Ciência (parte 2)

Continuação da parte 1

Ciências exatas e inexatas

Esta classificação divide as ciências de acordo com o grau de precisão das descrições e previsões realizadas com base nos modelos - nas teorias - científicas pertinentes. As ciências exatas são em princípio capazes de fornecer resultados com elevado grau de precisão acerca dos sistemas abrangidos - envolvendo sempre modelos matemáticos geralmente acurados - enquanto as ciências inexatas as previsões são geralmente direcionais, e não exatas. A exemplo, pegando-se dois casos situados em extremidades opostas em temos de precisão, é possível prever-se com precisão "exata" e confirmar-se com certeza experimental na casa dos milímetros qual será a trajetória da Lua ao redor da Terra, contudo embora se possa descrever, com base na psicologia[Nota 11], o "modus operandi" de um maníaco e a partir dela se cogitar as ações futuras deste, não é possível prever-se com precisão qual será seu próximo passo, onde este se dará, ou mesmo se ele vai realmente dá-lo.[carece de fontes]
Toda medida experimental traz consigo uma incerteza inerente, e esta também deve constar no relatório associado. Na figura, gráfico relacionado à física do estado sólido apresentando os resultados experimentais pertinentes em forma adequada: repare as barras de incerteza vertical acompanhando o "valor medido" em cada ponto. A incerteza horizontal confunde-se em princípio com a largura do ponto. Apresenta-se também uma modelagem matemático-analítica dos resultados.
Frente à classificação aqui proposta é importante ressaltar que não existe medida experimental absolutamente precisa. Toda medida envolve no mínimo considerações a respeito da precisão e qualidade dos aparelhos usados para executá-la - não sendo certamente este o único fator a contribuir para a incerteza final da medida. Ressaltando-se que "incerteza" não é o mesmo que "erro" quando empregado no sentido de realizar-se o experimento de forma incorreta, ou seja, executarem-se passos que comprometam a validade dos resultados durante o experimento, incerteza é algo inerente ao processo de medida, associada não só ao processo de leitura da escala no instrumento em si como também a perturbações aleatórias ou sistemáticas no sistema durante este processo; perturbações estas certamente controláveis e geralmente mantidas em níveis satisfatórios - sendo esta a razão da existência dos laboratórios - contudo raramente elimináveis - e em verdade, segundo proposto no princípio da incerteza de Heisemberg, algo intrínseco à natureza.[carece de fontes]
Toda medida experimental deve ser acompanhada de sua incerteza, havendo áreas da matemática e da própria ciência especializadas no assunto de como se expressar e se tratar as medidas e as associadas incertezas de forma que, mesmo com as últimas presentes, informações seguras possam ser alcançadas a partir das medidas. A noções de algarismos significativosnotação científica - incluindo-se a faixa de incerteza, e de barras de incertezas em expressões gráficas de medidas - são geralmente ensinadas nos cursos de física do ensino médio logo nas primeiras séries. Em cursos superiores estudam-se também, ainda nos primeiros semestres, os principais tópicos ligados à teoria da medida. Nestes termos, quando diz-se que os modelos matemáticos atrelados às ciências exatas fornecem descrições e previsões "exatas" a respeito do sistema em consideração está-se em verdade a dizer que os resultados através deles obtidos estão dentro do limite - e geralmente, por idealização dos modelos, no centro - das faixas de incertezas experimentalmente obtidas.[carece de fontes]
É importante perceber que não é o nível de acuracidade - a exatidão ou ausência de incerteza - nas previsões feitas a partir da teoria que definem se uma teoria é científica ou não; mesmo porque não existe teoria absolutamente precisa em ciência visto que não há medida experimental absolutamente precisa. O que define se uma teoria é científica ou não é a obediência rigorosa ou não da metodologia empregada tanto na obtenção dos fatos quanto na formulação das ideias e na obtenção das conclusões e previsões derivadas à metodologia científica.[Nota 12]
É comum confundirem-se as ideias de ciências naturais e exatas, e ciências sociais e inexatas. Esta associação, embora geralmente "aceitável" visto serem as ciências sociais geralmente ciências inexatas e as ciências empíricas geralmente ciências exatas, não se mostra contudo rigorosa, e dentro das ciências naturais há exemplos marcantes que o demonstram. A teoria da evolução biológica é um belo exemplo de teoria científica que, mesmo obedecendo rigorosamente todos os passos do método científico, mesmo contando com incontáveis fatos científicos que a corroborem - nenhum que a contradiga - e com ideias sólidas que os explicam e que permitem fazer considerações matemáticas e probabilísticas precisas acerca da distribuição de genes em uma população, acerca da hereditariedade, e outras, não fornece um modelo matemático com o qual se possa prever quais espécies existirão ou serão extintas ao longo do tempo, ou seja, como se dará em detalhes a especiação ao longo do tempo, mesmo porque não lhe é factível conhecer todas as variáveis que mostrar-se-ão importantes ao modelo (como catástrofes naturais, ocorrência de mutações, etc.). Neste ponto ela não ultrapassa a posição de demostrar-nos claramente que a evolução acontece continuamente, e de descrever o que se conhece sobre as espécies no presente e no passado, permanecendo o futuro, entretanto, em aberto. Mesmo classificada como ciência exata, considerações similares e pertinentes cabem certamente também à mecânica quântica: mesmo esta contando com modelos matemáticos muito elaborados e sofisticados, em vista de um de seus postulados - o da redução da função de onda no ato da medida - o futuro dos sistemas descritos geralmente permanece, também, em aberto.[carece de fontes]
Em vista do exposto e de que geralmente exemplos de ambas as teorias podem ser encontradas dentro de uma dada ciência - ou sendo mais específico dentro de uma dada cadeira científica - talvez fosse mais pertinente usarem-se as expressões "teorias exatas" e "teorias inexatas" ao invés de "ciências exatas" e "ciências inexatas". Contudo as nomenclaturas-padrão atrelam-se às duas últimas expressões.[carece de fontes]
Uma teoria ou ciência exata é qualquer campo da ciência capaz de fornecer modelos matemáticos com expressões quantitativas e predições precisas a respeito dos sistemas tratados - este necessariamente compatíveis com tal descrição, sendo geralmente condizentes com a execução de experimentos reprodutíveis envolvendo medições e prediçõesquantificáveis, e não obstante - aparte interferências ou perturbações externas - com o determinismo estrito. A coerência entre os resultados matemáticos e experimentais é - dentro da incerteza experimental - precisa. Nestes termos MatemáticaFísicaQuímica,Computação assim como partes da BiologiaPsicologia e Economia podem ser consideradas como ciências exatas.[carece de fontes]

