclesiastes 12:7). Cabe lembrar que na Bíblia, os termos hebraico e grego para 'espírito' (ruach e pneuma, repectivamente) NÃO se referem a uma entidade inteligente, capaz de existência consciente à parte do corpo. Ao contrário, esses termos se aplicam ao 'fôlego de vida' - o princípio vital da existência que anima seres humanos e animais. (baseado no livro 'Nisto Cremos' - Ensinos Bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia - download:http://www.cpb.com.br/arqs/nc/NC.pdf) A Bíblia é enfática ao afirmar que uma pessoa viva É uma alma (Atos 7:14); afirma, também, que a alma NÃO é imortal (Ezequiel 18:4; Romanos 6:23), que o homem busca a imortalidade (Romanos 2:6-7; I Coríntios 15:53) e que o Único que possui e imortalidade é Deus (I Timóteo 6:16).Assim sendo, fica evidente que os mortos dormem num estado de inconsciência (I Reis 2:10; 11:43; Jó 14:12; Salmo 17:15; Mateus 27:52; João 11:11-14; I Coríntios 15:51; I Tessalonicenses 4:13-17); logo, não estão em alguma habitação intermediária mas, unicamente, na sepultura (Jó 3:11-19; 14:10-12; Salmo 89:48; Eclesiastes 9:10; João 5:28-29), donde não poderão retornar às suas casas (Jó 7:9-10), não possuem glórias (Salmo 49:17), não sabem de nada do que se passa (Jó 14:21), não possuem sentimentos e nem lembrança alguma (Eclesiastes 9:5-6), não lembram de Deus e nem louvam a Deus (Salmos 6:5; 88:11; 115:17; Isaías 38:18-19).É impossível que algum homem esteja, agora, no Céu, pois a Bíblia afirma que ninguém subiu ao Céu, a não ser Jesus Cristo (João 3:13; Atos 2:34; Hebreus 11:13).O próprio Cristo afirmou que não subiu ao Céu por ocasião de Sua morte (João 27:17), mas desceu ao Hades (greg. supultura - Atos 2:31), ressuscitando ao terceiro dia (Atos 2:32).Todos aguardam a segunda vinda de Cristo, quando então os salvos serão ressuscitados e reinarão com Jesus durante mil anos (I Tessalonicenses 4:15-18; 2 Corintios 4:14, Apocalipse 20:6). Depois desse período, os ímpios ressuscitarão para o Juízo final (Apocalipse 20:5-9).Então cairá fogo e enxofre do Eterno Deus para purificar a Terra (2 Pedro 3:10-12). Esse fogo queimará tudo (Isaias 33:12; Malaquias 4:1); não restará nada (Salmo 37:20). Satanás, os demônios e os ímpios também serão aniquilados (Apocalipse 20:9). Isso é chamado pela Bíblia de segunda morte (Apocalipse 20:6, 14) Jesus e Seu povo fiel reinará para sempre na Nova Terra (Apocalipse 21:1-5).
Nos textos originais, o significado da palavra inferno está associado à total inconsciência dos mortos na sepultura. A nomenclatura inferno não aparece nos textos gregos e hebraicos por se tratar de uma palavra de origem latina (inferuim - mundo inferior). Na Bíblia, os próprios termos originais já denotam isso - Sheol (hebraico, sig. sepultura: Salmos 16:10; 49:15; 89:48); Hades (grego, sig, sepultura: Atos 2:27 e 31, Apocalipse 20:13-14).O fogo da destruição final vem da palavra hebraica "Geena", e mesmo este só ocorre após o juizo final e resulta na aniquilação completa de Satanás, os demônios e os perversos (Mateus 10:28). Cada um receberá seu castigo de acordo com suas obras (Mateus 16:27; II Timóteo 4:1; Apocalipse 20:11-15; 22:12). Por fim, é interessante notar que em Mateus 25 e Apocalipse 14, as palavras traduzidas por "eterno" e "séculos dos séculos" não significam necessariamente sem fim.As palavras gregas aion e aionios expressam duração enquanto a natureza do objeto permite. Por exemplo, em Judas 7 registra que as cidades de Sodoma e Gomorra estão sofrendo o fogo do castigo eterno (aionios) Mas 2 Pedro 2:6 diz que elas foram reduzidas a cinzas, tanto que é facilmente verificável que tais cidades não estão mais queimando em chamas. Quando o objeto das palavras "eterno" ou "para sempre" é a vida dos remidos que recebem imortalidade, a palavra significa um tempo sem fim.Quando se refere ao castigo dos ímpios, que não recebem a imortalidade, a palavra tem o significado de um período limitado de tempo. (baseado na Lição da Escola Sabatina - Jan/Mar 2009 - Casa Publicadora).
Para os adventistas do sétimo dia, o plano de Deus não é a destruição da humanidade, mas a salvação das pessoas gratuitamente por meio da fé (Efésios 2:8-9) no sacrifício do Seu Filho (João 3:16).O objetivo de Deus é restaurar a Terra em sua imagem edênica (Atos 3:21), criando um novo Céu, um novo Lar para Seus filhos queridos (Apocalipse 21 e 22), livre da dor e da morte (Isaías 25:8-9), com um ambiente perfeito e puro (Isaías 35), nesta terra renovada (Salmos 37:9 e 22; 78:69; Mateus 5:5; Apocalipse 5:11), onde os salvos habitarão para sempre (Isaías 66:22-23) nas moradas que Cristo foi preparar (João 14:1-3) O pecado não se levantará segunda vez (Naum 1:9)
Nas Testemunhas de Jeová
Para as Testemunhas de Jeová, o inferno de fogo como lugar literal de tortura das pessoas iníquas é rejeitado. Citam na Bíblia, os termos normalmente traduzidos por "inferno", Hades (Bíblia) [termo grego] e Seol [ou Sheol, termo hebraico], significando "sepultura" ou "lugar dos mortos". Também no caso de Geena [termo grego] com a ideia de destruição e aniquilação eterna.(Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas).Citam Atos 2:27, onde Jesus desceu ao Inferno (Hades ou Seol) e foi ressuscitado . As Testemunhas de Jeová acreditam que após a ressurreição dos mortos, os pecados anteriores não lhes serão imputados [Romanos 6:7 "Pois aquele que morreu foi absolvido do [seu] pecado".(TNM) mas poderão recomeçar a vida escolhendo voluntariamente servir a Deus e alcançar assim a salvação.