Ciências duras e moles

Ver artigo principal: Ciências duras e ciências moles
Os áreas ou cadeiras de estudo científicos podem ser distinguidos em ciências duras e ciências moles, e esses termos às vezes são considerados sinônimos dos termos ciência natural e social, respectivamente.
Os proponentes dessa divisão argumentam que as "ciências moles" não usam o método científico, admitem evidências anedotais ou não são matemáticas, ainda somando-se a todas uma "falta de rigor" em seus métodos.[carece de fontes]
Os oponentes dessa divisão das ciências respondem que as "ciências sociais" geralmente fazem sistemáticos estudos estatísticos em ambientes estritamente controlados, ou que essas condições não são aderidas nem sequer pelas ciências naturais, a citar-se que a Biologia Comportamental depende do trabalho de campo em ambientes não controlados, e que a Astronomia não pode realizar experimentos, apenas observar condições limitadas. Os oponentes dessa divisão também enfatizam que cada uma das atuais "ciências duras" sofreram uma similar "falta de rigor" em seus primórdios.[carece de fontes]
O fato é que para uma teoria classificar-se como científica a mesma têm de obedecer a todos os rigores do método científico sem contudo transcendê-lo. Ao tomarem-se para comparação as "ciências sociais" e as "ciências empíricas", há certamente um número muito maior de teorias à beira do "abismo" que separa as teorias científicas das não científicas no primeiro caso. O leitor deve sempre verificar por si mesmo, ao lidar com as teorias encontradas nas ciências sociais, se estas realmente são teorias científicas, ou não.[carece de fontes]

Ciências nomotéticas e ideográficas

Wilhelm Windelband, primeiro a esboçar a distinção entre ciência monotética e idiográfica.
Uma outra classificação das ciências se apoia nos métodos empregados. O primeiro esboço desta distinção é atribuído ao filósofo alemão do século XIX Wilhelm Windelband. Uma primeira distinção desta ordem pode ser feita entre as ciências nomotéticas e as ciências ideográficas.[carece de fontes]
As 'ciências nomotéticas' são baseadas no coletivismo metodológico, e se preocupam em estabelecer leis gerais para fenômenos suscetíveis de serem reproduzidos, com o objetivo final de se conhecer o universo. Fazem parte destas ciências a Física e a Biologia, e também algumas ciências sociais como a Economia, a Psicologia ou mesmo a Sociologia.[carece de fontes]
As 'ciências ideográficas' são baseadas no individualismo metodológico, e se preocupam em estudar o singular, o único, as coisas que não são recorrentes. Quer seja um facto ou uma série de fatos, a vida ou a natureza de um ser humano, ou de um povo, a natureza e o desenvolvimento de uma língua, de uma religião, de uma ordem jurídica ou de uma qualquer produção literária, artística ou científica. O exemplo da História mostra que não é absurdo considerar que o singular possa constituir-se em um objeto para abordagem científica.[carece de fontes]

Campos interdisciplinares

Ver artigo principal: Interdisciplinaridade
O termo "ciência" é às vezes usado de forma não usual - ou seja, em sentido lato - junto a áreas de estudo que guardam interdisciplinaridadecom áreas verdadeiramente científicas e que por tal também fazem uso dos métodos científicos - ao menos em parte - ou ainda junto a quaisquer estudos que aspirem ser explorações cuidadosas e sistemáticas dos objetos com os quais lidam. Incluem-se como exemplos a ciência da computação, a ciência da informação e a ciência ambiental. Tais áreas acabam até mesmo por serem inclusas nas classificações acima mencionadas.[carece de fontes]
É importante contudo ressaltar que a definição de ciência em acepção estrita permanece inviolada, e ao se lidar com tais ciências, devem-se tomar os devidos cuidados.[carece de fontes]

Comunidade científica

Fachada da Royal Society, em Londres, Inglaterra.
A comunidade científica consiste no corpo de cientistas, suas relações e interações, e nos meios necessários à manutenção destas. Ela é normalmente dividida em "sub-comunidades", cada uma trabalhando em um campo particular dentro da ciência. Contudo, assim como a ciência é única, também o é a comunidade científica.[carece de fontes]

Instituições

As sociedades científicas para a comunicação e para a promoção de ideias e experimentos científicos existem desde o período da Renascença.[Ref. 17]A mais antiga instituição que ainda existe atualmente é a Accademia dei Lincei na Itália.[Ref. 18]As academias de ciência nacionais são instituições especiais - geralmente atreladas e apoiadas pelos governos - que existem em vários países; as primeiras de que se tem notícia são a Royal Societyinglesa, fundada em 1660[Ref. 19]e a Académie des Sciencesfrancesa, esta fundada em 1666.[Ref. 20]
Organizações científicas internacionais, como International Council for Science, tem sido formadas para promover a cooperação entre as comunidades científicas de diferentes países. Recentemente, agências governamentais influentes tem sido criadas para dar suporte à pesquisa científica, incluindo a National Science Foundation nos Estados Unidos.[carece de fontes]

Literatura

Os livros científicos podem destinar-se tanto ao pessoal leigo quanto ao especializado, sendo recorrentes na formação de pessoal qualificado. Na figura, "The Feynman Lectures on Physics" - uma coleção de livros que todo físico ou interessado por física conhece.
São publicadas literaturas científicas de vários tipos.[Ref. 21]As revistas científicas comunicam e documentam os resultados de pesquisas feitas em universidades e nas várias instituições de pesquisa, servindo como um arquivo de registro da ciência. A primeira revista científica, Journal des Sçavans, a qual seguiu-se a Philosophical Transactions, teve sua primeira edição publicada em 1665. Desde essa época o número total de periódicos ativos tem aumentado constantemente. Em 1981, uma estimativa do número de revistas científicas e técnicas sendo publicadas resultou em 11.500 periódicos distintos.[Ref. 22]Atualmente o Pubmed lista quase 4.000 periódicos apenas sobre as ciências médicas.[Ref. 23]
A maioria das revistas científicas cobre um único campo científico e publica as pesquisas dentro desse campo, mostrando-se geralmente de interesse apenas ao pessoal pertinente à área dada a especificidade da linguagem e profundidade do conteúdo. Contudo a ciência tem se tornado tão penetrante na sociedade moderna que normalmente é considerado necessário comunicar os feitos, notícias e ambições dos cientistas para um número maior de pessoas e não apenas aos especialistas. As revistas como a NewScientistScience & Vie e Scientific American são dirigidas ao público leigo; são feitas para um grupo maior de leitores e proveem um sumário não-técnico de áreas populares de pesquisa, incluindo descobertas e avanços notáveis em certos campos de pesquisa como físicabiologiaquímicageologiaastronomia, e diversos outros.[carece de fontes]
Os livros científicos figuram como um divisor de águas no que se refere ao público alvo, estando presentes de forma rotineira não apenas nas academias de ciências - ao serem usados como material de apoio nas etapas de formação de pessoal - como também em bibliotecas ou acervos pessoais de um grande número de cidadãos interessados por ciências, sendo acessíveis em princípio ao público leigo bem como aos profissionais da área. Os livros educacionais destinados ao ensino médio relativos às disciplinas científicas são exemplos de livros científicos, assim o sendo também livros destinados aos cursos mais avançados em áreas afins. Contudo, qualquer que seja o público alvo, um livro científico mantém-se sempre fiel aos pressupostos da ciência buscando divulgar de forma correta as teorias que encerram bem como as relações entre estas.[carece de fontes]
Do outro lado, o gênero literário da ficção científica - fantástica por princípio - trabalha com a imaginação do público ao distorcer as ideias científicas, e às vezes os métodos, da ciência. Embora a ficção científica de hoje possa tornar-se realidade amanhã - sendo a bomba nuclear um clássico exemplo - os livro científicos e de ficção científica certamente têm naturezas muito distintas.[carece de fontes]
Esforços recentes para intensificar ou desenvolver ligações entre disciplinas científicas e não-científicas como a Literatura ou, mais especificamente, a Poesia, incluem a pesquisa Ciência da Escrita Criativa desenvolvida pelo Royal Literary Fund.[Ref. 24]

Ciência e sociedade

Ver artigo principal: Ciências sociais

Ciência e pseudociências

Na definição de ciência ressalta-se explicitamente que não admite-se - frente à ausência de fatos empíricos em contrário e por princípio - entidades e causas sobrenaturais - onipotentes ou semi-potentes - como elementos responsáveis pelos fenômenos naturais ou sociais. Caso tais causas fossem admitidas neste caso, haveria um lapso na causalidade inerente ao método científico - e ao mundo natural - estando as relações de causa e efeito então sujeitas às "vontades imprevisíveis" das entidades e forças sobrenaturais; as hipóteses não seriam por tal testáveis ou falseáveis, não seriam úteis à descrição da natureza visto que poderiam ser violadas bastando um "desejo" da entidade certa, e por tal também não obedeceriam aos meios ou às finalidades inerentes ao método científico - espinha dorsal do que se denomina por ciência.[carece de fontes]
Uma rápida inspeção na literatura ou conhecimento socialmente difundido é suficiente para encontrarem-se inúmeras "teorias" que clamam ser científicas - contudo, se não invocam explicações sobrenaturais de maneira expressa - abrem todos os caminhos, delimitam as trilhas e pavimentam as rodovias para que esta conclusão se faça a única viável à assumida sua validade. Certamente a conclusão não é levada à cabo na própria "teoria" pois "distorceria" demais o método científico, ficando esta conclusão a cargo do "cientista". Como um bom exemplo de uma destas teorias tem-se o design inteligente, "teoria" que clama validade como científica contudo implica a existência de um projetista onipotente para o mundo natural. Tal teoria foi desenvolvida com o objetivo de "compatibilizar" os dogmas defendidos por uma corrente religiosa intransigente à laicidade de estados soberanos - em particular à separação entre estado e religião - a fim de que esta fosse ensinada nos estabelecimentos estatais de ensino ao lado, ou de preferência em substituição, às teorias - realmente científicas - não compatíveis com seus dogmas.[Nota 13]Tais teorias, pelas razões já amplamente enfatizadas no corpo deste artigo, não integram a ciência, e são, para fins de referência, classificadas como pseudociências. A escolha da expressão é sugestiva visto que, seguindo-se a etimologia da palavra, esta explicita a tentativa destas em disfarçarem-se em ciência.[carece de fontes]

Ciência ou técnica?

Ver artigos principais: História da tecnologiaInvençãoTécnica e Tecnologia
A técnica (grego antigo τέχνη, technê, que significa arteofício "know-how""refere-se às aplicações da ciência, do conhecimento científico ou teórico, nas realizações práticas e nas produções industriais e económicas".[Ref. 25]A técnica cobre assim o conjunto dos métodos de fabrico, de manutenção, de gestãoreciclagem, e de eliminação dos desperdícios, que utilizam métodos procedentes de conhecimentos científicos ou simplesmente métodos ditados pela prática de certos ofícios, geralmente oriundos de inovações empíricas. Pode-se então falar de arte, no seu sentido primeiro, ou das ciências aplicadas, e a tecnologia atual associa-se então ao "estado da arte". A ciência é, por outro lado, um estudo mais abstracto, onde a busca pela compreensão não raro supera a busca por uma aplicação. A epistemologia examina designadamente as relações entre a ciência e a técnica, como a articulação entre o abstração e o "know-how". No entanto, historicamente, a técnica veio primeiro.. "O Homem foi homo-faber, antes de ser homo sapiens", explica o filósofoBergson. Contrariamente à ciência, a técnica não tem por vocação interpretar o mundo, está lá para transformá-lo, a sua vocação é prática e não teórica.[carece de fontes]
A Expulsão de Adão e Eva do Jardim de Eden, antes e depois de sua restauração[Nota 14]
A técnica frequentemente é considerada como se fizesse parte integrante da história das ideias ou da história das ciências. No entanto, é necessário efetivamente admitir a possibilidade de uma técnica não-científica, isto é, evoluindo fora de qualquer corpo científico e que resume as palavras de Bertrand Gille:[carece de fontes]
A técnica, na acepção de conhecimento intuitivo e empírico da matéria e as leis naturais, é assim a única forma de conhecimento prático. Há contudo filósofos que enfocam o ponto de que o método científico nada mais é, ao fim das contas, do que uma forma elaborada do método da tentativa e erro tão presente junto aos avanços técnicos. Nestes termos, técnica e ciência teriam muito mais em comum do que se imagina no caso acima.[carece de fontes]

Artes e ciência

Ver artigo principal: Arte científica e ciência da cultura
Hervé Fischer fala, no livro A sociedade sobre o divã (2007), de uma nova corrente artística que usa a ciência e as suas descobertas como inspiração, como as biotecnologias, as manipulações genéticas, a inteligência artificial, a robótica. Além disso, o tema da ciência foi frequentemente a origem de quadros ou de esculturas. O movimento futurista, por exemplo, considera que o campo social e cultural devem racionalizar-se.[carece de fontes]
Por último, as descobertas científicas ajudam os peritos em arte. O conhecimento da desintegração do carbono 14, por exemplo, permite datar as obras. O laser permite restaurar, sem danificar as superfícies, os monumentos. O princípio da síntese aditiva das cores restaura autocromos. As técnicas de análise físico-químicos permitem explicar a composição dos quadros, ou mesmo descobrir palimpsestos. A radiografia permite sondar o interior de objetos ou de peças sem poluir o mesmo. O espectrográfico é utilizado, por último, para datar e restaurar os vitrais.[Nota 15]