No Espiritismo
O inferno, segundo a visão do Espiritismo, é um estado de consciência da pessoa que incorre em ações contrárias às estabelecidas pelasLeis morais, as quais estão esculpidas na consciência de cada pessoa.Uma vez tendo a criatura a sua consciência “ferida”, passa a viver em desajuste mais ou menos significativo de acordo com o grau de gravidade de suas ações infelizes, e se estampam através de desequilíbrios Espiritual, emocional, psicológico ou até mesmo orgânico. Esta situação lhe causa terríveis dissabores.Uma vez morta, se a criatura não evitou ações infelizes, buscando vivência saudável de acordo com as leis divinas, ela segue para o Plano Espiritual ou incorpóreo. Lá, junta-se a outros espíritos, que trazem conturbações conscienciais semelhantes. Afins, atraem afins.Os Planos Espirituais de sofrimentos são inumeráveis e, guardam níveis de sofrimentos diferenciados, cujos níveis são estabelecidos pelos tipos de degradação da consciência, resultantes das ações perpetradas por cada criatura. Portanto o Inferno na visão espírita, como região criada por Deus para sofrimento eterno da criatura e geograficamente constituído, não existe. Se um dia todas estas criaturas sofredoras na erraticidade regenerarem-se, estas regiões deixarão de existir. É como se todos os pacientes de um manicômio terrestre fossem curados; o hospital poderia ser demolido e ceder o seu espaço a um jardim, etc.Deus não imputa pena eterna a nenhum de seus filhos. Podem Sofrer, enquanto não despertarem para o Bem e se propuserem a trilhar o reto caminho.Um dia mais cedo ou mais tarde Ele, O Criador, na Sua Misericórdia e Amor, concederá à criatura sofredora retorno à carne para continuar o seu aprendizado e aperfeiçoamento.Estes conceitos são encontrados em O Livro dos Espíritos, editado em Abril de 1857 na sua quarta parte e, no livro O Céu e o Inferno editado em 1865. Ambas obras tendo como autor, Allan Kardec.
No Islamismo
No Islã, o inferno é eterno, consistindo em sete portões pelos quais entram as várias categorias de condenados, sejam eles muçulmanos injustos ou não-muçulmanos. Como na crença judaica, para o islamismo o inferno também é um lugar de purificação das almas, onde aqueles que, se ao menos um dia de suas vidas acreditaram que Deus (Allah) é único, não Gerou e nem Foi gerado, terão suas almas levadas ao Paraíso um dia. Não raro, é comum a crença de que no Islã o castigo é eterno, por ter bases fundamentalistas de alguns praticantes, pelo fato de o Alcorão mencionar diversas vezes a palavra castigo e sofrimento no fogo do inferno. Porém é fato que o mesmo Texto deixa claro que existem condições para se pagar os pecados e sofrer as consequencias, como também existem meios de se alcançar o perdão para o não banimento ao inferno por meio de aplicações de condutas que condizem com os bons costumes e a maneira de enxergar Deus, a vida e a forma de como deverá cada ser conduzi-la, a ponto de pagarem seus pecados post mortem, ou alcançarem a graça do perdão Divino.
No Budismo
De certo modo, todo o samsara é um lugar de sofrimento para o budismo, visto que em qualquer reino do samsara existe sofrimento. Entretanto, em alguns reinos, o sofrimento é maior correspondendo à noção de inferno como lugar ou situação de maior sofrimento e menor oportunidade de alcançar a liberação do samsara. Por esse motivo, muitas vezes expressam-se esses mundos de sofrimento maior como infernos. Nenhum renascimento em um inferno é eterno, embora o tempo da mente nessas situações possa ser contado em eras. Contam-se dezoito formas de infernos, sendo oito quentes, oito frios e mais dois infernos que são, na verdade, duas subcategorias de infernos: os da vizinhança dos infernos quentes e o infernos efêmeros. Além desses dezoito que constituem o "Reino dos Infernos", pelo sofrimento, o "Reino dos Fantasmas Famintos" é comparável à noção de inferno, sendo constituído de estados de consciência de forte privação - como fome ou sede - sem que haja possibilidade de saciar essa privação.No budismo, o renascimento em um inferno é uma conseqüência das virtudes e não-virtudes praticadas, de acordo com a verdade relativa dokarma. Entretanto, alguns poucos atos podem, por si, conduzir a um renascimento nos infernos, principalmente o ato de matar um Buda e o ato de matar o próprio pai ou a própria mãe. A meditação sobre os infernos deve gerar compaixão.
O inferno segundo as mais variadas mitologias
1)- i Yu, o inferno da mitologia chinesa;
2)- Hades, o inferno da mitologia greco-romana;
3)- Helgardh, o inferno da mitologia nórdica;
4)- Mundo dos mortos, o inferno da mitologia egípcia;
5)- Mag Mell, o inferno da Mitologia irlandesa;
6)- Ne no Kuni e Yomi no Kuni, os infernos da mitologia japonesa.
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