Cientificismo

Ver artigo principal: Cientificismo
Há dezenas e mesmos centenas de religiões no mundo, contudo a ciência não é uma delas. A título de explicação têm-se alguns símbolos que representam as principais religiões na atualidade. Da esquerda para a direita:Linha 1: CristianismoJudaísmoHinduísmoLinha 2: Islamismo, (ateísmo), XintoísmoLinha 3: SikhismoBahaiJainismo.
cientificismo é uma ideologia que surgiu no século XVIII, considerando que o conhecimento científico permitiria à humanidade escapar da ignorância e por conseguinte, de acordo com a fórmula de Ernest Renan no livro Futuro da ciência, de "organizar cientificamente a humanidade".[carece de fontes]
Se baseia na aplicação dos princípiosmétodos e ética da ciência na busca do consenso científico. Para seus detratores[Nota 16]há uma verdadeira religião da ciência, particularmente no Ocidente. Sob acepções menos técnicas, o cientificismo pode ser associado à ideia que só os conhecimentos cientificamente estabelecidos são verdadeiros. Pode também causar um certo excesso de confiança na ciência que transformar-se-ia em dogma. A corrente do ceticismo científico, inspirada no ceticismo filosófico, tenta apreender eficazmente a realidade com base no método científico. Seu objetivo é contribuir para a formação em cada indivíduo de uma capacidade crítica de apropriação do saber humano para combater o misticismo e as pseudociências.[carece de fontes]
Para alguns epistemologistas, o cientificismo aparece de todas as formas[carece de fontes]Robert Nadeau, apoiando-se sobre um estudo realizado em 1984[Ref. 26], considera que a cultura escolar é constituída de clichés epistemológicos que formariam uma espécie de mitologia dos tempos modernos que seria uma espécie de cientificismo.[Ref. 27]Estes clichés incluiriam a história da ciência, resumida e reduzida a descobertas que balizam o desenvolvimento da sociedade, as ideias que consideram as leis científicas, e mais geralmente os conhecimentos científicos, como verdades absolutas e últimas, e que as provas científicas são não menos que absolutas e por tal definitivas. Tanto a própria ciência como uma grande quantidade de filósofos discordam desse aspecto. Thomas Kuhn mostrou que o conhecimento científico sempre sofre revoluções, alterações e evoluções. É importante contudo ressaltar que a ideologia de que "tudo é passageiro e incerto, logo tudo é duvidoso, de que a ciência não dá provas, logo deve-se ensinar tanto ciência como pseudociência, e deixar os alunos escolherem" é certamente totalmente incoerente com a definição de ciência, e não é e nem pode sera ideia que permeia o sitema educacional. Contudo a falta de apresentação clara sobre o que é ciência e como se faz ciência, bem como o analfabetismo científico de cidadãos formados em sistemas educacionais limitados implica neste tipo de argumentação falha.[carece de fontes]
Foi a Sociologia do conhecimento, nos anos 1940 a 1970, que questionou a hegemonia do cientificismo. Os trabalhos de Ludwig WittgensteinAlexandre Koyré e Thomas Kuhn demonstraram incoerências no positivismo do século XIX. As experiências não se constituem provas absolutas das teorias e os paradigmas estão destinados a evoluir.[carece de fontes]

Vulgarização científica

Uma demonstração de uma experiência na Gaiola de Faraday no museu Palais de la découverteParis.
A vulgarização é o fato de tornar acessíveis as descobertas, bem como o mundo científico, a todos e numa linguagem adaptada.[carece de fontes]
A compreensão da ciência pelo grande público é objeto de estudos; os autores falam de Public Understanding of Science(compreensão pública da ciências), expressão consagrada na Grã-Bretanhaciência literacy (alfabetização científica) nos Estados Unidos; e cultura científica na França. Segundo os senadores franceses Marie-Christine Blandin e Ivan Renard este é um dos principais vetores da democratização e da generalização do saber.[Ref. 28]Em várias democracias, a vulgarização da ciência está entre projetos que misturam diferentes fatores econômicos, institucionais e políticos. Na França, a Educação Nacional tem por missão sensibilizar o aluno à curiosidade científica, através de conferências, de visitas regulares a de "ateliers" (oficinas) de experimentação, e outros. A Cité des sciences et de l'industrie é um estabelecimento público que coloca à disposição de todos exposições sobre as descobertas científicas, enquanto que o Centre de culture scientifique, technique et industrielle tem "por missão favorecer as trocas entre a comunidade científica e o público".[Ref. 29]FuturoscopeVulcania e Palais de la découverte são outros exemplos de disponibilização de conhecimentos científicos. Os Estados Unidos também possuem instituições que possibilitam uma experiência mais acessível através dos sentidos e que as crianças podem experimentar, como o Exploratorium[Ref. 30]de São Francisco.
A vulgarização concretiza-se, por consequência, através das instituições e dos museus, mas também, de acordo com Bernard Schieleno livro Les territoires de la culture scientifique,[Ref. 31]através das animações públicas, como a Nuit des étoiles, de revistas como a Galileu, e de personalidades (Hubert Reeves e Carl Sagan para a astronomia).[carece de fontes]
Uma importante contribuição para a vulgarização da ciência é hoje fornecida pela mídia aberta ou a cabo, a citarem-se programas de televisão como o Globo CiênciaGlobo EcologiaCSI: investigação Criminal, e diversos outros programas frequentemente televisionados em canais como History channelAnimal PlanetDiscovery channel, e mesmo em canais devotados à divulgação de temas educativos, como a TV Educativa e a Rede Minas.[carece de fontes]

Ciências ao serviço da ideologia e da guerra

Ver artigos principais: Ciência militar e tecnologia militar
laser é a origem de uma das descobertas militares. Na figura vê-se um feixe de laser disparado a partir do Observatório MacDonal, Texas (EUA), em direção a espelhos estacionários localizados na superfície da Lua. Com esta tecnologia é possível acompanhar-se o movimento da Lua em sua órbita com precisão de milímetros (ou maior). O advento do laser acarretou, contudo, inúmeras outras aplicações.
Durante a Primeira Guerra Mundial, as ciências foram utilizadas pelos estados a fim de desenvolver novas armas, a citarem-se as armas químicas, e novos meios de conduzi-las até o inimigo com a eficácia necessária, a exemplo via estudos balísticos. Houve o nascimento da economia de guerra, que se apoia sobre métodos científicos. O OST, ou Organização Científica do Trabalho, de Frederick Winslow Taylor, é um esforço de melhorar a produtividade industrial graças à emissão de tarefas executadas nomeadamente pela cronometragem. No entanto, foi durante a Segunda Guerra Mundial que a ciência passou a ser utilizada para fins militares. As armas secretas da Alemanha nazista como o V2 ou o radar estão no centro das descobertas desta época.[carece de fontes]
Todas as disciplinas científicas são assim dignas de interesse para os governos. O rapto de cientistas alemães no fim da guerra, quer pelos soviéticos, quer pelos americanos, fez nascer a noção de guerra dos cérebros, que culminará com a corrida armamentista da Guerra Fria. Este período é com efeito o que tem contado com o maior número de descobertas científicas, nomeadamente as tecnologias associadas à corrida espacial (à ida do homem à Lua), e a bomba nuclear de fissão, logo seguida pela bomba de hidrogênio. Numerosas disciplinas nascem da abordagem no domínio militar, como a criptografia informática, ou a bacteriologia - destinada à guerra biológicaAmy Dahan e Domínica Pestre[Ref. 32]explicam, a propósito deste período de investigações desenfreadas, que ele se trata de um regime epistemológico específico. Comentando o livro dos citados autores, Loïc Petitgirard torna clara a ideia: "Este novo regime de ciência é caracterizado pela multiplicação das novas práticas e as relações sempre mais estreitas entre ciência, estado e sociedade."[Ref. 32]A concepção decorrente de complexo militar-industrial busca exprimir a íntima relação entre poderes constituídos - representados geralmente pelas forças políticas -, ciência e sociedade, característica marcante da época em consideração.[Ref. 33]
A partir de 1945, com a constatação do aumento das tensões devido à oposição dos blocos capitalistas e comunistas, a guerra torna-se por si própria o objeto da ciência: nasce a polemologia.[carece de fontes]
Por último, propõem alguns que se a ciência está por definição neutra, ela permanece à mercê dos homens, e das ideologias dominantes. Assim, de acordo com os sociólogos relativistas Barry Barnes e David Bloor da Universidade d' Edimburgo, as teorias são abordagens aceitas no poder político.[Nota 17]Uma teoria é então relevante ou "correta" não porque é verdadeira mas sim porque é defendida pelo mais forte. Em outros termos, a ciência seria, se não uma expressão elitista, uma opinião majoritária reconhecida como uma verdade científica. A Sociologia das ciências nasce e passa assim a se interessar, a partir dos anos 1970, pela influência do contexto macro-social sobre o espaço científico. Robert King Merton mostrou, em Elementos da teoria e do método sociológico (1965) as relações estreitas entre o desenvolvimento da Royal Society, fundada em 1660, e a ética puritana dos seus atores. Para ele, a visão do mundo protestantes da época permitiu o crescimento do campo científico.[carece de fontes]

Ciência e a questão do autoritarismo

As considerações anteriores requerem certamente esclarecimentos em vista da definição moderna estrita de ciência. Frente ao método científico o papel da da autoridade científica é certamente muito diferente do papel da autoridade política. A última geralmente faz valer as suas ideias e desejos - suas leis - via poder que lhe foi ou auferido pela sociedade (democracias) ou imposto pela força à sociedade (ditaduras); em casos extremos de autoritarismo a visão de mundo e os desejos de uma única autoridade são sempreinquestionáveis, corretos e definitivos, qualquer que seja a área em questão ( a exemplo em reinadosteocracias, e similares). Tais autoridades geralmente possuem o poder de palavra final em contendas envolvendo quaisquer questões ligadas aos subordinados, quer sejam eles "civis", quer sejam "militares", quer sejam "cientistas". Em ciência as contendas envolvendo as hipóteses científicas, contudo, não são, por princípio constitutivo, resolvidas com o peso das autoridades que as defendem. Há em princípio uma fonte única para a solução de tais contendas: os fatos científicos. Exemplificando-se, não é a autoridade científica conquistadas por pessoas como Albert Einstein que faz com que o que ele diga seja aceito como verdade, e sim o confronto de suas ideias com os fatos. E neste caso mesmo têm-se bons exemplos. Einstein, embora tenha tornado-se famoso pela precisão das ideias que apresentou em suas teorias da relatividade restrita e geral frente aos fatos, ao contrário do que muitos pensam, também deu muitas "mancadas" em sua jornada científica, a citarem-se a constante cosmológica por ele adicionada em seus cálculos buscando obter soluções que atendessem seus "desejos" de um universo estático (e não em expansão), e seu embate com as ideias da mecânica quântica - as quais morreu sem aceitar; a primeira contradita e as últimas fortemente corroboradas pelos fatos científicos.[carece de fontes]
É certo que muitas vezes o peso da autoridade político-militar e em menor peso a econômica é avassalador - mesmo para as objeções impostas pela metodologia e comunidade científicas - verificando-se isto com muita exatidão entre a comunidade científica alemã quando subordinada ao poder decisivo do terceiro Reich durante a segunda guerra mundial. Embora muitos dos cientistas fossem realmente adeptos do nazismo, muitos certamente não eram. Contudo curiosamente nenhuma pesquisa fornecia resultados contraditórios aos ideais de limpeza étnica defendidos por Hitler, e projetos científicos associados à eugenia, e outras ideias racistas, recebiam grande apoio tanto econômico como "psicológico". A própria teoria científica da evolução biológica foi completamente distorcida por tal poder: os princípios da diversidade via adaptação ao meio - centrais em tal teoria - foram sumariamente convertido em "sobrevivência apenas do mais forte, e eliminação dos inferiores". E certamente a raça ariana - formada por descendentes diretos dos deuses da Atlântida - deveria ser a mais forte, e por tal a única a sobreviver. O interessante é que uma raça única jamais esteve em cogitação dentro da teoria da evolução, e se o objetivo era eliminarem-se "os inferiores", dever-se-ia começar com todas as outras "espécies inferiores", das bactérias aos cachorros, antes de se promover a matança das "raças" humanas consideradas por eles como inferiores. E, ao contrário, Hitler parecia gostar muito de seus cachorros.[carece de fontes]
Galileu ante o Santo Ofício. A condenação de Galileu por heresiamarca o divórcio definitivo entre o pensamento científico e o religioso. Nascia a ciência moderna.
Contudo é preciso ter em mente que a decisão a respeito de contendas de ordem científica não é por princípio - obedecida a definição de ciência - subordina ao poder das autoridades, mas sim ao poder das evidências científicas. Assim, embora uma autoridade consiga mesmo que por longos períodos de tempo "distorcer" à base da força a visão da realidade de uma comunidade científica e mesmo de uma sociedade inteira, ela nãotem poderes suficientes para distorcer a realidade natural em si. A natureza não se subordina às leis das autoridades mas sim às próprias leis apenas, e por tal, mais cedo ou mais tarde, a veracidade dos fatos vem à tona, e encontrando-se o critério de auto-correção fortemente entranhado no método científico, as consequências das "perturbações" externas são rapidamente corrigidas, tão logo cessem. Foi o que seguiu-se à queda da ideologia e do terceiro reich, fadado ao fracasso por contrariar uma - ou seriam várias - das leis naturais.
Suporte à afirmação apresentada é também encontrada em uma cronologia histórica retratando os embates entre as teorias científicas e as autoridades - com destaque para as religiosas - ao longo dos seis últimos séculos, a destacarem-se a título de exemplo os eventos ocorridos na idade média e Renascença, as guerras santas e a inquisição. Ver-se-á com facilidade que o embate entre ciência moderna e o poder autoritário a acompanha desde a sua gestação, e certamente, embora já se possa cogitar o vencedor, ainda está longe de acabar.[carece de fontes]

Ciência e religião

O pensamento religioso e o pensamento científico perseguem objetivos diferentes, mas não opostos. A ciência procura saber como o universo existe e funciona desta maneira. A religião procura saber porque o universo existe e funciona desta maneira. Os conflitos entre a ciência e a religião produzem-se quando um dos dois pretende responder às questões atribuídas ao outro.[carece de fontes]
No entanto, para alguns sociólogos e etnólogos, como Emile Durkheim, a fronteira que separa a ciência do pensamento religioso não é impermeável. No livro Nas Formas elementares da vida religiosa (1912), Durkheim mostra que os quadros de pensamento científico como a lógica ou as noções de tempos e de espaço encontram a suas origens nos pensamentos religiosos e mitológicos.[carece de fontes]
Contudo, apesar deste parentesco, os discursos científico e teológico frequentemente chocaram-se na história. Casos como o de Hipátia de Alexandria, que testemunhou tal conflito em sua forma típica, ocorrem desde os primórdios dos tempos, e no cristianismo, o processo de Galileu Galilei, em 1633, marca o divórcio entre o pensamento científico e o pensamento religioso,[Nota 18]este iniciado pela execução de Giordano Bruno em 1600[Nota 19]. O Concílio de Niceia de 325 tinha instaurado na Igreja o argumento dogmático segundo o qual Deus tinha cria o céu e a terra em sete dias. Como explicações científicas foram possíveis a partir deste credo, que não se pronunciava sobre a produção do mundo, esta lacuna teológica permitiu certa atividade científica até a Idade Média, entre as quais a principal foi a AstronomiaConcile de Trinta (1545-1563) autorizou as comunidades religiosas a efetuar investigações científicas. Se o primeiro passo em prol do heliocentrismo - que coloca a Terra em rotação em redor do Sol - é feito pelo Nicolau Copérnico, Galileu defronta-se com a posição da Igreja a favor de Aristóteles, e por conseguinte, do Geocentrismo, ao apresentar não apenas a proposta como também sólidas evidências experimentais a favor desta. Foi necessário esperar que Johannes Kepler prolongasse os trabalhos de Galileu e de Tycho Brahe para fazer-se aceitar o movimento da Terra. A separação definitiva entre ciência e religião é consumada no século XVIII, durante o Iluminismo.[carece de fontes]
Na maioria das outras religiões, a ciência também não é oposta à religião. No Islamismo, a ciência é favorecida porque ela não existe clero instituído; além disso, o mundo é visto como um código a decifrar para compreender as mensagens divinas. Assim, na Idade Média, a ciência árabe-muçulmana prosperou e desenvolveu a Medicina, a Matemática e principalmente a Astronomia.[carece de fontes]
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No século XIX os cientistas afirmam que a ciência é a única que pode explicar o universo e que a religião é o "ópio do povo", como diria mais tarde Karl Marx, que fundou a visão materialista. Os sucessos científicos e técnicos, que melhoram a civilização e a qualidade de vida, se somam ao progresso científico e batem de frente com os dogmas religiosos em sua totalidade. As teorias da Física(principalmente a teoria quântica) e da Biologia (com a teoria da evolução de Charles Darwin), as descobertas da Psicologia (pela qual o sentimento religioso é um fenômeno interno ou mesmo neurológico), superam as explicações místicas e espirituais. Contudo, muitos religiosos, como Pierre Teilhard de Chardin e Georges Lemaître, tentam combinar as explicações científicas e a ontologia religiosa. A encíclica Fides et ratio (1993), do Papa João Paulo II, reconhece que a religião cristã e a ciência são dois modos de explicar o mundo.[carece de fontes]
No século XX, a confrontação dos partidários da teoria da evolução e dos criacionistas, frequentemente procedentes das correntes religiosas mais radicais, cristalizam o difícil diálogo da fé e da razão. "O processo do macaco" (a propósito da ascendência do Homem) ilustra assim um debate permanente na sociedade.[Ref. 34]Por último, alguns filósofos e epistemólogos interrogam-se sobre a natureza da relação entre as duas instituições. O paleontólogo Stephen Jay Gould em "Que Darwin Seja!" fala de dois magistérios, cada um permanecendo mestre do seu território mas não se intrometendo nos assuntos do outro, enquanto que Bertrand Russell menciona na sua obra "Ciência e religião" os conflitos entre os oponentes.[carece de fontes]

Uso e influência na sociedade

Ver artigo principal: Sociologia da ciência
A ciência é praticada em universidades e outros institutos científicos assim como em campo; por si só é uma vocação sólida e geralmente implica carreira profissional na academia, mas também é praticada por amadores, que tipicamente engajam-se na parte de observação da ciência. Trabalhadores de laboratórios de pesquisa corporativos também praticam ciência, apesar de seus resultados serem geralmente considerados segredo de mercado e não serem publicados em jornais públicos. Cientistas corporativos e universitários geralmente cooperam, com os últimos concentrando-se em pesquisas básicas e os primeiros aplicando seus achados em uma tecnologia específica de interesse de companhias. Indivíduos envolvidos no campo da educação da ciência argumentam que o processo da ciência, mesmo que não sob os rigores do método científico, é realizado por todos os indivíduos quando aprendem sobre seu mundo; embora o senso comum, o desta investigação, certamente não implique teorias científicas, ele também constrói-se com base em pesquisas do universo acessível aos sentidos.[carece de fontes]
Dado o caráter universal da ciência, sua influência se estende a todos os campos da sociedade, desde o desenvolvimento tecnológico aos modernos problemas jurídicos relacionados com campos da medicina ou genética. Algumas vezes a investigação científica permite abordar temas de grande impacto social como o Projeto Genoma Humano, e temas de implicações morais como o desenvolvimento de armas nucleares e a clonagem.[carece de fontes]
Ainda assim, a investigação científica moderna requer, às vezes, em ocasiões importantes, grandes investimentos em instalações com aceleradores de partícula (CERN), a exploração do Sistema Solar ou a investigação da fusão nuclear em projetos como ITER. Em todos esses casos é desejável que os avanços científicos alcançados sejam levados à sociedade, quer a título de informação, quer a título de benefícios decorrentes.[carece de fontes]
Os avanços científicos influenciam e modificam não apenas o estilo de vida de algumas pessoas mas também as relações sociais em todo o globo. Na foto, o delta do rio Nilo, conforme observado à noite de dentro da estação espacial internacional. O domínio da eletricidade mudou os rumos da história.
Os métodos da ciência são praticados em muitos lugares para atingir metas específicas. A título ilustrativo, a ciência e seus métodos encontra-se presente no(a):[carece de fontes]
  • Controle de qualidade em fábricas de manufatura; testes microbiológicos em uma fábrica de queijo asseguram que as culturas contenham espécies apropriadas de bactérias.
  • Obtenção e processamento de evidências da cena do crime; a ciência forense.
  • Planejamento e monitoramento da exploração e uso do meio ambiente; as leis ambientais.
  • Em uma ampla gama de exames médicos, em todas as etapas do exame e a avaliação da saúde dos pacientes.
  • Investigação de causas de um desastre; tais como em acidentes aéreos.
e outros.

Críticas e polêmicas

Pseudociência, ciência das fronteiras, e ciência lixo

Uma área de estudos, ou especulação, mascarada como ciência em uma tentativa de alegar legitimidade ou credibilidade, que de outro modo não seria possível conseguir, é por vezes chamada de Pseudociênciaciência das fronteiras, ou "ciência alternativa". Outro termo, ciência lixo, é às vezes usado para descrever hipóteses ou conclusões científicas que, embora possam ser legítimas por si só, se acredita que sejam usadas para dar suporte a uma posição que não é vista como legítima pela totalidade das evidências. Uma variedade de propagandas comerciais, indo da campanha publicitária à fraude, pode entrar nessa categoria. Pode também ter um elemento de tendência política ou ideológica nos dois lados desses debates. Às vezes uma pesquisa pode ser caracterizada como "ciência ruim", sendo esta geralmente marcada por uma pesquisa que é bem-intencionada mas é vista como incorreta, obsoleta, incompleta, ou com uma exposição muito simplificada de ideias científicas. O termo "fraude científica" se refere à situações em que os pesquisadores intencionalmente alteram ou representaram incorretamente as informações publicadas em vista de interesses escusos aos objetivos da ciência, ou ainda, publicando-as corretamente, dão o crédito pela descoberta à pessoa errada.[carece de fontes]

Mídia e debate científico

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mídia de massa enfrenta algumas pressões que a dificultam na hora de escolher qual das alegações científicas possui maior credibilidade dentro da comunidade científica como um todo. Determinar o quão forte é cada um dos lados de um debate científico requer um conhecimento considerável sobre o assunto.[Ref. 35]Poucos jornalistas possuem um conhecimento científico real, e mesmo repórteres especializados no assunto, que sabem muito sobre determinada questão científica, podem saber pouco sobre outras questões que eles subitamente precisem cobrir.[Ref. 36][Ref. 37]

Política

Muitas questões bem como posturas inadequadas danificam o relacionamento da ciência com a mídia, e o uso da ciência e de argumentos científicos por políticos contribui em muito para acentuar-se o problema. Generalizando, muitos políticos procuram certezas e fatos enquanto os cientistas normalmente oferecem probabilidades e advertências. Entretanto, a habilidade dos políticos de serem ouvidos pela mídia de massa aliada à quase frequente má formação científica destes - e não raro a interesses escusos particulares - leva-os geralmente a distorcer os temas pertinentes ao transmiti-los, e não obstante à formação de opiniões incorretas também pelo público. Exemplos na Inglaterra incluem a controvérsia sobre a inoculação MMR, e a resignação e retratação forçada em 1988 do ministro Edwina Currie por afirmar a alta probabilidade que dos ovos batidos conterem Salmonella.[Ref. 38]Neste contexto, o "aquecimento global" é a bola da vez (ver: antiambientalismo e ceticismo climático).

Críticas filosóficas

O historiador Jacques Barzun designou a ciência como "uma  tão fanática como qualquer outra na história", e alertou contra o uso do pensamento científico para suprimir considerações sobre o significado da existência humana[Ref. 39]. Muitos pensadores recentes, como Carolyn MerchantTheodor Adorno e E. F. Schumacher, consideraram que a revolução científica no século XVII mudou o foco da ciência de estudar e entender a natureza ou sabedoria, passando a focar em questões sobre manipulação da natureza, e esta nova ênfase da ciência levou inevitavelmente à manipulação das pessoas. O focus da ciência em medições quantitativas levaram a críticas que ela é incapaz de reconhecer os importantes aspectos qualitativos do mundo.[Ref. 40]
O psicologista Carl Jung acreditava que apesar da ciência tentar entender toda a natureza, o método experimental usado iria impor questões artificiais e condicionais que evocariam apenas respostas parciais.[Ref. 41]David Parkin comparou a estância epistemológica da ciência com a divinação.[Ref. 42]Ele sugeriu que, assim como a divinação é um meio epistemológico específico para conseguir introspecção em uma dada questão, a própria ciência pode ser considerada uma forma de divinação moldada pelo ponto de vista oriental da natureza (e com isso as possíveis aplicações) do conhecimento.
Vários acadêmicos têm feito críticas em relação à ética na ciência. No livro Science and Ethics, por exemplo, o filósofo Bernard Rollin examinou a relevância da ética para a ciência, e argumenta a favor de que a educação em ética parte do treinamento científico.[Ref. 43]
A ciência contudo mantém sua postura firme frente às críticas filosóficas, e não obstante muitos cientistas - e por incrível que pareça até mesmo alguns filósofos - partem para críticas a respeito das posturas da filosofia e até mesmo a respeito da própria filosofia da filosofia. Certamente dominada pela autoridade pessoal mais do que pela autoridade factual, sobre a filosofia Richard Feynman afirmou: "A filosofia da ciência é tão útil para o cientista quanto a ornitologia para os pássaros". Bertrand Russel afirmou que "Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe!". Há contudo um filósofo em particular que consegue resumir todas as posturas e escolas filosóficas, e suas incontáveis divergências internas, em uma única frase. É atribuído a Cícero a afirmação de que "Não há nada de tão absurdo que não saia da boca de algum filósofo". Em suma, escolha um ponto de vista, e é possível achar um filósofo que a defenda.[carece de fontes]

Notas

  1. ↑ Ir para:a b "A ciência só pode determinar o que é, não o que 'deve ser', e fora de seu domínio permanece a necessidade de juízos de valor de todos os tipos" (Albert Einstein) Conforme relatado por SINGH, SimonBig Bang. p. 459.
  2. Ir para cima "Ohomem domina a natureza não pela força, mas pela compreensão. É por isto que a ciência teve sucesso onde a magia fracassou: porque ela não buscou um encantamento para lançar sobre a natureza" (Jacob Bronowski). Conforme relatado por SINGH, SimonBig Bang. p. 459.
  3. Ir para cima "Não há nada de tão absurdo que não saia da boca de algum filósofo" (Cícero) - conforme encontrado no wikiquote lusófono - verbete "filosofia" - na edição publicada às 14h38min de 16 de Novembro de 2010.
  4. Ir para cima A resposta da ciência a este debate geralmente é: "Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe" (Bertrand Russell) - conforme relatado por Simon Singh - Big Bang (pág. 459.).
  5. Ir para cima "A filosofia da ciência é tão útil para o cientista quanto a ornitologia para os pássaros" (Richard Feynman), conforme relatado por Simon Singh - Big Bang (pág. 459.).
  6. Ir para cima Encíclica do Papa Jean-Paul II, de Fides et Ratio (1998) redefinindo relação ciência-religião assim: "A fé e a razão estão como duas asas que permitem ao espírito humano se criar para a contemplação da verdade"
  7. Ir para cima Ver seção "Filosofia da ciência"
  8. Ir para cima Em outras palavras, a ciência sabe que não sabe tudo acerca da natureza. Contudo ela também sabe muito bem como lidar com isto
  9. Ir para cima Abordando uma consequência em contexto cultural do real significado de teoria, a teoria da evolução é hoje o paradigma válido para a diversidade biológica, quer alguns ramos da sociedade gostem, quer não. E para o desespero dos "criacionistas" em particular, mesmos que algum dos supostos "fatos" que propõem como contraditórios à evolução realmente contradissesse alguma de suas ideias a evolução de forma válida, ela, de forma similar ao que se deu à mecânica clássica e ao contrário do que pensam, não iria diretamente para o "lixo", como desejam. Ademais, ressalta-se que não há nenhum fato contraditório verificável, nenhum fato científico, ao rigor científico até a data atual, pelo menos. Aqui cita-se que os criacionistas "pecam" por um lado, mas há de se considerar que seus defensores também erram pelo outro: a teoria não é um "fato", e tão pouco é provada, como muitos defensores afirmam. Elá é uma teoria científica, falseável, como toda e qualquer teoria científica deve ser.
  10. Ir para cima A questão de valoração moral sobre o que é bom ou ruim para nós mesmos, quer individual quer coletivamente, transcende contudo a ciência. Para os americanos, a bomba nuclear sobre Iroshima certamente não teve a mesma conotação do que para os japoneses.
  11. Ir para cima Há várias discussões sobre ser a psicologia uma ciência - aqui em sentido estrito - ou não. Contudo ela figura, por vista grossa ou não, entre as "ciências sociais".
  12. Ir para cima A incerteza experimental não é em princípio um empecilho à se caracterizar uma teoria como científica, mas a forma como as incertezas experimentais são tratadas dentro da "teoria" e a obediência lógica ou não das hipóteses às incertezas experimentais pertinentes certamente o são.
  13. Ir para cima Para maiores detalhes consulte os artigos Design inteligenteKitzmiller v. Dover Area School District e pastafarianismo nesta própria enciclopédia.
  14. Ir para cima Quadro pintado em 1425 (conclusão em 1428), alterado em 1680, e restaurado em 1980.
  15. Ir para cima «CNRS propõe uma exposição sobre o tema arte e ciência, apresentando as diferentes técnicas ao serviço da conservação das obras d' arte»
  16. Ir para cima Ver: Cientificismo e ocidente. Ensaios de epistemologia crítica de Jean-Paul Carregar.
  17. Ir para cima Barry Barnes e David Bloor são fundadores do "programa forte", uma variedade da Sociologia do conhecimento científico, que procura explicar as origens do conhecimento científico por fatores exclusivamente sociais e culturais.
  18. Ir para cima Ver para mais informações: O processo de Galilée no sítio Astrosurf.
  19. Ir para cima G.L Bruno tinha postulado e tinha apresentado sólidas evidências acerca do pluralismo dos mundos possíveis, como a existência de outros planetas no universo, com a sua obra De l’infinito universo et Mondi (O infinito, o universo e os mondes).

Referências

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  5. Ir para cima D'après le Trésor Informatisé de la Langue Française; voir aussi le schéma proxémique sur le Centre National de Ressources Textuel et Lexical.
  6. Ir para cima Inserir referência.
  7. Ir para cima «consultable en ligne»
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  9. Ir para cima Bernward Joerges et Terry Shinn, Instrumentation between Science, State and Industry, Kluwer Academic Press, Dordrecht, 2001.
  10. Ir para cima Robert Nadeau, p. 126.
  11. Ir para cima Léna Soler, p. 13
  12. Ir para cima «The Scientific Revolution". Washington State University»
  13. Ir para cima British Broadcasting Corporation (BBC) - The History of Science, Power, Proof and Passion - Apresentado por Michael Mosley - Conforme série cuja primeira parte do primeiro episódio foi acessado sob título : "BBC - 1-6 - A História da Ciência - O que há lá fora? - parte 1" em 24-12-2011 16:55 horas.
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  28. Ir para cima Relatório de informação n° 392 junto ao Senado (2002-2003) intitulado A divulgação da cultura científica
  29. Ir para cima Carta nacional dos Centres de Culture Scientifique, Technique et Industrielle.
  30. Ir para cima «Site do Exploratorium»
  31. Ir para cima Bernard Schiele, Presses Universitaires de Montréal, 2003.
  32. ↑ Ir para:a b Amy Dahan e Dominique Pestre, p. 16
  33. Ir para cima Ver: François d'Aubert, Le savant et le politique aujourd'hui (colloque de La Villette), 1996.
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Referências

  1. ↑ Ir para:a b c LAKATOS, Eva Maria (1985). Metodologia Científica. São Paulo: Atlas. pp. 17–39
  • Blay, Michel (2005). Larousse, ed. Dictionnaire des concepts philosophiques. [S.l.: s.n.] p. 880

Ver também

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